Amadora > Aquartelamento da Academia Militar > Grande Auditório > 29 de Novembro de 2010 > Intervenção, em último lugar, do autor do livro, A Última Missão, José Moura Calheiros, Cor Pára Ref, O título do livro é inspirado na missão, que o coronel chefiou, em Março de 2008, de recuperação dos restos mortais de três soldados pára-quedistas mortos em combate, em Guidaje, em 23 de Maio de 1973, e sepultados no perímetro do aquartelamento... Recorde-se aqui os seus nomes: Manuel da Silva Peixoto, de 22 anos, natural de Vila do Conde; José de Jesus Lourenço, de 19 anos, natural de Cantanhede e António das Neves Vitoriano, de 21 anos, natural de Castro Verde.
Essa missão acabou por levar o antigo oficial pára-quedista rever os anos de guerra em África, em três teatros diferentes, por ele duramente vividos, com o todo o seu cortejo de boas e más memórias.
Amadora > Aquartelamento da Academia Militar > Grande Auditório > 29 de Novembro de 2010 > O cineasta António-Pedro Vasconcelos lendo a sua apresentação do livro do Moura Calheiros. Uma belíssima e inteligente "leitura" do livro de um grande militar português feita por um "paisano", que é também um dos grandes nomes do cinema português... Foi o Prof Rui Azevedo Teixeira, o prefaciador, quem sugeriu, ao autor, o nome do realizador de cinema e conhecido analista desportivo para apresentação da obra. Neste excerto Pedro Vasconcelos começa por evocar a nossa péssima relação com a memória... "Sempre me impressionou que os portugueses tivessem uma tão má relação com a memória"... Há um silêncio, nomeadamente no nosso cinema, na nossa literatura, na nossa ficção, sobre os nossos grandes momentos históricos, fruto da nossa tendência para esquecer em vez de lembrar, de ocultar em vez de mostrar, e sobretudo da dificuldade de nos confrontarmos com a verdade, com as ambiguidades e as contradições de que é feita a acção (individual e colectiva) dos homens e de que a história não pode deixar de dar conta...
Amadora > Aquartelamento da Academia Militar > Grande Auditório > 29 de Novembro de 2010 > Aspecto geral da mesa. Na ponta direita está Moura Calheiros, ladeado, se não me engano, pelo Director da Academia Militar. Como cheguei atrasado, não consegui saber qual era exactamente a composição da mesa, mas presumo que seja a seguinte, a contar da esquerda: o editor ou o representante da editora, um elemento (feminino) da equipa do Moura Calheiros em Guidaje, uma das antropólogas forenses da Universidade de Coimbra... Não sei quem é 3.º terceiro da mesa, possivelmente o prefaciador da obra, o Prof Rui Azevedo Teixeira, especialista em literatura sobre a guerra colonial... O 4.º elemento era o António Pedro Vasconcelos, naquele momento a discursar.
Amadora > Aquartelamento da Academia Militar > Grande Auditório > 29 de Novembro de 2010 > Três guineenses, o Dani, pára-quedista, do BCP 12, o António Estácio e o Manecas dos Santos (que tinha estado há dias com o Pepito no Cacheu, segundo me revelou, nos escassos dois minutos em que falámos. Estivemos juntos no Simpósio Internacional de Guileje, Bissau, 1-7 de Março de 2008, onde apresentámos comunicações)
Amadora > Aquartelamento da Academia Militar > Grande Auditório > 29 de Novembro de 2010 > O Humberto Reis, o Zé Martins e o Danif, o filho da Dona Rosa, de Bafatá (antigo pára-quedista do BCP 12).
Amadora > Aquartelamento da Academia Militar > Grande Auditório > 29 de Novembro de 2010 > Uma longa fila, no final, na sessão de autógrafos... Acabei por não poder cumprimentar o autor, com quem já falei uma vez ao telefone há tempos... Transmitiu-me por sua vez o seu apreço pelo nosso blogue, embora tenha declinado o meu convite para ingressar na nossa Tabanca Grande, por razões que eu entendo perfeitamente.
Fotos e vídeo (7' 46''): © Luís Graça (2010). Video alojado em You Tube > Nhabijoes. Todos os direitos reservados.
1. Foi hoje apresentado o livro, A Última Missão, do José Moura Calheiros, Cor Pára Ref, ao fim da tarde (mais cedo, um quarto de hora, do que o que estava anunciado no nosso blogue). A sessão decorreu no Grande Auditório do Aquartelamento da Academia Militar, na Amadora, perante uma vasta de plateia de algumas centenas de pessoas, entre militares no activo e amigos e camaradas do autor, muitos deles ligados ao BCP 12.
