Caros amigos, Luís Graça, Carlos Vinhal, J. Magalhães.
Estive uma semana ausente, mas já regressei.
Aqui me encontro, com as baterias recarregadas, a enviar mais uma descrição dum episódio que vivi em Canjadude, e que redigi, recorrendo ao que escrevi na época em que se deu o acontecimento.
Publicarão, se entenderem que é adequado.
Um abraço
José Manuel Corceiro
José Corceiro na CCAÇ 5 (19)
Foto 1 - Operação realizada o dia 26 e 27 de Abril, de 1971, ao Burmeleu, sudeste do Cheche. Na foto, onde ao amanhecer do dia 27, são visíveis os carregadores em, progressão, com os garrafões de água à cabeça.
CONFRONTO ENTRE TROPAS PÁRA-QUEDISTAS, CCP 123 E GATOS PRETOS, CCAÇ 5
Este meu artigo é também uma singela e sentida homenagem à lembrança dos três jovens heróis, que pereceram em Ganguiró, naquela fatídica manhã do dia 15 de Abril de 1971, quando a guerra lhe roubou todos os sonhos, na flor da idade…
MAMADU DJALÓ
AVELINO JOAQUIM GOMES TAVARES
CARLOS ALBERTO FERREIRA MARTINS
O mês de Abril de 1971 foi particularmente dificílimo para a CCAÇ 5 e para a população civil de Canjadude, tendo contribuído para essas contrariedades múltiplas complicações.
As inundações de água irmanadas com o capim, que há cerca de quatro meses eram um dos obstáculos que nos dificultavam o progredir nas bolanhas alagadas, durante as saídas para o mato, é agora a escassez dessa água, um óbice aliado concomitantemente com o calor tórrido, que ameaça abrasar tudo o que nos rodeia, que nos causam embaraço e são um quebra-cabeças quando fazemos operações para o mato, ao faltar-nos a água para matar a sede.
A carência de água é tão veemente sentida, que a continuar assim esta penúria de seca, aliada ao calor que ameaça torrar tudo, porque a chuva tarda em vir, vamos ser obrigados a ter que recorrer para nos abastecer de água, ao rio Corubal onde a poderemos captar (miragem de oásis no deserto - o Corubal dista de Canjadude mais de 18 quilómetros) para suprir as necessidades mais básicas. Quer a tropa quer a população civil estão a sofrer seriamente as consequências da insuficiência de água, que têm gerado conflitos entre os militares nativos e a população civil.
Foto 2 - Canjadude > Tínhamos logo uma bolanha alagada, na época das chuvas a 200 metros do arame farpado, lado nascente. Estão na água, o Ferra, o Monteiro, o Marques, o Montóia e o Viana.
Foto 3 - Vista do arame farpado, lado nascente, a bolanha que na época das chuvas está alagada, está agora seca.
Na Tabanca de Canjadude a população civil é de etnia Mandinga e o grosso dos militares são de etnia Fula, que por princípios culturais tradicionais rivalizam uma com a outra, com ódio de morte, ao ponto da população civil Mandinga ter vedado aos familiares dos militares o acesso à água dos dois ou três poços da tabanca. Os Mandingas argumentam, que toda a zona circundante, por aqui, é propriedade deles, por direito próprio, replicando que a sua conduta ao tamponarem os poços foi por necessidade, devido à exiguidade de água, e não uma atitude de vingança. No seu entender estão a comportar-se com civismo e gentileza para com os vizinhos, que têm que suportar, porque segundo dizem lhes foram impostos contra a sua vontade.
Enfatizam, dizendo, que já é um grande ultraje tolerar os vizinhos no seu meio, forçados que foram a cederem temporária e graciosamente, o espaço para as construções das tabancas, onde os fulas com as suas famílias habitam, disseminados entre as dos mandingas.
Foto 4 - Corceiro, com corda e balde, a tirar água do único poço que havia no Aquartelamento de Canjadude, que ficava localizado atrás do antigo abrigo de Transmissões. O poço tinha de profundidade entre 7 e 8 metros. Atrás está o Cripto Costa.
Foto 5 - Furriéis a construir o seu bar, visto o bar antigo ter sido destruído pelo incêndio. Rito, Perestrelo, Cabrita, Silva, Gonçalves e Laminhas. Não recordo o nome do africano.
Os reordenamentos em Canjadude, já desde o mês passado que foram totalmente suspensos, visto a população civil se ter desmotivado por completo e não quer colaborar na continuidade do projecto. O stock de alimentos na população da Tabanca, e porque aqui a agricultura é praticamente inexistente, já há muito tempo que se esgotou. Eu não sei como estas pobres alminhas conseguem sobreviver, sobretudo as crianças, com uma alimentação tão descompensada e míngua, porque os mais velhos lá se vão aguentando com a saliva do mastigar a castanha de cola?!
