quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15122: Da Suécia com saudade (50): A propósito do 'massacre de Sangonhá' (ou Sanconhá), de 6/1/1969... Contrariamente ao que escreve o gen pilav ref José Nico no poste P15038, não encontrei, até agora, nos arquivos do reino da Suécia, qualquer referência à eventual presença, nesse dia e local, de uma equipa cinematográfica sueca...


Guiné-Bissau > Bissau > ONG AD - Acção para o Desenvolvimento > 12 de dezembro de 2013 > Atelier ambiental transfronteiriço em Sanconhá (sic). Foto: cortesia da página da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, cofundada e dirigida, até à sua morte, pelo nosso saudoso amigo Pepito (1949-2014).

 "De 6 a 7 de dezembro de 2013, realizou-se em Sanconhá, junto à fronteira com a Republica da Guiné, o 2º atelier transfronteiriço, o qual tomou decisões muito importantes. Salienta-se a criação do 'Parque Comunitário Para a Paz, de N’Compá', a primeira área transfronteiriça dos dois países, a partir do qual se estabelecerá um processo de cooperação para o desenvolvimento das populações de ambos os lados da fronteira."

Foto (e legenda): © AD - Acção para o Desenvolvimento (2013). Todos os direitos reservados



1. Mensagem do nosso grã-tabanqueiro José Belo, régulo da Tabanca da Lapónia...

[ foto atual à esquerda: José Belo, ex-alf mil inf, CCAÇ 2381 (Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70); atualmente é cap inf ref e vive na Suécia há quase 40 anos]

Data: 17 de setembro de 2015 às 17:36
Assunto: O poste 15038 e..."Os olhos azuis"


"Romanceamentos"


Os antigos combatentes continuam,e continuarão,a sentir profundo orgulho no seu serviço prestado na Guiné.

Existem dificuldades, mais do que compreensíveis,  em esquecer que algumas das ajudas humanitárias e económicas dadas por outros países aos movimentos de libertação que nos combatiam,  acabavam por, indirectamente, aumentar as suas capacidades militares e o número de mortos e feridos que nos iam causando.

Independentemente das ideias políticas de cada um, não o reconhecer seria mais do que falacioso na injustiça para com os camaradas que directamente vieram a sofrer as consequências destes auxílios.

Uma política nacional de apoio económico e social aos movimentos de libertação em África, América Central e do Sul, assim como ao Vietname, foi a dominante sueca nos anos sessenta e inícios de setenta.

Mas terá alguma vez havido "amizades" entre as políticas nacionais dos diversos países europeus, independentemente de o facto aparentamente poder "chocar" alguns militares com altos postos?

Assim como o governo português, no que julgava ser uma política colonial de defesa dos interesses nacionais, näo foi pedir sugestões aos suecos, não se pode estranhar que estes também o não tenham feito quanto aos seus interesses.

A Força Aérea de que todos nos devemos orgulhar

O sr. general José Nico apresentou de forma interessante, e profissional, a actuação da nossa Forçaa Aérea aquando das operações em Sangonhá [ou Sanconhá, para os guineenses, antes e depois da independência].

Mais uma vez se pode verificar com profundo orgulho a coragem, voluntarismo, eficácia e dedicação demonstradas pelos profissionais que faziam os possíveis, e os "impossíveis", para obterem o melhor rendimento e resultados do material de que dispunham, arriscando muitas vezes a vida ao procurar contornar muitas das limitações enfrentadas diariamente.

O mesmo näo o posso fazer quando o sr. general começa a divagar em análises político-sociais que de tudo um pouco envolvem no respeitante à Suécia, suas gentes, realidades económicas. Não menos, por leituras aparentemente fáceis sobre o luteranismo e suas influências histórico-actuais.

O sr. general terá, obviamente, todo o direito de ter as opiniöes que achar por boas.

Ao ponderar sobre assuntos técnico-operacionais da sua Arma e Especialidade há que humildemente saber ouvir.

No entanto, ao entrar por divagações políticas, alguns de nós, com a mesma humildade e respeito anteriormente referido, pdoerão... discordar.

