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Reprodução de excertos do livro de Norberto Tavares de Carvalho, De campo a campo: conversas com o comandante Bobo Keita. Edição de autor, 2011, pp. 222-226. Sublinhados, a vermelho, de L.G.
Capa do livro de Norberto Tavares de Carvalho, De campo a campo: conversas com o comandante Bobo Keita. Edição de autor, Porto, 2011, 303 pp. (Impresso na Uniarte Gráfica, SA; depósito legal nº 332552/11). Posfácio de António Marques Lopes.
1. Os acontecimentos acima referidos por Bobo Keita (ou Queta) passam-se com as NT estacionadas em Buruntuma (sector de Pirada), mas também na Ponte Caium (que dependia do batalhão de Piche). Os interlocutores portugueses aqui referidos deveriam ser o capitão de Buruntuma e o tenente-coronel que comandava o batalhão sediado em Piche (já que o destacamento de Caium dependia de Piche).
Em 25 de Abril de 1974, havia o batalhão, com comando e sede em Pirada, era o BCAV 8323/73: mobilizado pelo RC 3, partiu de Lisboa em 22/9/1973 e regressou a 10/9/1973. Comandante: ten cor cav Jorge Edurado Rodrigues y Tenório Correia Matias.
Deste batalhão faziam parte:
- a 1ª C/BCAV 8323/73, que guarnecia Bajocunda (Comandantes: Cap Cav Ângelo César Pires Moreira da Cruz; Cap MIl Cav Fernando Júlio Campos Loureiro);
- a 2ª C/BCAV 8323/73, que esteve em Piche, depois Buruntuma e de por fim de novo em Piche. depois da retirada de Buruntuma, em 5 de juolho (Comandantes: Cap Mil Cav Aníbal António Dias Tapadinhas; Alf Mil Cav António Jorge Ramos Andrade);
- e ainda 3ª C/BCAV 8323/73, que esteve (sempre) em Pirada (Comandante: Cap Mil Cav Ernesto Jorge Sanches Martins de Brito).
O batalhão que estava em Piche, em julho de 1974, era o BCAÇ 4610/73, que foi render o BCAÇ 3883 (Piche, 1972/74). Mobilizado pelo RI 16, partiu para o TO da Guiné em 11/4/1974 e regressou a 14/10/1974. Esteve em Bissau, Piche, Bula e Bissau. Comandantes: ten cor inf Paulo Eurico de Lacerda e Oliveira Martins; ten cor inf César Emílio Braga de Andrade e Sousa.
Terá sido um destes dois oficiais superiores que terá proferido ameaças ao Carlos Fabião (último Governador da Guiné, de 7 de maio a 15 de outubro de 1974, com-chefe do CTIG, além de representante da Junta de Salvação Nacional na Guiné), a acreditar no depoimento do Bobo Keita.
O BCAÇ 4610/73 era constituído por 3 companhias:
- 1ª C/BCAÇ 410/73: esteve em Camajabá, Piche, Bissau, Nhamate e Bissau. Comandante: Cap Mil Inf Manuel Cunha Pereira Machado;
- 2ª C/BCAÇ 410/73: esteve em Camajabá, Piche, Bissau, Tite e Bissau. Comandante: Cap Mil Inf José Emídio Barreiros Canova;
- 3ª C/BCAÇ 410/73: esteve em Piche, Bula e Bissau. Comandante: Cap Mil Inf Marcos António Blanch Machado.
Buruntuma foi a primeira guarnição da zona leste a ser desocupada pelas NT e ocupada de imediato pelo PAIGC, por uma força comandanda pelo Bobo Keita, em 5 de julho de 1974. Camajabá e Canquelifá foram desocupadas a seguir, a 6 e a 7 de julho, respetivamente.
As restantes guarnições do leste só foram desativadas em Agosto e Setembro, respeitando os planos de retração do nosso dispositivo militar (aprovado pela 3ª Rep/QG/CCFAG) :
Madina Mandinga (20 de agosto),
Paunca (21),
Bajocunda (22),
Pirada (25),
Piche (25),
Saltinho (27),
Cancolim (1 de setembro),
Contuboel (2),
Fajonquito (2),
Nova Lamego (4),
Galomaro (5)
e Bafatá (7).
Também faziam parte da "zona leste", tal como o Saltinho, Galomaro e Cancolim, mas aparecem na "zona sul" (, no relatório da 2ª rep, certamente por lapso, ) as seguintes guarnições: Mansambo (2 setembro), Bambadinca e Xime (9 de setembro).
Os fatos acima relatados pelo Bobo Keita são confirmados pelo relatório da 2ª rep. O ultimatum de Bobo Keita às NT em Buruntuma é vista uma clara violação ao acordo de cavalheiros estabelecido pelas NT e o PAIGC no que respeito à retirada, planeada, ordenada e concertada (a nível local), dos nossos aquartelamentos e destacamentos. Alega-se que Bobo keita estaria "mal esclarecido" sobre esse acordo e os seus trâmites. Por outro lado, as instalações das NT eram particularmente apetecidas pelos combatentes do PAIGC, na zona leste, mais árida, com menos vegetação do que no sul, e em plena época das chuvas. No relatório da 2ª rep, diz-se explicitamente que o comportamento indisciplinado dos homens de Bobo Keita se devia também, em parte, ao facto de serem "periquitos", de serem novos na região e na guerrilha, viverem em condições precárias e estar-se na época das chuvas.
