Baião > Santa Cruz do Douro > Cemitério local > 20 de setembro de 2023 Aqui repousam, desde 1989 os restos mortais do escritor José Maria Éça de Queiroz (Póvoa do Varzim, 1845 - Paris, 1900). Estavam originalmente no cemitério do Alto de São João, em Lisboa. Serão transladados para o Panteão Nacional, no próximo dia 27 de setembro por decisão da Assembelia da República. A decisão tem o apoio da Fundação Eça de Queiroz e da maior parte dos herdeiros. (Alguns porém terão aparecido a contestar, à última hora, a decisáo parlamentar)
Na lápide, em pedra de granito, pode ler-se em letras já muito descoloridas e praticamente ilegíveis: "Aqui descansa entre os seus, José Maria Eça de Queiroz (1845-1900)".
(...) Proposta de percurso pedestre que de acordo com o relato do romance “A Cidade e as Serras”, tem início na Estação de Tormes (Aregos) prolongando-se serra acima por caminhos de natureza até Tormes ou Quinta de Vila Nova. A Estação é um dos elementos fundamentais do itinerário, pois é neste cenário que a expectativa urbana se confunde com a rusticidade do lugar, onde a curiosidade sobranceira de Jacinto se verga perante a graciosidade acolhedora da pequena infra-estrutura instalada entre a serra omnipresente e a, agora, calmaria das águas do rio. (...)
(*) Último poste da série > 20 de setembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24676: Manuscrito(s) (Luís Graça) (233): Quinta de Candoz, as primeiras cores outonais...
(...) Nascida em Lisboa em 1919, frequentou o Curso de Assistente Social e a Alliance Française, casando-se aos 21 anos. Depois de uma estada de cinco anos em Luanda, Angola, o casal fixou definitivamente residência em Baião, na casa materna de Manuel de Castro, a Quinta de Vila Nova, na freguesia de Santa Cruz do Douro.
Maria da Graça Salema de Castro participou na “Obra do Bem-Estar Rural”, um movimento para o desenvolvimento local do concelho que criou uma escola, abriu acessos rurais no concelho, realizou colónias de férias para crianças, fez acompanhamento social e criou o primeiro centro de saúde. Já depois da morte do marido, e dando seguimento a um projeto de ambos, criou, em 1990, a Fundação Eça de Queiroz, instituição de utilidade pública sem fins lucrativos, cuja atividade é a divulgação e promoção nacional e internacional da obra do escritor, um dos maiores nomes da literatura portuguesa. A ação da Fundação, que completa 25 anos a 9 de setembro, tem-se desenvolvido nas áreas cultural, educativa, artística e de promoção do desenvolvimento social. (...)
Fonte: Centro Nacional de Cultura > 7 de setembro de 2015 >MARIA DA GRAÇA SALEMA DE CASTRO (1919-2015)
16 comentários:
Foi aceite para já a providência cautelar que impede para já a trasladação e não transladação, de Eça para o Panteão. Deixem o homem em paz em Santa Cruz do Douro!Albertino Ferreira.
Albertino, os "homens grandes" já não pertencem à família... Mas concordo contigo, deixem lá os ossos do Eça em paz...
Sim também prefiro o termo "traslada"...
'Trasladar e transladar são sinónimos, ainda que a primeira forma seja preferível para os puristas. Isso porque a forma transladar é resultado de uma contaminação de outras palavras que se referem à área do transporte e só foi incluída na nossa língua pelo uso.
Amílcar Caffé 27 de fevereiro de 1998'
https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/trasladar-e-transladar/1843
in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/trasladar-e-transladar/1843 [consultado em 21-09-2023]
Tiram-lhes as estações de correio, os guarda-rios, os cantoneiros e guardas-florestais , fecham-lhes escolas, tribunais e quarteis da GNR. Liquidam freguesias como quem dissolve sociedades comerciais. Que país é este ? Deixem-lhes, pelo menos, os ossos dos seus notáveis. Será, por último, a única razão para os habitantes das cidades litorâneas visitarem esporadicamente essas terras do interior.
No Panteão Nacional bastará um cenotáfio, como já ergueram para imortalizar outros ilustres cidadãos.
Carvalho de Mampatá
Gostei que trouxesses o Eça até nós. Quanto aos "ossos", o importante é que os portugueses não esqueçam nunca este verdadeiro génio da nossa literatura. Mas a decisão final deve ser, na minha modesta opinião. a dos próprios parentes (alguém há de estar a zelar pela sepultura, não é verdade?...)
Um abraço,
Mário Migueis
O jazigo é da familia, lá estão os ossos de filhos e netos, incluindo a Maria da Graça Salema de Castro que foi a "fundadora" da Fundação Eça de Queiroz...
O cemitério local tem várias secções. Andei a percorrer uma a uma até descobrir a sepultura do Eça... Não há a mais pequena indicação... Tirando o ocasional cartaz de protesto cobtra a trasladacao dependurado fora do cemitério.
Sobre esta questão a família (bisnetos) está dividida...
Este país adora uma boa polémica... afinal a quem pertence a "reliquia" ?
