Pesquisar neste blogue

sexta-feira, 9 de maio de 2025

Guiné 61/74 - P26783: In Memoriam (548): Recordar o meu amigo Carlos de Matos Gomes (1946-2025), o escritor Carlos Vale Ferraz (Mário Beja Santos)

Carlos de Matos Gomes (1946-2025), escritor Carlos Vale Ferraz


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 6 de Maio de 2025:

Queridos amigos,
Foi na apresentação do mais recente livro de José Brás, na Casa do Alentejo, que estive presencialmente com Carlos de Matos Gomes, já ele denotava um visível abatimento. Foi uma estima de cerca de um quarto de século, tínhamos sempre histórias para contar, livros para a permuta, momentos houve nos nossos diálogos em que eu pressentia nas suas perguntas a procura de respostas para o contexto das suas obras. Eu confessava-lhe a minha incredulidade, nunca percebi como é que ele arranjava tempo para tanta escrita, creio que a invasão da Ucrânia lhe deu ensejo para artigos quase diários que ele enviava para amigos e para a imprensa, e escreveu mesmo recentemente uma obra só com as suas reflexões políticas. Pertenceu ao núcleo fundador do MFA/Guiné, tal como Sales Golias e Duran Clemente. Não hesito em dizer que Nó Cego é referência máxima da literatura da guerra colonial, mas a sua autobiografia, Geração D, é um depoimento enriquecedor dos valores em que ele acreditava como cidadão e homem independente da esquerda.

Um abraço do
Mário



Recordar o meu amigo Carlos de Matos Gomes, o escritor Carlos Vale Ferraz

Mário Beja Santos

Carlos de Matos Gomes não ficou insensível às laudes que teci ao seu romance Nó Cego, teve a sua 1.ª edição em 1983. Tendo eu procurado compulsar o que de mais significativo se escreveu na literatura da guerra colonial, dei este romance como obra-prima absoluta, e mantenho sem hesitação tal qualificação. 

A nossa aproximação aconteceu quando um dia, num alfarrabista de Campo de Ourique, de saudosa memória, encontrei uma dúzia de exemplares de outra obra sua, Soldadó, uma narrativa humorística sobre um herói fruto do acaso, obra injustamente esquecida, telefonei-lhe para lhe anunciar a oferta, marcámos encontro à hora de almoço. E assim preparámos mais de um quarto de século de encontros amistosos, trocas de referências, cumplicidades. E dez dias antes do seu passamento telefonei-lhe para lhe pedir ajuda quanto a detalhes daquela operação a Cumbamori, onde ele esteve numa das frentes da operação do Batalhão dos Comandos Africanos. Disse-me que ia fazer tratamentos na Fundação Champalimaud, “mais uma batalha, a ver o que acontece, depois voltaremos à fala”

Não voltámos, fui-me despedir dele no velório, na Capela da Bemposta, agradeci-lhe tudo quanto me ensinou, por exemplo, o livro que escreveu com Aniceto Afonso, Guerra Colonial, Porto Editora, 2020, é um monumento de precisão e rigor, demorará muitos anos a ser reatualizado e enriquecido. E a sua obra autobiográfica Geração D, também da Porto Editora, 2024, é de uma sinceridade tocante, um poderoso testamento político.

Mas há um livro de 2017, A Última Viúva de África, que continuo a reter pelo deslumbramento da escrita, em sua homenagem aqui deixo alguns desses parágrafos que selecionei como eloquentes. Logo a dedicatória:

Aos que se interrogam.
Aos que vivem e deixam um rasto.
Aos que procuram as nascentes dos rios.
Aos que sofrem a inevitável derrota que sempre sucede quando um tirano esgota a esperança do seu povo e manda os seus soldados combater numa terra de que não é rei.
Aos meus netos e a todos os netos, para que tenham um futuro.