Toda a divagação pós-operacional se situa na hipótese de que o nosso sucesso em Sangonhá [ou Sanconhá] se tornou possível pelo facto de os guerrilheiros do PAIGC estarem a participar ,como figurantes, em filme sueco de propaganda quanto às suas capacidades militares.

Tal conclusão é unicamente baseada num relatório apresentado pela polícia política da ditadura, que o sr. general cita de memória, pois acaba por admitir não ter até à data podido provar a [sua] existência por... [ter] desaparecido.

Basear täo "nuanceadas" conclusões em relatório único da polícia política, envolvida na guerra de propaganda e contra-propaganda, será, pelo menos, um pouco limitado nas fontes.

Muitas e díspares opiniões se poderão ter sobre a Direção Geral de Seguranca [, DGS],mas será pouco admissível acreditar-se serem os mesmos ingénuos e incompetentes na contra-propaganda da zona de guerra na Guiné.

Nem a nível oficial, nem a níveis pessoais, existe qualquer referência a tal filme entre as gentes do PAIGC,

Sabendo-se o gosto pelo "ronco" por parte da maioria dos locais, ou mesmo a lógica utilização de tão grande desastre militar como arma de arremesso (então ou posterior) entre as inúmeras facções políticas guineenses, este não documentado desastre é, pelo menos, estranho.

As [escrutinadíssimas] fontes suecas

Decidi então procurar na Suécia respostas.

Primeiro junto do Partido do Governo na data da ocorrência (socialistas), não encontrando nos arquivos qualquer referência a filmagens em Sangonhá [ou Sanconhá].

Forneceram-me contactos quanto aos arquivos do Departamento Estatal que trata dos assuntos relacionados com os apoios aos países em desenvolvimento e, tanto referido à Guiné como ao PAIGC em particular,  nada está referenciado quanto a tal ocorrência.

Para acalmar o nosso gosto mórbido quanto a possíveis "conspirações do silêncio" acabei por também contactar os sindicatos dos cineastas, fotógrafos e jornalistas na busca de participantes vivos, mortos ou feridos nas pessoas dos profissionais neles registados.

Nada quanto ao filme, participações, e muito menos quanto a mortos ou feridos.

Quanto aos últimos, numa sociedade totalmente aberta ao escrutínio dos cidadãos como é a sueca, mortos e feridos em África sem terem surgido nos jornais,TV, rádio, ou em discussões inter-parlamentares, é algo de impossível.

Temos portanto até hoje o tal relatório da Direção Geral de Segurança misteriosamente desaparecido em Portugal.

A não ter uma das tais suecas de olhos azuis ido aí para o destruir,  restam-nos sentimentos de fé, certamente muito válidos quanto aos Arquivos do Vaticano mas...quanto à política da ditadura e seus agentes?

Não tendo qualquer procuração jurídica, necessidade ideológica ou desejo pessoal de defender as políticas do reino da Suécia ( e quem sou eu para o fazer?), ficamos à espera que alguém encontre referências documentadas sobre o assunto, e deste modo, evitando intrepretações subjectivas,  passíveis de debates mais ou menos... romanceados.

Um grande abraço, desde Estocolmo,
do José Belo.

____________


(...) Segunda parte do trabalho da autoria do General PilAv José Francisco Fernando Nico, versando a ajuda da Suécia aos Movimentos de Libertação africanos, durante a guerra colonial, enviado ao Blogue pelo nosso camarada Miguel Pessoa, Cor PilAv Ref (ex-Ten PilAv, BA 12, Bissalanca, 1972/74) em 22 de Agosto de 2015.

