quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24540: Fotos do álbum do cor inf ref Mário Arada Pinheiro, antigo 2º cmd do BCAÇ 2930 (Catió, 1970/72) e cmdt do Comando Geral de Milícias (Bissau, 1972/73)


Foto nº 1 > Guiné > Região de Tombali > Catió > BCAÇ 2930 (Catió, 1970-72) >  O então maj inf Mário Arada Pinheiro, 2º cmdt do BCAÇ 2930, com a "raínha de Catió" e algumas das suas filhas... Em chão nalu, ela era fula. As miúdas mais pequenas estão "meio escondidas", envergonhadas ou intimidadas (como era normal, na presença dos "tugas")...

Foto nº 1A > Guiné > Região de Tombali > Catió > BCAÇ 2930 (Catió, 1970-72) > O então maj inf Mário Arada Pinheiro, 2º cmdt do BCAÇ 2930, com a "raínha de Catió" e duas das suas netas... 


A raínha de Catió, Catió, 1972


O major inf Arada Pinheiro, 2º cmdt,
BCAÇ 2930, Catió, 1972



O Cmdt CCS / BCAÇ 2930, cap SGE Manuel Pereira
 de Carvalho (já falecido)


O major inf Arada Pinheiro, 2º cmdt,
BCAÇ 2930, à esquerda,  e o ten cor  
Ernesto Orlando Vieira Correia (já falecido)

1. Em complemento do poste P24275 (*), o nosso novo grã-tabanqueiro, nº 871, cor inf ref Mário Arada Pinheiro,  com 90 anos de idade (completados em 12/12/2022), mandou-nos  mais algumas fotos do seu tempo de Guiné,para completar o seu processo de adesão à Tabanca Grande.

Recorde-se que, após duas comissões de serviço em Moçambique, como capitão (em 1961/63 e 1968/70), foi mobilizado para a Guiné, como major, em rendição individual, e onde permaneceu, de 16/9/71 a 21/9/73.

Esteve um ano no comando do BCAÇ 2930 (Catió, 1971/73), em Catió, onde foi substituir o 2º comandante o maj inf Ernesto Orlando Vieira Correia, entretnato promovido a tenente coronele e cmdt do batalhão.  Também exerceu funções como oficial de  informações e operações. O 1º cmdt do BCAÇ 2930, ten Castro Ambrósio,  terá sido afastado, por Spín0ola, do comando da unidade por razões disciplinares.

O BCAÇ 2930 era apenas composto por Comando e CCS (cmdt, cap SGE, Manuel Pereira de Carvalho) não dispondo de subunidades operacionais orgânicas. Em 16dez70,  assumiu a responsabilidade do vasto Sector S3, com sede em Catió e abrangendo os subsectores de Bedanda, Catió, Cufar, Guileje, Gadamael e Cacine. 

Com as subunidades que lhe foram atribuídas, desenvolveu intensa actividade operacional de patrulhamento, reconhecimentos e de vigilância da fronteira, especialmente na zona do corredor do Guileje, tendo ainda os seus aquartelamentos e aldeamentos sido alvo de frequentes e fortes flagelações, especialmente quando situados junto da fronteira. Além disso, coordenou e impulsionou a execução dos trabalhos de construção dos reordenamentos de Catió, Cacine e Gadamael, entre outros e os trabalhos da estrada Catió-Cufar.

Em 21Ago72, foi rendido no sector pelo BCaç 4510/72 e recolheu a Bissau, onde se manteve aguardando embarque. Nessa altura, o Mário Arada Pinheiro foi colocado na 2ª Rep (Repartição de Operações), do QG/CCFAG, na Amura, cujo chefe era o tenente coronel Firmino Miguel. 

Cerca de 3 meses depois, foi convidao para (e nomeado) comandante do Comando Geral de Milícias, em substituição do major inf Carlos Fabião que regressara a Lisboa após 8 anos de Guiné.

Além das milícias, tinha também sob o seu comando as companhias africanas tal como os pelotões de caçadores nativos num total de cerca de 13000 militares.  