Por outro lado, o capitão de Buruntuma deveria ser Cap Mil Cav Aníbal António Dias Tapadinhas (que, por curiosidade, foi camarada do nosso camarigo A. Marques Lopes, no 2° Pelotão da 3.ª Companhia do Curso de Oficiais Milicianos do 1.º turno/janeiro de 1966, na EPI, Mafra).
Reprodução de um excerto das pp. 52/53 do Relatório da 2ª Rep / CCFAG: de 1jan73: relativo ao período de 1jan73 a 15out74 (*)
Reprodução de um excerto das pp. 52/53 do Relatório da 2ª Rep / CCFAG: de 1jan73: relativo ao período de 1jan73 a 15out74 (*)
Confirma-se que a força do PAIGC que cercou Buruntuma era comandada Bobo Queta (ou Keita), sendo Eduardo Pinto muito provavelmente o comissário político. Nas entrevistas nunca é referido, por Bobo Keita, o nome de Eduardo Pinto. No supracitado relatório, avança-se com a tese da existência de 2 linhas dentro do PAIGC, no que diz respeito ao processo de transferência de soberania: (i) uma mais dura, que se manifestou no leste (com as pressões sobre Buruntuma, Canquelifá, Dunane, Camajabá, mas também Madina Mandinga, Dara, Pirada, Bajocunda, além das barragens de controlo das nossas colunas militares) e que foi protagonizada por Bobo Keita; e (ii) uma linha mais conciliatória e sensata, que terá sido seguida no sul.
Apesar de "todo o processo de retração do dispositivo e desocupação dos aquartelamentos das NT" ter sido "fértil em diferendos com os grupos das FARP ocupantes" (veja-se o caso de Buruntuma), foi sempre possível evitar incidentes de maior, recorrendo-se ao diálogo em vez da confrontação direta. Em suma, imperou o bom senso e fez-se valer a capacidade de negociação e comunicação das duas partes.
Bobo Keita acabou por ser 'desautorizado' por Aristides Pereira e por 'Nino' Vieira, que reprensentavam o poder político a que se deviam subordinar os operacionais do PAIGC. (Vd. a pp. 197/198, do livro do Norberto Tavares de Carvalho, as apreciações críticas que o Keita faz sobre os defeitos de caráter do 'Nino').
Recorde-se, por outro lado, que Bobo Keita é um dos três comandantes que integram a delegação do PAIGC na primeira ronda de negociações de paz em Londres (de 25 a 31 de Maio) e depois em Argel (13-14 de junho): ele representava a Frente Leste, os outros comandantes eram o Lúcio Soares (Norte) e o Umaru Jaló (Sul). O chefe da delegação era o Pedro Pires. Entretanto, a 8 de setembro Bobo Keita é o primeiro a entrar em Bissau com os seus homens (não sabemos quantos), vindos do leste. Aqui, e até à partida do último governador português do território, em 13 de outubro, a relação do Bobo com as NT parece ter sido correta e até cordial.
Bobo Keita acabou por ser 'desautorizado' por Aristides Pereira e por 'Nino' Vieira, que reprensentavam o poder político a que se deviam subordinar os operacionais do PAIGC. (Vd. a pp. 197/198, do livro do Norberto Tavares de Carvalho, as apreciações críticas que o Keita faz sobre os defeitos de caráter do 'Nino').
Recorde-se, por outro lado, que Bobo Keita é um dos três comandantes que integram a delegação do PAIGC na primeira ronda de negociações de paz em Londres (de 25 a 31 de Maio) e depois em Argel (13-14 de junho): ele representava a Frente Leste, os outros comandantes eram o Lúcio Soares (Norte) e o Umaru Jaló (Sul). O chefe da delegação era o Pedro Pires. Entretanto, a 8 de setembro Bobo Keita é o primeiro a entrar em Bissau com os seus homens (não sabemos quantos), vindos do leste. Aqui, e até à partida do último governador português do território, em 13 de outubro, a relação do Bobo com as NT parece ter sido correta e até cordial.
Reprodução de um excerto da pág. 51 do relatório da 2ª rep (*)
________________
Nota do editor:
(*) Vd. poste de
15 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9486: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte VIII): pp. 37/46
27 comentários:
Seria interessante o nosso camarada A. Marques Lopes obter o depoimento do antigo capitão de Buruntuma, Cap Mil Cav Tapadinhas. Não poderemos escrever a história de um conflito só coma versão de uma das partes...
O Aníbal António Dias Tapadinhas foi soldado-cadete em Mafra, na EPI, na mesma altura e no mesmo pelotão do nosso hoje cor DAF A. Marques Lopes: 2° Pelotão da 3.ª Companhia do Curso de Oficiais Milicianos do 1.º turno/janeiro de 1966 (segundo apurei no nosso blogue).
