terça-feira, 13 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9602: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (4): Documentação referente a negociações entre Portugal e o PAIGC com vista à desmobilização das tropas africanas que combateram por Portugal (Carlos Filipe)

1. Mensagem do nosso camarada Carlos Filipe Coelho* (ex-Soldado Radiomontador da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), com data de 18 de Fevereiro de 2012:

Carlos Vinhal, Luís Graça e restantes editores.

Não querendo sobrepor-me aos excelentes e oportunos relatórios do Luís Gonçalves Vaz, que trouxe ao blogue de forma documental o que até aqui se falava entre nós, mas sem o rigor que é necessário para o aprofundar de conhecimentos sobre o que na verdade se passou, venho pôr à disposição da Tabanca Grande este documento, entre outros, que guardo desde o meu despedimento (desalojado à bomba - Emissores da Buraca) na Rádio Renascença em 1975.


Talvez ajude a fazer luz sobre as intenções e negociações entre Portugal e o PAIGC sobre a desmobilização das tropas africanas que combateram sob bandeira portuguesa.


Entre outras coisas ressalta a divisão em facções dentro dos comandos africanos e proposta de retirar para Portugal os elementos que mais dificuldade teriam em ser aceites pelas novas autoridades em virtude do seu passado.


Um abraço para todos.


PS. pessoal: 99,9 % dos sublinhados, são meus. Podem dar a introdução que entenderem conveniente.


Obrigado.
Carlos Filipe

2. Nota dos editores:

Por norma, e de acordo com a nossa deontologia, o blogue não deve publicar documentos anónimos, apócrifos, de autoria duvidosa ou desconhecida. Fazemos sempre questão de validar os documentos que aqui chegam,  começando por averiguar a sua proveniência, origem, autoria, ano, editor, local de edição ou impressão, etc.

Pedimos ao Carlos Filipe para tentar saber qual a origem ou proveniência do documento, a data em que foi emitido, etc.... Trata-se de uma cópia de um documento original, datilografado, que é uma espécie de ata da reunião havida em 29 de julho de 1974, em Cacine, entre uma delegação portuguesa, encabeçada entre o brigadeiro graduado Carlos Fabião, último governador da Guiné e com-chefe, e uma delegação do PAIGC, chefiada por Júlio Carvalho (comandante Julinho, como era mais conhecido nas fileiras do PAIGC). O original devia ter  uma capa, uma folha de rosto, com indicação da Repartição do QG/CC que elaborou o documento... Mas também pode ser um documento pessoal, ou até um rasccunho de acta, elaborado por alguns dos oficiais portugueses que participaram nesta reunião...

O conteúdo do documenrto não nos parece dever ser posto em causa.  Ainda não confirmámos a data e local desta reunião. No depoimento do Carlos Fabião, em 2002, no âmbito dos Estudos Gerais da Arrábida sobre o processo de descolonização,  o último governador da Guiné não faz uma referência específica a esta reunião de Cacine... Ele fala dos comandos, do Marcelino da Mata (de que era muito amigo), etc., mas não refere esta reunião, uma de entre muitas que deve ter tido com delegações do PAIGC, na sequência das negociações de paz e do plano de retração das NT.

Sobre a origem do documento, disse-nos o Carlos Filipe: "Caros, Luís Graça e Carlos Vinhal, não me dispensaria de enviar também a capa do documento se existisse. Mas, estarão a imaginar o ambiente da época e o local (rádio) onde caía lá tudo de comunicados. Entre a muita azáfama que tinha como ocupante da Emissora, só nas últimas horas é que tentei ''salvar'' o que na ocasião me interessava. Portanto não posso fazer nada. Um abração p/ ambos e um obrigado".Publica-se o documento com estas ressalvas. No Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra, fom,os encontrar um documento sobre a Guuiné Bissau, com texto e fotos do Cap Duran Clemente. Publicam-se, com a devida dénia, duas fotos com dois dos protagonistas desta reuniãod e 29 de julho: netse caso, o Júlio Carvalho, caboverdiano, DO paigc,  e o comandante Patríci, da nossa Marinha, por ocasião da "transferência de poderes", em Cacine, em 12 de agosto de 1974. LG/CV.