O hoje cor inf ref Arada Pinheiro estava no CTIG, colaborando diretamente com Spínola quando:

(i) o líder do PAIGC, Amílcar Cabral, é assassinado em Conacri, em 20 de janeiro de 1972: Spínola estava em reunião com a sua equipa quando o diretor da PIDE, em Bissau, o inspetor Fragoso Alas, considerado "seu homem de mão", o interrompeu com a trágica notícia; Spínola ficou visivelmente surpreendido e transtornado;

(ii) foi decidido ocupar o Cantanhez e lançar a Op Grande Empresa (iniciada em 11 de dezembro de 1972); a decisão foi tomada numa reunião a três (Spín0la, Arada Pinheiro e o chefe da Repartição de Operações, Manuel Batista, se não erro; Spínola exigiu total sigilo: "vocès nem às vossas mulheres fakam disto!"; e foi lançado, por sugestão do Mário Arada, na 5ª Rep (Café Bento) o boato de que ia ser desencadeada uma grande operação lá para o Nordeste do território, Buruntuma, etc.;

(iii) da crise dos mísseis Strela (a partir de 25 de março de 1973) (Spínola teve que "pegar na malta dos helis e pô-los a voar com ele"...).

No exercício das suas funçóes, o então major fez dezenas de viagens por via aérea (nomeadamente em DO-27 e heli) (falou-me em meia centena...) e apanhou dois valentes sustos... De uma vez, quando vinha para Bissau, de Cufar (via Cacine), o heli, que seguia ao longo da costa atlàntica, para evitar os "Strela", chocou contra uma gaivota; o impacto foi tão grande que estilhaçou e furou a carlinga do heli; o Mário Arada, que ia a dormitar, acordou com um estrondo e com os restos ensanguentrados do pássaro, colados no seu camuflado...

Outro susto teve a ver com uma DO-27 cujo motor parou, no regresso a Bissau...Ia a voar muito alto sobre a região de Quitafine; ele e o piloto (iam só eles os dois) decidiram fazer uma aterragem de emergència numa bolanha...O major preparou.se para ir "tomar um banho", descalçou as notas, etc... Quando a aeronave estava a 200 metros do solo (pouco mais de 600 pés), o motor voltou a funcionar!... Foi um grande alívio,  aterraram em Bissalanca onde tinham meia base à sua espera em grande alvoroço...
 


Batalhão de Caçadores n.º  2930 (1970/72)

Identificação: BCaç 2930

Unidade Mob: BC 10 - Chaves

Cmdt: TCor Inf Castro Ambrósio | TCor Inf Carlos Frederico Lopes da Rocha Peixoto | TCor Inf Ernesto Orlando Vieira Correia

2º  Cmdt: Maj Inf Ernesto Orlando Vieira Correia | Maj Inf  Mário Arada de Almeida Pinheiro

OInfOp/ Adj: Maj Inf Duarte Leite Pereira | Maj Inf Mário Arada de Almeida Pinheiro

Cmdt CCS: Cap SGE Manuel Pereira de Carvalho

Divisa: "Sempre Excelentes e Valorosos"

Partida: Embarque em 25Nov70; desembarque em 04Dez70 | Regresso: Embarque em 130ut72


Síntese da Actividade Operacional


Era apenas composto por Comando e CCS, não dispondo de subunidades operacionais orgânicas.

Em 16dez70, após sobreposição com o BArt 2865, desde 7dez70, assumiu a responsabilidade do Sector S3, com sede em Catió e abrangendo os subsectores de Bedanda, Catió, Cufar, Guileje, Gadamael e Cacine.

Com as subunidades que lhe foram atribuídas, desenvolveu intensa actividade operacional de patrulhamento, reconhecimentos e de vigilância da fronteira, especialmente na zona do corredor do Guileje, tendo ainda os seus aquartelamentos e aldeamentos sido alvo de frequentes e fortes flagelações, especialmente quando situados junto da fronteira. 

Além disso, coordenou e impulsionou a execução dos trabalhos de construção dos reordenamentos de Catió, Cacine e Gadamael, entre outros e os trabalhos da estrada Catió-Cufar.

Dentre o material capturado mais significativo, salienta-se: 4 pistolas-metralhadoras, 4 espingardas, 2 lança-granadas foguete, 87 granadas de espingarda e 68 minas.

