1. Em mensagem do dia 24 de Março de 2015, o nosso camarada Francisco Baptista (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72), fala-nos de Herberto Hélder falecido recentemente. Homenageia também, e assim, todos os nossos camaradas que com a sua veia poética nos deliciam com os seus textos em verso.
Sobre um Poema
Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne,
sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.
Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
- a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.
E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.
- Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.
- E o poema faz-se contra o tempo e a carne.
Herberto Helder
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Um lindo poema, copiado directamente da internet, em homenagem aos seu autor, que partiu hoje e nos deixou uma obra poética imensa para todos nós e para as gerações futuras.
O meu pesar e homenagem também a todos os poetas da nossa Tabanca que pela sua própria sensibilidade estão mais próximos dele.
Ao nosso grande camarada Luís Graça que tem uma grande alma de homem e poeta e que nos tem ajudado tanto a respirar, através deste espaço amplo que criou para todos nós, através da sua poesia, da sua prosa, do seu estimulo e exemplo de combatente.
Um abraço
Francisco Baptista
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Nota do editor
Último poste da série de 31 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14421: Blogpoesia (409): Meu Soldado Herói (Mário Vitorino Gaspar)
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