O então capitão Almeida Bruno, ajudante de campo do gen Spínola, fotografado no decorrrer da Op Ostra Amarga, na mata da Caboiana, em 18 de outubro de 1969. (Foto do arquivo do Virgínio Briote, reproduzida, a preto e branco, na pág. 223, do livro de memórias do Amadu Djaló).
1. Comunicado original, em francês, datilografado, a 2 folhas, datado de 4 de janeiro de 1972, e assinado pelo Secretário Geral, Amílcar Cabral (tradução, revisão e fixação de texto: LG)
PAIGC - Comunicado
O governo português, por intermédio do Estado Maior das tropas colonialistas no nosso país, tornou público, no dia 29 de dezembro último, um "comunicado especial", relativamente aos resultados de uma operação designada "Safira Solitária" ("Saphir Solitaire", em francês), lançada contra a zona libertada do Morés, no centro-norte, a cerca de 50 km de Bissau.
Este comunicado especial, ao mesmo tempo que reconhece que as tropas colonialistas tiveram 61 baixas no decurso da operação, vêm fazer elogios à ação e à "técnica avançada" dos nossos combatentes, ao mesmo tempo que pretende fazer crer que se trata de grupos infiltrados do Senegal, enquadrados por cubanos e "mercenários estrangeiros africanos".
Estamos perante uma tentativa desesperada, da parte do Estado Maior colonial e particularmente do governador militar, de esconder a amarga derrota, infligida às tropas colonialistas pelas nossas forças armadas e pelo povo em armas.
É neste sector que o escritor francês Gérard Chaliant assim como os cineastas e jornalistas Mario Marret e Isidro Romero (franceses), Piero Nelli e Eugenio Bentivoglio (italianos), Justin Vyera, Justin Mendy e Mamlesa Dia (africanos), Oleg Ignatiev (soviético), Nicolai Bozev (búlgaro) e tantos outros, rodaram os seus filmes e fizeram reportagens bem conhecidas da opinião mundial, nomeadamente europeia.
Lembremos, além disso, que o dito "Comunicado Especial" afirma que, durante os combates, as forças armadas regulares do nosso Partido estavam reforçadas por mais de 300 elementos da milícia popular, a qual, no quadro da nossa organização, é uma força armada local integrada pelos camponeses e camponesas do sector.
Com base nos relatórios recebidos do Comando da Frente Norte e do sector do Morés, assim como em informações provenientes de Bissau e Mansoa, estamos em condições, neste momento, de esclarecer a opinião pública sobre o que se passou no sector do Morés, entre 20 e 26 de dezembro último.
Face à intensificação da acção dos nossos combatentes que, em dezembro, tinham atacado por por diversas vezes todos os campos fortificados do centro-norte do país, nomeadamente
as cidades de Farim e Mansoa, e as importantes guarnições de Bissorã e Olossato, o Estado Maior colonialista convenceu-se que nós estávamos a preparar uma ação mais ampla por altura do fim do ano, nomeadamente um novo ataque contra a capital.
Foi tomada então a decisão de desencadear uma operação de grande envergadura contra as nossas forças na região, em particular no sector do Morés, conhecida como uma base importante,
Assim, na manhã de 20 de dezembro, vários contingentes de tropa colonialista, estimados em cerca de 800 homens, saídos dos quartéis da região, e dos comandos especiais helitransportados de Bissau, penetraram no sector do Morés, vindos de várias direcções, depois de um bombardeamento aéreo intensivo.
No decurso de vários reencontros e emboscadas realizadas tanto pelos combatentes das nossas forças armadas regulares como pelas forças armadas locais e o povo armado, a tropa colonial foi posta em debandada, tendo vindo em seu socorro os aviões a jacto, e helicópteros para evacuar os mortos e os feridos.
Os nossos combatentes mataram 102 militares inimigos, tendo ferido
várias dezenas. Os hospistais de Bissau transbordaram com a chegada de feridos, de tal modo que não havia lugar para todos. O comandante português que dirigiu a operação dita "Safira Solitária", suicidou-se.