(...) A razão para o suicídio do PAIGC em Sangonhá

(...) Por acaso tudo se aclarou alguns dias mais tarde ao ler um relatório da DGS que chegou ao gabinete do Comandante do Grupo Operacional 1201. Para mim foi uma espécie de relâmpago que tudo iluminou e desvendou, num instante, a lógica daquele comportamento estranho do PAIGC. Não consegui agora encontrar nenhum registo desse documento mas o facto é que me marcou tanto que nunca mais esqueci o essencial do que li. Resumidamente, a DGS dava conta de que o ataque se tinha enquadrado numa acção de propaganda promovida pela Suécia. Na minha opinião, muito provavelmente a pedido do próprio Amílcar Cabral, resolveram aproveitar o abandono de Sangonhá para simular a tomada do aquartelamento pela guerrilha. O cenário não podia ser mais perfeito. Antes de abandonar a posição, as instalações do aquartelamento tinham sido destruídas pelo Exército e essa imagem podia ser facilmente mostrada em fotografia e filme como sendo consequência dos ataques do PAIGC. Depois, a posição “acabada de conquistar” podia ser utilizada para mostrar o poder de fogo do PAIGC contra as posições que se preparavam para conquistar a seguir: Ganturé e Gadamael. Uma equipa de repórteres, incluindo fotógrafos e cineastas,  deslocou-se para esse efeito à Guiné-Conacri onde se juntou aos guerrilheiros. Um total de 400 pessoas terão estado envolvidas em toda a operação,  segundo as informações do régulo Abibo,  de Ganturé.

Ficou assim explicado porque razão o PAIGC se tinha exposto em pleno dia a levar com as bombas da aviação. É que não era possível fotografar nem filmar sem luz. Também não fazia sentido estarem escondidos quando tinham acabado de derrotar e afugentar o inimigo. Tinham, é claro, a noção de que iam correr um grande risco e por isso o terem levado a ZPU-4 para se defenderem. Mas cometeram um segundo erro, este gravíssimo. Foram detectados e,  em vez de embalarem a trouxa e rumarem novamente à Guiné-Conacri, deixaram-se ficar. Pessoalmente penso que, como os dois primeiros aviões não abriram fogo, assumiram que, ou os tinham atingido, ou os tinham dissuadido e resolveram continuar a fazer a “fita”.

Faltava explicar a utilização das peças anti-carro porque, como já foi dito, não eram, nem armas de guerrilha, nem adequadas às flagelações aos aquartelamentos. Não há mesmo conhecimento de terem sido utilizadas em qualquer outra ocasião.

Uma explicação muito credível ocorreu-me quando descobri algumas fotos dessas armas no arquivo Amílcar Cabral da Fundação Mário Soares. Fiquei até convencido que respeitam à acção do dia 6 de Janeiro de 1969. Passo a explicar.

O objectivo da operação era produzir propaganda, como referiu a DGS no seu relatório. Havia, por isso, necessidade de mostrar grande capacidade militar e poder de fogo, factores esses que estariam a determinar avanços do PAIGC no terreno nomeadamente a conquista de posições ocupadas pelos portugueses. Acontecia que aquelas peças anti-carro tinham um reparo longo, tinham rodas e um cano comprido. As eventuais audiências alvo da propaganda ficariam certamente muito mais impressionadas se o ataque fosse feito com estas peças de artilharia em vez dos tradicionais morteiros ou dos canhões sem recuo que eram armas relativamente pequenas. Só uma razão desta natureza os poderá ter levado a não utilizar o armamento tradicional nesta flagelação a Ganturé: nenhuma granada rebentou no perímetro do destacamento. (...)

(...) Concluindo, ironicamente pelo menos desta vez, a bondosa ajuda humanitária sueca cujo objectivo foi soprar “os ventos da história”,  contribuindo para a derrota militar dos portugueses,  não conseguiu infligir baixas às nossas forças. Ao invés, provocou um número substancial de mortos, feridos e incapacitados entre os guerrilheiros e, muito provavelmente, também entre os apoiantes cubanos, repórteres, fotógrafos e cineastas suecos. Que foram encontrados diversos despojos de pele branca é um facto,  mas nunca se conseguiu saber a quem teriam pertencido. O PAIGC e o governo sueco, em escrupulosa obediência às regras da propaganda nunca revelaram, nem durante a guerra, nem depois, este desastroso embate. (...)


5 comentários:

Luís Graça disse...

No Arquivo Amílcar Cabral, disponível em linha no portal Casa Comum, da Fundação Mário Soares, encontrámos 4 referências a "Sanconhá" e nenhuma a "Sangonhá"... O toponónimo é hoje grafado como "Sanconhá"...

http://casacomum.org/cc/pesqArquivo.php?termo=Assunto%3ASanconha

Uma delas é posterior à data de 6/1/1969... Trata-se de um documento disponível em:


http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40665



Pasta: 07200.170.071
Título: Comunicado de guerra [Frente Sul]
Assunto: Mensagem enviada da base de Candjafara por Pansau [Na Isna] comunicando o avanço inimigo em Cameconde, Ganturé e Guiledje e a emboscada preparada pelos guerrilheiros do PAIGC na estrada Kakoka-Sanconha, no dia 18 de Fevereiro de 1969.
Data: Sábado, 22 de Fevereiro de 1969
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Documentos
Página(s): 1

Luís Graça disse...