Luís Graça
Os homens, os grupos, as empresas, as sociedades, as nações estão habitualmente em três fases de relacionamento entre si: (i) cooperação / aliança; (ii) conflito / guerra; (iii) resolução do conflito/negociação... Podíamos escrever uma iv): paz podre...
Quando dois beligerantes negoceiam, não estão necessariamente em pé de igualdade... Um tem mais trunfos que o outro... Aqui o "bluff" do Bobo Keita é como no jogo das cartas: por acaso, ganhou pontualmente no caso de Buruntuma, mas, parece-me, fica mal na fotografia da história ...
Acredito que um processo (complexo e delicado) como este que os combatentes de um lado(NT) e do outro (PAIGC) tiveram que enfrentar, no terreno, antes do estabelecimento dos acordos finais de paz, decididos pelo poder político, não tenha sido fácil...
Eu não estava lá mas tiro o meu quico à coragem, competência, inteligência emocional, serenidade, sabedoria com que, apesar de tudo, foi feita - pelos nossos camaradas, os "últimos guerreiros do imério" - a retração do nosso dispositivo militar e a transferência de poderes...
Luís Graça
Recorde-se aqui o teor dos acordos de Argel, assinados pelo Governo Portugiês e pelo PAIGC, em 26 de Agosto de 1974, e que continha 9 pontos:
(i) O reconhecimento "de jure" da República da Guiné-Bissau, como Estado Soberano, pelo Estado Português, terá lugar no dia dez de Setembro de 1974;
(ii) O cessar-fogo mutuamente observado "de facto" em todo o território da República da Guiné-Bissau pelas forças de terra, mar e ar das duas partes converte-se automaticamente em cessar-fogo "de jure".
(iii) A retração do dispositivo militar português e a saída progressiva para Portugal das forças armadas portuguesas continuarão a processar-se de acordo com o estabelecido no Anexo a este Protocolo, devendo essa saída estar concluída até ao dia 31 de Outubro de 1974.
(iv) O Estado Português e a República da Guiné-Bissau comprometem-se a desenvolver relações de cooperação ativa, nomeadamente nos domínios económico, financeiro, cultural e técnico, numa base de independência, respeito mútuo, igualdade e reciprocidade de interesses e de relações harmoniosas entre os cidadãos das duas Repúblicas.
(v) Com este fim, e depois do ato de reconhecimento "de jure" da República da Guiné-Bissau pelo Estado Português, os dois Estados estabelecerão entre si relações diplomáticas ao nível de embaixador, comprometendo-se a celebrar, no mais curto prazo, acordos bilaterais de amizade e de cooperação nos diferentes domínios.
(vi) O Governo Português reafirma o direito do povo de Cabo Verde à autodeterminação e independência e garante a efetivação desse direito de acordo com as resoluções pertinentes das Nações Unidas, tendo também em conta a vontade expressa da OUA.
(vii) O Governo Português e o PAIGC consideram que o acesso de Cabo Verde à independência, no quadro geral da descolonização dos territórios africanos sob dominação portuguesa, constitui fator necessário para uma paz duradoura e uma cooperação sincera entre a República Portuguesa e a República da Guiné-Bissau.
(viii) Lembrando a resolução do Conselho de Segurança que recomenda a admissão da República da Guiné-Bissau na ONU, a Delegação do PAIGC regista com satisfação os esforços diplomáticos significativos feitos nessa ocasião pelo Governo Português, os quais estão em perfeita harmonia com o espírito de boa vontade que anima ambas as partes.
(ix) As duas delegações exprimem a sua satisfação por terem podido levar a bom termo as negociações que tornaram possível o fim da guerra, de que foi responsável o deposto regime português, e abriram perspetivas para uma frutuosa e fraterna cooperação ativa entre os respectivos Países e Povos.
(...)
(...) Feito e assinado em Argel, em dois exemplares em língua portuguesa, aos vinte e seis dias do mês de Agosto do ano de mil novecentos e setenta e quatro.
A Delegação do Comité Executivo da Luta (CEL do PAIGC:
Pedro Pires, membro do CEL, comandante.
Umarú Djalo, membro do CEL, comandante.
José Araújo, membro do CEL.
Otto Schacht, membro do CEL.
Lúcio Soares, membro do CEL, comandante.
Luís Oliveira Sanca, embaixador.
A Delegação do Governo Português:
Mário Soares, Ministro dos Negócios Estrangeiros.
António de Almeida Santos, Ministro da Coordenação Interterritorial.
Vicente Almeida d'Eça, capitão-de-mar-e-guerra.
Hugo Manuel Rodrigues Santos, major de infantaria.
Da leitura do livro de Norberto Tavares de Carvalho, não se fica a saber as razões por que o Bobo Keita deixou de integrar a delegação do PAIGC, na 2ª ronda de negociações que levaram ao acordo de Argel... Afinal, mantiveram-se os dois outros dois comandantes, das Frentes Sul e Norte... LG
O A. Marques Lopes acaba de me responder:
"É verdade que o Tapadinhas foi do meu pelotão no 1º ciclo do COM. Lembro-me bem dele pois tivemos um desaguisado... Mas não tenho o contacto dele. Há três anos encontrámo-nos em Mafra mas ele não apareceu. Era bom, é verdade que ele contasse, mas não posso valer.
