OPERAÇÂO CORUCHE
Situação: Apetite quanto baste
Missão: Golpe de mão nas imediações de Coruche
Objectivo: Território em poder de Jorge Rosales
Forças actuantes: Oficial: Jorge Rosales; Sargento: José Manuel M. Dinis
Meios: Abastecimento durante a deslocação
Planos estabelecidos para a acção: Deslocação em meios auto até ao objectivo e retorno no mesmo dia à base.
Data da acção: 30JAN2010


Para reflexão analítica e eventual tomada de decisão, passo a descrever sob a forma de relatório, a acção hoje concretizada de uma espécie de golpe de mão.
O oficial Jorge Rosales, que é proprietário de um palacete na lezíria ribatejana, algures entre Coruche e a Casa do Carvalho, a gozar um período de grande prestígio por ter comandado a operação Magnífica, na Linha, depois de ter comandado Porto Gole, e já ter sido futebolista há muitos anos, contactou-me telefonicamente, com vista à exploração de uma agressiva campanha militar sobre um objectivo alimentício.
Ora, tendo eu nascido com costela combatente, não poderia regeitar o repto. O dito oficial ainda me alertou para a hora matinal a que se obrigava sair, mas lembrei-lhe que um operacional não tem horários, princípio confrangedor para muitos amanuenses da A.M.
Metidos ao caminho, sem escolta, nem espalhafato, atingimos o primeiro objectivo na praça de Coruche, onde, atónitos, a peixeira chamava o marido peixeiro, e, ambos muito cortezes e disponíveis, puseram-se incondicionalmente sob o comando do antes referido senhor oficial. De seguida, passámos à banca de frutas e legumes, onde, pode dizer-se ocorreu idêntica reacção dos locais.
Dada a facilidade com que ultrapassámos estes objectivos, ainda sobrou tempo para dois dedinhos de conversa com originários da terra, comer uma bifana (só o senhor oficial a comeu, já que eu tinha passado a véspera de caganeira (desculpe V.Exa. mas não conheço a expressão militar), vinho e cafés. Resolvido este problema, regressámos à viatura com os seguintes trofeus: 2 fataças escaladas; dois carapaus pujantes de frescura; um choco cujos olhos sorriam; um queijo de ovelha; dois pães caseiros; batatas; tomates; um pepino e um molho de agriões.
Chegados ao local, abertas as janelas do palácio e feito o reconhecimento do local, que inclui a piscina, duas casotas de apoio, uma adega e um barbecue, arredámos um jeep para aliviar a área de acção e, constatando bastante antecedência para o acto, dirigimo-nos em passeio descontraído de reconhecimento dos arredores, só nos detendo por momentos à porta de Joaquim Galvão, um exótico palrante de matérias políticas.
Regressados, distribuímos funções, que calharam quase todas a mim, em reconhecimento das minhas capacidades, e consistiram, no ajuntamento de artigos combustíveis para o necessário braseiro; o deslocamento de uma mesa e duas cadeiras; a preparação e confecção de uma excelente salada; e a colocação do peixe no devido lugar do barbecue. As restantes tarefas ficaram por conta do já identificado senhor oficial.
Manducámos com muito apetite, que a operação já exigia reforço estomacal, e bebemos da pinga do ainda agora referido senhor oficial, um produto que ele gaba ser exclusivamente suco de uvas. Poderá V.Exa. avaliar o perigo decorrente dessa beberagem, tendo em conta a delicadeza dos estômagos do pessoal, habituados à ingestão de produtos químicos delicados com a designação de vinhos, com dóques e tudo. Não fora a boa preparação dos intérpretes, e poderia ali ter acontecido alguma desgraça.
Seguidamente, fomos orientados por uma pista olfativa de café e bagaço. No local, encontrámos um nativo de faladura entremelada que se propunha pagar a despesa por ser aniversariante. Esta declaração causou grande impacto junto das NT, pelo que foi decidido sermos nós a oferecer ao festejante, mesmo correndo o risco de cair em cilada oportunista. No entanto, esta acção não deixou de impressionar um grupo de senhoras da sociedade local, bem como a dona do estabelecimento, que se mostrou muito agradada com a nossa presença.
