Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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terça-feira, 15 de março de 2022
Guiné 61/74 - P23081: Os nossos seres, saberes e lazeres (496): Guerra e Desporto, mais um artigo de Alexandre Silveira publicado no Jornal Fayal Sport Club (José Câmara, ex-Fur Mil Inf)
Mano Carlos,
Espero que esteja tudo bem. A vida por estes lados lá vai seguindo com altos e baixos, mas não nos podemos queixar. Fazê-lo é um autêntico sacrilégio perante o que vamos observando por este mundo fora.
Mas adiante.
Encontrei mais este artigo, “Eu… Desportivo” que então escrevi para o jornal do Fayal Sport Club, na sua Edição de 2/6/1973, que seria o último, em vésperas de emigrar para os Estados Unidos da América. Nem de propósito, …perante o panorama futebolês que grassa um pouco por todo o lado.
Compreendo que isto nada tem a ver com a nossa Guerra do Ultramar, no caso da Guiné, mas talvez sirva um propósito, unidos seremos sempre mais fortes no Crer e Querer.
Abraços e beijinhos da tua família “americana”.
Abraço fraterno do mano
José
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Notas do editor
Poste anterior de 23 DE DEZEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22835: Os nossos seres, saberes e lazeres (483): Guerra e Desporto, mais um artigo de Alexandre Silveira publicado no Jornal Fayal Spor Club, enviado a partir da Mata dos Madeiros (José Câmara, ex-Fur Mil Inf)
Último poste da série de 12 DE MARÇO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23071: Os nossos seres, saberes e lazeres (495): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (41): Em Cernache do Bonjardim e na Sertã, no dia em que aqui recebi a segunda dose da vacina (1) (Mário Beja Santos)
Guiné 61/74 - P23080: (De) Caras (186): Isabel Amora, atuando no Cine Gabu, em Nova Lamego, em 1970 (Tino Neves, ex-1º cabo escriturário, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71)
Foto nº 1 > Em segundo plano, a Isabel Amora, em palco, no Cine Gabu, em 1970...Era acompanhada pelo teclado musical, possivelmente Yamaha (mulher, de costas, junto ao palco)... Em primeiro plano, um aspeto da assistência na primeira e segunda filas: um capitão e um tenente coronel, de costas.
Foto nº 2 > Aspecto (parcial) da assistência, constituída por militares, familiares e populaçao local, O Tino Neves, com o capacete da PU - Polícia da Unidade, está de pé, de óculos escuros, junto à porta. O outro elemento da PU era o sold básico auxiliar de cozinheiro Miranda.
Guiné > Região de Gabu > Nova Lameho > BCAÇ 2893 (1969/71) > 1970 > Atuação da cantora ié-ié Isabel Amora para as Forças Armadas
Fotos (e legendas): © Tino Neves (2021). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Mensagem de Constantino Neves, mais conhecido por "Tino" Neves, ex-1.º cabo escriturário, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71 (hoje, bancário reformado, vivendo na Cova da Piedade, Almada; tem mais de sessenta referências no nosso blogue):
Data: segunda, 14/03/2022 à(s) 16:10
Assunto: Isabel Amora
Ela também actuou em 1970 no Cine Gabu (Nova Lamego).
Guiné > Região do Gabu > Nova Lamego > CSS/BCAÇ 2893 (1969/71) > O 1º cabo escriturário Constantino (Tino) Neves e o sold básico auxiliar de cozinheiro Miranda, em missão de PU - Polícia de Unidade.