Abraço. A. Marques Lopes".
... Encontro este nome no Diário da República, III Série, como empresário...
Quantos aos comandanmtes do BCAÇ 4610/73 (Piche, 1974), nem vê-los... Não deixam(ou deixaram) rasto na Net (constam só do nosso blogue): ten cor inf Paulo Eurico de Lacerda e Oliveira Martins; ten cor inf César Emílio Braga de Andrade e Sousa.
Caros Camarigos:
Afinal a "verdade é como o azeite... vem sempre ao de cima!", já o povo assim vaticina. É claro que o Comandante Bobo Keita (nas notas pessoais do meu falecido pai identifica-o por Bobo Queto) fala verdade nas "suas estórias", apenas lhe é característico "algum bluf", típico de um bom comandante de guerrilha. Uma coisa é verdade é ele (mais o cmdt Gazela e o comandante Correia) que em 11 de Outubro , reúne no Forte da Amura, com o o CEM/coronel Henrique G. Vaz e outros oficiais para para "tratarem" da entrega dos ultimos aquartelamentos, como tal CONTINUAVA A TER FORÇA dentro do seu PAIGC, que teria as suas "divisões". Uma coisa é certa, ele foi um dos Cmdts do PAIGC que pressionou a nossa "Retirada Final", pois em 9 de Setembro, já com alguns elementos do PAIGC em Bissau, o CEM, coronel Henrique Gonçalves Vaz afirma nas suas notas pessoais, "...Estive até às 20h00 no meu gabinete com o tenente-coronel Virtuoso e o capitão Lomba a finalizarmos o estudo da Comissão Liquidatária do QG/CTIG em Lisboa e DOS ELEMENTOS QUE FICAM EM BISSAU DE 30 SETEMBRO A 31 OUTUBRO DE 74 ..." e como devem saber a "Retirada Final" foi em 14 de Outubro... (não em 15 como alguns dizem) como tal o "Relatório SECRETO" até diz a verdade (que custa a alguns!) e é claro que houve MUITA PRESSÃO para nos retirarmos do TO da Guiné, ao qual fomos sensíveis por razões óbvias! Mas alguns foram mais "firmes" que outros......
CONTINUA.........
Abraço
Luís Gonçalves Vaz
Boa tarde companheiros
Estando eu há epoca no BART 6523 sediado em NOVA LAMEGO ao fim destes anos todos fico bastante ofendido como é que um fulano que-brando todos os acordos firmados gozou com uma Pàtria que por acaso era a nossa. Tal como agora no pós 25A nós já não representavamos nada para o regime, não passávamos de assssinos coloniais, alcunha essa que nos foi posta pelas forças mais progressistas.
Um abraço
ANTONIO BARBOSA 2ªCART/BART6523
CABUCA - GUINE PORTUGUESA
Houve "arreganhos" à Bobo Keita em todas as frentes desde o PAIGC MPLA, FRELIMO e as outras.
Sendo que algumas que teriam sido bem vergonhosas, até com "desfile" em cuecas em Moçambique, de soldados portugueses. (eu não estava lá, eram noticias na hora)
Será que eram noticias na rádio falsas mas intencionais?
Mas fazia parte do jogo dos movimentos exibirem sempre uma posição de força, não para se imporem à nossa tropa em si, mas para o povo ver e "tirar medidas".
para verem quem mandava.
Podemos hoje ver que só em Caboverde e Guiné é que o povo nem teve tempo de pensar em alternativas.
Bobo Keita e o seu raciocínio era a norma, outros apenas serão mais diplomatas para o dizer.
Nós, é que siplesmente somos nós estamos sempre "divididos" para ser reinados.
Num cenario de guerra...ou de transicao para a paz,que era pois o caso em questao, nem todos os "animos" e “sensibilidades a flor da pele” diria , estariam pelo mesmo diapasao afinados aos propositos e ao espirito do dado momento vivido !
Do lado dos guerrilheiros, foi pois o caso de Buruntuma, em que a postura do comandante guerrilheiro Bobo Keita se evidenciou em contraste com o de Juvencio Gomes ( e da propria posicao do PAIGC nessa materia) este por sinal um quadro do partido, mais talhado para o dialogo e consensos e que mais tarde viria a ser o primeiro presidente da “Camara" de Bissau do pos independencia ...
Mas diga-se tambem e em abono da verdade que nem todos os comandantes, alferes,furieis, milicias ou soldados portugueses teriam tido a mesma postura dos “ultimos guerreiros do imperio”, que sem ressentimentos quiseram ser apenas testemunhas de um momento de reconciliacao com a historia …
Como nunca e facil agradar a "gregos e troianos", de forma alguma se impoe despropositado realcar aqui as inumeras vezes que neste blogue ( em comentarios ou post ) houve quem se insurgisse ou “torcesse o nariz” para com uma simples troca de cigarros, um abraco, ou um momento de confraternizacao entre intervenientes de uma guerra , outrora em trincheiras desavindas. Assumamos, atitudes ou conviccoes pessoais ( deste particular, nada a declarar ) que em nada ficariam a dever ao tal “espirito de Buruntuma “ !
