Prezado Camarada Luis Graça :
Dando continuidade à nossa última conversa, aqui estou finalmente a fazer aquilo que já deveria ter feito há bastante tempo, isto é, enviando as fotos requeridas para a inscrição e mais quatro (para começar) onde demonstro todo o meu carinho pelas criancinhas da Guiné.
Se me é permitido, passo a fazer a minha apresentação curricular ( ! ) ….
Sou alfacinha desde 14/3/1941, mas por motivos de saúde e pela situação do após guerra, emigramos para Estarreja, terra natal de meu pai. Lá cresci e me fiz gente, tirei o Curso Industrial de Electricidade na E.I.I.D. Henrique, no Porto, o que me deu a oportunidade de entrar na CNE (hoje REN) e em 1963 ser incorporado no curso de Sargentos Milicianos em Mafra e Tavira, seguindo para a Guiné em Outubro do mesmo ano.
Fiz parte da CART 564 que na Guiné, como Companhia independente, teve um ano os seus militares espalhados por diversas zonas.
Pela minha parte, estive em Nhacra, Binar, Teixeira Pinto, Mansoa.
Em Nhacra tive o privilégio de conhecer a figura carismática da NHA CARLOTA, de quem ainda hoje tenho imensas saudades.
Muitas estórias poderiam ser contadas, mas fica para a outra vez.
A foto do miúdo, de seu nome Armando Capitão Comandante, foi tirada em Nhacra logo nos primeiros dias da comissão, fui eu que lhe mandei fazer a farda e o nomeei meu “ordenança”, ainda gostava de saber se estará vivo e qual o rumo que aquela amostra de gente terá tido.
A foto da bajudinha (Lolita) foi tirada em Mansoa em 1964 e no campo de futebol dos Balantas, dizia ao pessoal que era a minha namorada. Coisas de mulher.
O pequeno Armando Capitão Comandante, de Nhacra, ainda à "civil", acompanhado de Leopoldo Correia
O pequeno Armando já devidamente uniformizado e investido nas funções de ajudante de campo do Fur Mil Leopoldo Correia
A pequenita Lolita de Mansoa
Mansoa > Capo de futebol dos Balantas > Lolita, uma espectadora atenta ao que a rodeia, ao colo do Leopoldo Correia.
Por agora é tudo, numa próxima ocasião poderei enviar mais fotos, inclusive relativas à linda cidade de Bafatá datadas de 1959 /60, pois tenho ainda lá familiares ligados ao comércio.
Despeço-me com um abraço e votos de Boa e Santa Páscoa.
Leopoldo Duarte Correia
Águas Santas – MAIA
2. Comentário de CV:
Caro amigo Leopoldo, bem-vindo à Tabanca Grande onde já tens uns quantos amigos.
Eu e o Eduardo Magalhães seremos aqueles com quem mais falarás e que conheces pessoalmente.
Sei que tens uma memória prodigiosa e facilidade em passar a papel as tuas histórias. Andaste pelo meu chão e ainda amarguraste aquela trágica estrada Mansoa/Cutia/Mansabá ainda em picada. Se no meu tempo era muito perigosa, imagino como seria na primeira metade dos anos 60. Tens que nos dizer como era a Guiné nesse tempo. Percorreste outros locais pois a tua Companhia estava desmembrada com Pelotões e Secções destacados.
Conheceste por lá pessoas que acabaste por reencontrar há pouco tempo, que não vias há mais de 40 anos, de quem nos vais falar com certeza.
Tens também fotos que podes digitalizar e mandar, acompanhadas das respectivas legendas que servirão para ilustrar as tuas memórias ou para avaliarmos a diferença com a Guiné dos mais "novos".
Como vês, tenhas tu algum tempo livre e disposição, e não te faltará assunto para dares trabalho aos editores.
Antes de terminar, quero deixar-te um abraço em nome da tertúlia e dos editores.
Quanto a mim, já sabes como me encontrares.
Um abraço e votos de saúde do teu camarada e amigo
Carlos Vinhal
(Revisão do texto e legendas das fotos da responsabilidade do editor)
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 26 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9272: Memória dos lugares (168): Bambadinca, de 1969/71... Evocando a figura do antigo comerciante Fernandes Rendeiro, natural da Murtosa, recentemente falecido... (Leopoldo Correia)
Vd. último poste da série de 30 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9833: Tabanca Grande (333): Mário José Lopes de Azevedo, que foi Furriel Miliciano de Artilharia da CCAÇ 6, Bedanda, 1970/72 (Luís Gonçalves Vaz)
4 comentários:
Caro Leopoldo Correia.
Senta aqui à sombra do Poilão da tabanca grande e recebe o meu virtual abraço.
Será que te posso dar para começar um trabalho na escala de serviço. Dizes que tens família em Bafatá, a minha companhia de caç.557 cumpriu os últimos meses entre Maio e Outubro de 1965 em Bafatá adida ao batalhão de cav. 757 0(célebre 7 de espadas), mas o que te peço é o seguinte no Bat.cav. 757 foi adoptado um miúdo muito parecido com o teu Armando foi baptizado com o nome de Domingos Vaz.
O Capelão que o baptizou foi um Domingos invisual, era conhecido por Domingos Cego, será que os teus familiares possam ter conhecido ou saber alguma coisa do paradeiro deste Domingos Vaz.
Como tu gostavas de ter notícias do teu Armando os nossos desejos sobre o Domingos é recíproco.
O meus antecipados agradecimentos e desculpa mas é o que se diz assentar praça e entrar logo de serviço à caserna.
Um abraço.
Colaço
Saúdo o Leopoldo, com quem estive há dias a falar ao telefone. Ele é um homem das sete partidas. Viveu em Angola, trabalhou na Diamang, voltou para o Puto. Trabalhou na EDP, por exemplo na Central Termoelétrica do Barreiro onde fez amizade com amigos e conterrâneos meus, o Carlos e o Hugo Furtado (que andou comigo na escola primária.
Também conheceu do Fernando Rendeiro, comerciante de Bambadinca... Falou também da viúva Auá Seidi, dos filhos... Emn suma, o Leopoldo conhece meio mundo... Tenho o seu telefone de casa (Águas Santas, Maia)... Haveremos de conversar com tempo e vagar. Mais um caso que comprova que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!
Um Alfa Bravo do Luís
Caro camarigo Leopoldo Correia
Saúdo vivamente a tua decisão de aderires a este espaço de fraternidade onde, de um modo geral, aparecem e estão 'alguns dos melhores de nós', os que estivemos na Guiné.
Pela tua apresentação fica-se a perceber que foste um daqueles que soube 'olhar' à sua volta e compreender a necessidade de se fazer mais e melhor e que não regateaste esforços para ajudar com o teu contributo.
Vou aguardar por mais histórias.
Abraço
Hélder S.
Meu caro Leopoldo;
Após as nossas prolongadas conversas telefónicas, temos agora este meio que também permite alguma «conversa».
Sabemos da diferença entre este tipo de «conversa» e a de viva voz. É uma diferença abismal!
Deliro pela tua entrada neste rol de companheiros, camaradas, amigos, enfim, sejam lá eles o que quiseres, mas mesmo escrito (é de maior responsabilidade, porque não podemos dizer que não dissémos), são também parte desta grande engrenagem em que nos metemos voluntariamente, e com gosto.
Já por aqui ando, agora um tanto afastado da colaboração, há um certo tempo.
Agora, rejubilo por ver e ler as tuas 'estórias'
Um abraço,
JM Ferreira
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