Presumo que este é um comentário muito atrasado e, portanto, sem efeitos práticos. Mas fica registado para os vindouros. E este comentário radica numa investigação que eu vinha fazendo sobre os Katyusha 122 mm e que tinha a ver, exactamente, com a data em que este equipamento foi utilizado, pela primeira vez, pelo PAIGC.
Lamento contrariar o Paulo Santiago mas no dia 3/11/69 Bolama foi atingida por três foguetões Katyusha. (vide blogue dos Leões Negros > CCaç 13 > Katyusha) (**). Bissorã também foi atacada com os referidos mísseis no dia 1 de Maio de 1970, pelas 20h05. Estava lá eu.
E creio, ainda não sei mas estou a investigar, que entre estes dois ataques houve um outro sobre Mansoa. O que continuo sem saber é se Bolama foi o primeiro ou se houve outro antes desse. (***)
Armando Pires
Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Pirada > 3ª CCAV / BCAV 8323 (1973/74) > O 1º Cabo Joaquim Vicente Silva, em 26 de Abril de 1974, com os restos das lembranças do ataque do dia anterior. (Neste caso, parte de um foguetão 122 mm). Nascido 1951, o nosso camarada, membro da nossa Tabanca Grande, faleceu o ano passado. Era natural de Mafra.
Foto: © Joaquim Vicente Silva (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 4 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1338: Memórias de um comandante de pelotão de caçadores nativos (Paulo Santiago) (5): estreia dos Órgãos de Estaline, os Katiusha
(…) Em 21 de Janeiro de 1971 , aí pelas 21.00 horas, entra um militar da CCAÇ 2701 pelo bar de Sargentos e Oficiais e informa, meio esbaforidamente, que um dos sentinelas está a avistar uma pequena luz numa curva do Corubal, situada aí a uns 500 metros na margem oposta à do quartel. (…) Chegou-se à conclusão que as granadas estavam a cair em zona entre Saltinho e Quebo e a arma era desconhecida. Passados alguns dias veio informação do Com-Chefe: naquele ataque falhado a Aldeia Formosa, o IN tinha utilizado pela primeira vez Foguetes Katiusha, também conhecidos por Órgãos de Estaline (…)
(**) (...) Katyusha era o nome de uma popular canção de guerra soviética da 2ª guerra mundial, mas foi também um dos nomes dados ao míssil terra-terra de 122mm BM-21 adoptado pelo exercito Soviético em 1963, normalmente designado por foguetão de 122mm pelas NT.
"No dia 3/11/1969 quando a CCaç 13, estavam no cais de Bolama, preparando-se para embarcar numa LDG, ouviu-se um longínquo 'pof' vindo da parte continental (zona de Tite), um dos africanos disse 'saída' sorrindo, mas logo a seguir passaram sobre as nossas cabeças 3 foguetões 122mm, um acertou numa das pequenas vivendas que corriam ao lado da rua principal, que ligava o porto ao largo principal da cidade, apenas a uns escassos 30m do local onde estávamos, outro caiu no largo principal um pouco mais acima, e o terceiro mais longe, já fora da zona habitacional.
"Corremos de imediato para o local dos impactos para prestar assistência às eventuais vitimas, mas felizmente apenas houve ferimentos muito ligeiros entre a população.
"Os morteiros 107mm existentes no quartel de Bolama, responderam ao fogo". (...)
(***) Último poste da série > 4 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9311: (Ex)citações (171): A propósito de citações e comentário do Mais Velho (José Manuel Matos Dinis)
8 comentários:
Não quero contrariar o camarada
Armando Pires,mas não estamos a
falar da mesma arma,isto é certo.
A Katiusha,Orgãos de Estaline,BM 21
Grad,chamemos-lhe um destes nomes,
à escolha,é uma arma, conjunto de
tubos de lançamento de foguetes,
colocada numa viatura pesada.Tem
de haver uma picada para a viatura
se deslocar,não pode ser levada às
costas.
Assim,não estou a ver nenhuma
possibilidade de uma viatura
pesada,do PAIGC,se deslocar no
interior da Guiné para atacar
Mansoa,Bissorã,Bolama.Um quartel,
perto da fronteira,com alguma
dimensão de espaço,caso de Aldeia
Formosa,o ataque foi possível,mas
com resultados nulos(para o IN)
Também não estou a ver,um ataque
de Katiusha(40 foguetes)lançar
apenas três(Bolama)num alvo de
grande dimensão.
