terça-feira, 15 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15114: Inquérito online: num total de 86 votos apurados, mais de metade (53,5%) diz que que no seu tempo "já se falava da existência de aviões inimigos nos céus [do CTIG]"... Mário Gaspar, ex-fur mil, da CART 1659, garante que viu 3 MiG no cruzamento de Gadamael/Guileje, no final da comissão, em meados de 1968... Ao Jorge Canhão (3ª C/BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74) mostraram-lhe, na secretaria, fotos de MiG 15 e MiG 17 para comparar com os nossos Fiat G-91

MiG 17F - Cortesia do portal Área Militar > Aviões e helicópteros....
[Edição: LG]
A. Sondagem: 


"No meu tempo, já se falava da existência de aviões inimigos nos céus da Guiné"




Resultados finais apurados, num total de 86

1. Sim, já se falava > 46 (53,5%)

2. Não sei / não me lembro > 9 (10,5%)

3. Não, não se falava > 31 (36,0%)

Sondagem fechada em 14/9/2015 às 16h54




B. Comentário, enviado em 12 do corrente, do nosso amigo e camarada Mário Gaspar, cuja saúde não vai bem, e a quem desejamos força e coragem:


[Mário Vitorino Gaspar: ex-Fur Mil At Art e Minas e Armadilhas da CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68;ex-dirigente da Associação APOIAR]



Caros Camaradas, depois de um iluminado ter a grande ideia interessante de em pleno "corredor da morte" plantar o "inferno de Gadamael", a minha Companhia a CART 1659,  após ataques do PAIGC a Guileje, foi chamada a dar apoio.

Ao chegar ao cruzamento Gadamael/Guileje,  o PAIGC fugiu, deixando no solo granadas e porta-granadas (tenho fotos, uma pode ser vista no meu Livro "O Corredor da Morte"). Estávamos no fim da Comissão e as preocupações eram muitas principalmente em Guileje, Gandembel (um verdadeiro inferno, e é pena que esses nossos camaradas que muito sofreram apareçam a narrar suas histórias). Ganturé (destacamento de Gadamael Porto) também tem as suas histórias, os três mortos da 1659 faziam parte dos militares de Gantureé. 

Enquanto a CART 1659 monta segurança no "cruzamento".  sobrevoam três MiG sobre nós. Disse, em voz alta: 
- Estamos fodidos, se estes começam a intervir!...

Mas tudo ficou guardado no tal baú do esquecimento. Quando for descoberto - duvido pela simples razão de me ser dito nos tais "Recursos Humanos" do Porto, e não sei a razão dos mesmos terem saído de Lisboa, afinal está ainda ser a capital. Pois aquilo que entendi foi que não existem só as Cadernetas Militares e os Processos Individuais como uns outros "Documentos escondidos e proibidos ou talvez confidenciais". 

Talvez até quem acabou por ser o tal Abibo Injassom, o Régulo de Ganturé, isto porque existe a versão, que não se digo ser verdadeira, ter sido um indivíduo entregue ao regime, existem situações que jogam em seu favor, sei ser verdade, mas depois tudo joga contra, lembrar a "Operação Rinoceronte", quando andou perdido 11 dias o Silva. Conheço o suficiente para desconfiar desse Abibo, Tenente de 2ª linha e tendo um nome que quer dizer AMOR. 

Os MiG estiveram lá e não entendo porque não actuaram logo, sendo verdade ter o napalm, e não só, sido utilizado por nós. Somente muito após o 25 de Abril se assumiu. 

Gostava que este meu testemunho fosse público e os camaradas comentassem: (i) não esquecer Madina de Boé: e (ii) não esquecer a saída de Guileje para Gadamael, que considero a única alternativa, e alguns camaradas condenam; em Bissau existiram muitos juízes.
Um abraço a todos, e difíícil para mim. Estou doente e não sinto os dedos e o telemóvel é táctil. Tive de encurtar o texto. Mário Vitorino Gaspar 


Guiné > Região de Tombali > Buba; Junho de 1973 > 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612 (1972/74) > O Jorge Canhão, "na LDG [, Lancha de Desembarque Grande,] a caminho do inferno [, Gadamael]", em reforço temporário ao COP 5, de 18 de junho a 13 de julho de 1973.

Foto: © Jorge Canhão (2011). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


C. Comentário (*)  do Jorge Canhão, que vive em Oeiras (ex-Fur Mil At Inf da 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74):

No tempo em que estive na Guiné (Out 72 a Ago 74) nunca vi nenhum MiG, no entanto foi-me apresentado um pequeno "álbum de fotografias" na secretaria da minha companhia  (3ª C/BCaç 4612/72) onde estavam pelo menos 3 fotos dos MiG 15 e outras tantas do MIG 17, em diversas posições para se comparar com as fotos do Fiat G 91.