Os colonialistas portugueses sabem muit0 bem (e estes resultados mostraram-no mais uma vez) que, se é fácil dar às suas operações uma designação de estilo nazi, o nosso povo não tem necessidade de recorrer a combatentes ou a quadros não nacionais, para transformar estas operações em amargas derrotas.
Comunicado PAIGC, datilografado, a duas págimas, redigido em francês, datado da noite de 4 de jneiro de 1972, e assinado pelo Secretário geral Amílcar Cabral
Fonte: Casa Comum | Instituição: Fundação Mário Soares | Pasta: 07197.160.006 | Título: Comunicado do PAIGC analisando os resultados da operação "Safira Solitária" | Assunto: Comunicado assinado por Amílcar Cabral, Secretário Geral do PAIGC, analisando os resultados da operação "Safira Solitária" lançada contra o sector de Morés, cujos dados foram divulgados pelo Estado Maior do Exército Português num comunicado especial. | Data: Terça, 4 de Janeiro de 1972 | Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Documentos. | Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral | Tipo Documental: Documentos. Citação (1972), "Comunicado do PAIGC analisando os resultados da operação "Safira Solitária"", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_42402 (2024-2-28)
Nota do editor:
16 comentários:
Dando conforme a verdade dos factos, este comunicado especial do Com.Chefe das FAG, os resultados da OP. Safira Solitária, são algo diferentes, dos apresentados no post anterior.
Quanto ao que diz o comunicado do PAIGC, assinado por Amílcar Cabral, nos parece ser algo descabido, sem o mínimo de credibilidade. A mentira está no seu ADN, como bem sabemos.
Mas também é verdade que esta Op. Safira Solitária não eliminou na região do Morés a presença organizada da guerrilha do PAIGC, que continuou com capacidade ofensiva sobre algumas Unidades das NT, na região.
Atendendo à distancia do Morés para as bases de apoio no Senegal e na Guiné Conácri e as dificuldades do trajeto, a pé ou em canoa, com as NT a patrulharem (?) os itinerários mais prováveis, interrogo-me: como seriam feitos os abastecimentos de armas e munições? Como eram feitas as evacuações dos feridos graves para os hospitais para lá das fronteiras? Ex. Ziguinchor. Quanto tempo demoravam esses percursos?
Atentamente
JLFernandes
Olá Camaradas
É por estas e por outras similares que eu não gosto dele e me "chateia" a nossa subserviência quando o consideramos um grande leader africano e bom condutor daquele povo.
Um Ab.
António J. P. Costa
Mais duas palavras sobre o homem e militar Almeida Bruno.
Há uns bons o acaso juntou-nos em duas jornadas de caça em Portel, Hospedámo-nos no mesmo hotel e uma vez partilhamos a mesma mesa
O então Ten-coronel Almeida Bruno é da génese do 25a74. Era o "rapa da Guiné" mais próximo do general Spínola, foi o seu mensageiro junto de Sá Carneiro e da Ala Liberal (diz-se que também de Mário Soares), a concertar as presidenciais, Marcelo Caetano roeu a corda a Spínola e este passou a investir nos "jovens oficiais"...
Almeida Bruno foi membro negociador do Acordo de Argel com o PAIGC. Era homem do 25 de abril, visceralmente contra o 28 de setembro e o 11 de março, apoiou o 25 de novembro.
Abrç
Há pormenores, questões de caráter, como este, de um tipo intelectualente superior, que se deixa "emprenhar pelos ouvidos", e a que os biógrafos (alguns meros hagiógrafos) não dão importância...
Como é que um homem dá crédito à notícia da morte, por suicídio (ainda por cima!) do comandante dos comandos africanos ?!... Mas sabe que ele, o "suicida", tem o gosto "nazi" de dar às operações que planeia e comanda o nome de "pedras preciosas"... (Nunca Cabral nomeia o nome dos seus inimigos: Spínola, Almeida Bruno, Alpoim Calvão, João Bacar Jaló, Marcelino da Mata...)