Foto (e legenda): © Tino Neves (2007). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
(*) Vd. poste de 11 de março de 2022 > Guiné 61/74 - P23069: Foto à procura de... uma legenda (163): Uma imagem relativamente rara, esta, de uma cançonetista, de minissaia, a atuar em Jabadá, por volta de 1969/70
Guiné 61/74 - P23079: A nossa guerra em números (15): Segundo o investigador Ricardo Ferraz, do Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia, a guerra colonial (1961/74) custou ao Estado Português, a preços de hoje, e na moeda atual, cerca de 21,8 mil milhões de euros
Capa do 'paper' "Grande Guerra e Guerra Colonial: Quanto custaram aos Cofres Portugueses?" - Lisboa, Ministério da Economia, Gabinete de Estratégia e Estudos, junho 2019, 24 pp. (GEE Paper 122). Disponível aqui, em formato pdf, primeira versão: http://www.gee.gov.pt//RePEc/WorkingPapers/GEE_PAPERS_122.pdf
1. Uma guerra, qualquer guerra, custa uma "pipa de massa": custos diretos, indiretos e ocultos... Sempre difíceis de avaliar com rigor, se não mesmo impossíveis de quantificar, no que concerne aos custos "societais", materiais e imateriais, ecológicos, demográficos, humanos, sociais, culturais, políticos, psicológicos, etc.
Na realidade, quanto custam as vidas humanas perdidas numa guerra? E o tratamento e a reabilitação dos feridos? E o sofrimento humano? E a violação de princípios e valores? E o impacto ambiental? E a destruição de património material e imaterial? E as sequelas que deixa todo e qualquer conflito militar, para a geração dos combatentes e as gerações seguintes?
Mas o mais fácil é começar pelas "despesas militares" e ver o seu peso no PIB.
Segundo Pedro Marquês de Sousa, autor de "Os números da Guerra de África"(Lisboa, Guerra & Paz Editores, 2021, 381 pp.), as despesas militares, quando a guerra decorreu simultaneamente nos três teatros de operações (Angola, Guiné e Moçambique), no período entre 1966 e 1971, chegaram a representar 6% do Produto Interno Bruto (PIB).Nota do editor:
Último poste da série > 23 de fevereiro de 2022 > Guiné 61/74 - P23022: A nossa guerra em números (14): Até 1966, as despesas com o transporte, até Lisboa, de uma urna de chumbo com os restos mortais de um militar, a suportar pela família, variavam entre 10 e 15 contos, conforme a província (Angola, Guiné ou Moçambique)
segunda-feira, 14 de março de 2022
Guiné 61/74 - P23078: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - XIX (e última) Parte: Anexo B: Outros dados estatísticos: baixas, louvores e condecorações
26 de janeiro de 2022 > Guiné 61/74 - P22940: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte XVI: brutal ataque ao destacamento e tabanca de Missirá na véspera do Natal de 1966
25 de dezembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22845: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte XV: Dezembro de 1966: a Op Harpa em que é ferido com gravidade o Quebá Soncó, que depois irá para o hospital de reabilitação de Hamburgo, na Alemanha
23 de agosto de 2021 > Guiné 61/74 - P22478: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte XII: Mina A/C em 21/8/1966, e violento ataque ao Enxalé em 9 de setembro
6 de junho de 2021 > Guiné 61/74 - P22258: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte IXb: Porto Gole: 3 de março de 1966, ataque IN, e visita da "Cilinha"
31 de maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22241: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte IXa: Porto Gole: 3 de março de 1966, ataque IN
Guiné 61/74 - P23077: Notas de leitura (1428): “Amílcar Cabral - Pensar para Melhor Agir”; edição da Fundação Amílcar Cabral, Praia, 2014 (3) (Mário Beja Santos)

Queridos amigos,
No contexto das intervenções que proferiu no seminário de quadros do PAIGC, em novembro de 1969, o líder histórico insiste permanentemente em várias tónicas, procura ser o mais didático possível quanto ao conceito de democracia revolucionária, alerta para as diferentes formas de oportunismo e carreirismo, é cáustico quanto a esbanjamentos, desvios de valores, e desassombradamente fala nos direitos das mulheres, não esconde a sua preferência pela monogamia e exalta as virtudes femininas. O livro "Pensar para Melhor Agir", é de leitura obrigatória para todo aquele que pretenda aprofundar a visão, as caraterísticas ideológicas de Amílcar Cabral, ele delineou todo o seminário de modo a que os quadros, desde os mais antigos aos mais recentes, pudessem assimilar a génese da luta armada, os princípios partidários, a evolução da guerrilha e as suas perspetivas, a política externa e a ligação entre as forças armadas e as populações afetas ao PAIGC.