A info do COMCHEFE foi que aquele
ataque direccionado para Aldeia
Formosa,tinha sido o primeiro
com a utilização dos Orgâos de
Estaline.É só
Saúdo a reaparição do nosso querido amigo e camarada Paulo Santiago...
A questão levantada pelo Armando Pires é interessante, mas a dúvida metodológica do Paulo não é menos pertinente: de que arma estamos a falar ?
Aceitam-se contributos, serenos, para a elucidação deste problema... O PAIGC teve foguetões 122 mmm (eu nunca vi nenhum, no leste, no meu tempo, 1969/71), mas seriam os tais Katyusha ou "órgãos de Estaline" (,montados em viatura auto) ou estamos realmente a falar de outra arma, móvel ?
Que fale quem sabe...
Em 26 de Abril de 1970 caíram em Aldeia Formosa (Quebo), na zona da pista de aviação, seis "coisas" destas.
Tenho foto da "empenagem de um dos foguetões disparados das bases IN", que é igual aos objectos mostrados pelo 1º Cabo Joaquim Vicente Silva.
Com todo o devido respeito , também em Dezembro/Janeiro de 73/74, Cabuca foi atacada com identico armamento. Ver fotos colocadas pelo nosso Camarada António Barbosa - 2ª Cart/Bart 6523.
Um abraço
Da História da CART 2732, pág. 15 - Fasc 6 - HU Cap II:
16DEZ70 - GR IN não estimado flagelou a segurança dos trabalhos da estrada com 5 tiros de morteiro 60, sem consequência. Pelas 19h20 IN flagelou o aquartelamento de Mansabá com foguetões.
Tenho ideia de neste dia terem caído 3 foguetões, felizmente nas imediações. Lembro-me ainda de que nesse dia tínhamos recebido as prendas de Natal do MNF e, na hora do ataque eu estar na "casa de banho" donde fugi a sete pés.
Ainda na HU da CARt 2732 Pág. 17: 16JAN71 - Pelas 17h30, GR IN flagelou aquartelamento de Mansabá com 2 foguetões vindos da direcção Oeste, tendo ambos sido curtos, um a cerca de 300 e outro 500 metros do limite do aquartelamento. As NT reagiram com 14 tiros do Pel Art 8,8.
Tenho uma foto dos restos de um dos foguetões, muito parecido com o da foto aqui publicada.
Abraço
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira
Caros camaradas
Os célebres Katyusha designados pelos alemães na 2.ª guerra mundial "orgãos de staline",eram montados em rampas colocadas em viaturas "camiões".
Tinham como características principais; eram de baixo custo,pouca precisão e fraco poder explosivo.
A sua finalidade principal era a "saturação de zona".
As rampas podiam ser desmontadas uma a uma,transportadas a "penantes" assim como os respectivos "foguetões".
Todos os que foram flagelados longe das fronteiras por "foguetôes", foi por este sistema a utilização pelo paigc.
O alcance máximo era 10km,não tendo,como disse, grande poder explosivo, daí a ficar quase intacto o tubo do propulsor.
Reconheço, eu que o diga,que tinham grande impacto psicológico nas NT.
O artilheiro
C.Martins
PS.
Posteriormente começaram a ser utilizados tubos em vez de rampas.
Não sei se estes foram fornecidos ao paigc., mas duvido muito,porque a norma era fornecer material mais antigo e barato..sim.. sim.. barato.
O paigc comprava o material à urss, ou pensavam que era de "borla", aliás a urss vendia a quem comprasse, porque isso do internacionalismo proletário..era só treta.
A Suécia e outros davam o dinheiro para....
C.Martins
O meu duplo camarigo artilheiro (sim, eu também fui artilheiro, mas de antiaérea) C. Martins creio que explicou bem o assunto.
Na verdade uma coisa eram os "Orgãos de Estaline" e outra eram os "Foguetões de 122 mm".
Foram estes, os responsáveis por grande número de flagelações aos aquartelamentos "do interior".
Dispunham de uma rampa de lançamento (tubo) que era montada num tripé, tendo sido capturadas algumas destas armas ao PAIGC.
Há várias fotos publicadas, nomeadamente nas publicações do Aniceto Afonso & Carlos de Matos Gomes.
Como já contei num dos meus postados, Mansoa foi contemplada com 5 destes "brinquedos", que apenas nos afectaram psicologicamente, pelas 19H45M do dia "do Senhor" (domingo) de 05ABR70.
Abraços
J. Picado
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