quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Guiné 63/74 - P8897: Filhos do vento (11): A filha da minha lavadeira (António Bastos)

1. Mensagem do nosso camarada António Bastos, ex-1.º Cabo do Pel Caç Ind 953, Teixeira Pinto e Farim, 1964/66, com data de 8 de Outubro de 2011:

Companheiros da Tabanca, boa noite
Eu António Paulo S. Bastos do Pelotão Caçadores 953 que esteve no Cacheu, vou contar a história dessa menina que eu tenho ao colo, também filha do vento.

No dia 21 de Julho de1964, já o sol tinha desaparecido no horizonte quando cheguei ao Cacheu, à nossa chegada, já a porta de armas estava cheia de população para ver os periquitos.

No outro dia lá continuaram a oferecerem-se para nossas lavadeiras, a certa altura vi uma menina com um bebé ao colo e junto a ela estava um cipaio (policia lá de Cacheu) então o nosso guia de nome Alêu disse-me para dar a roupa a ela e assim ficou.

O nome da lavadeira já não me recordo, sei que era filha do cipaio (também já não recordo o nome do cipaio nem da menina) mas a história que me contaram é que a menina era filha de um Soldado que esteve em Binar em 1962 e que quando o cipaio estava no posto Administrativo de Binar nessa altura foi quando a filha engravidou, ele pediu a transferência para o Cacheu.

Também me disseram que o pai da menina tinha morrido numa emboscada já a menina era nascida.

Companheiros não posso confirmar isto pois foi tudo contado pelos nossos guias, Alêu e Claudino também já falecidos, um em 1974 e outro em 1993.
Mas que a menina era branquinha e muito linda era .

A mãe foi minha lavadeira até Março de 1965, foi sempre impecável nunca me faltou nada e até me cosia alguma coisa mesmo sem eu pedir.

Esta foto foi tirada no dia 9-8-1964

É tudo, um grande abraço a toda a Tabanca Grande

António Paulo
Ex-1º Cabo
Pel Caç 953
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 11 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8890: Filhos do vento (10): Guiné, Índia, China: da prática das núpcias interraciais (António Graça de Abreu)

1 comentário:

Hélder Valério disse...

Caro camarigo António Bastos

Quando começamos a procurar nas nossas recordações acabam por aparecer estas pequenas lembranças que estavam como que adormecidas e nem todos os seus contornos, os pormenores, surgem claros.

De qualquer modo fizeste bem em dar-nos conta desse episódio pois pudemos ficar a conhecer mais uma situação resultante da capacidade de mistura do português, de todos os tempos e de todos os lugares, como referiu o António Graça de Abreu.

Abraço
Hélder S.