Foto 6 - Uma mãe de Canjadude, com alguns dos seus filhos.
Foto 7 - Uma família de Canjadude com a sua prole.
Foto 8 - Atrelado depósito para transportar água. Está junto da cozinha. Furriel Ramos, que foi o graduado que comandou o primeiro grupo que saiu de Canjadude, em direcção a Ganguiró, no dia 15. Infelizmente já não está entre nós.
Ultimamente na zona, a actividade do IN tem-se manifestado intensamente de diversas e variadas maneiras:
Dia 3 de Abril, Nova Lamego foi flagelado.
Dia 9, o IN levou a cabo uma grande flagelação a Cabuca.
No dia 4, dois pelotões da CCAÇ 5, quando eram transportados em viaturas para uma acção de patrulhamento a Liporo, na zona de Uelingará, picada Canjadude/Nova Lamego, durante a picagem detectaram-se duas minas anticarro, que foram levantadas com êxito.
Também as forças de Cabuca, numa coluna que realizaram a Nova Lamego, durante a picagem tiveram a sorte de detectar duas minas, que levantaram.
A actividade inimiga aqui na zona, não tem sido só proactiva contra as nossas tropas, pois têm havido incursões contra a população civil e também sobre alguns caçadores. Aconteceram assaltos e pilhagens nas Tabancas de Cansambael e Sincha Dembo, onde as populações foram molestadas e desprovidas de alguns dos seus haveres.
Foto 9 - No Aquartelamento de Canjadude, distribuição de alguns alimentos às crianças da tabanca.
A operacionalidade da CCAÇ 5 tem sido intensíssima, pois temos palmilhado tudo desde Ganguiró ao Burmeleu, passando pelo Cheche. Há excepção que merece realce durante estas correrias, houve indícios detectados por nós, cujos sinais e trilhos denunciaram ter havido organização e tentativa, não concretizada, para emboscar as nossas tropas, em Uelingará, só não terá acontecido e tido desenlace a emboscada, por desfasamento temporal entre a permanência do IN no local e a passagem das nossas tropas. Para além destas marcas, felizmente têm sido ténues os vestígios detectados da passagem do IN pela nossa área!
Como é que uma prática, que se afigurava tão rotineira e banal, envolvendo forças, dum grupo de elite, altamente especializados e treinados, e no outro, militares tão cheios de experiência de guerra e com tanta animosidade combativa, degenerou em tragédia!?...
No dia 13 de Abril de 1971, recebemos instruções no posto de rádio de Canjadude, que ia ter início uma grande operação de assalto a um provável refúgio IN, envolvendo um conjunto de forças diversas, mas que o envolvimento dos Gatos Pretos, em princípio, iria ter um certo grau de passividade, com relativa actividade, embora o desenrolar operacional progredisse no subsector da CCAÇ 5. O posto de rádio de Canjadude, devido à sua posição, era o interlocutor privilegiado e responsável pela rede de comunicações durante o desenrolar da acção militar em curso, utilizando como veículo de transmissão o E/R Racal. Foram-nos dados esclarecimentos sobre as frequências a utilizar, distribuídas as matrizes com as chaves de validação e autenticação para as identificações das forças implicadas, dados alguns códigos temporários do Codoperex, para conhecimento e localização de locais. Tudo indicando que seria mais uma operação como tantas outras já havidas…
Foto 10 - Corceiro no Aquartelamento de Canjadude.
Eu desconhecia por completo o grau de risco e perigosidade que a operação em curso envolvia, assim como não tinha outras noções, mas outras pessoas mais bem colocadas em locais de comando teriam outro entendimento! No entanto, deu para eu deduzir que provavelmente a manobra estaria relacionada com as últimas investidas e vestígios deixados pelo IN na zona, visto que o rumo que este tomava, depois de executar as acções, era sempre na mesma direcção, Siai, possivelmente onde se fazia a cambança, no rio Corubal, para a margem de Madina de Boé.
Dia 14 de Abril, é elaborada uma escala no posto de rádio, para dedicar um operador unicamente ao E/R Racal, permanentemente em escuta, fazendo só chamadas nas horas que estavam definidas nos procedimentos da operação. Durante todo o dia, nunca a força do mato comunicou uma vez que fosse com Canjadude, ou respondeu a qualquer chamada de rádio por este efectuada, chegando-se ao ponto de pensar, (nós, os operadores de rádio) que não tivesse havido operação. Em outras ocasiões tivemos casos idênticos, mas houve sempre comunicação via rádio, excepto uma vez em que o rádio foi para o mato sem acumuladores. Será que neste caso houve avaria no equipamento, ou as forças envolvidas estavam receosas de denunciar a localização onde se encontravam ao IN, ao utilizar o rádio, ou outra razão que a eles aprouvesse!?...
