A estrada do tempo
Os dias vão morrendo,
Velozmente,
À sombra do sol poente,
E eu caminho pela tarde acima, lentamente,
Seguindo a estrada do tempo,
Levo comigo um corpo já cansado,
E deixo para trás, o caminho do passado
Perdido no campo árido da saudade.
A estrada do tempo,
Caminha a largo passo
À minha frente,
Marcando-me na face
A vida que me resta
Em forma de rugas,
Empurra-me para a meta da partida
Que me levará para a “outra vida”,
E não me permite fugas.
Assim me foge o tempo para viver,
Aquele regaço de dias
Que Deus me deu ao nascer
No ventre de minha mãe,
Alegremente,
Dias, que vão morrendo um a um
Velozmente,
À sombra do sol poente.
José Teixeira
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Nota do editor
Último poste da série > 31 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14423: Blogpoesia (410): Sobre um poema de Herberto Hélder (Francisco Baptista, ex-Alf Mil da CCAÇ 2616 e CART 2732)
1 comentário:
Caro amigo José Teixeira
Leio sempre com atenção os poemas que por aqui vão sendo colocados.
Aprecio a capacidade de quem consegue exprimir sentimentos e perspectivar ideias dessa forma.
Como tenho dificuldade (ou incapacidade) para o fazer, valorizo ainda mais.
Acho, também, que esta forma de expressão é ainda mais 'reveladora' de quem a utiliza.
Assim, deste modo, e relativamente ao teu poema, tenho sentimentos contraditórios: por um lado utilizas a imagem do 'tempo que corre' para falares do teu (nosso) tempo que 'escorre' e isso é inevitável ('tempus fugit') mas, por outro lado, mesmo sabendo isso e até o confirmando, parece-me notar algum amargor...
Ora, meu Amigo, do que conheço do teu 'percurso de vida' só deve haver lugar ao louvor, não à lamentação. O que vai perdurar são os aspectos positivos.
Portanto, cabeça levantada e vamos viver o que nos resta, com a dignidade possível e com a sensação do 'dever cumprido'.
Abraço, amigo "esquilo sorridente".
Hélder S.
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