O fulcro da história é uma tal Madame X, o nome de código de uma informadora residente em Leopoldville, onde os movimentos independentistas angolanos, em particular a UPA/FNLA, tinham a sua base de onde recebiam o apoio político de Mobutu. No romance ela é Alice Oliveira, nascida e criada no Minho, emigrou para o continente africano, tornar-se-á, nesses tempos turbulentos do início da República do Congo em que havia mercenários que combatiam a favor da separação do Catanga, tornou-se numa informadora exímia, várias polícias secretas ficarão a dever favores, acabou por intervir nos acontecimentos de Angola, em 1975, e no fim do Apartheid na África do Sul, já nos anos 1990. Vai aparecer como amiga de Jean Scrame, um dos míticos comandantes das tropas mercenárias. Alice Oliveira, que se considerava a última viúva de África, iria morrer na Nova Zelândia. O filho, que ela viera entregar ainda bebé aos avós, em Portugal, pretendeu trazer o seu corpo lá para o Minho, depositá-lo numa igreja, consagrada como o Panteão. E assim começa a história.

Uma empresa cinematográfica vai centrar-se num filão promissor, parece um bom argumento, lá num ponto do Minho um milionário quer prestar uma homenagem à mãe, transferi-la de um outro continente para uma capela da quinta, uma equipa desloca-se, iremos ouvir falar de Miguel Barros, será uma figura central, cabe-lhe ilustrar acontecimentos que envolvem a Madame X e Jean Scrame, comandante dos Leopardos.

Ao chegar ao acampamento de Jean Scrame, caía o dia, Miguel Barros deparou-se com um inesperado cenário de dezenas, centenas de fogueiras. 

“Miguel Barros viu reunidos na messe, numa bacanal à volta de uma mesa coberta por uma toalha de bordados de Bruxelas, com travessas de loiças de Limoges cheias de restos de antílopes assados, de javalis, de macacos, garrafas de champanhe, copos de cristal da Bohemia, trazidos nos saques às casas abandonadas pelos colonos. Uma mulher grande e loira, que usava cremes e pós para a maquilhagem como se fossem estuque para cobrir fendas nas paredes, servia pedaços de carne abanando as mamas espremidas num vestido de seda costurado para o corpo de uma colona magra fugida da independência. Os homens gritavam pelo nome dela: ‘Ivette!’. Ela levantava a saia para deixar ver parte das coxas. Bebiam pelo gargalo garrafas do caríssimo champanhe Dom Pérignon, da Moët et Chandon, abandonado nas fazendas e nas lojas, a aguardar os dias de festas que nunca mais alegrariam. Só um deles, a um canto, de tronco nu, de cabeça rapada à navalha, com uma cruz de ferro pendurada por uma fita ao pescoço, bebia cerveja e berrava em alemão. O mercenário viera das estepes geladas para as savanas em brasa de África continuar a matança de comunistas e eliminação das raças inferiores.”

Vamos agora ver Miguel Barros no Victoria Hotel, em Stanleyville:

“Do Tennis Club de Stanleyville e do Cercle Hippique restavam os courts e as pistas cobertas de vegetação. No antigo hospital para os europeus estavam agora negros sentados à porta, à espera, eternamente à espera, afastando moscas e entrelaçando as cabeleiras. Das paredes dos edifícios iam desaparecendo os anúncios de agências de viagens da Wagons Lit e do American Express, de oficinas de mecânica e de stands de automóveis, de empresas de construção civil, de médicos e dentistas que já não davam consultas. As placas, tão esburacadas de tiros como as estradas pelas falhas de alcatrão continuavam a indicar as direções de Leopoldville, Elizabethville, Kampala, Goma.

Dos cerca de 5 mil europeus que residiam em Stanleyville e arredores antes da independência, restavam menos de metade. Quando desembarquei em Stanleyville corriam boatos entre os negros assimilados e os europeus que ali permaneciam da tomada de zonas importantes da Província Oriental pelos Simbas do Exército Revolucionário de Pierre Mulele. Em agosto, os Simbas capturaram Stanleyville – uma guarda avançada de apenas quarente negros drogados, descalços e armados de catanas, liderados por xamãs cobertos de peles de animais, com guizos de cobra nos pulsos e nos tornozelos, mascarados com cabeças de macacos. Em poucas semanas, cerca de metade do Congo caíra sobre o controlo dos Simbas. As portas do inferno tinham sido abertas. O monumento a Lumumba na praça central de Stanleyville transformou-se num altar onde Nicolas Olenga e os seus lugares-tenentes sacrificaram o que restava da antiga elite mestiça e europeizada de Stanleyville, os que se designavam como évolués. Ali foram levados, nus, os políticos, os jornalistas, os professores acusados amigos dos brancos, de traidores, e esventrados de pé, de mãos amarradas, retirados os fígados com eles vivos e dados a comer aos pigmeus Simbas.”