Guiné > Região de Tombali > Cacine > 12 de agosto de 1974 (?) > Júlio Carvalho e comandante Patrício, presumivelmente por ocasião da cerimónia de "transferências de poderes", entre o PAIG e as Forças Armadas Portuguesas. Fotos do Cap Duran Clemente. Cortesia de Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra.



____________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 8 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9012: Blogoterapia (191): Na varanda e a Guiné-Bissau (Carlos Filipe)

Vd último poste da série 12 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9535: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (3): A Retirada Final: os últimos militares portugueses a abandonar o TO da Guiné (Luís Gonçalves Vaz / Manuel Beleza Ferraz)


29 comentários:

Luís Gonçalves Vaz disse...

Caro camarigo Carlos Filipe:

Estou deveras impressionado com este documento que apresentas, pois é uma "fonte documental" muito mais importante para o tema da Descolonização da Guiné do que o meu Relatório, já que apresenta "na 1ª pessoa" discurso do Comandante-Chefe/Governador Fabião e dos comissários políticos do PAIGC! Parabéns por partilhares connosco este Doc! É pena que não tenham cumprido com o que nele queriam dar a entender ...., nomeadamente respeitar e integrar os guineenses que combateram ao nosso lado!!! Gostaria de aproveitar este Forum, neste Post, para afirmar aqui publicamente, que o último CEM do CTIG/CCFAG unificado, coronel de cavalaria Henrique Manuel Gonçalves Vaz, meu falecido pai, não era elemento do MFA,e Não teve Papel de "Comissário político", nas negociações com o PAIGC, aquando destas negociações, apenas aceitou "Continuar a desempenhar a "Sua Missão como Militar", no âmbito do Corpo do Estado-Maior, já que era considerado pelos seus pares, um miltar do CEM de reconhecido valor, e a altura era altamente crítica do ponto de vista militar . Como tal, e as suas notas pessoais confirmam, que apenas, foi o responsável, por “despacho escrito do Brigadeiro/Governador”, Carlos Fabião, pela elaboração dos “Planos de Retirada do nosso Exército”, da “Carta sobre a Redução de Efectivos e Comissões Liquidatárias”, dos “Planos de entrega dos Aquartelamentos da Ilha de Bissau” e outros, do “Estudo da Comissão Liquidatária do QG/CTIG em Lisboa”, das "Cargas dos aviões", entre outras responsabilidades ESTRITAMENTE TECNICO-MILITARES..... Pelo contrário, tanto quanto sei, pelo que me lembro de ouvir dele próprio, nunca concordou com a forma que os então "comissários políticos das NT", vulgo elementos do MFA, combinaram ou acordaram o "Futuro dos guineenses que lutaram ao nosso lado, nomeadamente "passar uma guia de marcha, com 3 meses de salário e no fim apresentarem-se ao IN... Este desacordo posso aqui afirmá-lo, bem como a oportunidade de o dizer aos seus superiores, nomeadamente ao Brigadeiro Fabião, com quem teve de lidar de perto até ao fim, o dia 14 de Outubro de 1974! Mas como já disse aqui o camarigo Sabido (acho que foi ele), o meu falecido pai, tinha grande espírito de Missão e militar íntegro e competente, mas naquela altura nada podia fazer...nem ele nem outros como ele (que os havia é claro)
Mais uma vez Carlos Filipe, os meus parabéns pela partilha de tão importante documento, mas acho que está lá, de uma forma muito implícita, "o desejo de retaliar com os Comandos Africanos", não era só com o Marcelino da Mata! Esta é a minha opinião é claro...

Forte Abraço:

Luís Gonçalves Vaz
(Tabanqueiro 530)

armando pires disse...

Meu Caro Filipe.
Camarada.
Faço um comentário que nada tem a ver com o teu post.
Peço ao nosso editor que o veja mais como uma mensagem pessoal e que o mantenha "em rede" pelas razões que irá copmpreender.
Filipe, que fazias tu nos Emissoras na Renascença, na Buraca?
Eu era jornalista do RCP e, meia hora depois de terem feito explodir o emissor, fui destacado para fazert a reportagem em directo.
Estás a ver porque te quero deixar aqui um abraço, não estás?
armando pires

Hélder Valério disse...

