Primeira página do "Diário de Lisboa", de 8 de fevereiro de 1969, 2ª edição. Apesar da censura, a notícia (lacónica) da tragédia no Rio Corubal, ocorrida em 6/2/1969, passou na imprensa escrita da época. (Repare-se que não há qualquer referência à retirada de Madina do Boé; o leitor fica com a ideia de que foi apenas um acidente com um jangada, embora com trágicas consequências; não sei se chegou a ser dado conhecimento aos portugueses dos resultados do "inquérito às circunstâncias que envolveram, o acidente").
Recordo-me de ter lido esta notícia e de ter ficado perturbado. Era então 1º cabo miliciano em Castelo Branco, no BC6, e ainda não sabia que já estava (ou estava para ser) mobilizado para a Guiné... LG
Fonte: Cortesia de Casa Comum (portal da Fundação Mário Soares > Arquivos > Diário de Lisboa / Ruella Ramos
(1969), "Diário de Lisboa", nº 16573, Ano 48, Sábado, 8 de Fevereiro de 1969, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_7148 (2016-2-6)
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Nota do editor:
5 comentários:
Um minuto de silêncio......
Valdemar Queiroz
Sim concordo. Um minuto de silêncio.
Deve ter sido o maior desastre de toda a guerra e sem intervenção do inimigo.
Uma desgraça!
Mas reparem que, apesar das censuras, soube-se logo a identificação das vítimas e hoje a nossa memória - a História - regista o acontecimento e descreve-o e os participantes evocarão até poderem o que sucedeu.
Comparem este proceder com o do PAIGC que andamos a discutir noutro post.
Apesar de tudo não tentamos enganar a memória nem prescindimos dela.
Um bom domingo para todos.
António J. P. Costa
Estamos de acordo, Tó Zé!... De qualquer modo era difícil "esconder 47 mortos"... E depois era já outro homem e outro militar, como com-chefe e governador que estava á frente dos destinos da Guiné... Os mortos, em todos as guerras, também servem de moeda de troca...
Por outro lado, não encontras nos registos da Assemleia Nacional qualquer referência, mesmo antes da ordem do dia, a esta tragédia... Não há uma única palavra de pesar dos lídimos representantes da NaçãO... Eu pleno menos não encontrei nessa data (fevereiro de 1969):
http://debates.parlamento.pt/pesquisa?q=guin%C3%A9
Já o mesmo não se passa quando, passados cinco meses, em 27/7/1969, morreramn 4 deputados num desastre de helicóptero: José Pedro Pinto Leite, chefe da chamada "ala liberal" da Assembleia Nacional), Leonardo Coimbra, Vicente de Abreu e Pinto Bull (deputado pela Guiné).
Recorde-se que o acidente deu-se por volta das 15.00 horas do dia 26 de julho de 1969, com um helicóptero da FAP quando voava de Teixeira Pinto psra Bissau e foi atingido por um forte tornado. A aeronave era pilotada pelo alferes miliciano piloto Francisco Lopes Manso e fazia parte duma formação de 3 helicópteros, Além dos 4 deputados, o helicóptero sinistrado transportava como passageiro o capitão de cavalaria Carvalho de Andrade, oficial de ligação do Comando Chefe das fOrças Armandas da Província da Guiné. Houve portanto seis mortos.
Nessa altura houve, e bem, manifestações de pesar da Assembleia Nacioanl.
António José Pereira da Costa
7 fev 2015 15:52
Olá Camarada
Tudo tem de ser visto no contexto.
Além disso, como sabes, a proximidade é que gera o sofrimento e as homenagens, entre outras coisas...
A perda de 4 deputados está mais próxima do que a morte de 47 soldados, mesmo que "a guerra que nos era imposta" fosse uma preocupação(?) diária dos lídimos de quem falas.
Compreende-se. Por mim, posso discordar, mas não me admiro.
Um Ab.
TZ
Contei 47 nomes, há vários guineenses...
Recorde-se também aqui a tragédia, ainda maior, ocorrida no Rio Zambeze, Moçambique, em 21 de junho de 1969 em que desapareceram 101 militares... Um batelão, com 150 homens e 30 viaturas, fazia a travessia do rio, quando começou a meter água, por excesso de peso...
Era então governador da província o dr.Baltazar Rebelo de Sousa que viria, em 1970/72, ser ministro da saúde e assistência, em governo de Marcelo Caetano.
http://bcac1891.blogspot.pt/2011/08/a-tragedia-do-rio-zambeze-1969.html
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