Dos membros da nossa Tabanca Grande, consegui localizar o Humberto Reis, o José Marcelino Martins, o Carlos Silva (e esposa), o João Seabra (que forneceu várias fotos de Gadamael ao seu amigo Moura Calheiros), o Miguel Pessoa, a Giselda, o António Martins de Matos, o António Dâmaso, o António Estácio, só para citar alguns com quem falei...
Falei igualmente com o Danif, o filho da Dona Rosa, de Bafatá, irmão das libanesas, e antigo pára-quedista, que serviu na Guiné sob as ordens do Moura Calheiros (, portanto no BCP 12). Perguntou pelo Zé Brás, seu amigo, do tempo de Tomar... Com ele, estava o Manecas dos Santos, que foi convidado pelo Moura Calheiros para estar nesta cerimónia. O forte simbolismo da presença deste antigo guerrilheiro do PAIGC será sublinhado pelo autor do livro, na sua intervenção, a última da sessão. Recorde-se que o Manecas dos Santos foi um dos míticos comandantes do PAIGC, responsável pela Frente Norte e pela artilharia (incluíndo os mísseis Strela). Não sei exactamente se foi ele que comandou as forças do PAIGC que, em Maio de 1973, fizeram o cerco à guarnição portuguesa de Guidaje. Também não sei exactamente se foi ele igualmente que comandou a emboscada à CCP 121 de que resultaram as mortes dos soldados pára-quedistas. Em Maio de 1973, Moura Calheiros era então o 2º comandante e o oficial de operações do valoroso BCP 12.
A apresentação da obra (de cerca de 600 pp.) esteve a cargo do cineasta António-Pedro de Vasconcelhos, de que se apresenta um excerto com a segunda (e última) parte.
A obra, que foi vendida na sessão de lançamento a 25 €, tem a chancela da Editora Caminhos Romanos-Unipessoal, Lda., Porto (contacto por e-mail, na ausência de sítio na Internet: ac.azeredo@hotmail.com)
(i) Nasceu em 1936 no Peso, Covilhã;
(ii) Frequentou o Curso de Infantaria da Escola do Exército (1954-1957), hoje Academia Militar;
(iii) Foi admitido nas Tropas Pára-quedistas em 1959;
(iv) Cumpriu três comissões de serviço no Ultramar: Angola (1963-1965) e Moçambique (1967-1969) como comandante de Companhia de Pára-quedistas; e, por fim, Guiné (1971-1973) como 2º Comandante e Oficial de Operações do BCP12, COP4 e COP5 e ainda como Comandante do COP3;
(v) Em Tancos, foi Comandante do Batalhão de Instrução, Comandante do Regimento de Caçadores Pára-quedistas e Comandante da Escola de Tropas Pára-quedistas;
(v) Em Tancos, foi Comandante do Batalhão de Instrução, Comandante do Regimento de Caçadores Pára-quedistas e Comandante da Escola de Tropas Pára-quedistas;
(vi) Em 1977-1981, nos seus três últimos anos de actividade como militar, desempenhou funções de Chefe do Estado Maior do Corpo de Tropas Pára-quedistas;
(vii) Passou à situação de Reserva em Fevereiro de 1981;
(viii) É licenciado em Finanças pelo ISCEF – Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (hoje, ISEG -Instituto Superior de Economia e Gestão);
(ix) Desempenhou funções de técnico economista no Ministério da Indústria, IPE – Instituto de Participações do Estado bem como na Direcção Financeira de empresas;
(x) Dedicou-se mais tarde à gestão de empresas;
(xi) Hoje está reformado e afastado de qualquer actividade profissional.
12 comentários:
"Foi ele que comandou as forças do PAIGC que, em Maio de 1973, fizeram o cerco à guarnição portuguesa de Guidaje..."
No cerco a Guidaje as forcas do PAIGC foram comandadas por Francisco (Chico) Te, mais tarde primeiro ministro do primeiro governo pos independencia da Guine...
Esta e pelo menos a versao oficial guineense !
Nelson Herbert
Muita pena tive eu de não estar na sessão de que uma fortíssima constipação me arredou.
Para além das intervenções e do livro, o convívio com alguns amigos, em especial com o Chauki Danif, que aparece aqui nas fotos como Dani, meu companheiro dos toiros, muito bom rabejador, que vinha de férias e usava a minha casa (chamada na aldeia de Nações Unidas pela enorme rotatividade de nacionalidades).