O mais "Velho" Rosinha cita aqui e bem, exemplos de outros “ Buruntumas”, registados noutros cenarios, onde a guerra, contra a vontade de uns tantos, teve que ceder espaco ao dialogo e a negociacoes !!!
"Buruntumas" ou melhor “espiritos de Buruntumas” desgarrados dos ditames da realidade e do momento, valem por conseguinte por aquilo que representam e pela importancia que a historia os entender delegar !!!
Nelson Herbert
Ps: Caro Luis Graca. Pelo enquadramento e pela contextualizacao dos factos que faz no post, (as passagens do testemunho de Bobo Keita e do relatorio do chefe de estado maior das FA portuguesas na Guine ) , prestou um grande contributo a historia do caso “Buruntuma” !!!
Meus Amigos & Camaradas
Aceito que os elementos do PAIGC cantem os seus feitos heróicos para memória futura
Mas aqui no Blogue lê-se muito blá blá e sem confrontarem sequer documentos já escritos
O Bobo Keita já mereceu aqui n páginas de informação sobre os seus feitos
Respeito o adversário de ontem, mas como alguém aqui já referiu do livro de “Campo em Campo” resulta vários aspectos a relembrar: foi guerrilheiro, combatente da liberdade da pátria, suscita suspeitas quanto a Nino, Osvaldo Vieira, blufs, torna-se um dissidente do PAIGC, acaba por falecer em Portugal e é sepultado em Cabo Verde, renegando o seu Tchon.
Enfim, pelo menos nos últimos tempos da sua vida é um homem amargurado.
Mas para quem leu o livro e se estiverem atentos, confrontando outros textos verifica que dele resulta também contradições, omíssões e mentiras.
A titulo de exemplo passo a destacar uma mentira muito importante de entre outros factos que salienta: Na Parte III, Cap 1. A batalha de Cumbamori págs 122 a 127, refere no seu relato heróico pág 123, mas que foi catastrófico para o PAIGC, “… O Julião Lopes apanhou um estilhaço perto do olho, o Queba Mané correu para a fronteira onde apanhou um tiro e morreu. Foi a única baixa mortal que tivemos nesse dia, o resto eram feridos, mas em número relativamente importante…”
O Luís Cabral " Crónica de Libertação " págs. 315 a 321, sobre esta batalha diz:
“…Pela primeira vez eu estava presente num encontro entre as nossas Forças Armadas e o Exército colonial…”
O balanço foi excepcionalmente duro para nós. Tivemos seis mortos e catorze feridos, muitos deles em estado grave. Não se pode, no entanto, considerar isso como pesadas baixas para a situação que se criou em Cumban-Hory, dado o número de homens ali concentrados.
Depoimentos verbais que obtive de amigos e camaradas do Pel dos “Roncos” de Farim, uns que residem em Portugal, com nacionalidade portuguesa e outros na Guiné, contaram-me e tenho escrito, a batalha foi um pandemónio, pois provocaram muitos mortos e muitos feridos ao PAIGC, para além de muito material, incluindo 2 morteiros 82.
Integravam este Pelotão, na altura o 1º cabo Marcelino da Mata e o 1º cabo Cherno Sissé, ambos condecorados em 1970 com a Torre Espada, além de outros bravos que foram condecorados com a cruz de guerra.
Podem também ler a História do Bat Caç 1887.
Leiam os documentos, que depois terão vontade de riscar as 6 páginas de Bobo keitá.
Com um abraço amigo
Carlos silva
Vamos lá esclarecer este assunto
Só não escrevo aqui os adjectivos todos aplicáveis ao sr. Bobo Keita pelo simples facto de que já faleceu.
Não é verdade que apenas quisesse fazer "bluf", queria mesmo atacar o aquartelamento de Buruntuma.
Sabendo da pouca ou nenhuma vontade de combater das NT, queria humilhar-nos.
Não foi à segunda ronda das negociações, porque tomou posições radicais..adivinhem quais.
Foi por castigo que foi colocado na frente leste..queria mostrar serviço à cúpula dirigente do paigc..odiava-nos..fruto da sua passagem por Portugal(antes de ir para a guerrilha) ...tinha "ciúmes" do Nino.. mas devia-lhe a vida (só não foi morto por intervenção deste)..detestava os cabo-verdianos...era no fundo "um indivíduo de mal com o próprio mundo".
Muito mais teria para dizer.
Aquilo que afirmo é baseado em fonte segura.
Nota.. Umaru Djaló tinha a categoria de comandante, mas não era o comandante da frente sul.
C.Martins
Amigos e camaradas:
Este blogue não é de história, nem sequer de história da guerra colonial. É primordialmente um espaço de “partilha de memórias (e de afetos)” à volta da Guiné e da guerra colonial.