A minha reacção nesse momento foi:
- O que fazemos?...Saudamos os aviões, ou "atacamo-los" de G3 ?...

Defesa anti-aérea ?...só de fisga. Eram as FFAA que tínhamos...carne para canhão.

Abraços

4 comentários:

Anónimo disse...

Agora, bem vista a foto do MIG 17 ou 15, o avião que vimos em Mina, poderia
muito ser igual a este das fotos.
Já me recordei, que a informação prestada pelo Capitão QP, Manuel Gonçalves
Braga, comandante da 412, o avião seria da Serra Leoa, que se havia perdido.
Claro que não acreditamos, pois consultando o mapa de África a dita Serra Leoa
ficava bem longe e o jacto cairia no regresso, por falta de combustivel.
Compreendemos que foi para não alarmar a malta
Cumprimentos
Alcidio marinho

Anónimo disse...

Vd. aqui anterior comentário de Alcídio Marinho [ ex-fur mil inf, CCAÇ 412
(Bafatá, 1963/65)]:


(...) Nessa altura, julho de 1963, estava eu destacado no Xitole em reforço do Pelotão Independente, não me recordo o dia, fomos fazer uma incursão na região de Mina, quando ouvimos o troar dum F-16 (Sabre) e o alferes Cardoso Pires ordenou que precisavámos de nos deslocar rapidamente para uma clareira pois podíamos ser confundidos com turras.

De facto, o piloto viu qualquer coisa em baixo e voltou a passar rente às árvores para verificar e fez a manobra de balouçar as asas, confirmando que nos tinha reconhecido. Passado pouco tempo ouvimos um troar doutro jacto, vindo de sudeste, da direcção da Aldeia Formosa. Fizemos a manobra anterior, mas qual é o nosso espanto que o aparelho era totalmente diferente, dirigia-se na direcção do Fiofioli, mas de repente fez uma curva rápida e desapareceu para Sul.

Quando chegamos ao Xitole mandamos um rádio informando o sucedido. (...)

___________________

8 DE SETEMBRO DE 2015
Guiné 63/74 - P15090: (Ex)citações (290): Que ele havia, no meu tempo, coisas estranhas no céu, havia... Se eram aeronaves inimigas ou ovnis, não sei... (Henrique Cerqueira, Bissorã, 1972/74; Alcídio Marinho, Xitole e Bafatá, 1963/65)

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2015/09/guine-6374-p15090-excitacoes-290-que.html

Anónimo disse...

Caros Camaradas:
Aos que viram, aos que ouviram falar, a todos eu digo que a questão dos MIG´s, dos Carros de Combate e de outros meios de ataque do PAIGC que fizeram história, poderão ou deverão ter uma outra abordagem. Eles povoaram o imaginário dos combatentes de ambos os lados, mas por razões diferentes!... Todos eles chegaram ao "destino", antes de chegarem ao terreno. Para não me alongar muito, vou falar da minha experiência.
Qundo cheguei a Gadamael em JAN/65,falava-se do lado de lá da fronteira, entre os guerrilheiros, de Carros de Combate. Os informadores vieram e comunicaram isso mesmo. O Comandante de Companhia deslocou-se a Bissau para tratar do assunto e pedir minas AC. Veio sem elas, mas o receio ficou!... Os anos passaram e penso que as minas AC só chegaram ao Setor por volta de fins de 70 ou talvez início de 71.
Os Carros de Combate não apareceram, mas em MAI/73 o Alto Comando Militar em Bissau considerava Gadamael particularmente vulnerável a um possível ou mesmo provável ataque do IN com Carros de Combate. Gadamael nesse mesmo mês foi dotado de um Pelotão de Canhões S/R. Gadamael não foi atacado, mas o ataque deu-se a Bedanda uns meses depois.
Remato com um ditado popular: "Para bom entendedor, meia palavra basta".
Um Abraço. - Manuel Vaz

Anónimo disse...

Olá Camaradas.
Após longa ausência, volto com este comentário. OK.

Desde Novembro de 1969 até Outubro de 1971 altura em regressei à Metrópole, sempre ouvi falar não só dos MIGs como também de um misterioso Helio-Canhão, que constava que era silêncioso, mas ouvia-se um ligeiro som das pás a cortar o vento, e era suposto só actuar durante a noite.
Isto era o que se ouvia falar, mas para ser sincero quase todas as noites, principalmente quando em serviço de reforço, focava os meus sentidos auditivos e visuais nesse sentido, tentar ouvir e ver esse misterioso Hélio-Canhão, mas não tive essa sorte, ou azar em o ter conseguido.
E é esta minha hitória quanto a esses objectos voadores.
Um abraços a todos os camarigos.
Tino Neves