quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7523: Blogpoesia (98): Cafal-Balanta antes de aramar (Manuel Maia)

1. Mensagem de Manuel Maia* (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74), com data de  25 de Dezembro de 2010:

Carlos,
Hoje estou produtivo.

Aqui vão mais quatro referentes a Cafal-Balanta, o tal resort onde vivíamos "refustelados" escondidos atrás do arame farpado, segundo a douta opinião do homem do ar condicionado e pose de Rambo, coleccionador de medalhas ganhas por outros, conhecido por anota bruno, militar de subida honra e lhaneza de carácter, incapaz de cometer o mais pequeno atropelo...

Claro que nos três ou quatro primeiros dias, (antes de conseguirmos aramar) não nos escondíamos, antes convivíamos com o IN numa amizade digna de encómios, fazendo inclusive alguns pic-nics como é do conhecimento geral dos camarigos.

Foi lá que fizemos, eu e os camarigos que partilhavam o resort que tive oportunidade de vos mostrar em tempos, que acabaria por merecer a especial atenção do nosso primeiro Pinto de Sousa, bem como de Severiano o então ministro português nascido guinéu e uma pleiade de homens do risco de reconhecida qualidade internacional onde destaco Sisa Vieira, Alcino Soutinho,Tomás Taveira entre outros.

Sem o pretender, estava a incidir de novo a vossa atenção nesse trabalho arquitectónico que já conheceis, e minha não era a intenção.

Voltemos pois às sextilhas...


Manuel Maia nos bons velhos tempos em que usufruia das melhores condições do Resort de Cafal-Balanta, tendo ainda direito a remuneração 


Cafal-Balanta antes de aramar

Machado à mão direita o tronco corta,
pancada após pancada, n`árvore morta,
espreita de um buraco verde cobra...
Um salto à rectaguarda é instintivo,
ao ver sair dali ser repulsivo,
que em rota de fugida faz manobra...

Mais rápido que o vento, camarada,
na dita então desfere catanada,
que dividiu ali ofídeo em dois...
O p`rigo da picada era mortal,
segundo se dizia por Cafal,
e confirmado algum tempo depois...

Chegados aos buracos de Cafal,
sem protecção d`arame, o pessoal,
dormir não conseguia face ao medo...
Terceiro dia, creio, surge então,
farpado para a delimitação,
alívio no gatilho faz o dedo...

Mui duro foi derrube com machado,
o meio, remedeio, ali usado
p`ra abate dos suportes p`ro arame...
Cafal tem moto-serra sem usança,
é inútil procurar na vizinhança,
demora ajuda o IN, vil infame...
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 28 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7515: Blogpoesia (97): Guiné... diferenças (Manuel Maia)

2 comentários:

Anónimo disse...

Caríssimo Manuel Maia:

Mampatá, comparado com Cafal-Balanta era um paraíso. Tu e o outro camarigo parecem dois «bichos» australopitecos.
Um grande abraço e um bom ano de 2011.
Carvalho de Mampatá

Luis Faria disse...

Amigo Manuel Maia

Pelo que leio e entendo, nestas e nas anteriores,foste um "sortudo"nas mordomias gastronómicas e outras,usufruidas em instalações perfeitamente enquadradas paisagisticamente e rodeado da mais diversa fauna alada,pernada e despernada,que fazia inveja(para que saibas)a muitos janotas críticos que do mesmo gostariam de usufruir, mas não conseguiam!Ainda por cima subsidiadas(e não pagas!)como referes!!

Um grande abraço e a esperança de que por cá deixem de comer a ração das vacas já magras, para que não fique só a pele e o osso para tantos.

Luis Faria