Dia 15, conforme o estipulado na estratégia da operação, saiu de Canjadude, próximo das 08,00h, um pelotão com viaturas e picadores, para ir ao encontro das forças operacionais, a fim de serem recolhidas, como previamente estava definido no plano do recontro, em Ganguiró (localidade onde em tempos existiu uma tabanca).
Embora nunca tenha havido contacto via rádio, com a CCP 123, (Pára-quedistas) estava tudo a correr conforme o plano da operação. Os militares, da CCAÇ 5, iam a escoltar as viaturas, com flancos laterais, e com os picadores a detectar minas à frente, picando o trilho. A cerca de três centenas de metros de Ganguiró, lugar do previsível e estipulado encontro, tudo OK.
Foto 11 - Bolanha de Canjadude, lado Nascente, está tudo seco, mas durante a época das chuvas está tudo inundado de água. É visível um baga-baga, assim como esta árvore grande, na bolanha, que é a mesma que aparece na 3.ª foto, está enquadrada a partir da bolanha.
Mas eis quando, um militar africano da CCAÇ 5, a 300 metros do local de encontro, vê um objecto branco no trilho, por entre os arbustos a movimentar-se. Este, sem ter identificado o objecto, tentou encobrir-se e proteger-se atrás dum “baga-baga”, posteriormente apurou-se que o objecto branco era um lenço que o militar “Pára” tinha ao pescoço. O militar “Pára” ao aperceber-se da movimentação de alguém africano, que se estava a tentar ocultar e resguardar-se pelo “baga-baga”, abriu fogo. Não ligou à cor da farda, porque o IN por vezes tinha farda igual, mas sabia que eram tropas nativas que iam ao seu encontro deles, e provavelmente devia ouvir o barulho das viaturas…
Perante o inabitual e inesperado incidente, desencadearam-se disparos de munições de parte a parte, muitos dos quais talvez por simpatia e contágio, de forma que o fogo se generalizou aos dois lados das forças em presença. Durante uns minutos Gatos Pretos a lutar contra a CCP 123, até se darem conta que o som dos rebentamentos das armas que disparavam eram das nossas tropas, eram forças amigas que se estavam a digladiar… e parou-se o confronto…
Em Canjadude foi audível o “fogachal”, ainda não havia informação através de rádio do sucedido, e de imediato se disponibilizaram militares para ir em auxílio dos seus irmãos, que deviam estar em apuros. Efectivamente acabou por sair mais um pelotão da CCAÇ 5 ao encontro das forças que estavam no mato, mas quando saíram já se sabia o que tinha acontecido (Ganguiró dista de Canjadude cerca 7 ou 8 quilómetros na direcção de Cabuca, Nascente).
Do anómalo e imprevisto incidente, resultaram alguns feridos, um dos quais com muitíssima gravidade, que foi o Mamadu Djaló. Informou-se via rádio Canjadude, para pedir urgentemente heli para as evacuações. Entretanto, escolheu-se local apropriado, uma clareira, para efectuar as evacuações. Procedeu-se à organização das respectivas forças para garantirem segurança à aterragem do meio aéreo. Estava tudo a postos e na expectativa que o heli chegasse a todo o momento…
Eis senão quando, sem que ninguém o previsse, se desencadeia inusitado e bem coordenado bombardeamento, com violência feroz, utilizando todo o tipo de armas, desde a desconcertante kalashnikov, até ao armamento mais pesado, passando pelo morteiro 82 ao canhão sem recuo!... Estávamos cercados e emboscados, debaixo da mira do fortíssimo fogo do inimigo, o qual organizou, preparou e desencadeou a emboscada, a seu contento dispondo-se no terreno em L aberto. Grosso modo, as posições das forças em confronto no terreno, eram as seguintes: Do lado Nascente e ligeiramente a sul, estava emboscado o IN, a bombardear incessantemente, ao centro, as forças dos “Páras” e a Poente, as forças da CCAÇ 5. Instalou-se a confusão, e para a agravar ainda mais o caos, o IN vestia farda igual à nossa… A CCAÇ 5, africana, ávida que estava para fazer fogo, não podia fazê-lo e estava a ser massacrada com fogo inimigo, sem poder ripostar, porque na sua trajectória de fogo contra o inimigo, estavam os “Páras”…
O fogo ininterrupto, prolongou-se por mais de meia hora…
A força da CCAÇ 5, solucionou a sua posição critica e de desconforto, rodando estrategicamente para Sul, por um lado, para não ter na sua mira de fogo as tropas dos “Páras” e poder disparar à vontade contra o IN, por outro, para barrar a fuga ao inimigo, naquela que parecia ser a sua saída natural, e neste caso teve êxito, que rechaçou o inimigo que teve que retirar e fugir em debandada, pela escapatória que menos esperava…
Deste combate tombaram no terreno, dois jovens heróis “Páras”, que foram amortalhados em Canjadude, e um jovem herói, africano, da CCAÇ 5, que ainda foi evacuado do local para o Hospital de Bissau, onde veio a falecer… houve quase uma dezena de feridos, evacuações e dia de luto, em Canjadude…
Chegaram a vir meios aéreos…
Entretanto, já tinha chegado ao local o outro pelotão, vindo de Canjadude, que juntamente com um grupo da CCP 123 seguiram o trilho da fuga do IN, onde havia muito rasto de sangue, mas não sendo detectadas presenças humanas acabaram por abandonar a perseguição sem obter algo de positivo…
Tornou-se de difícil compreensão o aparecimento tão célere dum grupo inimigo, assaz numeroso, que demonstrou altas capacidades de organização de combate, que soube tirar proveito dum momento de fragilidade das nossas tropas, para entrarem em acção, que estava equipado com quantidade e qualidade de armamento, desde o mais leve ao mais pesado!