Está lá longe, em Conacri, longe da luta, do miserável quotidiano do "povo" que trabalha do duro para sobreviver,no Morés, na Caboiana, no Fiofioli, no Cantanhez, no Boé, etc., para alimentar a guerrilha, para servir de "carrejão" e que ainda tem, paraa mais, de sorrir para os fotógrafos estrangeiros ... O povo que apanha com os bombardeamentos aéreos, as barragens de artilharia, as operações terrestres, etc.
Está longe, nos aerópagos internacionais... Sedutor, gostando de ser lisongeado e fotografado, cada vez mais afastado dos conflitos surdos e das infiltrações no interior do PAIGC...e da brutal realidade no interior do mato... Vítima do "pensamento único" que impôs aos seus seguidores, não admira que seja ele o último a saber da conspiração que o vai matar... E de que, ao que parece, já muita gente sabia, dentro do PAIGC e do regime despótico de Sékou Touré... Tarde demais, infelizmente... Pode-se viver da mentira, das meias-tintas, da propaganda, do faz de conta, da ideologia pura e dura..., mas não toda a vida, não na História, muito menos na eternidade... Viu-se isso com tantos ditadores, à esquerda e à direita... Cabral tem pelo menos um alibi: nuna se chegou a sentar no lugar de Spínola...Isto é, nunca chegou a provar o que valia como governante de uma jovem Nação, liberta do jugo do imperiaçismo, do capitalismo, do colonialismo...
Oh, Luís, eu entendo-te. Mas quantas vezes neste blogue temos sido bombardeados pelos arautos que propagandeiam a superioridade militar dos guerrilheiros do PAIGC, que defendem "o excelente pensamento revolucionário desse extraordinário líder africano" chamado Amílcar Cabral?
A sabujice lusitana, falsificar a nossa História comum. Não gosto.
Abraço,
António Graça de Abreu
Releia-se o nosso Amadu, que fala da Op Safiar Solitária em termos duros, por "erros cometidos"... Para ele foi "ronco" mas também "desaire"... Foi uma duríssima batalha, para ambos os lados... E eu sei, por experiêmcia prórpia, na CCAÇ 12, que no seu reduto, em "casa", o guerrilheiro do PAIGC era também um bravo combatente... Sejamos objetivos, imparciais...
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2023/07/guine-6174-p24493-recordando-o-amadu.html
Este comunicado deve ter sido lido aos microfones da rádio "Libertação" pela Maria Turra. Nunca perdi tempo a ouvi-la.
Mas em todas as guerras vale tudo para desmoralizar o "inimigo". Não dou excessiva importância a estas m... Também nunca ouvi o PIFAS... Acho que na propaganda não há limites para a decência... Numa situação de guerra sofremos todos de insanidade mental. A guerra autoriza o bicho homem a cometer boas as loucuras...
Falar de honestidade intelectual entre iminigos, seja o Cabral ou o Spínola, daria para rir... Mas só "na guerra do Solnado"... Em todo o caso,o riso é preciso, mesmo neste blogue.. E sobretudo neste pais...
Ainda bem, para nós, combatentes, que andamos por matos, florestas-galeria, rios, braços de mar, tarrafos e bolanhas..., que o PAIGC não tinha "tropas especiais" com a preparação das nossas, a nivel operacional, humana, física, mental, táctica, etc.
O guerrilheiros dispunha de uma vantagem, em armamento, contra os nossos Grupos Comb, nas emboscadas: o temível RPG 2 e 7...
... E em geral o factor surpresa.
Quanto ao conhecimento, era ela por ela.... Os nossos camaradas guineenses jogavam em casa...
