segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25214: Efemérides (430): O "making of" do livro de Spínola, "Portugal e o Futuro", publicado há 50 anos (revelações do biógrafo, Luís Nuno Rodrigues)


Luís Nuno Rodrigues - "Spínola:Biografia".
Lisboa. A Esfera do Livro, 2010,  748 pp.. il.

 1. O biógrafo de Spínola, o académico Luís Nuno Rodrigues, tem algumas revelações interessantes sobre as peripécias da publicação do livro "Portugal e o Futuro" (pp. 211-221),  mas também sublinha e analisa o seu impacto na época (pp. 221-243).

Para os nossos leitores, que não leram (por falta de tempo, interesse, oportunidade, etc.) a volumosa biografia de Spínola, de 748  pp.,  aqui ficam algumas "notas de leitura" (tópicos, apontamentos, pequenos excertos)... 

Refira-se que a obra foi objeto de recensão bibliográfica por parte do nosso camarada Mário Beja Santos, que no entanto dedica apenas uma ou duas linhas ao livro "Portugal e o Futuro" (*).


Retomei há dias a leitura deste notável trabalho, esquecido na prateleira. O exemplar que possuo, tem a seguinte amável dedicatória:

"Ao Luís Graça, com estima e consideração do Luís Nuno Rodrigues. Lx, 2 de abril de 2010."


2. Sobre o biógrafo convirá dizer, resumidamente, o seguinte:

Luís Nuno Rodrigues:

(i) Professor Catedrático do Departamento de História do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa;

(ii) Diretor do Centro de Estudos Internacionais (CEI-Iscte) e do Mestrado e Doutoramento em Estudos Internacionais, na mesma instituição;

(iii) Doutorado em História Americana pela Universidade do Wisconsin e em História Moderna e Contemporânea (especialidade História das Relações Internacionais na Época Contemporânea) pelo ISCTE-IUL.

Além disso, (iv) é autor de 9 livros e coordenador de outros 8, tendo publicado 55 capítulos de livros ou entradas em obras coletivas e mais de 30 artigos em revistas especializadas;

(v) A sua obra "Kennedy-Salazar: A Crise de Uma Aliança. As Relações Luso-Americanas entre 1961 e 1963", publicada em 2002, foi galardoada com os Prémios Fundação Mário Soares e Aristides Sousa Mendes;

(vi) Entre outras publicações, conta-se este livro, "Spínola", publicado pela Esfera dos Livros em 2010.



António de Spínola - "Portugal e o Futuro".

Lisboa: Arcádia, 1974, 243 pp.



3. O "making of" do livro "Portugal e o Futuro" (pp. 211/222):

O biógrafo aponta para meados de 1971 a ideia de Spínola começar a escrever um livro que fosse um contraponto às "teses integracionistas" (relativamente ao império colonial português), defendidas por Franco Nogueira (1918-1993), diplomata e antigo ministro Ministo dos Negócios Estrangeiros, no último governo de Salzar ("As Crises e os Homens", Lisboa: Ática, 1971, 545 pp.).

Uma parte significtiva das ideias que Spínola irá defender em "Portugal e o Futuro", incluindo a sua "tese federalista",  já estaria contida num documento enviado a Marcelo Caetano, em 1970 ("Algumas Ideias sobre a Estruturação Política da Nação") (pág. 212).

(...) "Nos últimos meses de 1971 e ao longo de 1971, Spínola escreveu vários capítulos, recebeu textos escritos por colaboradores seus e oficiais que mais de perto com ele trabalhavam, aperfeiçoou  textos em revisões constantes e com múltiplas colaborações" (pág. 212).

O seu novo chefe de gabinete, José Blanoco (que sucedeu a Nunes Barata), recebeu das mãos do general um primeiro texto, datilografado a dois espaços, com centena e meia de páginas. Instado a ler e a comentar, ter-se-á limitado a exclamar: "Isto é uma bomba".

O texto continuaou a ser trabalhado ao longo de 1972, usando Spínola um gravador para onde ditava  as suas emendas, notas, comentários e acrescentos.