Como terá sido feita a mobilidade deste material, em tempo recorde?
O que se comentou na época foi o seguinte:
- Que o inimigo tinha já planeado para esse dia um possível ataque a Canjadude e estaria com o armamento em trânsito;
- Que o inimigo teria por ali perto um refugio, bem equipado, e ao aperceber-se do tiroteio entre as nossas tropas, terá vindo em auxílio, julgando que fosse alguma escaramuça com algum dos seus vigias;
- Ou que já soubessem, que o ponto de encontro e recolha das nossas tropas fosse naquele local, e se antecipassem a montar a emboscada para tirar partido e actuarem no momento de subir para as viaturas, que é sempre um momento crítico e de fragilidade, com alguma confusão que gera o amontoar do pessoal.
Também foi difícil de digerir a modesta eficácia da nossa actuação, em função das forças em presença no terreno, visto serem especializadas e bem equipadas, assim como durante a perseguição ao IN, não o ter conseguido alcançar, nem ter havido êxito algum visível, nem captura de material!
Foram louvados alguns combatentes africanos, (nos “Páras” desconheço) que neste combate se evidenciaram pela sua bravura, progredindo no terreno debaixo de fogo, sempre a deslocarem-se em pé, desprezando as protecções e o amor à vida…
Creio até que o “bazookeiro” foi louvado pelo Comandante-Chefe, porque debaixo de intensíssimo fogo se lhe avariou a arma. Teve a calma, o sangue frio e notável serenidade, desprezando procurar abrigo para se proteger, para reparar a anomalia na bazooka, que acabou por consertar, e progrediu com os seus disparos certeiros e eficazes…
Um abraço para todos e boa saúde
José Manuel Corceiro
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Nota de CV:
8 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7240: José Corceiro na CCAÇ 5 (18): Insubordinação na CCAÇ 5, dia 8 de Novembro de 1969
3 comentários:
O mesmo relato torna-se diferente, face ao "escritor".
Já tinha conhecimento destes acontecimentos pela "pena" do relator oficial que, com base nos relatórios oficiais, transcreveu para o resumo da CCaç 5, para "memória futura"
A "descrição" em apreço tem outro tom,mais humano, mais sensivel...
Até "mais sensivel" que a descrição que ouvi de alguns intervenientes... apesar de ser "fogo amigo".
Mais uma pequena incursão minha *a Guiné, entre o lançamento do livro de Moura Calheiros (sobre as tropas paraquedistas) e o "entrehar-me nas asas de morfeu".
Impressionante... Não vou perguntar por que é que estes trágicos "equívocos" aconteciam... Também estive numa companhia africana (, a CCAÇ 12, 1969/71)... Não tenho ideia de termos tido "embrulhanços" fraticidas, como esse que o Zé Corceiro nos relata, com rigor e serenidade... Estas coisas só não aconteciam a quem ficava no "bem-bom" de Lisboa (provavelmente com alta cunha...).
Sou Vitor Manuel Morais Rosado na altura Soldado Paraquedista 570/70.O relato emociona-me pois corresponde no terreno ao que realmente aconteceu,sendo que fui eu que abri fogo contra o africano que a cerca de 50 metros(a picada desembocava na clareira onde esperavamos para ser recolhidos) estavamos sentados , descontraidos,destribuidos em circulo. Eu tinha uma toalha branca no pescoço para afastar os mosquitos.Foi isso que levou o africano a fugir ao ver-me.Entao o Drama desenrolou-se.Os colegas que pereceram estão fortemente no meu subconsciente.O meu amigo Tavares acompanhou-me durante a recruta,curso para-quedismo e combate.GRANDE HOMEM , no tamanho e personalidade.Uma vez que localizei estes textos na Net,vou brevemente tentar enviar fotos.Moro em Evora.Meu contacto ;969000767.
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