Na minha humilde opinião, Eça, cidadão do mundo, deve estar no Panteão. Há um pouco de todos nós, portugueses, no melhor e no pior da nossa gente, espalhada, espelhada na sua obra. Eça é grande demais para a pequenez regional.
Abraço,
António Graça de Abreu
É mais uma guerra de alecrim e manjerona muito ao nosso gosto... Mas esta repentida "guerrinha" favorece o nome e a causa do Éça, um dos nossos maiores, que merece continuar a ser lido, estudado, investigado, divulgado... Quem vem a Tormes, t que ler ou reler "A cidade e as serras", um romance serôdio que afinal está na moda, com a contestação da cidade que herdámos do passado e o apelo ao regresso ao campo "idealizado"...
É mais uma guerra de alecrim e manjerona muito ao nosso gosto... Mas esta repentida "guerrinha" favorece o nome e a causa do Éça, um dos nossos maiores, que merece continuar a ser lido, estudado, investigado, divulgado... Quem vem a Tormes, t que ler ou reler "A cidade e as serras", um romance serôdio que afinal está na moda, com a contestação da cidade que herdámos do passado e o apelo ao regresso ao campo "idealizado"...
Em 1975 ou 76 quando parei no miradouro de Tormes onde se podia ler e "ver" o excerto do Eça de "A cidade e as serras" (viam-se do outro lado do vale, com o Douro ao fundo)... Agora foi completamente tomado pela vegetação: um grosso eucalipto, giestas, carvalhos... Impenetrável. Quem cui dos miradouros neste país ? Toda a gente e ninguém...A placa é de 1945, ainda eu não tinha nascido...
E todas as vezes que lá passo é uma dor de alma... Ainda por cima puseram ( RN ou antecessora) um mamarracho em pedra, uma cabine da rede eléctrica. .. Coitado do "Jacinto" se lá voltasse!
A placa do miradouro de Torme tem os dizeres: 1945 CMB... Leia-se: Câmara Municipal de Baião... Escrevo para lá ? Vao-me dihera que o eucalipto e as giestas do senhor fulano tal que até nem é de cá...
Bolas, ninguém devia ser dono das paisagens... Nem dos miradouros!
O corpo de Miguel Torga está, e bem, na sua terra natal, engrandecendo-a na medida em que se torna atractiva aos visitantes. Poucos seriam os portugueses a conhecer S.Martinho da Anta se não fosse por via de lá estar sepultado o grande escritor que teve vida em Coimbra. Eu, se fosse autarca de Baião tudo faria para evitar a remoção do corpo do escritor para outro local. Não quero reclamar agora o regresso às suas terras de origem, dos restos mortais de célebres figuras sepultadas em Lisboa ou noutras cidades. Não são pequenas as terras como S.Martinho da Anta ou Santa Cruz do Douro, serão até tanto maiores quanto os seus autarcas souberem lutar pelos seus interesses. A importância verdadeiramente nacional dos grandes vultos não carece da consagração da capital, porque a sua projecção está garantida na literatura (imperecível) que nos deixaram. Quem quiser visitar os túmulos desses ilustres portugueses saberá onde os encontrar, sendo certo que a distância de Lisboa a essas terras do interior é exactamente a mesma que percorre quem se desloca dessas aldeias a Lisboa.
Um grande abraço.
Carvalho de Mampatá
Subscrevo por inteiro os dois comentários do camarada Carvalho de Mampatá.
A grandeza regional merece isso e muito mais.
Eduardo Estrela
Eça de Queiroz é natural da Póvoa de Varzim, filho de "mãe incógnita", faleceu em Paris, foi trasladado e sepultado em Lisboa, há pouco mais de de 40 anos que foi trasladado para Santa Cruz do Douro.
Se fosse santo, seria S. Eça de Paris, como S. António é de Pádua, que a terra do seu falecimento é que que conta é direito canónico.
Eça de Queiroz nem é património de Santa Cruz do Douro nem ´será da família, mais de 100 anos depois do seu falecimento - é património nacional!
O Panteão nacional deverá ser reduzido aos lisboetas?...
Abr.
Não tenho uma opinião concreta, mas inclino-me para certas personalidades sejam sepultadas no Panteão Nacional e outras na terra que mais lhe deu uma importância.
O Eça de Queiroz não fica mal de todo estar sepultado em Tormes, atendendo à sua obra e até por lá estar a sua casa transformada em Casa Museu.
Os herdeiros é que não podem perder o negócio cultural e idas ao cemitério dão patacão, e até atiraram com uma popularachada 'nem pensar junto duma fadista, dum jogador da bola e dum general conhecido por ter sido morto pela pide'.
Luís Lomba, porquê o Panteão Nacional tem de ser reduzido aos lisboetas?
Até agora não tem acontecido, desde Arriaga e Teófilo, dos Açores, Sidónio, de Caminha, Garrett e Sofia, do Porto, Aquilino, de Sernancelhe, Junqueiro, de Freixo Espada à Cinta, Delgado, de Torres Novas, João de Deus, de Messines, Eusébio, de Moçambique, só Carmona e Amália são de Lisboa.
E aquela do "filho de mãe incógnita" é para ser levado em conta quanto à trasladação para o Panteão?
Valdemar Queiroz
Ah!
Um abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz
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