quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5572: Pensamento do dia (17): A guerra colonial e o sentido da História (José Brás)

1. Mensagem de José Brás* (ex-Fur Mil da CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68), com data de 31 de Dezembro de 2009:

Carlos
Chegou-me agora mesmo à cabeça este texto que te envio para dele fazeres o que quiseres.

Um forte abraço para ti e para toda a camaradagem
José Brás


A Guerra colonial e o sentido da História

Por aquilo que digo correntemente sobre o tema que se abriga por debaixo do título, alguém, senão mesmo a maioria dos que me lêem, pode muito bem e unilateralmente, montado apenas nas palavras e nas ideias incompletas que esta forma de comunicar comporta, concluir que está perante um desses pseudo-intelectuais cheio de conceitos mal-fabricados por aí em tertúlias esquerdistas, recusando tudo quanto cheire a passado e a feitos deste grupo a que chamam povo desde Afonso Henriques, ou, de acordo com a história oficial, antes ainda, em Viriato e seus pastores, pelo menos.

E também poderá imaginar-se que desdenho o próprio acto de guerra suportado pelos militares portugueses, as acções no terreno, a luta que, sem assento na cadeira do poder, tiveram que assumir contra um inimigo que havia de derrotar, quer dizer, de eliminar.

A vida é o que é, e não o que gostaríamos que fosse, e sendo o que é, temos que agir como é… e não como se fosse o que gostaríamos que fosse, senão nunca virá a ser o que queremos que seja, mas outra coisa, provavelmente pior do que a da nossa esperança.

É minha convicção que Portugal raramente teve os líderes que este povo merecia e que, mesmo os heróis a que nos habituámos, reconquistadores do território, sendo gente brava no combate a Mouros e Leoneses, eram, de facto, fracos líderes políticos, mais gostando de comezainas e bebedeiras e torneios do que de aproveitar o conhecimento que nos deixaram os derrotados Árabes..

Dizem mesmo que a fundação da nacionalidade se deve mais a disputas entre a Igreja de Braga e de Santiago de Compostela e que não fora isso, teríamos continuado espanhóis até hoje, sem razões, portanto, para refilar sobre Olivenza.

Acredito que, como tudo na vida, também a igreja é e tem sido ao longo dos tempos, uma entidade dual, plena de bem e de mal, uma zona clara e brilhante que ajudou o homem no seu sonho de belo, e outra escura, repressora, mutiladora desse sonho.

Infelizmente, em Portugal, o tempo e a acção do poder desta última metade, é incomensurável e tragicamente maior do que os da outra.

Sempre que tivemos chefes brilhantes este povo elevou a sua verdadeira estatura, como no caso de 1383, no caso da chamada Escola de Sagres, nos vultos humanos como Gil Vicente, António Vieira, Damião de Góis, Pedro Nunes, Camões e tantos outros não nomeados mas tão importantes como estes, porque ninguém constrói “Tebas a das sete portas, sozinho”.

E mesmo na aventura que era partir daqui para o desconhecido, cheios de terror feudal, a cabeça plena de imagens de fábula, de monstros e dragões.

E a própria guerra que teve de fazer-se para ocupar as terras achadas, o sacrifício e heroicidade de tal gente que, sabendo disso ou não, deram um dos maiores contributos alguma vez dados, para que o mundo “pulasse e avançasse”.

O mal foi que o pensamento feudal e uma certa ideia de deus nos afastaram sempre do seu caminho.

Fomos colonialistas escassos porque sempre analfabetos, agarrados a passados pelo seu lado mais negativo, afastados do progresso e da ideia de mudança.

Mesmo temendo cair em cliché, diria que fomos em África apenas mais uns pretos, de tez menos carregada. Casámos com negras, vivemos nas matas, abrimos lojecas nos musseques, fizemos mulatos e tentámos ensinar o significado fundo da palavra saudade.

Também matámos e reprimimos, tem que se dizer, porém sem a crueza exibida por outros, “de cruz numa mão e de espada na outra”.

Quando os outros colonialistas (esses de verdade e inteiros) iniciaram a descolonização, tínhamos no poder um homem que não podia entender a vida porque foi sempre um monge, e tínhamos na alma a convicção de que éramos também África, quer dizer, as terras e o conceito de nação que construíramos ao longo dos anos em África.