Em 21Ago72, foi rendido no sector pelo BCaç 4510/72 e recolheu a Bissau, onde se manteve aguardando embarque.

Observações - Tem História da Unidade (Caixa n.º 92 - 2ª. Div/4.ª Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: fichas das unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pág. 150

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 1 de maio de 2023 > Guiné 61/74 - P24275: Tabanca Grande (549): As "fotos da praxe" do cor inf ref Mário Arada Pinheiro, que completou 90 anos em 12/12/2022... Foi 2.º cmdt do BCAÇ 2930 (Catió, 1971/73) e Cmdt do Comando Geral de Milícias (1973)

5 comentários:

amaral bernardo disse...

Foi com esta companhia que fui mobilizado e...com ela regressei ....após ter prestado assistência médica em todas as Unidades citadas,com excepção de Catió.
Revejo, com saudade, porque não, todos os camaradas citados, alguns já regressados à "poeira cósmica"de onde viemos.
Acrescento como nota que o "luxuoso Transatlântico" Carvalho de Araújo que nos levou a Bissau(recordo que antes destes "cruzeiros" com militares, fazia outros com gado dos Açores para Lisboa-óbvio que após adaptação dos porões do gado em requintadas suites para os soldados)nos presenteou com um incêndio às 04,30 AM, após a simulação de emergência da véspera à tarde.E lá fomos todos ataviados com o que o sistema nervoso autónomo e simpático nos permitiu ,mais o colete da ordem para o momento.(por pouco não fiquei sem o meu-um soldado, em passant, tentou resolver o problema dele!
O Carvalho de Araújo, penso que na última viagem para Lisboa, ofereceu um âncora ao Geba
Desculpem, mas acho que vem a propósito.




Tabanca Grande Luís Graça disse...

Meu caro doutor e professor Amaral Bernardo: vem tudo a propósito e folgo em ver-te por cá... Mantenhas. Luis.

Cherno Baldé disse...

Caro Luís Graça,

Em Catió, na altura, o Bairro dos fulas, melhor dizendo Futa-fulas era logo a entrada em Priame, onde também vivia a família do Cap.Cmd João Bacar Jaló. Por isso, quer-me parecer que a mulher grande aqui apresentada como a "rainha" poderia ser uma das suas viúvas ou familiar muito próximo para merecer as visitas de um alto oficial do Batalhão sediado em Catió. Os fulas não têm rainhas e muito menos no chão Nalú, mesmo estando em terras conquistadas pelos seus antepassados.

Talvez o Mário Arada Pinheiro nos possa esclarecer a dúvida.

Cherno Baldé

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Obrigado, Cherno, estou quase todos os dias com o coronel Mário Arada Pinheiro, tem casa de férias aqui na Praia da Areia Branca... E pertencemos ao menso cklube, o GAPAB / Vigia )Grupo dos Amigos da Praia da Areia Branca)... Vou-lhe "espicaçar" a memória, que é muito boa para quem já chegou aos 90 anos. (E ainda há dias o vi a conduzir aqui na Lourinhã.)

Realmente nunca vi nenhuma rainha "fula" iu "futa.fula"... Dos nalus conheci, em 2008, o "rei", Salifo Camará, falecido em 2011... Enm Angola, sim, houve várias rainhas, que ficaram na história... Mantenhas

PS - Sobre o Salifo Camará, aliás, Aladje Salifo Camará, régulo de Cadique Nalu e Lautchandé, antigo Combatente da Liberdade da Pátria, o rei dos nalus (tinha 87 anos em 2008; faleceu em 2011):

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2008/07/guin-6374-p3070-antropologia-6-o.html

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2011/02/guine-6374-p7836-incitacoes-29-morte-de.html

Tabanca Grande Luís Graça disse...


No pposte P19628, do João Sãcoto (que esteve em Catió, por volta de 1964/66), há uma fotografia desta "mulher grande, rainha de Catió"...Temos que a identificar melhor... Seria esposa (e depois viúva) do João Bacar Jalõ ?...

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2019/03/guine-6174-p19628-album-fotografico-de.html