terça-feira, 22 de abril de 2008

Guiné 63/74 - P2787: Ninguém Fica para Trás: Grande Reportagem SIC/Visão (5): Guidaje cercada por mil homens do PAIGC ? (A. Marques Lopes)

Guiné > PAIGC> 1971 > Na organização militar, a Frente (correspondente à organização civil Inter-Região) estava dividida em Regiões, por sua vez divididas em Sectores; cada um destes escalões era dotado de um comando militar próprio com forças próprias.

No caso da Frente São Domingos / Sambuiá, onde actuava o 3º Corpo do Exército, havia duas Regiões: o sector de São Domingos actuava contra as nossas forças em São Domingos, Susana e Ingoré; e o sector de Sambuiá encarregava-se de Barro, Bigene, Guidaje, Farim...

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A. Marques Lopes (2008). Direitos reservados



1. Esclarecimento do nosso assessor militar para as questões de instrução, táctica e logística do PAIGC, o coronel DFA reformado, A. Marques Lopes, tertuliano de gema e da primeira geração:

Não me admiro que estivessem 1.000 homens na altura do cerco de Guidage (1). O 3.º Corpo do Exército foi um dos grupos. Mas havia mais na zona. O Supintrep 31, de 13 de Fevereiro de 1971, dá nota de um deles, o da Frente S. Domingos/Sambuiá (vd. imagens acima e a seguir).

Guiné > PAIGC > 1971 > O PAIGC tinha o território dividido nas seguintes frentes: Frente São Domingos / Sambuiá; Frente Bafatá-Gabu (Norte); Frente Canchungo-Biambe; Frente Morés-Nhacra; Frente Quínara; Frente Xitole-Bafatá; Frente Bafatá-Gabu (Sul); Frente Catió; Frente BUba-Quitafine... Neste mapa também se indicam as principais regiões... Fonte: Supintrep, nº 31, 13 de Fevereiro de 1971.

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A. Marques Lopes (2008). Direitos reservados

Na avaliação do potencial humano das FARP [- Forças Armadas Revolucionárias do Povo], o Supintrep 31 parte da seguinte base numérica:

BIGRUPO - 44
BIGRUPO REFORÇADO - 70
GRUPO DE ARTILHARIA - 50
GRUPO DE MORTEIROS 82 - 23
GRUPO DE CANHÕES S/R - 23
GRUPO DE FOGUETÕES 122 - 16
PELOTÃO DE ANTI-AÉREAS - 16
GRUPO DE MORTEIROS 120 - 40
GRUPO DE COMANDOS - 50
GRUPO ESP. DE BAZOOKAS - 20

Na organização militar, a FRENTE (correspondente à organização civil INTER-REGIÃO) é dividida em REGIÕES, por sua vez divididas em SECTORES; cada um destes escalões é dotado de um comando militar próprio com forças próprias.

É, pois, natural que se tivessem juntado alguns Sectores da Frente S. Domingos / Sambuiá e da Frente Bafatá/ Gabu(Norte) e mais os das bases de apoio no Senegal. O total daquela base de cálculo soma 352. Tirando o pelotão de anti-aéreas (levaram os Strella...) dá 336.

Devem ter ido a Guidage vários bigrupos e vários grupos de morteiros 82, de canhões sem-recuo, de foguetões, de morteiros 120... Penso eu de que.

A. Marques Lopes

2. Extractos do artigo do João Afonso, ex-Fur Mil, do 3.º Grupo de Combate da CCAV 3420 (1971/73), que foi comandado pelo Cap Salgueiro Maia:

(...) "Em Maio de 1973, Guidage e Guilege constituíram a prova mais dura a que as Forças Armadas Portuguesas foram sujeitas nos três Teatros de Operações (Angola, Moçambique e Guiné). Para aliviar a pressão sobre Guidage, preparou-se um ataque à base inimiga de Kumbamory, situada a 4/6 km da linha de fronteira do Senegal, tendo em vista desarticular o IN e, se possível, destruir a Base, provocando o maior numero possível de baixas.

"No início de Maio de 1973 a Guarnição de Guidage era constituída pela CCAÇ 19 e pelo Pelotão de Artilharia 24, equipado com Obuses 10,5 e estava sob o Comando do COP3 com sede em Bigene. Do lado Português, Guidage em termos de efectivos teria cerca de 200 homens, na maioria recrutados na Província que, com os seus familiares, viviam numa pequena aldeia junto ao Quartel.

"Do lado PAIGC estimava-se que o número de elementos se situava entre os 650 e os 700 homens, comandados por Francisco Mendes (Chico Te) e pelo Comissário Político Manuel Santos [, Manecas, de nome de guerra].

"As Forças do PAIGC tinham uma das suas bases em Kumbamory podendo fazer reabastecimentos por viatura a partir de Zinguichor, Yeran ou Kolda, permitindo assim manter o cerco a Guidage por largo período de tempo. O PAIGC mantinha na Zona as seguintes forças:

- Corpo de Exército com 4 Bigrupos de Infantaria e uma Bateria também de infantaria;
- Corpo de Exército com 5 Bigrupos de Infantaria e um grupo de Foguetes com 4 rampas de lançamento;
- 3 Bigrupos de Infantaria, um grupo de Reconhecimento e uma bateria de Artilharia deslocada da Zona Leste;
- Um Pelotão de Morteiros 120 mm;
- Um Grupo Especial de Sapadores.

"O isolamento de Guidage iniciou-se com o abate de um avião T6, duas DO-27 e um Fiat G91 e o cerco terrestre acentuou-se em 8 de Maio quando uma coluna que partiu de Farim, escoltada por forças do Batalhão de Caçadores 4512, accionou uma mina e foi emboscada sofrendo 12 feridos" (...) (2).
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Notas dos editores:

(1) Vds. poste de 22 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2785: Ninguém Fica Para Trás: Grande Reportagem SIC/VIsão (3): Sabemos ao menos quem foram e onde estão ? (Luís Graça)

(2) 3 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXCVI: Salgueiro Maia e os seus bravos da CCAV 3420 (Guidage, Maio/Junho de 1973) (José Afonso)

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