Um abraço do
Mário
Um guia prático para conhecer o pensamento do revolucionário Amílcar Cabral (3/5)
Beja Santos
A obra intitula-se “Pensar para Melhor Agir”, comporta o teor integral das intervenções de Amílcar Cabral do Seminário de Quadros do PAIGC, que se realizou em Conacri, de 19 a 24 de novembro de 1969.
O líder fundador do PAIGC discreteia sobre a organização, qualidades de liderança, vai falar seguidamente de independência de pensamento e de ação, quem pertence ao PAIGC e quais os seus deveres e direitos, o que é uma democracia revolucionária.
Explica a natureza dos membros do PAIGC e como este deve negar toda a fauna de oportunismo, e dirige o seu pensamento para outra direção, a democracia revolucionária, ao seu entendimento.
E daqui rumou para a fidelidade aos princípios, o respeito aos princípios.
Mudando de contexto, refere-se às modalidades de resistência, fala diretamente em eliminar tudo quanto seja um obstáculo ao progresso do povo, e fala explicitamente:
(continua)
Nota do editor
Último poste da série de 11 DE MARÇO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23068: Notas de leitura (1427): “Amílcar Cabral - Pensar para Melhor Agir”; edição da Fundação Amílcar Cabral, Praia, 2014 (2) (Mário Beja Santos)
Guiné 61/74 - P23076: (De)Caras (185): Isabel Amora (1946-2020), a cantora "ié-ié" que atuou em Jabadá, para os militares da CCAV 2484 (1969/70) (Manuel Antunes / Fernando Feio)... mas também em Galomaro, em 1971, ao tempo do BCAÇ 2912 (António Tavares)
Isabel Baptista, de seu nome, de muito cedo "começou a mostrar os seus dotes artísticos e musicais cantando o “IÉ IÉ” (estilo de música pop surgido na França, Itália, Espanha e Portugal no início da década de 1960). Há quem diga que o seu estilo preferido era o seguido por Rita Pavone, cantora com sucesso na música Italiana. Infelizmente não temos nenhum registo de som da Isabel a Solo." (...)
(...) "Entre 1965 e 1966, no Teatro Monumental, em Lisboa, teve lugar o famoso Concurso Ié-Ié, e Isabel Amora cantou no evento (embora fora de competição) acompanhada pelos Jovens do Ritmo, da Amora - localidade onde nasceu e que guardou como apelido artístico. (...)
Mas em Jabadá Isabel deve ter atuado a solo... Segundo a fonte que estamos a citar (**), "antes do lançamento do Duo Elas, Isabel pela mão da Senhora D. Helena Félix, parte para o Ultramar para cantar para os militares. O seu empresário era o Sr. Munhoz, pai da Sra. D. Eunice Munhoz, com escritório na Praça da Alegria em Lisboa. (...).
(...) "Alguns anos depois vão para o Porto, onde passam a viver durante um tempo e actuam em vários Casinos portugueses. Acabado esse contrato, a Paula decide casar-se e o Duo dissolve-se. A Isabel retorna a Moçambique, onde encontra família e onde faz a sua vida a cantar com um novo contrato, regressando a Portugal no final deste e dando por finalizada a sua carreira artisitica. A sua vida deixa de ser artística e passa a viver uma vida fora dos palcos. Mais tarde casa-se, mas divorcia-se uns anos a seguir" (...)
3. Diz o António Tavares, também em comentário (*):
(...) "No dia 31 de Março de 1971 houve festa no Quartel de Galomaro. O BCaç 2912 recebeu a Isabel, Tino Costa, Eva Maria e Fernando Correia. Os quatro actuaram a solo e em conjunto, num palco construído para tal fim, na parada do quartel.