Em julho de 1972 escreveria a vários dos seus amigos, em Lisboa, manifestando a sua intenção de publicar um livro, ainda em título: caso dos general Venâncio Deslandes (1909-1985) e  do ministro da Marinha, Manuel Pereira Crespo (1911-1980). Este terá pedido ao amigo,  "encarecidamente",  que nada publicasse sem primeiro falar com ele... O que ele concordou,  acrescntando que  também iria submeter o livro "à prévia leitura do presidente do Conselho" (pág. 213).

Foi nas férias de verão, no Luso, em 1973,  que ficou cncluída a versáo final. O "fiel sargento Gonçalves", de Cavalaria, bateu o texto à máquina.  Francisco Spínola, o irmão do autor, encarregou-se da revisão do texto, e coube a José Blanco, que veio de propósito da Guiné, propor um ou mais títulos. Da lista de doze títulos, Spínola escolheria o último, "Portugal e o  Futuro" (pág. 214).

Depois começaram os contactos com o editor. O contrato com a editora Arcádia  foi assinado em outubro de 1973. Paradela de Abreu ofereceu um aval, do Banco Totta & Açores, para garantir  os direitos de 20% dos  direitos sobre cinquenta mil exemplares da 1ª edição.

O general encarregou-se de  garantir o fornecimento de papel necessário para a publicação do livro, no que contou com a colaboração do António Champallimaud (para o qual Spínola havia trabalhado em tempos, na Siderurgia).

O livro começou a ser composto em várias tipografias (!)... Spínola insistia com o editor que  a data de publicação "poderia ser de um momento para o outro" (sic)... Por outro lado, a ideia era garantir que, caso viesse a ser proibido, fosse possível salvar a maior parte dos exemplares, e depois vendè-los clandestinamente (pág. 215).

Houve cinco revisões finais do livro feitas pelo punho do autor. Nas pp. 215/221, o biógafo faz uma sinopse do livro, que retomaremos mais tarde. (**)

Fiquemos, entretanto, com este excerto do texto que dá início ao cap. 4 ("O Futuro de Portugal"):

(...) "A saída de António Spínola da Guiné representava o fim de uma era, não apenas da política portuguesa naquele território mas, também, do modo português de conduzir as guerras em África. Durante um breve momento, no início dos anos 1970, as Forças Amadas portuguesas tinham conseguido dar 'credibilidade a Portugal em todos os teatros de guerra', conseguindo criar uma janela de oportunidade, um 'compasso de espera', que permitia a condução de negociações sobre o problema colonial português. Na Guiné, esta situação era particularmente visível." (...) (pág. 199),


Citando John Cann, Spínola na Guiné conseguira refrear, em 1970,  o ímpeto do PAIGC e originar um verdadeiro "impasse", com  a sua liderança forte e carismática e o seu programa "Por Uma Guiné Melhor". Mas a correlação de forças começa a desequilibrar-se em 1973. Em Angola , os generais Costa Gomes e Bettencourt Rodrigues tinham obtido praticamente uma "vitória militar". E em Moçambique foi só depois de 1970 que a situação se começou a deteriorar...

Quando regressa definitivamente à Metrópole, Spínola trazia imenso prestígio político e militar, a nível nacional e internacional. Era um general que tinha ganho batalhas. Tinha mostrado, além disso, que havia "soluções políticas" para o impasse da guerrs, tendo encetado negociações com o PAIGC e o Senegal, que Lisboa iria desautorizar. Quando regressa, o governo de Marcello Caterno está prisioneiro da extrema direita do regime, completamente desfasado da realidade e sem qualquer visão estratégica. Tem dificuldade em arranjar um general que fosse capaz de suceder a Spínola. Com relutância, Bettencourt Rodrigues aceita... es tá preparado para "sacrificar" a minúscula Guiné para salvar as joias da coroa do Império (Angola e Moçambique)... Por isso, "Portugal e o Futuro" é uma bomba de relógio que veio apressar a agonia de um regime.