Caro camarigo Carlos Filipe

Muito obrigado por teres salvo este documento, por teres guardado este documento e por o teres partilhado connosco.

Tem coisas muito interessantes, para ler e 'mastigar'. Devagar....

Abraço
Hélder S.

Unknown disse...

Amigos editores se me permitem, este telegrama;
-------------------
Armando Pires, vou responder-te pessoalmente por e-mail que já o tenho.
Obrigado pela tua sinalização.
--------------------

Um abraço para todos e cada um.

Carlos Filipe
ex-CCS BCAÇ3872 Galomaro/71

Anónimo disse...

Caro Luís Gonçalves Vaz.Na minha, talvez menos correcta, leitura do Seu comentário,aparenta esquecer que no MFA existente no período em que estes acontecimentos na Guiné se referem estavam incluídos Oficiais das Forcas Armadas que representariam um pouco de "tudo" o então existente.Republicanos "clássicos",Spinolistas,Democratas Cristãos,Sociais Democratas,Socialistas,Comunistas,e até Monárquicos.Os diversos rumos políticos seguidos por alguns (no futuro imediato) o vieram demonstrar.Ainda seria o período em que de um lado da barricada estavam os democratas,e do outro lado...os outros.Obviamente muitos Oficiais das Forcas Armadas não pertenciam ao MFA.Sem o apoio activo das Forcas Armadas o regime da ditadura não se teria mantido tantas décadas no poder.Democratas nas Forcas Armadas houve muitos...depois de Abril. Algumas honrosas excepcöes houve;a todos os níveis da hierarquia.Tendo em conta as altas qualidades intelectuais,e profissionais, de alguns militares não "comprometidos" na revolta contra a ditadura, talvez a terem-se "comprometido",algumas das incompetências fossem então obstadas.Talvez.

Unknown disse...

Caro J. Belo acabou de escrever o seguinte:
"Democratas nas Forcas Armadas houve muitos...depois de Abril."
Se as reticências pretendem insinuar que os militares democratas, não existiam nas fileiras antes do 25A, ou que só passaram a existir depois.
Devo colocar-lhe a seguinte questão.
Será que ao fim de tantos anos de guerra a juventude ainda não tinha tomado consciência dos problemas que a mesma lhe colocava ??
Será que a juventude universitária era um rebanho pronto para a guerra sem contestação, sem conhecimento e sem consciência politica ??
(universitários que originaram oficiais)
Quem assim pensa, demonstra um desconhecimento (ou ignora)do que se passava na época na sociedade civil, estudantil particularmente, e que agora manifesta sua opinião, como qualquer outra, discutivel

Um abraço para todos e para cada um.

Carlos Filipe
ex-CCS BCAÇ3872 Galomaro/71

Anónimo disse...

Caro Camarada Carlos Filipe.Refiro-me aos militares profissionais das nossas Forcas Armadas no comentário que escrevi.Quanto ao que se passava nas lutas dos estudantes...foi aí que comecei uma longa caminhada que o Camarada desconhece,e da qual,hoje e aqui,continuo a orgulhar-me.Por esse lado...licöes...sejamos humildes todos. Um grande abraço.

Anónimo disse...

Caro Carlos Filipe

Thanks por partilhar este documento !!!

Nelson Herbert

Unknown disse...

Amigos, e J. Belo,
Eu não dei nenhuma lição.
Eu questionei um estrato do seu texto que transcrevi e de seguida coloquei uma questão.
Por fim, eu não disse que era assim que pensava, mas sim:
"Quem assim pensa..."

Cumprimentos a todos
Carlos Filipe

Cherno Baldé disse...

Amigo Carlos Filipe,

Obrigado por mais esta partilha.

A situacao nao era facil e penso que foi o melhor que Portugal, atraves dos seus oficiais, conseguiu fazer nas circunstancias.

Nao deixa de ser decepcionante e mostra os limites de um pais com ambicoes desmesuradas.

Se a situacao da Guiné nao se prestava a realizacao do Plebiscito penso que o mesmo nao se pode dizer em relacao a Cabo-Verde.

