segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7513: Os nossos seres, saberes e lazeres (28): Banco de Crachás e Guiões (António Costa)


1. O nosso Camarada António José Pereira da Costa*, Coronel Art na reserva, na efectividade de serviço, que foi comandante da CART 3494,
Xime e Mansambo, 1972/74, enviou-nos, em 26 de Dezembro de 2010, a seguinte mensagem:

Emblemas/Brasões

Camaradas,

Creio que temos estado a perder uma coisa importantíssima para a memória "futura" (será que também há memória passada? Pesada sei eu que há...) e que são os emblemas de peito (crachás) e de braço que usávamos e que hoje poderão constituir algo que se possa juntar aos números das Unidades como algo indelével e que orgulha os seus possuidores. Temos também os guiões que, nem sempre, são iguais aos emblemas. Julgo que por si só já são um bocado da História e muito faladores, como acontece aos brasões, que são "falantes".

Poder-se-ia criar no blogue um "Banco de Crachás e Guiões" onde seriam inseridos os que se encontrassem, acompanhados de uma resenha acerca da sua feitura: quem deu a ideia, quem desenhou, como foi aprovado, o quem significa, formato, etc. etc. etc.

Sabendo-se quais e quantas as Unidades que passaram pela Guiné, rapidamente atingiríamos o pleno e poderíamos expô-los à consideração dos curiosos e outros frequentadores. Nenhum deles foi aprovado pela Comissão de Heráldica, mas isso também não interessa. São distintivos populares (aos gosto dos "soldados"), como os dos clubes desportivos, de que se aprende a gostar.

Se calhar era um bom início para uma "História das Unidades"...

Um Alfa Bravo e um Bom Ano de 2011
António Costa
CMDT da CART 3494

2. Esta matéria já foi abordada neste blogue pelo nosso Camarada-de-armas Carlos Coutinho, que é um dos maiores coleccionadores nacionais desta temática. Muito dedicado, possui, segundo me disse, cerca de 2 mil emblemas e mini-guiões de Unidades que cumpriram as suas comissões no Ultramar.

Alias o Carlos Coutinho ofereceu-nos já um CD com centenas desse emblemas, que temos vindo a usar em diversos postes no blogue.

O Carlos inclusivamente já solicitou, num anterior poste do blogue, que quem tivesse algum emblema e, ou, guião em casa, e nunca os tivesse ainda visto no blogue, fizesse o especial favor de o mandar para nós, editores, para publicação.

Assim, o Carlos, posteriormente, faria a respectiva recolha e juntaria as novas peças no dito CD.

3. Quanto à criação no blogue de um banco de crachás e guiões, penso ser interessante e importante saber a experiente opinião do Carlos Coutinho, que já tem muito trabalho desenvolvido sobre esta matéria na internete e nos poderá informar de tal viabilidade neste blogue e a quem vou enviar uma cópia deste poste.

Para eventuais contactos, aqui fica o e-mail do Carlos: ccbitton@gmail.com

Emblemas de colecção: Carlos Coutinho (2010). Direitos reservados.

___________

Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

20 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7478: Os nossos seres, saberes e lazeres (27): Victor Garcia, alfacinha e benfiquista, ex-1º Cabo At, CCAV 2639 (Bula, Binar, Capunga, 1969/71): um exemplo e um motivo de orgulho, para todos nós, antigos combatentes, na luta contra a iliteracia informática (Parte I)

2 comentários:

Luís Graça disse...

Não tenho espírito de coleccionador, mas admiro os coleccionadores. Não sou persistente o suficiente (nem obsesssivo, perfeccionista, metódico, rico...) para fazer uma colecção do que quer que seja (borboletas, caricas, caixas de fósforo...até às loiras e aos carros!).

Minto, tive em tempos uma colecção de recortes de jornais e revistas, devidamente tratada, com os artigos ou notícias devidamente recortados e colados em folhas de papel A4... Isto muito antes da era dos computadores e da Internet. Chequei a ter largas e largas dezenas de arquivadores, com alguns vinte mil recortes (incluindo coisas, poucas, da "guerra colonial", já que naquele tempo, antes e depois do 25 de Abril,o tema era tabu) ...no "escritório" do meu sótão...