Somos, no entanto, confrontados de tempos a tempos com livros e outros documentos com eventual interesse historiográfico: estudos, biografias, entrevistas, diários, relatórios, recortes de jornal, fotografias, etc…
Se fossemos historiógrafos (coisa que não somos – falando em termos coletivos), deveríamos submeter os documentos, antes de publicação, a dois tipos de críticas: externa e interna…
No que diz respeito à crítica externa, deveríamos fazer várias tipos de perguntas: (i) ao documento e ao seu estado original (crítica da restauração); (ii) ao autor: local em que viveu, momento em que escreveu, em que circunstâncias em que é escreveu, etc. (crítica da autoria); (iii) aos conhecimentos diretos ou indiretos que o autor tinha dos fatos descritos ou narrados e, sendo indiretos, de que fontes teria retirado os documentos (crítica da procedência)…
No que respeita à crítica interna do documento, para avaliar do seu valor documental – enquanto produtor de informação e conhecimento -, as perguntas a serem respondidas referem-se;: (i) ao autor (de modo a saber o sentido da comunicação transmitida); (ii) à intenção do autor (qual o seu público-alvo, para quem escreveu o documento, seu enquadramento no tempo e no espaço, etc.).
Há, por outro, a crítica da objetividade, subdividida em: (i) crítica da competência (tem credibilidade o produtor do testemunho ou depoimento, ou a fonte original da informação); (ii) crítica da sinceridade (é fidedigna a testemunha ou a imformação); e,por fim, (iii) crítica de controle (confronto de testemunhos ou versões dos acontecimento, triangulação das fontes de informação).
Em suma, não basta matar o mensageiro...
Meus Amigos & Camaradas
Eu bem não queria dar tanta importância aos nossos adversários de ontem [pois guerras são guerras e aquela em que participamos já faz parte do passado] mas como tem sido aqui referido no blogue n vezes, não resisto a invocar mais uma situação relatada no mencionado livro “De Campo em campo” que não corresponde à verdade.
Como já referi no comentário anterior, os elementos do PAIGC têm todo o direito de cantar os seus feitos… mas a nós que fomos protagonistas da malfadada guerra, também nos assiste o direito de não engolir mentiras e aqui por vezes propaladas… e é pena que tenhamos de vir por via disso, para aqui desmentir essas situações, se não fosse dada tanta relevância aqui no blogue, embora reconheça ao Luís – Editor de publicar o que bem entender, pois a responsabilidade é dele…
Guiledje já fez correr muita tinta a favor e contra….
Eu não estive lá na altura da guerra e dos factos relacionados com a retirada de lá do COP 5 , ordenada pelo Cor Coutinho e Lima, mas estive na altura do Simpósio de Guiledje 2008, bem como outros camaradas tertulianos incluindo o Luís, assim como, estive lá posteriormente.
Faço esta introdução para dizer o seguinte:
No mencionado livro “De Campo em Campo” na pág 193, refere:
“…. Ouvi dizer que o Nino, quando soube que os portugueses abandonaram Guiledge sob o fogo intenso dos seus homens, saltou de satisfação batendo os punhos na mesa gritando vitória e prometendo mais derrotas aos colonialistas.
No ataque a Guiledge concentrou-se a força máxima do nosso poder de fogo. Apesar dos reforços recebidos doutros quartéis e mesmo de unidades de comandos e páraquedistas. Guiledje foi um verdadeiro desastre para os Tugas. Com os seus mortos e feridos acabaram por capitular perante o CERCO dos nossos camaradas.
Retiraram-se do quartel e foram concentrar-se em Gadamael….”
Embora eu não seja testemunha presencial dos factos, quero dizer que esta informação não corresponde à verdade com base no que ouvi dos próprios protagonistas.
1 – Os portugueses não abandonaram Guiledje sob o fogo intenso dos seus homens… [PAIGC], pois segundo ouvi/ouvimos da boca do próprio Presidente Nino Vieira durante uma audiência em Bissau nas instalações da Presidência da República, em Março de 2008 onde entre outros camaradas estiveram presentes para além de mim, o Cor Coutinho e Lima e o Luís Graça, onde o ouvimos dizer que a retirada de Guiledje foi bem planeada e que até nem se aperceberam de tal facto.
Estamos a falar como é sobejamente conhecido de 500 ou 600 pessoas.
E que só foram lá depois de saberem desse facto – [não sei como] – com medo e muitos cuidados porque o aquartelamento poderia estar armadilhado….
Aquando da recepção dos participantes no Simpósio em Guiledge, dos discursos ali proferidos por protagonistas dos 2 lados, não ouvi sequer uma palavra proferida no sentido de que a retirada se processou sob fogo intenso.
Do livro do Cor Coutinho e Lima também não decorre que tal tivesse acontecido, bem como, nenhum dos protagonistas e alguns são tertulianos, nunca proferiram uma palavra ou escreveram nesse sentido.
E se dúvidas houvesse era caso para perguntar, onde estava o PAIGC [Guiné-Conacri] que nem sequer acertou com um tiro ou estilhaço numa só pessoa? Mas que raio de pontaria….
E nem sequer apanharam à mão uma das 500 ou 600 pessoas ???
2 – Quanto ao tão propalado CERCO, esta então é para rir… para além de outros fundamentos que poderia aduzir, basta o que atrás referi para desmontar a cavala.