As conversacoes iniciadas entre as partes, em lugar das esperadas negociacoes transformaram-se numa capitulacao pura e simples.

Uma cena digna de Poncio Pilatos.

A unica nota positiva que se pode tirar, talvez, é o facto de conseguiram evitar uma provavel guerra civil mas que teve um preco muito alto entre do lado dos colaboracionistas.

E, se os obscuros acontecimentos de Guidage e outros nao forem convenientemente esclarecidos, entao concluimos que a eliminacao fisica dos militares nativos teria comecado mesmo antes da independencia.

Com um grande abraco,

Cherno Baldé

Antº Rosinha disse...

Cherno Baldé, falas em Poncio Pilatos? trata mas é de escrever o best-seller, e como muito bem sabes o que se fala na Guiné o que se ouve é verdade, porque o que os políticos escrevem é mentira.

Como vês neste post, mais uma vez nunca tens guineenses a decidir sobre o futuro da Guiné.Nem sobre os comandos e cipaios ou funcionários.

Vês Portugueses, Mário Soares e militares, vês Caboverdeanos, mas fulas, balantas etc. só serviram para pegar em armas.

Tambem não viste fulas ou balantas a falar em New York, nem com o Papa nem com Olov Palme e Fidel Castro sobre o vosso futuro.

Cherno, sabes que eu sou contra qualquer tipo de independências africanas nas condições dos anos sessenta e setenta,

Quem é favor do que se passou e consequências fica sem razão de se queixar do mau a que se seguiu.

Mas para o teu livro, guarda esta, diziam(mos) ou muitos apenas pensavam aos gritos: "Se Angola vai embora, a Guiné e Caboverde que vão o mais depressa possível".

Isto foi quando se ouviu nem mais um militar para as colónias.

Queriam lá saber dos comandos dos flechas e cipaios.

Havia já em muitos portugueses um sentimento de paixão pela europa e alergia por áfrica, africanos e quem falava com eles.

Aliás a europa colonial é que se equivocou e lixou-se e lixou os vizinhos africanos e não tem muito de que se "glorificar".

João Carlos Abreu dos Santos disse...

... recordo o 'post-it' que, há doze dias, colei na porta-dos-fundos do v/postal 9528:

... em reforço ao excelente comentário do veterano António Rosinha, eis alguns nacos de prosa soarista (difundida menos de 48 horas após empossado MNE):
- «On passe des négociations directes avec les différentes associations. [...] Le Portugal n'a rien à perdre et à gagner. [...] Les compagnies multinationales ont tout pouvoir dans les colonies. [...] Le Portugal va arrêter la guerre, sauver des vies... ».
Salvar vidas! Viu-se como...

Ouvir em "francé", ici...
http://www.ina.fr/histoire-et-conflits/decolonisation/video/CAF92018593/interview-de-mario-soares.fr.html
___

Anónimo disse...

Na minha modesta opinião
Isto entra já no debate político da "descolonização exemplar".
Estive nas conversações iniciais para o "cessar fogo" com o Comandante Heitor Patrcio.
Depois,bem depois,já não tinha nada a ver com o assunto, e nem tinha que ter.
Estou a desculpar-me,não,não estou.
Aqui confesso,perante todos vós, que naquela altura,Agosto de 74 até estava de férias,mas o meu único desejo era vir-me embora definitivamente.
Caro camarada J.Belo,percebo perfeitamente o teu ponto de vista..eu próprio assisti a muitos oficiais do quadro de repente virarem "revolucionários" "esquerdistas" e outros "istas"...para espanto geral, mas isto é próprio da condição humana..muitos gostam de se inclinar ao sabor do vento, quer sejam militares ou não.

C.Martins

Anónimo disse...