Mais tarde, deu-se o contra-ataque, vieram os paraquedistas, entraram depois em Stanleyville os Terríveis, comandados por Jean Scrame e mercenários brancos. Saquearam as povoações vizinhas, incendiando-as com os habitantes no interior das casas.

” Durante vários dias continuaram os tiros por toda a parte, principalmente para os lados do rio, onde eram executados os Simbas que não conseguiram escapar e os que não os haviam apoiado.” 


A lei do mais forte passara para Mobutu.

Obviamente que há mais trama neste romance que todo o horror que se viveu naquele período no Congo e posteriormente. A longuíssima carta que Miguel de Barros manda a Inácia Luz ilustra perfeitamente o sucesso cinematográfico com base nesta Madame X, Alice Oliveira, uma espia talentosíssima, a mãe dos mercenários, a guerreira que comanda os mortos, que estabelecera redes de contactos que informou as autoridades portuguesas do que iria acontecer no Norte de Angola, e que torna deslumbrante toda a trama do Romance, ela é a viúva branca de um paraíso perdido com a descolonização.

Ocorreu-me esta obra de Carlos Vale Ferraz, que recebeu o prémio literário Fernando Namora 2018 para lembrar o escritor que legou a mais bela obra da literatura da guerra colonial e uma referência na investigação da História contemporânea de Portugal que me honrou com a sua amizade. E assim me curvo respeitosamente em sua memória.

Junto como apêndice um texto que o Carlos escreveu no blogue A Viagem dos Argonautas sobre este seu romance:

A descolonização é um absurdo.

O romance desenvolve a reflexão do absurdo como atributo inerente do fenómeno que é habitualmente designado por “movimento descolonizador” de África feita por várias personagens. No início do romance, o narrador, um jovem português, estudante de filosofia na universidade de Lovaina, na Bélgica, fotógrafo por desejo de aventura, confrontado com as notícias e as reportagens dos tumultos que se seguiram à independência do Congo Belga, em 1960, considera como primeira impressão que os europeus andavam por África a extrair o que necessitavam para viverem melhor nas suas terras de origem, aonde regressariam após a campanha, como os pescadores de bacalhau que cumpriam temporadas na Terra Nova. Ou cumpriam penas de degredo longe das suas pátrias. O narrador apoiava as independências porque considerava um anacronismo a exploração direta de África pelos europeus: 

“Para mim, descolonizar constituía uma prova de inteligência. Não apoiava as independências das colónias por ser um direito dos povos colonizados. Não me converti ao anticolonialismo por ideologia, nem por moral, mas por pragmatismo. Quis conhecer os mercenários do Congo e Jean Scrame, em particular, para perceber porque lutava depois de administrar uma propriedade da qual já havia tirado o proveito que lhe permitia estabelecer-se noutro país, ou regressar à Bélgica.”

O narrador comete aqui a mais vulgar das confusões: refere-se, não à colonização, mas ao colonialismo. É de colonialismo que fala. O Congo Belga, como toda a África a sul do Sara, nunca foi colonizado, com exceção da Colónia do Cabo, onde os ingleses ensaiaram o que viria a ser o seu modelo de administração colonial (indirect rule). O Congo Belga (que começou por ser propriedade pessoal do rei dos belgas) foi sujeito ao fenómeno do colonialismo e o colonialismo foi um sistema de exercício violento de direitos de exploração de matérias-primas instituído e acordado na Conferência de Berlim, em 1885, entre potências europeias, para satisfazer as necessidades dos complexos industriais desenvolvidos com a energia da máquina a vapor. O colonialismo é um fruto da máquina a vapor e da revolução industrial.