___________
Notas do editor:
(*) 11 de março de 2022 > Guiné 61/74 - P23069: Foto à procura de... uma legenda (163): Uma imagem relativamente rara, esta, de uma cançonetista, de minissaia, a atuar em Jabadá, por volta de 1969/70
(**) Blogue As raízes da Amora > 8 de novembro de 2020 > Isabel Amora e o Duo ELAS
(***) Último poste da série > 16 de dezembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22812: (De)Caras (184): Sene Sané, régulo de Pachisse, com capital em Canquelifá, tenente de 2ª linha, vogal do Conselho Legislativo, falecido em 1969
domingo, 13 de março de 2022
Guiné 61/74 - P23075: Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo (António Graça de Abreu) - Parte XXIX: Ìndia, Cochim, novembro de 2016
Índia > Cochim > 17 de novembro de 2016 > O autor e a esposa. junto à catedral-basílica de Santa Cruz
Pois, os façanhudos portugueses de antanho, pouco ajuizados, indomáveis, valentes lusitanos da era de quinhentos, Cabral, Gama, Albuquerque. Hoje, na velha Cochim um cemitério holandês e uma imensidão de túmulos vazios. Da fortaleza do tempo de Afonso de Albuquerque resta um pequeno troço da muralha debruçado sobre o mar.
Entro na igreja de S. Francisco, o primeiro templo católico europeu a ser construído pelos portugueses na Índia, em 1503. Lá dentro, lápides e sepulturas de gente da nossa pequena nobreza e a tumba vazia onde esteve Vasco da Gama falecido em Cochim em 1524. O corpo aqui permaneceu até 1539 quando foi transladado para Portugal, pelo seu filho Estevão da Gama.
Entro numa escola primária, católica, dirigida por freiras. As salas de aula têm as portas abertas para os miúdos verem os turistas estrangeiros, e vice-versa. Rapazes bem dispostos vestem todos umas camisas com quadrados vermelhos, brancos e pretos e saúdam-nos alegremente num inglês macarrónico.
Adiante, fica a catedral-basílica de Santa Cruz. Edificada por portugueses em 1550, foi reconstruída de raiz em 1888. É por isso, um templo mais moderno, imponente, com mil histórias para contar. Um altar com a Senhora de Fátima.
Avanço para o outro lado da antiga de Cochim, com a sinagoga e o quarteirão judaico. Ainda cruzes de David na fachada de seculares habitações e lojas. Existem judeus em Cochim desde o século XI, e a sinagoga, sóbria, com um conjunto notável de candelabros de vidro e o chão revestido com azulejos chineses, foi construída em 1568. A cidade albergou durante centenas de anos franjas de judeus que fugiam das perseguições na Europa, chegados da Holanda, de Espanha, de Portugal, condenados a um distante exílio definitivo.
Há uma cidade nova de Cochim do outro lado do braço de mar, que não visitei. É nos quarteirões antigos deste burgo que o meu coração melhor pulsa e o sangue melhor circula.
Último poste da série > 21 de fevereiro de 2022 > Guiné 61/74 - P23014: Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo (António Graça de Abreu) - Parte XXVIII: Chile, Valparaiso, fevereiro de 2020
Guiné 61/74 - P23074: Memória dos lugares (437): Rio Mansoa, destacamento de João Landim (Victor Costa, ex-fur mil at inf, CCAÇ 4541/72, Safim, 1974)
1. Mensagem do Victor Costa, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 4541/72 (Safim, 1974)

Amigos e camaradas da Guiné,
Ao longo da História, os Rios e os Portos tiveram sempre muita importância numa guerra e os rios da Guiné, como não podia deixar de ser, tiveram também aqui um papel de relevo.
Este tema que pretendo abordar prende-se com o facto das fotografias que pretendo ver publicadas se referirem ao Rio Mansoa, ao Porto de João Landim e daí até a Foz, às Jangadas que realizavam a travessia, à proteção das pessoas e bens que as utilizavam, à amplitude das marés e à segurança e riscos associados ao funcionamento da engrenagem e também aos acidentes que vitimaram muitos de nós.
Todas estas fotografias não incluem equipamento militar nem armas, apesar da maior parte delas serem tiradas de cima de uma jangada militar. Isto não foi devido a qualquer imposição do Comando ou dos meus superiores mas por opção minha e deve-se a uma tonteria dum puto 22 anos que não queria que quando o rolo fosse revelado em Bissau pudesse fornecer ao IN qualquer informação por mais pequena que fosse das NT. Também não foi com a ideia de prejudicar quem acima de mim mandava, até porque era uma pessoa de trato fácil, muito correta e se calhar não dava muita importância a estas questões por ser do interior. Mas acontece que eu nasci e vivo numa zona onde desde miúdo convivi com o Rio, o Mar, a amplitude das marés e os riscos aí associados.