Camaradas,

Este texto dá-nos conte de uma espécie de diálogo de surdos, de formalidades a que uma parte não atribuía importância moral ou objectiva, e não se vinculava por incapacidade revolucionária, enquanto a outra parte deixava falar, na certeza de que o tempo corria a seu favor.
Lemos antes algumas propostas de "compromisso" por parte de quem fazia as malas, para proporcionar formação profissional aos comandos africanos, tendo em vista (teriam em vista?) a sua integração social. Hoje, dessa leitura, ressalta a hipocrisia das "negociaçãoes", a falta de insistência pelos portugueses numa verdadeira diligência para salvar e salvaguardar os africanos que integraram as NT.
A mescla de heroísmo hollywoodesco que era dispensado na metrópole ao MFA, devia constituir uma sedução na participação sobre os últimos militares portugueses em África.
Diz o Cherno: "as conversações iniciadas entre as partes, em lugar das esperadas negociações transformaram-se numa capitulação (de Portugal) pura e simples". É uma observação independente e pertinente. E conclui superiormente: "uma cena digna de Poncio Pilatos".
Em resumo: aqui está uma boa mostra relativa as alegadas superiores razões do MFA, sobre a conveniente necessidade de aderir aos méritos da descolonização que, em África, já tinham dado flagrantes razões de oportunismo político e genocídio de massas.
Uma espécie de "te deum" pelo MFA.
Abraços fraternos
JD

Luís Gonçalves Vaz disse...

Caros Camarigos.

Alguns de nós acham que os Relatórios das NT, ou outras fontes documentais como atas de reuniões, que estão distribuídos actualmente por vários Arquivos portugueses, Não interessam, não dizem a verdade ..., foram elaborados pelos "comissários políticos" de então, para justificar a "má descolonização! Mas por outro lado surgem afirmações de que; "Efectivamente, tomando à letra os documentos de Arquivo do PAIGC, quase todo plano
de retracção e evacuação do Exercito português na Guiné foi feito segundo o plano do PAIGC
elaborado por Pedro Pires, actual Presidente de Cabo Verde que, não obstante não ter
participado directa e pessoalmente nas negociações havidas em Cantanhez, chefiou e dirigiu,
pessoalmente, as sessões negociais de Londres e Argel, assim como quase todo processo da
descolonização da Guiné-Bissau e Cabo-Verde. (de Leopoldo Amado)..." Claro que estas afirmações Não Dignificam Portugal, nem correspondem à verdade! Pelo menos com base em todo o tipo de registos que li, incluindo as "Notas Pessoais", do meu falecido pai, último CEM do CTIG/CCFAG ....... aliás algumas bem importantes, já publicadas em postes neste nosso BloG, onde se pode ler; "...Bissau, 23 de Agosto de 1974, Reuni com a comissão que veio de Lisboa sobre os 'Planos de Retirada': Hipótese A e B. Mandei fazer a lista uma a uma para [...], Coronel Henrique Gonçalves Vaz(Chefe do Estado-Maior do CTIG)".
Por outro lado, jornalistas que investigam esta Área, como Paulo Reis, já afirmou neste nosso Blog; “…Noutro documento, sem data, que surge aparentemente anexo a este “Plano de Evacuação” são listadas um total de 77 unidades. O extenso documento inclui várias páginas com uma grelha onde estão listadas, da esquerda para a direita o nome da unidade, o trajecto (localidade onde está, percurso e destino, Bissau), e outros pormenores, como data de saída da localidade, chegada a Bissau, aquartelamento, partida para Lisboa, etc. etc. Este segundo documento tem, no final, o nome do Comdt Militar, Brigadeiro Galvão de Figueiredo, mas não está assinado por este. Está, sim, autenticado pelo Chefe de Estado-Maior, Henrique Manuel Gonçalves Vaz, Coronel do CEM.
Em Suma, ou continuamos a "Fazer a nossa História", ou outros a farão por nós.........
Como tal, congratulo-me com todo o tipo de "Fontes históricas" como esta e muitas outras, que deveriam ser encaminhadas para o Arquivo Histórico-Ultramarino (antigo A. H. Colonial)ou mesmo para o Arquivo Histórico-Militar! Tudo para que os nossos filhos, netos e demais gerações futuras, possam saber a verdadeira História dos "Seus Maiores", dos seus antepassados...

Grande Abraço

Luís Gonçalves Vaz

(Tabanqueiro 530)

Anónimo disse...