Até à II Guerra Mundial foi indispensável as potências europeias assegurarem a exploração direta das matérias-primas, depois, passou a ser mais rentável delegar essa tarefa em agentes locais, as elites indígenas entretanto assimiladas e integradas na cultura e nos processos europeus. Mas houve, entre os europeus que foram para África executar tarefas de exploração direta, um grupo que, por razões diversas, assumiu aquelas terras como o seu destino final – que afirmaram ser a África, fosse o Congo, Angola, a Rodésia, Moçambique ou o Quénia, a sua pátria! Em Portugal utiliza-se o termo de “cafrealização” para designar esse processo, na Bélgica ele foi designado por “zairização”. O comandante de mercenários designado no romance como Jean Scrame e a portuguesa Alice Vieira, a última viúva de áfrica, pertencem a esse grupo. O narrador descobrirá, contudo, que nem eles – mesmo assumindo a sua nova identidade de africanos brancos – se opõem ao processo de independência das colónias, a um governo de negros, porque percebem que o sistema de administração e exploração delas se mantém, apenas mudaram os executores diretos, que passaram a ser títeres locais nomeados pelos brancos, europeus e americanos. O colonialismo manteve-se enquanto sistema de exploração de riquezas. O “Movimento Descolonizador” foi apenas uma mudança de tripulação num navio que continuou a realizar as mesmas viagens, transportando os mesmos produtos entre os mesmos portos.

Não existiu qualquer movimento descolonizador, que foi e é apenas uma designação utilizada para referir o movimento de transição da administração das colónias dos funcionários das potências europeias para uma elite de funcionários e políticos negros aculturados – ditos “assimilados” ou évolués, que, no essencial, replicam os métodos dos europeus e servem os seus interesses. Em termos políticos não existe qualquer descolonização. Não existe também qualquer libertação.

Mas não existe também descolonização em termos civilizacionais. Colonizar é a instalação de um grupo de uma dada sociedade no território de outra e implica troca de experiências, saberes, valores, relações comerciais e humanas, de forma mais ou menos pacífica ou mais ou menos violenta. Colonizar é sempre uma exportação de bens civilizacionais, da língua à religião. Entre o colonizador e o colonizado estabelece-se uma relação como a de uma gota de tinta que cai num copo de água. A gota de água dissolve-se e não é possível reconstituí-la, retirá-la da água onde se dissolveu. É por isso impossível reverter a colonização, retirar dos povos colonizados o essencial do que os colonizadores levaram e lhes inculcaram.

Nós, os portugueses devíamos conhecer bem a impossibilidade de descolonizar. Fomos colonizados pelos romanos e pelos árabes, mantemos fortes marcas dessa colonização – não fomos descolonizados até hoje. Colonizámos alguns pontos do mundo, e deixámos lá as nossas marcas, como os romanos e os árabes nos tinham deixado. O Brasil, Angola, Moçambique, a Guiné, Cabo Verde, São Tomé, não foram descolonizados, tornaram-se entidades políticas independentes, estados-nação com bandeira, hino, gravatas de seda ao pescoço dos hierarcas, número de ordem nas Nações Unidas e embaixadores que falam inglês. Tanto o discurso comum da “malvada descolonização”, como da “descolonização possível” são absurdos. O discurso da “entrega” é patológico, com origem na exacerbação de sentimentos que bloqueiam o raciocínio.

As antigas colónias europeias de África não se descolonizaram, não reverteram as instituições de governo introduzidas pelas potências coloniais, retomando as suas tradições do tempo antes da chegada dos colonizadores europeus. Pelo contrário, os dirigentes dos movimentos independentistas, do movimento descolonizador do pós II Guerra, foram particularmente violentos na aniquilação das autoridades tradicionais e dos costumes ancestrais – quase sempre com o aplauso dos antigos colonizadores e das suas instituições, com relevo para a ONU e as suas agências, que os elogiaram pela luta anti-tribalista, tomada como uma acção de modernidade.