É só isto que me leva a falar como falo, com palavras que querem dizer mesmo da minha crença funda de que inteligente e historicamente humano, teria sido mesmo negociar, salvaguardando o melhor do passado para construir um futuro bom, e não partir para uma luta que ninguém ganharia e que inviabilizaria, seguramente, qualquer caminho em comum.

A Guerra Colonial foi, assim, a oportunidade para o melhor dos “Últimos Guerreiros do Império” e para o pior “Regresso das Caravelas”.

Os novos países de África precisavam de nós, pese embora a opinião de alguns dos seus cidadãos. Nós precisávamos de África, embora alguns de nós julguem que somos apenas europeus, e, afinal, com tanta hesitação, nem somos africanos, nem europeus, mas qualquer coisa que ainda não desistiu de uma costela nem da outra.

Os nossos militares, nessa guerra, foram apenas mais uma prova da capacidade deste povo para aceitar o sacrifício, a dor e a morte em nome das suas convicções, certas ou erradas (se é que esta diferença existe), bravos que tentaram tudo para que o feudalismo persistente acabasse por entender que o caminho não era por ali.

É só isto, amigos, que me anima as palavras que digo e a crença em que, também eu, persisto.

No resto, embora contrariado, fui o que foram vocês todos, mesmo os que não me entendem, guerreiro que fez o que lhe era possível fazer, no sofrimento e no risco, e não branco fujão como, podia ter sido.

Abraços a todos (a todos, mesmo) e um melhor anos em 2010.
José Brás
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 16 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5477: Blogoterapia (137): Palavra de honra que não consigo entender (José Brás)

Vd. último poste da série de 15 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3208: Pensamento do dia (16): E não se pode exterminá-la ?... A epidemia de cólera em Bissau (Sofia Branco, Público)

15 comentários:

Torcato Mendonca disse...

Gostei.Gostei mesmo e valeu a pena ainda voltar a abrir o Blogue.

Não sei é o que é uma tertúlia esquerdista...isso, será que pressupõe uma direitista??? Coisas!!

Mas a síntese histórica deste "nobre povo" está óptima. Até a igreja como entidade dual...sublime.
Maia "O Historiador Poeta" que leia e, em sextilhas ou não, poesia faça.

Parabéns, li o teu livro vindimas no capim, como leio os textos aqui e vale a pena.

Bom 2010 e um abraço do Torcarto

Antonio Graça de Abreu disse...

Em 2010 prometo ir ao teu monte de Montemor-o-Novo e beber uns copos de boa pomada alentejana capaz de endireitar a esquerda e esquerdizar a direita.
Somos homens, camaradas, gente de bem.
Um abraço, Zé Brás.
do
António Graça de Abreu

paulo santiago disse...

Muito bom, neste findar de ano, este percurso histórico escrito pelo Zé Brás..

Muita PAZ para 2010

Abraço
P.Santiago

Anónimo disse...

Zé,

Um abração! Independente de tudo, afirmo!
Fazes falta. A tua escrita é algo que tem corpo.
Obrigado pelo belo texto.

Mário Fitas

Hélder Valério disse...

Caro Zé Brás

Também gostei.
É quase que um balanço da actividade colectiva do Blogue, partindo da perspectiva dum olhar próprio, com todo o sentido do geral.

Um abraço
Hélder S.

Anónimo disse...

Caro José Brás

Quero expressar a minha concordância com as reflexões que colocas no texto.

Além de outras, há uma frase que destaco, pelo grande sentido que encerra:

"...e não partir para uma luta que ninguém ganharia e que inviabilizaria, seguramente, qualquer caminho em comum".

Creio estar aqui mais uma achega à questão que tantas vezes tem sido colocada (pelos discordantes), sobre a forma como foi feita a descolonização.

Votos de um Bom 2010 para todos

José Vermelho
Ex-Fur Milº
CCAÇ 3520 - Cacine
CCAÇ 6 - Bedanda
CIM - Bolama

Anónimo disse...

Caro José Brás,
Subscrevo completamente o teu belo texto, porque gostava de o ter escrito pelo meu punho.
Não há dúvida de que apesar de sermos todos iguais os portugueseses são completamente diferentes dos outros. Para o melhor ou para o pior, mas somos.
Um óptimo 2010 para todos,com muita saúde e um grande abraço para todos vós do camarigo
ADRIANO MOREIRA - EX. FUR. ENF. DA
CART. 2412 - BIGENE, BINTA, GUIDAGE E BARRO. 1968/70.