Eu não disse

Caro JD
Hoje é muito fácil falar.
Este assunto tem barbas.
O MFA não mandava nada ou quase nada no terreno.
Já o disse e repito..eu só queria vir embora e como eu quase todos.
Podem bater-me à vontade..tenho as costas largas..e sobre a minha modesta pessoa, que pouca ou nenhuma responsabilidade tinha,mas apesar tudo ..sinto-me culpado.
Já não adianta nada...mas AS MINHAS SINCERAS DESCULPAS.

C.MARTINS

Anónimo disse...

PS
O alferes que aparece na foto com o Comandante Heitor Patrício,não sou eu, e não sei quem é.

C.Martins

Luís Gonçalves Vaz disse...

Caro J. Belo:


Quando diz "no período em que estes acontecimentos na Guiné se referem estavam incluídos Oficiais das Forcas Armadas que representariam um pouco de "tudo" o então existente.Republicanos "clássicos",Spinolistas,Democratas Cristãos,Sociais Democratas,Socialistas,Comunistas,e até Monárquicos...."

Só lhe posso dizer que terá razão! mas de uma coisa estou convencido, naquela altura "Criou-se uma dinâmica socio-política", que se alguém não concordasse ou se numa assembleia "geral", se opusesse, era mal tratado para não dizer pior! o "poder na altura", foi de uma forma "democrática" retirado aos orgãos hierárquicos miltares e não só.....
Por exemplo, os militares na Guiné (caso em referência) ditos "Spinolistas", em pouco tempo deixaram de o ser, ou não? A começar pelo próprio ilustre coronel Carlos Fabião! como tal meu caro J. Belo, esses "SE" não nos levarão a lado nenhum, e o que está feito, feito ficou! Em minha opinião não é Julgar em particular, mas tentar analisar e construir, de uma forma não emocional, o "Percurso histórico" deste final do Império Português, concorda comigo J. Belo?

Grande Abraço

Luís Gonçalves Vaz

Anónimo disse...

Caro Luís Vaz. Se o "poder na altura" não tivesse sido retirado aos orgäos hierárquicos militares", para quê um golpe militar desencadeado precisamente contra tais orgäos militares?( Bem comprometidos politicamente com o governo da ditadura). Concordarei inteiramente consigo quanto ao facto de muitos que os vieram substituir não terem estado à altura das situacöes criadas,nem de alguns dos cargos que passaram a desempenhar.Os resultados a curto,médio e longo prazo o terão bem comprovado. Um abraço.

Anónimo disse...

Olá Camaradas

Quero recordar que "só parte os pratos quem lava a loiça". Além disso, "os homens que não fazem asneiras, em geral, também não fazem mais nada". Em História a experimentação não é método aplicável e é necessário reagir aos acontecimentos que cada dia nos surgem. A atitude prepotente e insolente do PAIGC é clara, no texto que foi publicado. É(ra) difícil "negociar" assim.
Livre-nos Deus dos bacteriologicamente puríssimos a dizer, "a posteriori" como é que deveria ter sido feito...
Lembro aos camaradas analistas que os elementos das FA Portuguesas não eram solução para aquele problema, eram parte de outro que se desenrolava na(s) sua(s) terra(s). Sabe-se que a mentalização e a disponibilidade dos elementos das FA para a "Missão" era cada vez menor (o que é natural). Ou alguém dúvida?
Posto isto... reanalise-se o assunto.
PS: Esclareço que o Cmdt só assina um exemplar de cada documento. Toca ao CEM, de cada comando, "autenticar" o documento em causa.
Um Ab. do
António J. P. Costa

JD disse...