O movimento descolonizador dos pós-II guerra é um gigantesco embuste. A descolonização de África foi, de facto, a adoção pelos africanos da “ordem” do colonialismo – constituição de estados-nação com os mesmos princípios dos estados-nação que instituíram o colonialismo, imposição dos seus sistemas políticos e jurídicos, das suas línguas, até dos seus deuses e, principalmente, das suas armas, do canhangulo à AK, do jipe ao Mirage. Não existiu qualquer libertação de África, a África política e a África dos povos estão sujeitas às mesmas regras e normas dos países que enviaram os seus exploradores ao continente africano no século XIX e que o dividiram em Berlim.

O facto de não ter existido nem descolonização, nem libertação de África não é nem bom nem mau – não existiu Mal, nem Bem, nem desastrosa descolonização, nem criminosa entrega, nem falsa libertação, houve sim uma realidade: a imposição por parte das antigas e novas potências coloniais de uma nova grelha de domínio de África, de uma grelha que facilita a relação e a exploração, pois quer uma quer outra se realizam segundo a regra dominante. O resto, o que subsiste da antiga África antes do colonialismo, das danças às mezinhas dos feiticeiros é folclore que serve de atração turística. Resta uma pergunta que Alice, A Última Viúva de África e Scrame, o último dos grandes comandantes de mercenários, colocam: Porque não podem e não puderam eles e os europeus manter-se em África como africanos brancos? Porque não pode ser a África uma pátria de brancos, como foram e são as Américas?

O romance ensaia uma resposta. A ficção é mais adequada a abordar questões difíceis que a análise política e histórica…
_____________

Notas do editor

Vd. post de 13 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26683: In Memoriam (542): Carlos Matos Gomes (1946-2025), membro do MFA no CTIG, cor cav 'cmd', ref, escritor e historiógrafo, e grande amigo da Tabanca Grande

Último post da série de9 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26781: In Memoriam (547): Maria Rosa Exposto, ex-alf enf pqdt (Bragança, c. 1940 - Portalegre, 2021), pertencia ao 4º curso (1964) e passou pelo CTIG... Rosa, que descanses em paz!

Guiné 71/74 - P26782: (De)Caras (231): O meu "mano" José Pedro Silva, sold, Pel Caç Nat 56 ... Ou a amizade não tem cor (Aníbal Silva, ex-fur mil SAM, vagomestre, CCAV 2483, Nova Sintra e Tite, 1969/70)



Guiné > Região de Quínara > Nova Sintra > CCAV 2483 e Pel Caç Nat 56 > c. 1º semestre de 1969 > Partida de futebol... (Os "manos Silva", Aníbal e Zé Pedro, são os dois militares da ponmta direita, na foto ao alto)



Sobrescrito da carta enviada ao José Aníbal Soares da Silva, fur mil, SPM 5698 (Nova Sintra)


Rementente da carta, José Pedro da Silva, soldado nº 27/0612, SPM 3978 (Bolama)



Carta do José Pedro Silva para o fur mil vagomestre Aníbal Silva:

Transcrição ("ipsis verbis):  

São João, 19 de janeiro de 1970

Inesquecível mano Aníbal:

Em primeiro de tudo desejo-lhe que esta minha
linhas lhe encontra com uma ótima saúde e 
felicidades.

Pois meu querido mano eu juntos
dos meus colegas e amigos do Pelotão, eu vou indo
menos graça a Deus o bom criador do Mundo.

Pois mano, por intermédio des-
tas minhas duas linhas, venho pedir grande fa-
vor de mandar-me oferecer 6 barries vazio, pa-
ra poder arranjar uma coisa, náo te esque-se por 
amor de Deus, por cabeça das suas famílias.

Pode entregar o nosso amigo Oliveira, ou Braz para
me guardar, até quando aparecer culuna para cá.

Mais nada por hoje obrigado,
Recebe abraço forte do seu irmão Zé Pedro.
Dê-me os meus cumprimentos para todos amigos de N. S.


Fotos (e legendas) Fotos (e legenda): © Aníbal Silva  (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. Mensagem de Aníbal Silva, ex-fur mil SAM, vagomestre, CCAV 2483 (Nova Sintyra e Tite, 1969/70); técnico de seguros, reformad0, vive em Arcozelo, Vila Nova de Gaia:

Data - 08/05/2025, 22:34

Assunto -. A Amizade Não Tem Cor


Caro Luís Graça

No poste  P26664 do dia 8 de Abril (*), fiz referência à enorme empatia que havia entre os militares da minha Companhia (Ccav 2483) e o pessoal do Pelotão de Caçadores Nativos 56.