Um dia deu-me uma fúria danada e fiz um "auto de fé" (neste caso, acabou tudo ingloriamente, anos de trabalho, no "papelão", ainda não via papelaão nem vidrão: leia-caixote do lixo generalista)... Tal como o Zé Manel, o nosso Josema, da Régua, fez com os poemas que ia compondo religiosamente, todos os dias, nas patrulhas de segurança, à nova estrada em construção Mampatá, Nhacobá, Colibuia, Salancaur, etc. O seu suplício de Sísifo!

Um dia o mesmo vai acontecer (ou já com aconteceu, infelizmente, acontece todos os dias, infelizmente, sempre que um ex-combatente morre) com as nossas fotos,álbuns, objectos, aerogramas, cartas, diários, rascunhos, segredos, fardamento, roncos, estatuetas, e por aí forma... Um dia vai acontecer o mesmo com o nosso corpinho (1 metro e 72, 75 quilos): sete palmas de terra, um caixão, umas pazadas de terra e cal... Os vivos, em todas as culturas e em todas as épocas, apressam-se a queimar os pertences dos mortos, depois de queimarem ou enterrarem o seus corpos... Com uma única excepção: o ouro, a para, o vil metal, as notas de banco e os títulos de propriedade dos bens imobiliários... Dizem que é para para os "purificar" dos "pecados terrenos"...

Por isso eu só posso aplaudir a iniciativa do nosso António Costa, do do Eduardo MR, do Carlos Coutinho e dod demais coleccionadores da nossa Tabanca Grande e demais tabancas... Guardemos o que pudermos para para um futuro museu da(s) Guerra(s) de África... Simplesmente por "dever de memória"!... Ou por respeito por nós!....

Eu já tenho um pequeno núcleo, desde uma espada de régulo que me ofereceu o Juvenal Amado até emblemas e sobretudo livros, até as cartas (centenas) que o Beja Santos escreveu à Cristina e que eu estou incumbido de entregar, um dia, ao Arquivo Histórico-Militar...

Mas podemos pensar melhor: talvez um dia possamos mesmo ter um museu (ou núcleo museológico) dedicado à Guiné (1961/74)... Tem é que haver uns carolas com sentido de missão e capacidade organizativa para esta missão, se possível com alguma formação museológica...

A lista dos objectos pode ser publicada no nosso blogue, para saber onde param os itens, qual a a sua origem, significado, dono ou fiel depositário, etc.

Antes que tudo acabe, tristemente, na feira da Vandoma (aqui no Porto) ou na Feira da Ladra (em, Lisboa)... E depois vá parar à estranja (Américas, Alemanhas, Inglaterras, etc.) para estudo dos historiadores dos conflitos geo-estratégicos que nunca molharam o cu numa bolanha nem apanharam um balázio no ombro ou ficaram sem um pé muma mina ou tiritaram de frio com paldudismo...

Camaradas, amigos, camarigos: TUDO ISTO É PATRIMONIO e, embora imaterial, tem um valor incalculavel... Porra, tenhamos orgulho nas nossas coisas, grandes, médias, pequenas ou micro... Até nas nossas ninharias!

Um dia, estes gajos todos, dos pipis aos fanfarrões, que nos sucederem, ainda vão olhar para a nossa geração e dirão:
- Gente do carago!

PS - No norte, eu falo como os que cá estão... Os do sul, não levam a mal... O resto, não levem a mal: tomem-no por do delírio (não o "tremens"), mas dos mezinhos...

Luís Graça disse...

Enganei-me uma meia dúzia de vezes a escrevern este comentário, isto de trabalhar no "estaleiro" é duro...

Queria dizer:

"Com uma única excepção: o ouro, a PRATA, o vil metal, as notas de banco e os títulos de propriedade dos bens imobiliários... Dizem que é para para os "purificar" dos "pecados terrenos"...