1. Mensagem de Manuel Maia* (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74), com data de 30 de Dezembro de 2010:
Carlos,
Antevéspera de ano novo (que pressupõe vida nova), continuo a escrever da mesma forma com sextilhas e com alguma ironia, esperando continuar a fazê-lo no futuro (no pressuposto de que não terei traidores à perna, engenheiros(?) e toda a corja em geral, de presidentes, governantes e deputados...)
Assim sendo, aqui vão mais umas (as últimas do ano...)
abraço
manuelmaia
Futebois...
Bissau, palácio do governador,
à porta dum café do seu redor,
domingo entre muitos de Guiné...
A bola, em altos berros, tem relato,
gritado golo, ali, de imediato,
há palmas, muitos vivas, lá ao pé...
Não sei se foi da águia ou do leão,
ao tempo Porto `inda não é dragão,
interessa analisar comportamentos...
Na rua vejo negros festejar,
o golo que os leva a abraçar,
os brancos sem quaisquer recalcamentos...
Que pensam sociólogos do assunto?
Que entendem psicólogos, pergunto?
Explicação, por certo, tem de haver...
P`ra transformar uns ódios viscerais
em efusivos tratos fraternais,
desporto tem magia, podem crer...
Desporto quando usado como guia,
desperta nas pessoas a alegria
e rompe com barreiras, estou em crer...
Há urgência em alargar sãos ideais
pois homens nascem livres e iguais
e dessa forma um dia, hão-de morrer...
__________
Nota do editor
Vd. último poste da série de 30 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7529: Blogpoesia (99): Formigas bagabaga; mosquitos; caranguejos; porcos formigueiros... (Manuel Maia)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Caro Amigo Manuel Maia.
Os Homens, a maioria, como sabeis melhor que eu, faz a guerra a que é obrigado, sem que para isso tenha razão contra quem combate, ora dessa forma, são contendores, que na maior parte dos casos nem sabem por que lutam, e por isso surgem as situações de amizade e apreço entre os "ditos,"inimigos.
"A guerra é a maior estupidez, dos homens inteligentes".
Espero que me perdoem a franqueza.
Gosto das suas sextilhas, que relatam a sua vivência, experiência e fazem uma análise do que foram aqueles anos de guerra.
Um Abraço sincero da
Felismina Costa
Caro camarigo Maia
Desculpa este comentário tardio, mas a época justifica...
Com o teu jeito próprio congeminas se não terá o desporto o condão de despertar nos homens o melhor dos seus sentimentos...
E sabes bem que sim. Aliás, não são poucos os relatos dos 'nossos tempos' em que era vulgar dizer-se que a 'guerra parava'.
Podemos, portanto, concluir que o que está a faltar é mais desporto? Provavelmente não só... mas também!
Abraço
Hélder S.
Maia,
amigo doutra guerra que não a da Guiné mas a da recruta, nas Caldas, da especialidade, na longínqua Tavira, e de umas semanas no 14 de Viseu – também estiveste lá não foi?
Tenho-te seguido aqui em silêncio, mas hoje não posso deixar de entrar num terreno que não é exactamente o meu – estive em Angola – para te saudar pela tua escrita, pelas boas recordações que me tens trazido e também para te desejar um bom ano de 2011.
Um grande abraço
Carlos Romão
ROMÃO,
Foi com inusitado prazer que te vi franquear a porta deste espaço,onde todos temos um lugarzinho para "limparmos" um pouco o "primeiro andar" quando sentimos disso necessidade...
aqui há tempos falei das Caldas,Tavira,do nosso 14 de Viseu...
Recordo aquelas nossas viagens loucas no carro do Barbosa(que acabaria por ir comigo para a Guiné mas noutra companhia).
Lembro-me,amiúde do nosso Zé Galeão roubado à vida num estúpido acidente em Angola,do meu homónimo Maia que estava na 1ª companhia do meu batalhão e foi ferido por uma bala de ricochete que haveria de o imobilizar de um dos lados,cegando-o da vista do mesmo lado(creio que direito) mas que graças à sua tenacidade conseguiu melhorar muito.
Cheguei a estar com ele em Coimbra quando trabalhava na associação de deficientes local e eu passava com alguma assiduidade na Lusa Atenas.
Um grande abraço e votos de um bom ano.
manuelmaia
Enviar um comentário