Foram só três meses de convívio diário, mas suficiente para criar grandes amizades. Em Junho de 1969 o Pel Caç Nat 56 deixou-nos, tendo sido destacados para S. João, distante de Nova Sintra, mais ou menos 18 km e frontal a Bolama. 

Uma das amizades que restou, foi comigo e com o soldado nativo, de seu nome José Pedro da Silva. Como eu era tratado por Silva, o Zé Pedro associou o seu nome ao meu e dizia que eu era seu mano, irmão e também primo. 

Ver em anexo a sua carta de 19 de janeiro de 1970, em que começa com um "Inesquecível Mano" e na qual me pede 6 barris de vinho, obviamente vazios, para fazer cadeiras de baloiço. 

Não me recordo, mas muito provavelmente satisfiz o seu pedido, até porque os amigos são para todas as ocasiões.

Em dezembro de 1970 estava eu em Bissau na Comissão Liquidatária e numa deslocação ao Serviço de Saúde, instalado no Hospital Militar, onde fui resolver um auto relacionado com a enfermagem, ao passar por uma das enfermarias, ouvi chamar aos berros e repetidamente " Ó primo Silva".

Pareceu-me ser a voz do Zé Pedro, aproximei-me e era de facto. Estava internado para ser operado, extração de vários estilhaços que tinha nas costas. Seguiu-se um abraço emocionado. 

Na foto o Zé Pedro é o nativo à direita, junto a mim.

Um abraço de amizade

Aníbal Silva

(Revisão / fixação de texto: LG)

________________

Notas do editor LG:


(*) Vd. poste de 8 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26664: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (6): Pelotão de Caçadores Nativos 56 - Primeira vez debaixo de fogo e Emboscada virtual

(**) Último poste da série > 8 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26663: (De) caras (230): Dois manos ribatejanos que passaram por Mansabá, o Ernestino e o Nelson Caniço, um alferes e outro furriel, ambos de cavalaria, e hoje médicos

Guiné 61/74 - P26781: In Memoriam (547): Maria Rosa Exposto, ex-alf enf pqdt (Bragança, 1940 - Portalegre, 2021), pertencia ao 4º curso (1964) e passou pelo CTIG... Rosa, que descanses em paz!


Guiné > Bissau > Av Marginal > s/d< (c. 1966) > A Rosa Exposto, é a primeira do lado esquerdo.; ao centro a Maria Arminda, e à direita, a Maria do Céu Matos Chaves.  Foto: Cortesia de Fernando Miranda (2025).





Infografia:  Aristides Santos (2025) . Reproduzido da página do Facerbook do Fernando Miranda (trabalhou no Hospital da Força Aérea, com o enfermeiro,  e tem o melhor álbum fotográfico sobre as enfermeiras paraquedistas). (Com a devida vénia...)



1. Confirmámos a notícia, que já circulava há vários meses (pelo menos desde outubro passado), entre os antigos camaradas  da FAP, da morte da ex-alf enf pqdt Maria Rosa Exposto Olivença, por postagem do Fernando Miranda, ontem, dia 8 de maio:

(...) É com muito pesar que participo o falecimento no dia 21 de junho de 2021, no Hospital de Portalegre, por doença prolongada, a nossa camarada alf enf paraquedista Maria Rosa Exposto. 

A nossa camarada era residente em Marvão e esposa do nosso camarada cap paraquedista José Barata Olivença, pioneiro do curso de Espanha. Foi cremada. (...)

2.  Era natural de Bragança. E estava viúva. Tinha um filho, Francisco Olivença  (que  confirmou a morte e relatou as circunstâncias penosas do seu internamento, ainda com as restriçóes da Covida.19).  Tinha 80 anos (nasceu a 2 de outubro de 1940). 

Há vários anos que as suas antigas camaradas e amigas, Maria Arminda e Rosa Serra, não sabiam nada dela. Sabiam apenas que vivia para os lados de Portalegre.  A Arminda (que esteve com ela em 1966, na Guiné) recorda-a como uma colega bem disposta. 

