Guiné-Bissau > Rotunda do Aeroporto > Estátua de Amílcar Cabral, inaugurada finalmente no dia 25 de Maio de 2009, após ter estado arrumada 23 anos.
Imagem Google Earth (com a devida vénia...)
1. Mensagem de António Rosinha*, nosso amigo e camarada (ex-Fur Mil em Angola, 1961; topógrafo na TECNIL, na Guiné-Bissau, entre 1979/93), com data de 20 de Janeiro de 2010:
Luís e Carlos,
Como até agora ainda não foi publicada a grande estátua de Amilcar que já vem no Google Earth, envio foto, do Google, do local onde foi instalada a estátua do Amilcar Cabral, após o assassinato de Nino Vieira. É a rotunda do aeroporto.
E envio uma foto do cruzamento de Chapa-Bissau, onde em 1993, no vigésimo aniversário do assassinato de Amilcar, se fez o cerimonial com o Nino a presidir, com a promessa que em breve ia ser montada a estátua naquele lugar.
Para mim toda esta avenida e a rotunda do Aeroporto têm um sentido especial quer no aspecto profissional quer sentimental, pois que todos os centímetros dessa estrada fui eu a desenhá-los (no chão). E, durante mais de um ano ouvi ao longo daquela artéria tantas histórias de soldados e capitães, fulas e balantas, irãs e bajudas... mas também tive que ouvir com muito pouco àvontade e com muita frequência a história dos fuzilamentos. Mas um dia contarei a história da construção dessa Avenida pois teve tanta política, feitiçaria, complicações e casa derrubadas que também foi essa avenida a ajudar a "criar" o PAICV [, Partido Africano para a Independência deCabo Verde].
Mas, finalmente, foi no fim dessa avenida, que ficou a estátua de Amílcar Cabral. Custou, mas foi.
Agora, quero-vos contar uma passagem sobre o 20.º aniversário em 1993, e que podem publicar, ou pôr de lado, se virem que pode afectar alguns espíritos mais pró-Amílcar.
Estava eu no Ministério das Obras Públicas numa cooperação, ao lado de vários engenheiros e técnicos, com formações nos paises de Leste, enviados ainda por Amílcar Cabral, e que uns dias antes do dia do aniversário do assassinato, a 20 de Janeiro, esses meus "homólogos", era o nome, foram designados para, no cruzamento de Chapa Bissau, prepararem o local, (limpezas, enfeites, vedações e um pequeno palco), onde o Nino faria a cerimónia e anunciaria que seria ali que em breve surgiria a estátua.
Ora acontece que pelo menos meia dúzia de engenheiros, que eram, conseguiram-se desenfiar, com mil justificações, desde familiares falecidos, doenças, cerimónias étnicas (irãs), etc. e nenhum participou, nem nos preparativos, nem na cerimónia.
Ora eu funcionava tipo colega deles com bastante confiança mútua. Não é que quem acabou por fazer todos os preparativos, acabei por ser eu? Claro que eu já via há muitos anos o que a "casa gastava", e como eu sempre "paguei para ver"...
- Favor, Rosinha, tens aqui pessoal...
Arranjaram-me uns serventes e desapareceram de cena, demonstrando ostensivamente que não queriam ser vistos nem achados no assunto.
Tirei algumas (poucas) dúvidas que me sobravam há vários anos. Aliás, as primeiras dúvidas foram-me transmitidas por imensos colegas cabo-verdianos em Angola.
Luis ou Carlos, o Google Earth tem uma foto panorâmica da estátua de Amílcar Cabral: se a conseguirem publicar era interessante, eu não sei como a tirar e mandar.
Um abraço,
António Rosinha
Rotunda do Aeroporto, local onde se encontra a estátua de Amílcar Cabral. Fonte: Google Earth (com a devida vénia...)
Vista geral da Rotunda e estátua de Amílcar Cabral. Fonte: Google Earth (com a devida vénia...)
Cruzamento Chapa-Bissau. Fonte: Google Earth (com a devida vénia...)
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 4 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P3983: Nuvens negras sobre Bissau (16): O Nino e o Luís Cabral que eu conheci, em 1979-1993 (António Rosinha)
Vd. último poste da série de 20 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5680: Efemérides (41): No 37º aniversário da morte de Amílcar Cabral, recordando o sucesso diplomático que foi a visita da missão da ONU às regiões libertadas, no sul, 2-8 de Abril de 1972
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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2 comentários:
Rosinha:
Deixa-te lá de rodeios e de hesitações, e conta-nos a história da construção da tal avenida do aeroporto, e das razões por que a estátua do pobre Amílcar Cabral esteve estes anos todos arrumada a um canto...
No nosso blogue estás entre amigos e camaradas que, acima de tudo, prezam a verdade histórica e a honestidade intelectual...
Parafraseando o filósofo Platão, diremos que aqui "somos amigos de Sócrates mas somos mais amigos da verdade"...Claro que o Platão se referia ao seu mestre (469-399 a.C.)..
O teu testemunho é precioso. Um Alfa Bravo. Luís
Caros amigos
Dei uma espreitadela no blogue "andorinha em canchungo" e tomei conhecimento do trabalho feito por essas bandas no sentido de 'pensar (ou repensar) Cabral', a propósito do '20 de Janeiro' e acho que há algo novo, algo mais respirável.
Talvez agora Amílcar Cabral tenha 'parado de morrer'. É minha opinião que isso podia ser muito bom para a Guiné.
Um abraço
Hélder S.
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