Consumada a vitória, e de regresso ao palácio, o senhor oficial proprietário do imóvel, bastas vezes referido, deu-me a subida honra de lavar a loiça, tarefa de que me incumbi com entusiasmo e a merecer a aprovação geral, quer do senhor oficial, quer dos espíritos basbaques que assistiram a tudo.
A operação epílogava-se com tremendo êxito, e não havendo outros objectivos identificados, nem manifestações provocatórias a carecerem de amansamento, decidimo-nos pelo regresso à base, depois de tomadas as medidas adequadas de fechar janelas e portas, viagem que decorreu com normalidade, e uma paragem na tasca da rabo-de-cavalo, uma mulherona com que nos regalaríamos em treinos, não fora ela casada e boa dona da casa de pasto.
Pelo caminho, o senhor oficial ainda fez referências a concentrações do grupo do Cadaval, ou da Tabanca Magnífica, pelo que se aguarda o competente despacho de V.Exa.
JMMD
30JAN2010
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 2 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5750: Convívios (179): 1º Encontro/Convívio do BCAÇ 4513 (Fernando Costa)
6 comentários:
Então e não me convidaram, carago?!...
Só para pousar os olhos - não se pode pousar mais nada?- na mulherona da tasca-do-rabo-de-cavalo, este António,CAOP 1,Guiné, 1972~74, D. Quixote de Dulcineias já requentadas, a coxear de um ouvido, a manquejar de um olho, ainda é capaz de dar a volta a Portugal.
Desculpem esta de machismo semi-primário.
Importante é estarmos uns com os outros.
Um abraço,
António Graça de Abreu
Pois muito bem, mais uma operação bem sucedida!
Mas que raio de coisa é um barbecue???
então o peixinho era grelhado ou "barbecuado"!!!
Não liguem, é inveja de não ter participado na operação!!!
Abraço camarigo para todos.
E os de Peniche é que têm a fama de ...
Sacanas. elitistas.
Já fiz a participação para as Finanças (moram aqui na minha rua...).
E um operação dessa envergadura com tão poucos operacionais. E um Sargento com caganeira...Não devia ter ido...(O S.Saúde já não é o que era...).
E o Rosales que me acusa de não ir ter com ele quando vou a Oeiras...
Está tudo registado.
Não esqueço.
Sacanas.Amigos de Peniche.
JERO
PS- Quando é que é a próxima operação? Por acaso tenho agora uns dias disponíveis...E daqui a Coruche é um tiro...
Esse sr. oficial já hoje me ligou e a resposta ao sargento de "caganeira" seguirá ainda esta semana por mail particular, da mesma forma que o dito me contactou.
Estou solidário com o China,o Lapão Grande e o Jero nos reparos que te fazem.
Um anónimo muito descontente com uma operação não autorizada......
O Anónimo
Vasco Augusto Rodrigues da Gama
Caros "tabanqueiros"
Depois do relato, preciso,minucioso e bem escrito, pelo Dinis, vou começar a pensar no "nosso" futuro convivio na simpática Zona do Sorraia...
A Primavera está a chegar, e o grupo do Cadaval e afins podem começar a pensar no evento.
Para que não haja surprezas, e como o Dinis já avisou, é preciso bulir, mesmo oprincipe de Buarcos...
Abraços, do
Jorge Rosales (farda amarela...)
Fiz o reparo directamente, não admito a existência de caldeiradas sem Sardinha.
Recebi uma resposta mandando-me trabalhar e dizendo que tinha que inscrever-me, só que não recebi até hoje a ficha de inscrição.
Fico mais satisfeito com a decisão do Rosales, o da farda amarela, coloca preto no branco como é. Estou em crer que o escriturário de serviço fez o relatório, à revelia do oficial de dia, só para ficar bem visto aos olhos do capitão.
Um abraço,
BSardinha
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