Estou a tentar fazer um pouco da história da Companhia 566.
Não é fácil, porque já passaram quase 50 anos da nossa chegada a terras africanas.
JRibeiro
HISTÓRIA DA CART 566 (BRAVOS E SEMPRE LEAIS)
CABO VERDE E GUINÉ, 1964/65
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
4 comentários:
Caros camaradas
É interessante conhecer estas passagens.
Como temos (tinha) o pensamento na Guiné não ocorria pensar nas permanências em Cabo Verde. Para mim, Cabo Verde era qualquer coisa que tinha tido tropa durante a 2ª Guerra Mundial...
Afinal, agora acabei de recordar que as divisas de Furriel e o dolmen me foram cedidos por um amigo e antigo colega de escola em Vila Franca, que fez a sua comissão de serviço em Cabo Verde.
Abraço
Hélder S.
De: Augusto Silva Santos
Para: José Augusto Ribeiro
Camarada e Amigo, é sempre com alguma emoção que leio relatos da nossa passagem por terras da Guiné, por aquilo que efectivamente nos toca, mas essa emoção é para mim ainda mais forte, quando se relata algo sobre Cabo Verde, nomeadamente sobre a Ilha do Sal. Se tiveres tempo e oportunidade, sugiro-te que consultes no nosso blogue o post P9674 (Meu pai, meu velho, meu camarada - Feliciano Delfim dos Santos)e vais perceber o porquê. Se nos anos sessenta foram essas as condições que a vossa Comp.ª foi encontrar, imagina o que não foi viver uma situação idêntica 20 anos antes, portanto nos anos 40. Devido à minha actividade profissional entre 1968 / 1970, tive ocasião de conhecer bem algumas ilhas de Cabo Verde, e também um pouco da ilha do Sal, e sei bem dar o valor o que terá sido a vossa passagem por aquelas paragens.
Um grande e forte abraço.
Também eu na ida para a Guiné fiz escala na ilha do Sal, e recordo-me dessa imagem da mulher que empurra o barril de água, penso que salobra, pois não foi fácil fazer a barba nesse dia com aquela água.
Um abraço
César Dias
Caros amigos e Camaradas: Hélder Valério,(António...) Augusto Silva Santos, Cesar Dias e Luís Graça. Fiquei bastante admirado ao ter lido o que escreveram sobre a Ilha do Sal. Em 1963 conheci um velho funcionário da Companhia francesa que extraia sal. Ele trabalhava na secretaria daquela empresa, na Pedra do Lume e com ele falei muitas vezes sobre assuntos sérios, passados ali no Sal. O batalhão que esteve naquela ilha, segundo dizia o tal amigo cabo-verdiano de cabelos todos brancos, tinha ido para Cabo Verde, por castigo, tinham feito um levantamento de rancho numa unidade militar em Lisboa. Seria assim ou não? Não sei, mas talvez fosse uma forma de seleção. Falou-me numa grande epidemia que matou mais de metade dos militares ali estacionados. Naquela altura ninguém podia entrar nem sair do Sal, para que a epidemia não alastrasse às restantes ilhas. Um dia apareceu uma equipa de médicos que fizeram o diagnóstico a todos os doentes. Esse diagnóstico foi enviado para Lisboa e era igual para todos. Causas da doença:FOME, FOME,FOME... Naquele tempo, em plena II Guerra Mundial não era facil mandar um navio pelo Atlântico, por isso viviam mal e mal alimentados. Mas parece que, com isto, o Salazar resolveu, finalmente mandar esse navio. No cemitério de Santa Maria havia uma zona reservada para os militares, daquele batalhão que iam morrendo diariamente. No dia de Finados de 1963 a CArt.566 foi prestar honras militares naquele local, onde se ouviu um discurso do representante do comandante do CTI de Cabo
Verde. Sei que a estrada entre a povoação de Espargos (Aeroporto) e a capital Santa Maria foi construída e calcetada por esses nossos camaradas. Era a única estrada da ilha com cerca de 20 quilómetros, embora com muitas zonas degradadas pelas ondas do mar e pelas dunas de areia que apareciam de um dia para o outro. Muitas histórias ouvi sobre esses militares, que contarei oportunamente.
Para todos os camaradas acima referidos envio um grande abraço.JRibeiro (José Augusto Miranda Ribeiro)
Enviar um comentário