Se cercaram ou sitiaram o aquartelamento de Guiledje, como é que deixaram furar o cerco e passar centenas de pessoas ??? . Esta é de morte…
Meus amigos, deixem-se de propaganda, pois já é tempo de não embarcarem nessas ondas …..[mais não digo, não é porque tenha temor reverencial seja por quem for..] mas a guerra já acabou e a guerra da informação e contra-informação também.
Abram os olhos … eu não me sinto derrotado….
Com um abraço amigo
Carlos Silva
Sobre Cumbamori, mais desenvolvidamente podem ver:
http://carlosilva-guine.i9tc.com/site/
Inaugurámos há dias mais uma série no nossos blogue: "Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74)"... Dei-me conta que faltam, no nosso blogue, depoimentos dos "últimos guerreiros do império". Temos alguns mas ainda poucos...
Convenhamos que não é fácil falar deste período sem crispação, com serenidade, com distância crítica... Por uma razão ou outra (pudor, medo de censura social, falta de tempo, de motivação, etc.), muitos dos nossos camaradas que chegaram à Guiné nos último meses que antecederam o fim da guerra e o regresso a casa, não conhecem o nosso blogue, ainda estão no ativo (têm menos de 60 anos), e portanto têm com menos disponibilidade (física e mental) para passar para o papel ou para o ecrã do computador as suas memórias desse tempo, e revelar em público os sentimentos contraditórios que muitos deles terão experimentado aquando da retração do nosso dispositivo militar e do "regresso definitivo das naus"...
Como, Cheche, Lança Afiada, Cumbamori, Guileje, Cantanhez, etc., já ficaram para trás... Agora queremos é saber como se fez a retração do nosso dispositivo, como se fez a transição da guerra para a paz, etc. O que aconteceu, por exemplo, em Buruntuma, na Ponta Caium, em Camajabá, em Canquelifá... Quem foram os intervenientes, as suas motivações, etc.
Por exemplo, continuo sem saber ao certo quem estava no início de julho de 1974 em Buruntuma, cercado - "bluff", à parte - pelas tropas do Bobo Keita... Era a 2ª C/BCAV 8323, do cap Tapadinhas, ou era alguma das companhia do batalhão de Piche, o BCAÇ 4610/73 ? Não consta que nenhum delas (destas últimas) tenha passado por Buruntuma...
Era importante ouvirmos a versão do capitão de Buruntuma, tal como já lemos a versão do Bobo Keita e temos a informação do relatório da 2ª rep...
Numa guerra, há sempre pelo menos duas partes, dois beligerantes, e cada um contará a sua história... A A cada leitor compete a tarefa (nada fácil) de separar o trigo do joio... De qualquer modo, o blogue não tem a veleidade de produzir "conhecimento acabado" sobre este período tão dramático, delicado e complexo da nossa história (comum, nossa e dos guineenses).
Amigos e camaradas, trata-se apenas de "carrear materiais", peças para o "puzzle" que depois cada um irá livremente construir e reconstruir... Sou o primeiro a rejeitar toda e qualquer tentativa de falsificação da história...
Luís Graça
Meu Caro Luís
Aprendi que a História deve narrar tanto quanto possível a verdade dos factos
Eu também não sou historiador
Mas “quem cala consente”
Ou “água em pedra mole, tanto bate que até que fura”
Isto para responder à tua frase
“Em suma, não basta matar o mensageiro...”
Donde, se não houver quem alerte para a falsidade da informação desse mensageiro e não é preciso matá-lo, ou se não existirem outras versões, pois cada um pode ter a sua versão sobre o mesmo facto consoante a sua posição no terreno, estamos a falar da guerra em que participamos, conforme aqui já referi, o historiador que se preze de ser um historiador imparcial, não vai inventar a história, para a narrar à sua maneira ou para satisfazer a vontade do público alvo, e com determinado objectivo, pelo que, não havendo outras alternativas, tem de tomar como verdade o que foi publicado com falsidade e que apenas serve para cantar os feitos heróicos para esse público alvo, que tu bem sabes qual é, pretendendo diminuir a valia do adversário, que neste caso fomos nós.
Tudo bem relativamente a eles e quem sou eu para me opôr.
Têm o direito de escrever a História à sua maneira, mas nós também temos esse direito e eu não sou história e claro que uma só pessoa, no caso vertente, não faz história, mas pode ter contribuido para ela.
Também não tenho a veleidade de invocar e ser detentor da verdade, mas posso contribuir para o esclarecimento da verdade, segundo aquele princípio que acima invoquei “a História deve narrar tanto quanto possível a verdade dos factos”
Recebe um abraço amigo
Carlos Silva
Um abraço amigo para ti, também, caríssimo Carlos:
Na sequência do que acabas de escrever, deixa-me dizer-te o seguinte: propaganda é "alguém escrever a História à sua maneira"... Quanto ao resto, estamos de acordo... O ideal é haver sempre que possível "triangulação" das fontes de informação: Tens a versão A (de uma das partes em conflito), a versão B (a da outra parte) e uma terceira parte, a versão C (a de um "observador independente")... A "verdade dos factos" não existe, a priori, é um trabalho de construção e reconstrução...
A triangulação da informação é o princípio básico da investigação social... Mas nós aqui devemos privilegiar a nossa "produção própria"... de depoimentos, de testemunhos, de documentos... E já demos, todos, provas de grande pluralidade, de tolerância, de espírito crítico, de liberdade de pensamento e de expressão...