A sede, a insolação, a desidratação, temperatura, a humidade, os mosquitos, o tarrafo, a água pantanosa, as formigas e as abelhas eram um suplício para os "tugas"... até aprenderem o duro ofício daquela maldita guerua. ..
... ah! ah! ah! ah!
E só agora, decorridas que vão 'n' publicações bloguistas, o sr. Luís Manuel da Graça Henriques, ex-furriel miliciano de armas pesadas, mai'los demais seus seguidores (tendo à cabeça o sr. ex-alferes miliciano atirador de infantaria Mário António Gonçalves Beja dos Santos continuadamente aí acolhido com variados "assuntos" extra-blog), se dão conta de que Amílcar Lopes da Costa Cabral (12Set1924-20Jan1973) foi um manhoso 'jongleur', ie, refinado trampolineiro!
E, até! - apesar do que acima reproduziu -, o dono deste blog, em 'comment', canhestramente tentando dar o dito por não dito, reafirma ter sido AC «um tipo intelectualmente superior»...
Em que ficamos, sr. Luís Graça?!
Oh valha-nos Deus...
V., ainda não se capacitou ter desde há muito perdido qualquer credibilidade.
Tenho muito respeito pelos combatentes de um lado e do outro... Tal como o Amadu Djaló, que aqui escreveu, com a serenidade e a sabedoria que eu lhe conheci ainda em vida, e sem qualquer revanchismo:
(...) Eu saí dali sem uma arranhadura.
Conforme escrevi atrás, o meu grupo ficou com o major Almeida Bruno no terreno. Íamos ser os últimos a retirar. Era perigoso, o local estava bem no centro de Morés, perto do quartel-general do PAIGC, segundo se dizia e, à volta, havia dezenas de pequenos acampamentos.
Era uma boa altura para eles concentrarem todo o fogo em cima de tão pouca gente. Força para isso, eles tinham. Morteiros, armas pesadas, canhões sem recuo, armas automáticas, naquela área não lhes faltava material. Por isso, eu estava consciente que a retirada nos poderia custar algumas vidas mais. Mas, para além de nós, que estávamos numa clareira e com pouca natureza para nos abrigarmos, tínhamos em cima de nós, pronto a disparar o helicanhão. E ainda os bombardeiros, mortos por entrarem na guerra.
Mas eles deviam estar satisfeitos com os estragos que nos causaram, para além do que devem ter sofrido também. Certo é que, numa guerra destas, nem há vitórias nem derrotas completas. O Oio foi uma das primeiras zonas, onde o PAIGC reclamou área libertada, quase ainda no início da guerra.
Quando os helis levantaram para Bissau, íamos calados a olhar para os cajueiros até desaparecerem da nossa vista, mas as imagens da noite estavam gravadas definitivamente nas nossas memórias.
Para mim, o dia 24 de Dezembro de 1971, é uma data inesquecível. Uma data amarga, para mim e para muitas famílias. A tristeza invadiu as nossas famílias, os nossos amigos e a gente de Bissau, que nos conhecia.
Chegámos ainda antes do meio-dia, com os familiares à nossa espera. Dos que ainda vinham em coluna de Mansabá, não tínhamos ainda resposta para lhes dar. Mesmo que os acalmássemos e disséssemos que estavam bem, não acreditavam. Assim era melhor ficarmos calados e esperarmos a chegada deles.
Não pude deixar de pensar e recordar, no voo de regresso do meu grupo a Bissau, nos companheiros que terminaram as carreiras e as suas vidas naquele local, chamado Morés.
O inimigo mereceu esta vitória sobre os Comandos? Se encararmos a negligência com que foi escolhido o local para passarmos a noite naquele local dos cajueiros, onde o Saiegh nos aguardava desde o meio dia, se pensarmos bem na desobediência às nossas regras de combate, então foi bem merecida a nossa derrota.