Joaquim Mexia Alves disse...

Meu caro José Brás

Embora não concordando inteiramente com tudo o que aqui escreves, sinto-me honrado de pertencer a uma Tabanca que tais escritores tem!

Honra-me portanto ter-te conhecido e honra-me saber-te meu camarigo da Guiné!

Abraço camarigo do
Joaquim

manuel amaro disse...

Caro José Brás,

A história é esta. O Caminho foi esse. Não há muito para divergir.

O grande problema, pelo menos aqui no blogue, é a forma dura, por vezes violenta, o que a torna injusta, como são descritas várias fases deste processo.

Não precisamos estar sempre de acordo. Nem todos, nem sobre tudo.

Concluindo, considero que este texto é aglutinador. Por isso valeu a pena.

Um Abraço e votos Bom 2010.

Manuel Amaro

Anónimo disse...

(enviado por esta via porque não tenho endereço de Torcato Mendonça)

Tens razão, Torcato.
A tua pergunta faz todo o sentido.
Perguntares o que é isso de tertúlia esquerdista, porque o leste no meu post e porque o escrevi eu, tem, ou pode ter, muitas respostas e, se incontido, começasse a dar-tas, andaria próximo da génese de uma ou outra, mas seguramente deixaria incompletas a todas e esta ou aquela em completo non-sence denunciador de empirismos não condenáveis em si, mas atrapalhadores de quem quer emitir e de quem procura receber.
Por isso, uma ou duas apenas, receoso de transformar assunto sério em risota.
De caras te digo que a primeira que me ocorre tem a ver com o eterno problema da forma e do conteúdo e de me esquecer frequentemente que, por vezes, a forma é, em si, já a denúncia de conteúdo, senão mesmo sua parte integrante.
Trocando por miúdos, não porque precises dos trocos mas porque deles continuo eu carente e, sabendo que no esforço de os procurar, talvez possa avançar um pouco sobre a minha carência, sem complexos apontarei a multiplicidade dos eus que podem abrigar-se em invólucro na figura de gente, sim… mas… pois…ser e não ser, percebes, sei que percebes.
Depois, diremos que palavras são apenas palavras, sons agrupados de forma a nos entendermos em grupo, fixados em grafia coerente na lógica que à sua volta inventámos, por vezes apenas formas muito simplificadas de pintarmos o sentir, as conveniências, sei lá.
Esta nossa necessidade de pôr nomes a tudo, de classificar, de arrumar em prateleiras, aqui feijões, grão ali, isto é direita, aquilo é esquerda, segundo conceitos que nos parecem adequados a qualidades que a convenção construiu e divulgou e a chamada sociedade assumiu.
E com tais ferramentas nos juntamos em grupos, em tertúlias, com gente que diz sim quando nós dizemos sim, que dizem pois quando dizemos pois, ficando todos muito gratos à sorte que juntou pessoas tão inteligentes.
Depois, o processo do pensamento quando arrumamos umas tantas ideias para passar de imediato e sem cuidados, sempre nos fornece as palavras que parecem vir mesmo a calhar para que outros entendam o que queremos dizer.
Quantas vezes não mais que macaqueação?
De qualquer modo, e depois desta explicação embrulhada, não me parece de retirar o que disse e repito aqui mais composto do que o que referiste (a questão do contexto) “que está perante um desses pseudo-intelectuais cheio de conceitos mal-fabricados por aí em tertúlias esquerdistas” revendo eu tanta gente que ao longo dos nossos compridos anos, já vimos exibir poses e palavreado mal fabricados porque apanhados apenas pela rama em tertúlias rotuladas.
Só isso, caro amigo, e se aceitarmos algumas dessas regras de convenção, então, a coisa não estará assim tão mal, esquerdo, direito, marche…
Bem sei que arrumar assim gente, recuperando o projecto e a estética do realismo socialista, não parece lá grande esperteza e dá mostras de abrir rachas porque se entende que o mundo não é a preto e branco, as gentes não são só boas ou só más e a verdade é muito mais difícil de decifrar do que à primeira vista parece.
Que saudades tenho do tempo em que o meu avô dividia as uvas por tonéis, pretas a um lado para fazer vinho tinto e brancas a outro para fabricar aquele líquido magnífico que me aquecia as manhãs de gelo nas vinhas.
Mais que isto não sei, caro camarada, e mesmo isto, acho eu, não deve ser tomado senão como exercício petulante mas respeitoso.
E agradecer-te o cuidado, a opinião e o abraço que troco por outro meu.
José Brás

Anónimo disse...