O termo grafado pelos nossos cartógrafos é "Sangonhá":

http://www.ensp.unl.pt/luis.graca/guine_guerracolonial21_mapa_Cacoca_Gadamael.html

Temos 27 referências a "Sangonhá".

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/Sangonh%C3%A1

Luís Graça disse...

Háum bom artigo, na Wikipédia, em inglês sobre as relações entre a Suécia e o PAIGC, e depois entre a Suécia e a Guiné-Bissau...

https://en.wikipedia.org/wiki/Guinea-Bissau%E2%80%93Sweden_relations

Mas o tema já aqui foi abordado, extensa e detalhadamente, pelo nosso camarada José Belo (há 4 dezenas de anos na Suécia).

Luís Graça disse...


Recorde-se aqui o relato, em primeira mão, no blogue, do "massacre de Sangonhá":



(...) No dia 6 de janeiro de 1969, cerca das 8 horas da manhã as forças do PAIGC, estacionadas na antiga pista do quartel abandonado de Sangonhá, iniciaram um ataque bastante cerrado com armas pesadas ao destacamento de Ganturé, tendo caído algumas granadas no interior do mesmo.

O pessoal do destacamento [de Ganturé] respondeu com morteiro 81 e 60, mas o ataque continuava. Então pediram apoio a Gadamael, que reagiu com mesmo tipo de armamento e, se a memória não me falha, também com o obus 8,8 [, ou peça de artilharia 11,4 ?].

Mesmo assim a festa não parava e então pediu-se o apoio aéreo, que surgiu, composto por dois Fiat.

(...) Pediram-nos a localização provável de onde estávamos a ser atacados, e que sinalizámos com granadas de fumo, disparadas pelo morteiro 81. Dirigiram-se para essa zona e de imediato começámos a ouvir rajadas - eram de anti-aérea - e nós perguntámos aos pilotos se eram eles que estavam a fazer fogo, tendo-nos respondido que não! Então, numa conversa entre ambos os pilotos, ouvimos um deles dizer ao outro "senti qualquer coisa no meu aparelho"! E comunicaram-nos que iam regressar a Bissau.

Passado algum tempo regressaram 4 Fiat e mais tarde 2 T-6 e uma DO [- Dornier 27]. Entraram pelo lado de Cacine e de imediato iniciaram o lançamento de bombas, cuja explosão era perfeitamente audível e sentida através de fortes tremores do solo. (Estávamos a uma distância de cerca de 6/8 Kms em linha recta).(...)

A operação terminou cerca das 13 horas desse dia, 6]. Na tentativa de sabermos exctamente o que tinha acontecido, eu e o Rodrigues (ex-Alferes Miliciano) reunimos um grupo razoável de voluntários, e pedimos ao Capitão para nos deslocarmos ao local, mas a nossa pretensão não teve acolhimento. Apanhámos um grande balde de água fria!

Somente no dia 9 [de janeiro de 1969, três dias depois], com apoio aéreo, é que fomos ao local. No percurso encontrámos carretéis de fio telefónico com uma extensão de cerca de 4/5 kms, abrigos individuais ao lado da estrada, e, na antiga pista [ de Sangonhá], armas destruídas e pedaços de corpos de negros e brancos e 13 sepulturas.

Uns dias depois tivemos a informação de 36 mortos confirmados e muitos feridos.

O aspecto do local era medonho! A terra, cuja cor natural é avermelhada, tinha a cor cinza! O intenso cheiro a putrefacção! Os abutres (jagudis) às dezenas! As árvores queimadas! (...)


23 DE FEVEREIRO DE 2008

Guiné 63/74 - P2574: Estórias de Guileje (9): O massacre de Sangonhá, pela Força Aérea, em 6 de Janeiro de 1969 (José Rocha)

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2008/02/guin-6374-p2574-estrias-de-guileje-9-o.html

Antº Rosinha disse...