____________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

12 de fevereiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15738: Notas de leitura (807): “Spínola”, de Luís Nuno Rodrigues, A Esfera dos Livros, 2010 (1) (Mário Beja Santos)

15 de fevereiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15752: Notas de leitura (808): “Spínola”, de Luís Nuno Rodrigues, A Esfera dos Livros, 2010 (2) (Mário Beja Santos)

(**) Útimo poste da série > 23 de fevereiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25203: Efemérides (429): Foi há 50 anos, em 22/2/1974, que saiu o livro de Spínola, Portugal e o Futuro um livro que se tornou um "best-seller", que toda a gente comprou e que poucos leram e entenderam, mas que abalou um regime...

9 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Quem estava no mato, em 1969, 1970, 1971, 1972, 1973, isolado, mal alimentado, mal equipado, a levar e a dar porrada, fazendo operações, emboscadas e patrulhamentos "sem sentido", ou guardando o seu pedaço de chão rodeado de arame farpado, à espera do fim da comissão, não tinha a mais pequena noção destes "jogos de guerra" e destas partidas do xadrez geopolítico...

Mas todos conhecemos o general Spinola, e era inegavelmente uma figura carismática e popular entre os nossos soldados, metropolitanos e guineenses...

Um homem de grande coragem física e moral, que conquistou a admiração dos jovens capitães do QP e de muitos milicianos ... (Não era o meu caso, devo acrescentar, por preconceito político-ideológico, que há trazia de Lisboa: detestava a guerra e os seus generais, quaisquer que eles fossem; afinal, o único que conheci, ao vivo e a cores, foi o Spínola a quem fiquei grato por ir desejar-me bom ano, em 1 de janeiro de 1971, na ponte do Udunduma, afluente do Geba, a poucos quilómetros do Xime; há gestos que não se esquecem).

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Declarações do gen Bettencourt Rodrigues, em 1997, nos Estudos Gerais da Arrábida, que iremos transcrever em próximo poste:

(...) "Em 1970-71 a situação em Angola apresentava sinais de deterioração. A subversão alastrou do Norte até ao Leste, à Lunda, ao Mochico e, o que era verdadeiramente preocupante, começara a ameaçar Nova Lisboa, o centro nevrálgico de Angola.

"Nessa altura, o general Costa Gomes decidiu remodelar o dispositivo e criar a Zona Militar Leste, que abrangia os distritos do Bié, Lunda, Mochico e Cuando Cubango. Essa sua iniciativa coincidiu com uma viagem do general Sá Viana Rebelo, ministro da Defesa a Angola.

"Em conversa, o general Costa Gomes sugeriu o meu nome para a chefia do novo comando, tendo obtido a anuência do ministro. " (...)

https://arquivo.pt/wayback/20140929230029mp_/http://www.ahs-descolonizacao.ics.ul.pt/docs/guine_1997_07_29.pdf

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

A situação entrou em rápida evolução e o "Livro do General" ficou rapidamente ultrapassado. Podemos dizer que tudo começou na "ofensiva do Cantanhez" em que se pretendia dar um golpe fundo no In, mas que só poderia travar acção do In. Se a isto somarmos as ofensivas de Guileje e Guidage às quais foi necessário fazer frente e no curto espaço de tempo em que tudo de passou podemos confirmar que um livro que leva o seu tempo a produzir e difundir chegará certamente atrasado à descrição que pretende fazer. Depois temos a considerar a substituçião do Gen. Spínola que deveria ter sido rápida, mas não foi. Basta medir o tempo que medeia entre a saída dele e a entrada do Gen. Betencourt Rodrigues para concluirmos que tudo se passou muito lentamente numa altura em que o tempo contava agora muito mais a favor da subversão...

Um Ab.
António J. P. Costa

António J. P. Costa disse...

O Gen Spínola deixa a Guiné em 06JUL73 e Gen Betencourt Rodrigues só toma posse efectiva a 21SET. Demasiado tempo para uma situação tão delicada e em que a situação das NT não era sequer reversível. Com os factos a nível TO a passarem-se a esta velocidade faz com que "O Portugal e o Futuro" se desactualizasse rapidamente.