Caro Camarada. Li com muito interesse,e gosto,As Vindimas do Capim.Talvez por ter tido a soberba de,já crescidote,enveredar pela advocacia Escandinava,bem consciente de todos os "floreados"inerentes,achei,se me desculpas,bem "floreada" a explicacao dada á pergunta do Camarada Torcato Mendonca quanto ao significado de "tertúlias esquerdistas". Um abraco amigo.

MANUEL MAIA disse...

AMIGO BRÁS,

TODOS OS POVOS TÊM UM PASSADO,QUE GLORIFICAM,ÀS VEZES DE FORMA EXAGERADA,TECENDO LOAS QUANTAS VEZES IMERECIDAS( MAS QUE ACABAVAM POR SER UM CIMENTO AGLUTINADOR DO CONCEITO NACIONALISTA QUE FOI MESTER ENCONTRAR...)

CONCORDO,EM ABSOLUTO,QUE ESTE POVO
NEM SEMPRE TEVE LÍDERES À SUA ESTATURA,E O ACTUAL MOMENTO É DISSO PARADIGMÁTICO.

MENTES BRILHANTES COMO HENRIQUE NAVEGADOR, CONTRIBUIRAM( NÃO ATRAVÉS DO MITO DA ESCOLA DE SAGRES)MAS DO SEU EMPENHAMENTO,NAQUILO QUE SERIA A EXPANSÃO,NA BUSCA DE RIQUEZAS,PARA O DESENVOLVIMENTO DE TODA A ESTRUTURA LIGADA AO MAR.

GÉNIOS COMO,OS QUE ALUDES, SURGEM,ÓBVIAMENTE,DE FORMA ESPORÁDICA...

AINDA HOJE SE CONTAM PELOS DEDOS, GOVERNANTES COM A VISÃO DE UM SEBASTIÃO JOSÉ, HOMEM MUITO AVANÇADO PARA A ÉPOCA.

A IGREJA,TEVE UM PAPEL CASTRADOR,MAS DEVEMOS TER O DISTANCIAMENTO SUFICIENTE PARA LHE RECONHECER MÉRITOS INEGÁVEIS MORMENTE NO CAMPO DA DIFUSÃO DAS LETRAS,SUBSTITUINDO-SE AO ESTADO
NESSA ENORME BATALHA DA IRRADIAÇÃO DO CONHECIMENTO,OU AINDA NO CAPÍTULO DA SAÚDE.

DIR-SE-Á QUE DE FORMA ALGO INCIPIENTE NUMA 1ª FASE, OU DE ALGUM LETARGO,É CERTO,MAS FÊ-LO.

RESSALVE-SE QUE NÃO SOU CATÓLICO,NEM SEQUER RELIGIOSO...

O PAPEL,DOS JESUÍTAS,(ANCHIETA,ANTÓNIO VIEIRA ENTRE OUTROS) FOI PARADIGMÁTICO.

MAS NÃO PODEREMOS ESQUECER O CONTEXTO EM QUE VIVIA O MUNDO DESSA ALTURA...

CLARO QUE HOUVE OS CRUZADOS,A INQUISIÇÃO E SITUAÇÕES ABERRANTES DAÍ ADVENIENTES...

MAS AGORA TEMOS OS "EXÉRCITOS" DO REINO DE DEUS E DA PARAFERNÁLIA DE
RELIGIÕES,SEITAS E QUEJANDOS, QUE JUNTAM À MISSÃO DE "EVANGELIZAÇÃO" A DE ALIVIADORES DOS BOLSOS DO POVO, QUE CONTINUA A GOSTAR DE SE EMPANTURRAR EM COMIDA, SENTANDO-SE,COM OS PÉS DEBAIXO DA MESA,COPO NA MÃO,E VOTOS DE TUDO DE BOM,DESDE O NATAL,AO ANO-NOVO...