Camaradas,
No seu comentário refere o António J. P. Costa, que muito aprecio: "os elementos das F A Portuguesas não eram solução prara aquele problema, eram parte de outro que se desenvolvia na(s) sua(s) terra(s)".
Eu concordo. Mas é sobre essa conclusão que o MFA mais me convence da sua acção incapaz e extemporânea. Desde a preparação do golpe que o MFA não mostrava outra coesão, que não fosse pôr fim à guerra de desgaste. Uma facção dominava as restantes. E no dia seguinte manifestaram-se as rivalidades, a incapacidade para gerir um período revolucionário, a inconsistência do processo independentista para as colónias, e a construção dos alicerces para uma sociedade nova.
O MFA não foi capaz. E no dia seguinte, os portugueses davam mostras da sua impreparação cívica e iniciavam um período conturbado de conflitualidades.
E o MFA? A resposta não é "nada", é antes a constatação de que alguns militares de tendência proeminente, deixavam-se seduzir por diferentes ideologias que passaram a comandá-los, contribuindo para a neutralização da democracia em Portugal.
Ora, se não me levam a mal, só à "posterior" podemos apreciar aqueles tempos de agitação e mudanças, que nos conduziram à situação actual.
Em minha opinião, só um movimento democrático-participativo, onde se apresentem, discutam, e se tirem soluções convenientes para a nação, poderá congregar as pessoas de melhor formação e boa vontade, no sentido de (todos juntos)exercer pressão sobre os governos e parlamento, com vista à implementação daquelas medidas. Parece singelo?
Pois, o interesse público é singelo, o egoísmo é que o adorna de ramalhetes complicados.
Abraços fraternos
JD

Anónimo disse...

Só para o JD
As coisas são como são não como deveriam ser.
As sociedades funcionam como funcionam e não como gostaríamos que funcionassem. Se "as revoluções até comem os seus heróis" por que haveria esta de ser diferente das outras, em portugal e no mundo?
Um Alfa Bravo
António J. P. Costa

JD disse...

Meu Caro Pereira da Costa,
Esta resposta parece uma leitura sobre a improvisação e, quando a passada é maior que a perna, o risco de espalhanço é maior.
Acho que compreendi.
A Sapo notícias dava conta de uma palestra de Otelo, ontem, em Coimbra, qual reserva da nação, que refere a perda de soberania, que os limites estão a ser atingidos, pelo que as F.A. terão que actuar, o que passará por uma operação militar para derrube do governo em funções. Acrescenta que a esperança que o 25 de Abril abriu está a morrer.
Tal como o nível de intervenção não se altera, também não há revoluções caídas do céu, pelo que reafirmo a necessidade de um movimento pacífico e mobilizador de democracia-participativa.
Um abraço
JD

Anónimo disse...

Caro Camarada JD

Não tenho nada que retirar ao que disse. Não ouvi o que o Otelo disse, nem vejo o que tem a ver com o assunto de que estamos a tratar. Volto a lembrar que estamos a falar de uma situação concrecta, uma reunião que houve em Cacine para discutir assuntos da independência da Guiné. Concordo que, com esta idade não serei propriamente um atleta, mas daí até não saber medir os meus passos vai uma grande distância.
Volto a referir que a Guerra, para mim, acabou com a independência da Guiné, que, a partir daí é só mais um país. Assuntos do meu país não trato aqui.
Um Ab. do
António Costa

Anónimo disse...

Caro JD

Sem por em causa o direito à opinião de cada um, não percebo qual é o objectivo dos teus comentários.
Aquilo que dizes está mais do que debatido, estudado e analisado.
Pretendes o quê ?
Que a história volte para trás !
Julgar ?
O Otelo não é para aqui chamado,julgo eu, muito menos sobre o que diz actualmente..é livre de dizer as "palermices" que quiser, como qualquer um de nós.
Parece-me que estás no blog errado.
Pessoalmente sinto-me culpado do que aconteceu,não por ter tido qualquer responsabilidade na forma como decorreu a "descolonização",mas sim por, na altura, apenas querer vir embora.
Gostava de saber que autoridade tens para estar aqui a julgar ou até só a criticar os outros.
Repito..falar e criticar os outros é fácil..fazer é muito mais difícil.

C.Martins

Luís Gonçalves Vaz disse...