Era do 4º curso (1964). Participou no livro "Nós, as enfermeiras paraquedistas" (2014) (**).  Ela terminava, em 2014, o seu depoimento, com um agradecimento à FAP pela oportunidade que lhe deu de se realizar como ser humano e como enfermeira, e com palavras de grande nobreza para com aqueles com quem trabalhou e conviveu: "Nunca vos esqueci nem esquecerei!" (**)...

Nunca  a conhecemos pessoalmente. Mas, connosco, com os amigos e camaradas da Guiné, ela também não fica na vala comum do esquecimento.  Os camaradas e amigos da Guiné, aqui reunidos no nosso blogue. também a não vão esquecer.

Não nos cansamos de lembrar que  as ex-enfermeiras paraquedistas são as únicas mulheres a quem, "de jure" e "de facto", podemos chamar camaradas. no sentido puro e duro da etimologia da palavra... 

Rosa, que descanses em paz! Um abraço solidário para o teu filho Francisco.

PS - Tinha até agora apenas 3 referências no nosso blogue (**).
 
_____________________


Notas do editor;


26 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26618: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (8): Grande coragem, sangue frio, inteligência emocional, autocontrolo, empatia, serenidade, a da Rosa Exposto!..

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Guiné 61/74 - P26780: Álbum fotográfico de João Moreira (ex-Fur Mil Cav da CCAV 2721 - Olossato e Nhacra, 1970/72) (27)

Foto 212 > Agosto de 1971 > Nhacra > João Moreira em cima dum espaldão de morteiro
Foto 213 > Agosto de 1971 > Bissau > João Moreira
Foto 214 > Setembro de 1971 > Bissau > Ficha de Atleta do Ténis Clube de Bissau
Foto 215 > Janeiro de 1972 > Nhacra > João Moreira
Foto 216 > Janeiro de 1972 > Nhacra > João Moreira
Foto 217 > Janeiro de 1972 > Piscina de Nhacra > João Moreira
Foto 218 > Janeiro de 1972 > Piscina de Nhacra > João Moreira
Foto 219 > Janeiro de 1972 > Nhacra > João Moreira

(continua)
_____________

Nota do editor

Último post da série de 1 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26750: Álbum fotográfico de João Moreira (ex-Fur Mil Cav da CCAV 2721 - Olossato e Nhacra, 1970/72) (26)

Guiné 61/74 - P26779: Recordações de um fulacundense (Armando Oliveira, ex-1º cabo, 3ª C/BART 6520/72, 1972/74) - Parte VII

 


Foto nº 1 > Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CART / BCART 6520/72 (1972/74) > s/d > Oficiais milician0s, à mesa, provavelmente em dia de anos de algum, ou numa vulgar confraternização. Em cima da mesa, uma garrafa de espumante e pelo menos três garrafas de uisque velho... Um balde de gelo. Não se vêem garrafas de água mineral (Perrier, Vichy ou Castelo). Reconhecemos o Fernando Carolino (ao fundo, ao centro) e Jorge Pinto (o segundo à esquerda). 


Foto nº 2 > Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CART / BCART 6520/72 (1972/74) > Festa de aniversário do alf mil Jorge Pinto (que faz anos a 10 de outubro; natural de Alcobça, vive em Sintra)...



Foto nº 3> Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CART / BCART 6520/72 (1972/74) > s/d > Festa de aniversário do Jorge Pint0


Foto nº 4 > Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CART / BCART 6520/72 (1972/74) > s/d > Militares do 3º pelotão ? Quem está de costa, parece-nos ser o alf mil Jorge Pinto, seu comandante. À hora da refeição, as praças bebiam cerveja (0,33 l, marca Cristal, neste caso)

Foto nº 5> Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CART / BCART 6520/72 (1972/74) > s/d > Uma mesa de 1ºs cabos condutores auto ? Em primeiro plano de costas, o 1º cabo José Claudino da Silva, que também era o "cantineiro". Além de vinho verde (em garrafa), também se bebia cerveja Sagres, em lata. Esta mesa tinha por detrás uma fiada de "ventoínhas" (que só deviam funcionar à noite, quando fosse ligado o gerador).