A NOSSA PASSAGEM POR ÁFRICA FOI A DO COLONIALISTA DE "MEIA TIGELA",QUE ATÉ SE MISCIGENAVA COM AS POPULAÇÕES,COISA QUE OS DA VELHA ALBION NUNCA FIZERAM,CONVENCIDOS DA SUA INCOMENSURÁVEL GRANDEZA,ELES QUE FORAM OS FAUTORES DESSA COISA ASQUEROSA QUE DAVA PELO NOME "APARTAID"...

O PORTUGUÊS COM ESSA SUA FORMA DE VIVER,FRUTO DUMA MISCELÂNEA DE CULTURAS E DE POVOS,DE CRUZAMENTOS DE SANGUES TÃO DÍSPARES COMO O ÁRABE OU VISIGODO,QUE JÁ CRIARA A MESTIÇAGEM DOS BRASIS,HAVERIA DE SE ENVOLVER NUM AMPLEXO GRANDE COM ÁFRICA...
SE VIRMOS A QUESTÃO PELO LADO DO CRESCIMENTO POPULACIONAL,POR CERTO ENTENDEREMOS O PORQUÊ DA INEXISTÊNCIA DE PENA AO ABADE DE TRANCOSO...

LONJE DE MIM FAZER A APOLOGIA DA GUERRA E DA NOSSA PERMAMÊNCIA,FORA DE TEMPO,EM ÁFRICA,MAS OS VENTOS DA HISTÓRIA QUE COLOCARAM OS NOVEIS PAÍSES "SAÍDOS DAS CINCO QUINAS", NA ÓRBITA DE UMA DAS SUPER-POTÊNCIAS DO PASSADO SÉCULO,
CONTRIBUIRAM PARA UM GENOCÍDIO MUITO SUPERIOR AO QUE FÔRA CONSEQUÊNCIA DA GUERRA DE TREZE ANOS QUE NOS COLOCOU COMO OPOSITORES, E ATIRARAM ESSES POVOS PARA UMA EXPLORAÇÃO FEROZ,DAS SUAS RIQUEZAS NATURAIS( ANGOLA E MOÇAMBIQUE),EMPURRANDO A GUINÉ PARA PLATAFORMA GIRATÓRIA DE DROGA...

INSISTO,SEM PRETENDER PASSAR QUALQUER ATESTADO DE DEFESA DOS GOVERNANTES QUE POR TEIMOSIA PREFERIRAM CONTINUAR ORGULHOSAMENTE SÓS,CARREGANDO COM UM COTEJO DE MORTES ATRÁS DESSA ATITUDE( A PARTIR DO ECLODIR DA GUERRA A SOLUÇÃO TERIA DE PASSAR POR UMA NEGOCIAÇÃO,BEM CONTROLADA E NUNCA PRECIPITADA COMO A REALIZADA PELOS "VENDE PÁTRIAS")

NÃO PODEREMOS ESQUECER( TAL COMO COM A IGREJA NO SEU PAPEL DE IRRADIADORA DO ENSINO E DA SAÚDE,COMO ATRÁS REFERI...)QUE ESTIVEMOS PERANTE UM GOVERNANTE QUALIFICADO( A EUROPA VIVEU NA QUASE TOTALIDADE EM SISTEMAS BEM MAIS RESTRITIVOS QUE O PORTUGUÊS...)

HÁ QUE TER SEMPRE PRESENTE O PERÍODO EPOCAL E O CONTEXTO EM QUE SE INSEREM OS ACONTECIMENTOS E OS PROTAGONISTAS DOS MESMOS.

CORRENDO O RISCO DE MÁS INTERPRETAÇÕES( SERIA MUITO MAIS SIMPLES ESTAR CALADINHO FECHADO
QUAL MEXILHÃO TEIMOSO) DEIXANDO ROLAR...
NÃO SEI SE EXAGEREI NO NUMERO DE LINHAS MAS FOI ISTO QUE SAIU AO CORRER DA PENA.

UM GRANDE ABRAÇO AO AMIGO ZÉ BRÁS,E AO RESTO DA TABANCA,QUE VAI ENCONTRAR AQUI UM TEMA CONTROVERSO PARA TRATAR.

MANUEL MAIA

Anónimo disse...