Se tiveres alguma informação, nova, sobre o caso de Buruntuma, manda. Tens excelentes contactos com os nossos antigos camaradas guineenses. Por exemplo, gostaria de saber mais sobre o que passou em Paunca com a malta da CCAÇ 11 (que foi formada em Contuboel juntamente com a CCAÇ 12)... E esses acontecimentos foram graves e neles esteve envolvido o Bobo Keita ...Teria muito gosto em publicar informação que venhas a recolher sobre o que o se passou no nordeste da Guiné, depois do 25 de abril: Buruntuma, Paunca, etc.
Fica bem. Um alfa bravo.Luis
Um abraço amigo para ti, também, caríssimo Carlos:
Na sequência do que acabas de escrever, deixa-me dizer-te o seguinte: propaganda é "alguém escrever a História à sua maneira"... Quanto ao resto, estamos de acordo... O ideal é haver sempre que possível "triangulação" das fontes de informação: Tens a versão A (de uma das partes em conflito), a versão B (a da outra parte) e uma terceira parte, a versão C (a de um "observador independente")... A "verdade dos factos" não existe, a priori, é um trabalho de construção e reconstrução...
A triangulação da informação é o princípio básico da investigação social... Mas nós aqui devemos privilegiar a nossa "produção própria"... de depoimentos, de testemunhos, de documentos... E já demos, todos, provas de grande pluralidade, de tolerância, de espírito crítico, de liberdade de pensamento e de expressão...
Se tiveres alguma informação, nova, sobre o caso de Buruntuma, manda. Tens excelentes contactos com os nossos antigos camaradas guineenses. Por exemplo, gostaria de saber mais sobre o que passou em Paunca com a malta da CCAÇ 11 (que foi formada em Contuboel juntamente com a CCAÇ 12)... E esses acontecimentos foram graves e neles esteve envolvido o Bobo Keita ...Teria muito gosto em publicar informação que venhas a recolher sobre o que o se passou no nordeste da Guiné, depois do 25 de abril: Buruntuma, Paunca, etc.
Fica bem. Um alfa bravo.Luis
Caro Luís Graça
Tudo o que se relacione com depoimentos do Sr. Bobo Keita, não têm o mínimo de credibilidade(sabes do que estou a falar).
Apesar de ser contra qualquer tipo de censura, não podemos por em causa a dignidade de ninguém, nomeadamente a nossa e também a do ex-in.
Tanto da nossa parte (há alguns)como principalmente de muitos ex-in tendem a enaltecer os seus feitos,deturpado ou mesmo mentindo descaradamente, e isso é inaceitável.
Sobre o tempo de retracção e entrega dos aquartelamentos das nt, como sabes, estive lá, e não verifiquei qualquer acto menos digno de ambas as partes,refiro-me como é evidente ao sul da Guiné.
Um alfa bravo
C.Martins
Não há dúvida sobre a identidade da companhia que estava em Buruntuma no dia 5 de julho de 1974. Era a 2ª C/BCAV 8323/73.
Eis aqui uma nota informativa do nosso colaborador permanente José Marcelino Martins
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Transcrição parcial da página 299 do 7º Volume da CECA - Tomo II - Guiné:
A 2ª Companhia [BCav 8323/73] seguiu em 15Nov73 para Piche, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com a CCaç 3463, tendo assumido a responsabilidade do respectivo subsector de Piche em 25Nov73, ficando na dependência do BCaç 3883.
Em 24Jan74, mantendo-se no Sector L4, assumiu a responsabilidade do subsector de Buruntuma, por troca com a CCaç 3544, onde se manteve até à sua evacuação em 05Jul74, deslocando-se para Piche.
Comandantes da 2ª Companhia: Capitão Miliciano de Cavalaria Anibal António Dias Tapadinhas e Alferes Miliciano de Cavalaria António Jorge Ramos Andrade.
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Obrigado, Zé.
LG
Sobre as barragens mandadas efectuar pelo Bobo Keita, eu próprio fui protagonista de uma delas:
Durante o período entre o cessar fogo e a nossa retirada, um certo dia deslocava-me de Bajocunda para Pirada com um Unimog, quando ao passar junto da povoação de Tabassai me deparo com uma vara atravessada na picada e com uma mini-patrulha do PAIGC que, pretendia revistar a viatura que eu conduzia.
Quem se aproximou para me abordar foi, um ex-elemento da nossa Milícia que tinha estado comigo em Copá até ao início de Janeiro de 1974 e que, fugiu e desertou levando a respectiva arma consigo para o PAIGC durante as flagelações que aquele destacamento sofreu nessa altura.
Como o reconheci de imediato disse-lhe, que não lhe reconhecia nenhuma autoridade para o que estava ali a fazer pois, não passava ali de um "MERDAS" de um "TRAIDOR".
Fiquei com a ideia que, depois do que lhe disse, ficou um pouco embaraçado, retirou-se e deixou.me seguir viagem.
António Rodrigues
1ª. CCAV/BCAV 8323 / 73 Bajocunda e Copá
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