segunda-feira, 25 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16330: Inquérito 'on line' (60) Para que servia a faca de mato? Num total (provisóro) de 55 respostas, um terço diz que nunca teve nenhuma; era sobretudo: (i) um objeto multiuso (38%); (ii) ferramenta de sapador (M/A) (29%); e (iii) abre-latas (29%)... Mais respostas precisam-se até 5ª feira, dia 28... José Colaço mandou-nos uma foto da sua faca de mato que sobreviveu ao incêndio do paiol em Camamude


Se a  minha faca de mato falasse...

Foto (e legenda): ©  José Colaço (2016). Todos os direitos reservados.


I. INQUÉRITO DE OPINIÃO: 

"PARA QUE SERVIA A FACA DE MATO ?" (PODES DAR MAIS DO QUE UMA RESPOSTA)... 

RESULTADOS PRELIMINARES (n=55)



1. Arma de defesa  > 7 (12%)


2. Limpar o sebo ao IN  > 2 (3%)



3. Abre-latas > 16 (29%) 


4. Talher 3 em 1 (faca, garfo, colher)  > 11 (20%)



5. Ferramenta de sapador (MA)  > 16 (29%)



6. Adereço / ronco  > 10 (18%)



7. Outros usos (mato/quartel)  > 21 (38%)


8. "A minha amiga inseparável"  > 6 (10%

9. Objeto completamente inútil  > 0 (0%)



10. Nunca tive faca de mato  > 19 (34%)



11. Não sei / não me lembro  > 0 (0%)



Votos apurados às 12h00 de 25/7/201 6 > : 55 
Dias que restam para votar: 3




Foto: José [Botelho] Colaço ex-soldado trms da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), membro da nossa Tabanca Grande desde 2 de junho de 2008: tem 70 referência no nosso blogue.

II. Mensagem do nosso veteraníssimo José Colaço, com data de 23 do corrente:

Para arquivo do blogue, junto uma foto da minha faca de mato...

Se a minha faca de mato falasse, teria algo importante a contar. Eis o que resta da minha faca de mato depois de ter passado pelas agruras e , malefícios da guerra da Guiné, inclusive ter estado envolvida no incêndio do paiol em Camamude, no  sector de Bafatá, onde só a parte metálica resistiu. Devido ao calor que sofreu, perdeu a têmpera, o cabo que ostenta é em madeira feito por mim. 

É um exemplo de resistência, mas está velha igual ao dono.

Um alfa bravo,
José Colaço.
____________

Nota do editor:

4 comentários:

Henrique Cerqueira disse...

A minha faca de mato era um sabre baioneta da espingarda Mauser ou Manelik ( não sei se é assim que se escreve).Era uma faca com uma bainha executada em pele por um soldado milícia Mandinga que ma ofereceu em troca de algo que já não me lembro.
Essa faca na altura eu a usava há cinta pois que estando eu numa CCAÇ(Africana) dava um certo ar de valentia , pois que era muito importante nós darmos esse ar junto das tropas africanas que chefiava-mos. De resto a faca era tendencialmente usada para abrir as latas de conserva que compunham a ração de combate. Mas que dava um certo ronco lá isso dava.Enfim velhos tempos...
Já agora e segundo me lembro a faca de mato não fazia parte do equipamento obrigatório da nossa tropa. Mas também pode ser que em algumas unidades tenha sido diferente.
Um abraço Henrique Cerqueira

José Botelho Colaço disse...

Henrique penso ter sido o primeiro a contestar e afirmar que a faca de mato no meu tempo 1963/65 não fazia parte do equipamento militar, mas podia ser adquirida comprada em Bissau, o sabre baioneta esse sim no meu tempo era parte integrante do equipamento militar embora a minha companhia tenha recebido a G3 e não a Mauser a que o sabre se adaptava, mas tinha que ser devolvido no espólio no final da campanha militar obrigatória. Em resposta passo o termo de um comentário de um camarada que disse que a faca de mato fazia parte do equipamento militar.
Um abraço Colaço.

Ps: Resumindo a história do meu sabre baioneta que foi utilizado como ferramenta de sapador para abrir um caixote de um camarada em Catió, com a azafama na partida da saída para o (mato operação tridente) ficou lá esquecido e eu se há coisas que a memória não guarda essa foi uma delas, já tinha falado com o capitão e uma das hipóteses possíveis era o desaparecimento numa nas passagem de um dos muitos canais existentes na Ilha para evitar o levantamento de um auto caso o mesmo não aparecesse.
Mas eis que um dia em conversa com um camarada me disse que dentro do caixote dele vindo de Catió tinham-lhe roubado a colher, mas em contrapartida tinham lá deixado um sabre baioneta e aí se fez luz sobre a minha memória contei-lhe a história e pelo nº verificou-se que sabre era o meu, tudo ficou resolvido sem processo disciplinar auto de guerra sei lá mais kê e só com umas "bejecas" na cantina que nessa altura já contemplava o aquartelamento do Cachil.


















Manuel Carvalho disse...

Tinha uma faca de mato Solingen que comprei no Niassa. No pelotão julgo que era o único que tinha e na companhia penso que haviam mais algumas mas poucas.Naqueles lugares era usada para muitas tarefas.No mato pediam-ma muitas vezes e eu nem sempre sabia muito bem para quê.Havia quem levasse catanas normais e algumas mais pequenas e afiadas e de bom aço.Numa operação abatemos uma vaca já não me lembro muito bem em que circunstancias, que retalhamos e veio para o quartel toda até as tripas.

Manuel Carvalho

Henrique Cerqueira disse...

Camarada José Colaço.
Eu na realidade sou um periquito á tua beira pois que estive na Guiné em 72/74.Isto porque eu não tive a Mauser mas sim a G3. Quem ainda tinha essas armas e até sem controlo rigoroso eram alguns milícias mais antigos e certamente o dito sabre-baioneta era de uma dessas armas.E como saberás não era muito difícil a troco de umas bebidas ou uns patacões comprar esses artefactos que foi esse o meu caso.Inclusivamente e como quase toda a gente comprei outras facas artesanais e embelezadas com a arte Mandinga ou Bijagó. Que serviram mais tarde para pendurar na parede.Hoje já lhes perdi o rasto.
Também é certo que as armas facas ou não nunca foram o meu forte. Mas quando deram jeito lá se foram usando conforme as situações.
Um abraço.
Henrique Cerqueira