Um Ab.
António J. P. Costa

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Sim, Spínola parece ter feito "tábua rasa" do facto (militar, política e diplomaticamente relevante, incluindo à luz do "direito internacional") da declaração unilateral da independência da Guiné-Bissau, em 24 de setembro de 1973 (não importa agora aonde: na região do Boé, na fronteira fa Guiné-Conacri ou já no território da Guiné-Conacri)... (Tenho que confirmar, através de consulta do livro "Portugal e o Futuro" que deve estar nosótão da casa de Alfragide...)

Por outro lado, parece que as NT (incluindo a "omnipotente, ominisciente e omnipresente PIDE/DGS) parecem terem sido "apanhadas desprevenidas"... O PAIGC aproveitou, por sorte ou não, o "vazio de poder" para fazer a sua "jogada de mestre"... (Não sei se era uma ideia original e antiga do Amílcar Cabral, deixada em "testamento" aos seus correlegionários).

No livro da CECA (2015), diz-se que Bettencourt Rodrigues começou a "exercer funções" a partir de "29 de setembro de 1973" (sic) (pág. 341)... Em suma, deve ter chegado à Guiné já demasiado tarde, nem sequer deu tempo para "ouvir os foguetes" e "apanhar as canas da festa"...

Fonte: Excertos de: Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 6º volume: aspectos da actividade operaciona. Tomo II: Guiné, Livro III, Lisboa: 2015, pág. 341.

Tudo isto é revelador do "desnorte" do Governo de Caetano... nesse "annus horribilis" de 1973...

Só em 16 de novembro de 1973, cinquenta e tal dias depois, Bettencourt Rodrigues vai à antiga Madina do Boé, com a proteção de uma força de paraquedistas (BCP 12), para mostrar o sítio a jornalistas estrangeiros convidados...

Ora a questão relevante não era o "local do crime", mas o "crime"...

28 DE FEVEREIRO DE 2021
Guiné 61/74 - P21956: Facebook...ando (60): o gen Bettencourt Rodrigues, em 16 de novembro de 1973, em Madina do Boé, com dois jornalistas alemães, para verem "in loco" o sítio onde o PAIGC teria alegadamente proclamado a independência unilateral

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2021/02/guine-6174-p21956-facebookando-60-o-gen.html

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Acho que a biografia de Spínola tem lacunas, no que di< respeito ao cap. 3 ("Momentos de glória: no comando da Guiné", pp. 85-198)... Pode ser imporessão minha, tenho que o reler, ao fim de muitos anos (14) ...

De qualquer modo, o Luís Nuno Rodrigues também parece não valorizar o 24 de setembro de 1973 (que é um ato mais do que simbólico, e que aconteceu justamente no "vazio de poder", na transição Spínola-Bettencourt Rodrigues)...

Mas quem estava lá nessa altura é que pode botar faladura... Eu já era "paisano" e, muito sinceramente, a procurar esquecer a Guiné...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Tó Zé, a tua crítica é pertinente... E podias acrescentar: Quem seria o "interlocutor" de Portugal, por parte de PAIGC, uma vez assassinado o Amílcar Cabral ? Seria um cabo-verdiano (Luís Cabral, Aristides Pereira) ou um guineense('Nino' Vieira) ?...

E para mais com a "acusação" (que deva jeito a todos as "facções" dentro do PAIGC, e seus apoiantes externos) de que o "autor moral" do crime (o assassinato do líder histórico) tinha sido Portugal (e mais concretamente a PIDE ou até o Spínola)...

Com essa "teoria da conspiração" a andar (e demorou anos a esbater-se..., tal como demorou anos a deitar por terra o mito de que o PAIGC tinha proclamfo a independênci em "Madina do Boé"), a "tese federalista" do Spínola não tinha, de facto, pernas para andar... "Parar a guerra" e passar a fazer "política" ? Transfomar as espingardas em enxadas ? Reconhecer o PAIGC ? E os fulas ? E os manjacos ? E os felupes ? E os 15 mil guineenses em armas (dos "comandos africanos" às "milícias" ?)... E o dinheiro para investir num hipotético período de transição, na saúde, na educação, na agricultura, nas pescas, na energia, nos portos, etc. ? E para sustentar dois ou três exércitos (PAIGC + 15 mil guineenses das NT + as tropas metropolitanas...).