Com ele vinha sempre outro grande amigos Furr. Para-quedista Manuel Gomes Martins que mais tarde, já meu colega na TAP, realizou a primeira viagem de circum-navegação a solo num barquinho à vela com 10 metros.
Desde a Guiné que não vejo o Chauki e espero vê-lo brevemente.
José Brás, claro, o homem do comentário anterior
Zé Brás: Danif, e não Dani, já emendei... Coisas do "andar a correr e não poder olhar para trás"...
Em primeiro lugar as tuas melhoras...e votos de que´um dos próximos lançamentos seja o do teu livro (que já está no prelo)...
Quanto ao Danif, o Humberto Reis pode dar-te o contacto dele... São velhos amigos, aliás foi o Danif que o contactou para aparecer nesta sessão de lançamento do livro do Moura Calheiros...
Eu não o conhecia pessoalmente... O Humberto apresentou-me: "Olha, Danif, este é que é o Luís Graça do blogue"... A primeira coisa que ele me perguntou... foi por ti. Ainda pensei que aparecesses... Falou-me dos vossos tempos do Colégio Nuno Álvares, em Tomar, e do grupo de forcados... Vejo que ficou daí uma bela amizade. Um Abração. Luís
Nelson: Dizes tu que "no cerco a Guidaje as forças do PAIGC foram comandadas por Francisco (Chico) Tê, mais tarde primeiro ministro do primeiro governo pós- independência da Guiné" e não directamente pelo Manecas dos Santos...
Não sei onde fui buscar essa informação (errada). Peço desculpa... A verdade e o rigor acima de tudo... Obrigado.
Caro Luis
Foi apenas uma imprecisao...o Manecas Santos foi parte activa da operacao, como comandante da artilharia naquela Frente (Norte)cujo comandante era Chico Te...
Contrariamente a Guiledje,na Frente Sul de Nino Vieira, operacao em que o papel de destaque coube a artilharia, comandada por Osvaldo Lopes da Silva, em Guidage foi a vez da infantaria !
Nelson Herbert
O terceiro elemento da mesa é o General CEME, José Luís Pinto Ramalho.
Passados que foram 36 anos voltei a encontrar o Cor Calheiros...
Para mim será sempre o Maj. Calheiros, homem que eu, simples Tenente piloto aviador, muito admirava, ele personificava os Pára-quedistas, e estes representavam a tropa de elite.
Tive a honra e o privilégio de efectuar muitas missões com ele, eu pelos ares, ele em terra, às vezes os dois lado a lado num DO-27.
Sempre que as situações se complicavam lá estava ele, tentando encontrar as melhores soluções para que as nossas forças cumprissem a missão.
E nunca o vi pôr-se em bicos dos pés, sempre discreto, mesmo quando outros se apropriavam dos seus merecidos louros.
Vai ser um prazer ler o seu livro.
Um abraço
António Martins de Matos
Pois é, Luís. Já disse da pena que tive e não vou continuar a lamúria porque isso é pecha de velho e eu estou agora na casa dos trinta.
Mas já falei ao Danif e combinámos alguma coisa.
Quando vinha de férias e abancava à noite sempre muito bem acompanhados o grito de guerra "Vamos ao mato!".
Fui hoje ao Matos Gomes.
O meu livro teve hoje a assinatura do contrato mas já não será lançado este ano porque só me garantem os livros a 23 de Dezembro.
Claro, se ainda não leste é bom que leias porque vais estar de serviço nu ou dois dos três dias.
Já tenho o João de Melo, estou a pensar no Mário Beja Santos.
Vamos ver
José Brás
Uma correcção:
O 3º elemento da mesa (a contar da esquerda) não é a pessoa que refere. Trata-se do Chefe do Estado-Maior do Exército, General José Luís Pinto Ramalho.
A segunda pessoa da mesa (a contar da esquerda) é a Prof.ª Doutora Eugénia Cunha, Presidente do Instituto de Antropologia da Universidade de Coimbra; da Forensic Anthropology Society of Europe; e consultora em antropologia forense do Instituto Nacional de Medicina Legal. Foi ela quem chefiou a equipa de especialistas que, em Julho de 2008, se deslocou a Guidage para efectuar a recolha, identificação e transladação dos corpos dos três Páras (José Lourenço; António Vitoriano e Manuel Peixoto).
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