Caro Carlos Filipe e caro Luís Graça:

Agora poderemos perceber o Interesse de Relatórios, como o primeiro que dei a conhecer, o do Sr. Major Tito Capela da 2ª Rep./CCFAG...... É claro que fala nesta reunião na sua página 56, o denominado Acordo de Cacine de 29 de Julho, que juntamente com o Acordo do Cantanhez de 15,16 e 17 de Julho, e que segundo o mesmo relatório "...foram bastantes profícuos para o bom andamento do processo de Descolonização da Guiné...".
Agora gostaria de chamar a atenção que este documento, em parte estará "autenticado", de acordo com "Dinãmica que os nossos comissários" conseguiram imprimir na altura. Mas este documento/acta não foi de certeza "produzido" por nenhuma Repartição do QG/CCFAG, pois estes documentos, surgiram de negociações que decorreram, ENTRE O ENCARREGADO DE GOVERNO E DIRECÇÃO DO PARTIDO DO PAIGC, não entre os COMANDO DO CTIG E O PAIGC! entre estes últimos, houve apenas REUNIÕES PARA TRATAR DA ENTREGA DE AQUARTELAMENTOS e processo de Retirada (Missões militares!!!! Por COINCIDÊNCIA NESTA PROVINCIA DA GUINÉ; O GOVERNADOR ACUMULAVA O CARGO DE COMANDANTE_CHEFE; entendem-me? Na parte de negociações políticas com o PAIGC,que foram em ARGEL e no Chão da GUINÉ também, mas aí, o Governador Carlos Fabião foi apenas acompanhado por oficiais do MFA (nossos comissários políticos na Zona), Quanto a negociações no âmbito Militar, o Brigadeiro Graduado Carlos Fabião, era Acompanhado pelo Brigadeiro Galvão de Figueiredo e pelo seu, único na altura (Comando Unificado), Chefe do Estado-Maior, coronel do Corpo do Estado-Maior, Henrique Gonçalves Vaz, nomeadamente nas reuniões para entrega dos aquartelamentos da Ilha de Bissau, com os Comandantes Bobo Keita e Gazela. Resumindo e "baralhando"... este Documento que é aqui apresentado, tem todo o "aspecto" de ser verdadeiro, mas é de cariz cívil, e de Acordos Políticos, e não de reuniões de cariz militar. Neste aspeto, não misturamos as "águas", os dois processos foram distintos, e assim decorreram até ao final, pelo menos na Guiné Portuguesa.........

Grande Abraço:

Luís Gonçalves Vaz

JD disse...

Meu Caro Pereira da Costa,
Sobre a acta da reunião fiz um primeiro comentário.
Afinal não percebi patavina da tua resposta. Quando aludi ao Otelo, foi no sentido de cada um reflectir sobre o congelamento de ideias que ainda pairam para a sociedade contemporânea. Concordo que não seja este o local adequado para as tratar.

Meu Caro C.Martins,
Não vejo onde podes concluir por "julgamento", nem tenho cartas escondidas, nem comprometimentos para usar desautorizadamente.
Aqui, prezo a camaradagem, expresso-me com liberdade sobre factos, recordações e ideias, se fizeres o mesmo sem insolências,
podes ser uma mais-valia.

Abraços
JD

Anónimo disse...

Camarada CMartins
Também eu não estava lá. Mas, tendo estado e tendo vivido aqueles tempos, não acho que tenhamos culpa do que quer que seja. A Descolonização (como qualquer outro facto histórico) foi a que foi possível fazer-se. De um lado estávamos nós, cheios e fartos daquilo e do outro os arrogantes e sobranceiros vencedores que queriam afirmar-se "para gastos de casa" e embebedarem-se com a vitória (de Pirro, como se veio a ver).
Volto a chamar a atenção para o facto de o PAIGC não ter, logo à partida, considerado os (alguns) militares e (alguns) civis, como foi o caso dos PSP, como portugueses, mas como guineenses. Estaria a preparar qualquer coisa?
Por mim creio que sim, mas prová-lo, não sei.
Um Ab
António Costa

JD disse...

Camaradas Pereira da Costa e C.Martins,
Também acho que não foi o pessoal deixado no mato, o responsável pelos acontecimentos.
Nem acho que se devam penalizar pelo sucedido. Eu estive lá nos anos tranquilos de 70/71, e só desejava o regresso.
O problema foi da empreitada, que não teve engenheiros para tamanha obra.
O PAIGC aproveitou-se disso, e da fragmentação na sociedade portuguesa, de que o episódio de Buruntuma é uma triste referência.
Sem uma retaguarda forte, não há quem se aventure sózinho.
Abraços
JD