Quando em meados de Maio de 1974 fui colocado no Destacamento de João Landim Norte a minha travessia do Rio Mansoa foi feita na praia-mar, foi muito fácil e decorreu sem incidentes.
Mas durante as operações de segurança que ali fiz constactei que, apesar do Porto de João Landim estar a mais de 40 Km da foz (Mar), a influência das marés fazia-se sentir fortemente, com um caudal também muito forte e ainda com uma amplitude de maré superior a 4 metros e onde naturalmente se passeava o tubarão negro.
As próximas 5 fotografias tiveram como objectivo captar:
1º O aluvião descoberto no leito do Rio na baixa-mar para poder calcular a altura entre o nível da maior e da menor maré.
2º O desnível da rampa de acesso à jangada a marca da maré na margem e as dificuldades associadas.
3º A entrada das pessoas para a Jangada civil e a Lancha da Marinha a executar a proteção.
4º A Jangada a navegar no Rio sem qualquer dificuldade.
5º A minha última travessia e despedida já ao longe do edifício do Porto de João Landim, felizmente mais uma vez sem qualquer problema.
Para concluir,na minha modesta opinião, durante o período da Lua, o risco de embarque e desembarque nas Jangadas fora do pico da maré era muito elevado.
Um abraço,
Victor Costa
Ex-Fur Mil At Inf
Nota do editor:
Último poste da série > 8 de março de 2022 > Guiné 61/74 - P23058: Memória dos lugares (436): Safim, às portas de Bissau, e o terminal dos autocarros da A. Brites Palma (Victor Costa, ex-fur mil inf, CCAÇ 4541/72, Safim, 1974)
sábado, 12 de março de 2022
Guiné 61/74 - P23073: Os nossos capelães (17): José Torres Neves, ex-alf graduado capelão, BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71), ainda no ativo como padre das Missões da Consolata
Fonte: Excerto, adapt de Henrique Pinto Rema - "História das Missões Católicas da Guiné": Editorial Franciscana, Braga, 1982, pp. 709-712 (Vd. a extensa recensão bibliográfica feita pelo nosso camarada e colaborador permanente Mário Beja Santos) (*)
Data - 12 mar 2022 16:39
Sobre o tema os nossos capelães (**), e, aproveitando a sugestão do Luís Graça, venho dar um pequeno contributo com algumas notas. E elas referem-se ao capelão José Neves com quem desenvolvi amizade, que ainda hoje se mantem.
Os nossos contactos têm-se mantido com a regularidade possível, uma vez que faz parte das Missões da Consolata, estando em missão em várias partes do mundo, encontrando-nos sempre que vem de férias (não amiúde). Daí, que só agora espicho estas breves notas, após obtida a sua anuência.
José Torres Neves, ex-alf graduado capelão, integrou o BCAÇ 2885, sediado em Mansoa. Prestou serviço de 1969.05.07 a 1971.03.03.
De acordo com a sua informação, foi o único capelão das Missões da Consolata a prestar serviço na Guiné.
Votos de ótima saúde.
Um abraço,
Ernestino Caniço

Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (1969/71) > 1969 > O alf graduado capelão José Torres Neves com o cap eng trms, STM, Bento Soares, aqui à civil (sendo hoje maj gen ref, nosso grã-tabanqueiro nº 785). Ambos naturais de Meimoa, Penamacor.
Foto (e legenda): © João Afonso Bento Soares (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
(*) 17 de setembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19023: Os nossos capelães militares (9): segundo os dados disponíveis, serviram no CTIG 113 capelães, 90% pertenciam ao Exército, e eram na sua grande maioria oriundos do clero secular ou diocesano. Houve ainda 7 franciscanos, 3 jesuitas, 2 salesianos e 1 dominicano