"No entanto, embora as asas e solidariedade movimentos suecos de esquerda pediram "apoio incondicional" para a luta armada do PAIGC, a ajuda oficial sueco foi limitado a actividades não-militares. [12] A ala direita do Partido Moderado era a única força parlamentar que se opunha assistência sueco aos movimentos anti-coloniais. [6]"

Luís fui ao tradutor automático, do artigo da Wikipédia que recomendas.

Esta colaboração de José Belo é riquíssima para a "nossa guerra", digo nossa, porque com tantas guerras por aí, pouca gente além de nós, se deve preocupar com estas coisas que escrevemos do antigamente.

Embora tudo o que vem lá na Wikipédia, já seja velho para a maioria que acompanhou aqueles países nórdicos, (também a Noruega e Dinamarca ajudaram, naquela ignorância), temos que lembrar que os suecos actuaram quase exclusivamente nas colónias portuguesas e belgas, Congo Belga, Ruanda e Burundi.

Eram as colónias onde a União Soviética, se aplicou mais (com Lumumba e Amílcar, Agostinho Neto e Samora).

Porque nas colónias inglesas e francesas, não tinham direito de pôr lá os cotos.

Uma das colónias que os soviéticos mais almejavam, além da África do Sul e todo o chamado cone de África, era o Quénia, que os ingleses guardavam a sete chaves.

Talvez só no chamado corno de África, Etiópia e Somália, ponto crucial para os Soviéticos, os Suecos lá fossem, mas de longe.

Mas como diz na Wikipédia, os suecos mais à esquerda, queriam mesmo dar ajuda militar para correr com a malta.

Aliás, todas as chamadas esquerdas europeias daquele tempo (PCI, PCF, PCP, e outros socialistas)mandavam pegar em armas contra nós.

E nas Nações Unidas votavam ao lado dos afro-asiáticos correrem connosco à força de armas.

Mas para os africanos, pior que a nossa "expulsão" das colónias, viria a ser as ajudas e as boas intenções daquele esquerdismo europeu da guerra fria.

É que as ajudas foram como diz no artigo da Wikipédia, para o PAIGC.

Já no Congo Belga, Ruanda e Burundi as ajudas iam para os chefes fazerem a "distribuição", pelas tabancas. (isso não li na Wikipédia, conheci ao vivo em 1960, o programa de ajuda).

Mas a ajuda sueca e outras eram tão venenosas para os africanos, que os dirigentes usavam essas ajudas, primeiro para demonstrar ao povo que eram apoiados pelo seu próprio valor, carisma, honestidade, patriotismo, generosidade e todas as qualidades de um grande futuro chefe.

Daí o povo ter ajoelhar de gratidão ao grande chefe.

E, em segundo lugar, esses mesmos Cabrais, Netos e Samoras, para não dizer outros nomes, faziam longos discursos exibindo umas esmolas, como bolsas de estudo na Suécia, (para os filhos) ou Moscovo (para os enteados), ou Cuba (para os cuitado) e com mais alguma distribuição de arroz, apregoavam que não precisavam dos Tuga-colon, ou no outro caso dos Belgas, "porque os nossos amigos" vão-nos ajudar.

Daí termos o resultado dessas ajudas tão negativo que os Suecos na Guiné estiveram às dezenas durante vários anos, e acabaram por desistir.

Só que deixaram uma sensação de dependência, que agora ficou um vazio que ninguém sabe como preencher

Como sou tanto contra a ajuda militar como humanitária dos suecos e russos, porque tal como o chamado neocolonialismo inglês e francês foram pior que o colonialismo que se praticava naquele tempo, não me calo sobre o que vi, vivi.

Pior que as injustiças do colonialismo, que JAMAIS DEVIA EXISTIR, foram essas ajudas pela mentira, falsidade, cinismo e mais criminoso, porque um cipaio colonial não passava de segundo cabo, jamais sonharia chegar a general, como um Mobutu ou um Idi Amin, ou um Bokassa, e não digo outros nomes, cala-te boca!

A Europa também vai pagar! sempre, há mais 5 anos a repetir-me.

Cumprimentos