Camarada José Belo
Afinal tenho que colocar aqui a breve resposta que quis enviar-te no endereço que segue e sempre foi recusada
joseph.c.belo@telia.com


Respondo-te, iniciando como na resposta ao Torcato Mendonça, mas mais curto, curtíssimo, aliás.
Tens razão, camarada, floreado é a imagem que também eu encontro para qualificar o que escrevi, ainda que no fundo de tudo aquilo estejam realidades mal esgalhadas por mim em evidente incapacidade para grandes mergulhos.
No fim da minha resposta encontraste, seguramente, um arremedo de pedido de desculpas na forma da remissão do texto para um certo exercitar da palavra ao correr de um pensamento que procura ele próprio avançar um pouco no exercício.
Não foi qualquer falta de respeito pelo camarada Torcato e estou certo que ele o entendeu assim.
E adianto-te que o texto colocado nos comentários, o foi apenas porque não encontrei o endereço do camarada Torcato para que a coisa ficasse só entre nós sem importunar outros amigos.
Um abraço de amizade e de gratidão porque a franqueza sempre se deve enaltecer num mundo como nosso.
José Brás

Anónimo disse...

Caro Camarada e Amigo. Os que me conhecem pessoalmente sabem que eu só procuro um pouco de "ironia" com os AMIGOS,ou com aqueles que verdadeiramente RESPEITO.Depois de ter lido os teus "escritos",para mim,pertences a ambos os grupos.Nao li o teu livro "Vindimas do Capim" uma vez,mas sim com uma segunda cuidada leitura.Espero que me tenhas...compreendido,quando,reagi,á minha maneira,á tua resposta á pergunta do Camarada Torcato. Quando se comunica por uma máquina,á distancia de toda uma Europa(infelizmente mais...afastada do que muitos parecem,ou querem,julgar)Os "nuanceados" tornam-se complicados,e os mal-entendidos fáceis.Nao foi isso que pretendi. Um abraco amigo. PS)Tive que mudar o meu E-Mail por estar a receber quantidades enormes de reclames,e nao só.Já envieino meu novo E-Mail para o blogue.

António Matos disse...

Caro José Brás, retomando o meu explicitado intuito para 2010, tentarei dar forma a alguns laivos de esperança perante a desesperante situação nacional quer se trate da financeira, da económica, da moral, do (des)emprego, da justiça, ou de qualquer outra índole.
Negar a inexistência de verdadeiros leaders em situações complicadas de que este país e este povo precisaram ao longo da história, seria um exercício de pura estupidez.
Esquecer imensos outros que igualmente em momentos cruciais nos catapultaram para a fama e glória perante vitórias incontornáveis, seria também injusto e de cariz meramente derrotista.
A partir de certo estádio histórico passámos a ser um país envergonhado, é certo, e não temos sabido impôr as nossas mais valias que não são meramente displiscentes.
Somos um povo de grande capacidade migratória e à custa das nossas menos valias ( sócio-económicas ), demos largas à alma emigrante o que, se por um lado nos abriu a um mundo mais simpático e acolhedor, por outro ter-nos-à dado este espírito botabaixista que em nada nos ajuda a esticar o pescoço para olharmos o futuro de cabeça levantada e não sempre a olhar para baixo.
O passado será sempre a tese perante a qual configuramos o futuro mas esse futuro tem hoje outras componentes mais importantes na sua formação.
A tecnologia, a educação, o civismo, a cidadania, o planeamento, a capacidade de formarmos causas, projectos, etc., etc., etc., só tomarão forma se deixarmos de chorar sobre leite derramado e arregaçarmos as mangas para os desafios deste século.
Estava tentado a dizer que não será com uma governação do tipo da que está no activo que lá iremos mas prefiro pensar que, governo e oposição, conseguirão guindar os seus esforços de modo a desencalhar esta malapata.
Se do que acabo de escrever surgirem apenas críticas destrutivas, certo é que, afinal, e na pequenez que é o universo desta tertúlia, estamos a dar razão a quem nos acusa de não merecemos melhor ; se, pelo contrário, juntarmos a nossa voz ao coro dos que querem dar a volta por cima por estarmos fartos de idiotices, de orgulhos feridos, de Aljubarrotas, de D. Sebastiões, etc., então acredito que ainda nas nossas vidas podemos ser testemunhas do agulhar para novos rumos a bem das próximas gerações !
Parabéns pelo teu texto e sigamos agora EM FRENTE !
Um abraço,
António Matos