Os nossos instrutores nunca nos disseram para nos sentirmos mais confiantes se fossemos muitos. A nossa preparação era para nos tornar homens mais duros, mais fortes, mais eficazes. Mas que nunca nos devíamos considerar nem melhores nem piores, apenas diferentes. Numa palavra: Comandos. (...)
21 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24493: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Parte XXXII: Op Safira Solitária, na véspera do Natal de 1971, "ronco" e "desastre" no coração do Morés, com as 1ª e 2ª CCmds Africanos a sofrerem 8 mortos e 15 feridos graves (pp. 212-224)
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2023/07/guine-6174-p24493-recordando-o-amadu.html
... E em geral o factor surpresa.
Quanto ao conhecimento, era ela por ela.... Os nossos camaradas guineenses jogavam em casa...
A sede, a insolação, a desidratação, temperatura, a humidade, os mosquitos, o tarrafo, a água pantanosa, as formigas e as abelhas eram um suplício para os "tugas"... até aprenderem o duro ofício daquela maldita guerra. ..
Só quem esteve lá sabe: Eu que sou do início da guerra na Guiné 1963/65 sei que as primeiras derrotas militares que a nossa tropa sofreu foram impostas por as abelhas, os mosquitos, as formigas que mesmo partidas por o meio ficavam aquelas tenazes ferradas nas nossas "partes fracas" dando origem a febres altíssimas, tal como a ingerir a agua pantenósa a febre que causava tirava-nos todas as forças físicas e para tal contribuía factor clima quente, húmido causa da total desidratação.
Caros amigos e camaradas (da Guiné...)
Sabemos todos que estamos em época eleitoral e, por isso, sabemos também que as paixões e os empenhamentos de cada um têm tendência a aparecer à flor da pele.
É bom que se tenha opinião, pois dos amorfos não sairá nada de jeito.
E também é bom que as opiniões sejam pluralistas, pois para "opinião única", para "pensamento único", já tivemos dose suficiente, principalmente aqueles de nós que viveram tempos antigos.
Também bom seria se todos tivessem uma atitude positiva perante as coisas, ou seja, que perante um assunto qualquer, um relato, um facto, uma história, uma notícia, qualquer que seja, se pudesse falar, argumentar, pensar, sobre isso, sem cair na tentação do comentário reles, quase sempre provocador e inconsequente.
São perfeitamente dispensáveis as atitudes sobranceiras disfarçadas de revelação de conhecimentos e da distorção do sentido do que é apresentado.
E ainda, e principalmente, a estultícia de alguém se arrogar o direito de decidir sobre a credibilidade de outro alguém, passando por cima de todo um trabalho já longo e com todo o mérito, e agarrando-se a uma frase, um pormenor, para sentenciar a morte do Blogue.
Bem, podem querer isso, já que tanto os incomoda, mas não terão o gosto de levar a água das suas miseráveis intenções aos seus moinhos.
Cumprimentos
Hélder Sousa
Helder estou a perceber, é o que dá ser uma Tabanca Grande e, como as igrejas, ter as portas abertas.
Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz
Excelentíssimo Senhor Miguel Caetano Álvares Pereira de Melo, 7º Marquês de Ferreira, 8º Conde de Tentúgal e 5º Duque de Cadaval.
Se meu nascimento, embora humilde, mas tão digno e honrado como o da mais alta nobreza, me coloca em circunstância de Vossa Excelência me tratar por tu, caguei para mim que nada valho.
Se o alto cargo que exerço, de Meirinho-Mor do Reino em Santarém, permite a Vossa Excelência, Meirinho-Mor da Justiça em todo este Reino, tratar-me acintosamente por tu, caguei no cargo.
Mas, se nem uma nem outra coisa consente semelhante linguagem, peço a Vossa Excelência que me informe com brevidade sobre estas particularidades, pois quero saber ao certo se devo ou não cagar para Vossa Excelência.
Assina Diogo Inácio de Pina Manique, Meirinho-Mor de Santarém, em Santarém aos 22 de Outubro de 1795.
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