E resposta daria a extrema-direita do regime de Salazar-Caetano ? E os "amigos do Leste" (o bloco soviético) ? E os "amigos escandinavos" (com a Suécia à cabeça..., o "grande banqueiro")...

Em suma, havia muitos interesss em jogo... E o "bolo" (o "enjeu", cmo dizem os franceses) não era para deitar fora...até por que estava também em causa o estratégico arquipélago de Cabo-Verde...

Depois de onze de guerra, e num país, como nosso que continuava a ser uma ditadura..., já sem amigos nem aliados (a não ser os párias internacionais que eram a África do Sul e a Rodésia...).

Depois, ainda havia muitos "ressentimentos" de parte a parte, para além do "complô contra Amílcar Cabral": a op Mar Verde, os "Três Majores", a ocupação do Cantanhez, os 3 G, a op Ametista Real, os "comando africanos", etc.

Por que não tentar ? Com Spínola, de regresso à Guiné ?... E o "efeito de dominó" nos outros teatros de operações e nos demais territórios ? Em suma, quais eram os custos e os benefícios de toda esta longa criação de uma "federação" ? E o povo português e os outros povos não tinham uma palavra dizer, neste acordo de políticos e generais ?

Temos que reler o livro (que nunca lemos de uma pojnta à outra, a maior parte de nós, sejamo honestos!) e procurar respostas a algumas destas questões... Se é que o "nosso general" tinha pensado também nas respostas... Mas às vezes, em certas conjunturas históricas dramáticas, são mais importantes as perguntas do que as respostas (imediatas)...

António J. P. Costa disse...

Olá Camarada
Ganda bloco de perguntas: "Quem seria o "interlocutor" de Portugal, por parte de PAIGC, uma vez assassinado o Amílcar Cabral? Seria um cabo-verdiano (Luís Cabral, Aristides Pereira) ou um guineense('Nino' Vieira)?..."
Mas a História é como no futebol: não há ses.
De facto o Gen. Betencourt Rodrigues chegou tarde e quando não havia nada a fazer. O "Insidioso e Ardiloso" talvez não tivesse tempo e potencial relativo de combate para se impor, mas as "Gloriosas NT" também não tinham capacidade para um vitória militar que era o que materializaria Derrota do PAIGC. Estava-se quanto muito num impasse táctico que facilmente poderia vir a tornar-se numa desgraça... Como? Não sei. Mas uma coisa seria certa negociações(?) "já mé"...

Um Ab.
António J. P. Costa

Manuel Luís Lomba disse...

Na altura dei voltas para conseguir o "Portugal e o Futuro"; o meu é "edição 566". Pareceu-me um retrato do pais que Marcelo Caetano desconhecia, mas governava.

Amílcar Cabral teve luz verde dos mísseis Strela e que planeava a declaração unilateral da independência no Cantanhez, na efeméride da fundação do PAIGC, que a transferência desse cerimonial para o Boé foi contingência (a culpa foi da Força Aérea!) é narrativa dos seus herdeiros. E Luís Cabral até diz que Nino Vieira mandara os obuses para O Boé, mas tinha mandado (ou mantido) a sua a artilharia no Sul...

A declaração independentista é muito interessante, mas a história da independência da Guiné não o será - e custou a vida ao seu pai!

O reconhecimento de Direito internacional das independências é atributo da ONU, a da Guiné não seria reconhecida antes de reconhecida Portugal - a eventual derrota dos seus militares não era a derrota de Portugal.

Amílcar Cabral teria feito essa proclamação, manobra de genial de pressão política e diplomática sobre Portugal. E depois?

É plausível que não teria corrido com os Portugueses - consideraria o valor dos 500 anos anteriores - que porfiaria Portugal à negociação é plausível.