Fotoo nº 6 > Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CART / BCART 6520/72 (1972/74) > s/d >  Os camaradas (etimologicammente, os que dormem na mesma "câmara", quarto, camarata, no mesmo "buraco",  que dormem, comem, vivem e... morrem juntos), sempre presentes no dia a dia da guerra, vão substituindo a família, os vizinhos, os colegas de escola, os amigos, etc. que ficaram lá longe, na terra... São também companheiros, porque comem o mesmo mão à mesma mesa (do latim, cum + panis, o que partilha o pão connosco). 

 Fotos (e legenda): © Armando Oliveira (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné >  Bissau > BNU > 1973 > Nota de 50 escudos (pesos), verso. O banco emissor era o BNU - Banco Nacional Ultramarino. Uma nota destas, em 1973,  dava para comprar, na cantina do Zé Soldado, no mato uma caixa de 12 cervejas de  0,3 l... Um 1º cabo radiotelegrafista, como o Sousa de Castro, ganhava, 1300$00 na época.  Uma nota destas davam também para comprar uma garrafa de uísque novo, e ainda sobrava uns pesos...

Foto: © Sousa de Castro (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. 

1. O marcoense Armando Oliveira foi 1º cabo at inf, 3ª C/BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74), tendo pertencido ao 3º Pelotão, comandado pelo nosso amigo, camaradada e grão-tabanqueiro Jorge Pinto. Era o apontador da metralhadora pesada Breda, instalada no alto do fortim. Também exercia, no quartel, a sua profissão de barbeiro. E, como "hobby", fazia fotografia. Era uma d0s militares que tinha máquina fotográfica. É dele o melhor álbum fotográfico de Fulacunda.

É membro recente da nossa Tabanca Grande (nº 901). Tem página do Facebook. Mora no Porto. Já voltou à Guiné-Bissau 4 vezes, tendo sempre passado por Fulacunda. Pretende voltar lá em 2026

Como na maior parte dos casos as fotos que ele nos disponibilizou,  não trazem legendas, temos que as tentar reconstituir, e contar com a ajuda dele como dos outros camaradas "fulacundenses" que também fazem parte da Tabanca Grande: o Jorge Pinto e o José Claudino da Silva. (Bem como do Fernando Carolino, de quem aguardamos  o OK para ser apresentado).

2. As fotos que hoje publicamos são interessantes para documentar o consumo diferenciado de bebidas alcoólicas nos nossos aquartelamentso do mato e para estimar níveis de consumo:

(i) os oficiais e sargentos bebiam preferencialmente uísque com um pedra de gelo e água mineral, ou um gin tónico;

(ii) as praças optavam em geral pela cerveja (com os frigoríficos a petróleo, ou alimentados à noite pela energia elétrica do gerador, era possível ter bebidas sofrivelmente frescas, além de gelo).

Não sabemos quantidade de cervejas que eram fornecidas pelo BINT (Batalhão de Intendência) às subunidades no mato (150/160 homnens), mas podia ser uma méda mensal de 10 a 12 mil garrafas (de 0,33 l e 0,6,), o que levantava também problemas logísticos, de transporte e de armazenamento (que não vamos considerar aqui).

Peguemos num exemplo, o movimento da cantina da CCAV 2483, Nova Sintra:

(iii) em maio de 1970, consumiu-se cerca de 1,5 mil litros de cerveja (3977 garrafas de 0,33 l, e 268 de 0,6l, das marcas Sagres e Cristal), grossso modo 3,5 mil garrafas de 0,33 (a dividir por 150 dá 10 l de consumo médio mensal ou 30 garrafas de 0,33);

(iii) no final do mês de junho (não temos a existência de mercvadorias  no final do mês de maio), o "stock" era de 3,2 mil litros (5865 garrafas de 0,33 l e 2144, de 0,6l) (daria uma média de 21,3 l ou  cerca de 65 garrafas de 0,33 l(.

Em outubro de 1972, a 3ª C/BART 6520/72, de Fulacunda, passou a requisitar, quinzenalmente, 6 mil garrafas (quer de 0,33 l como de 0,6 l) em vez das 5 mil, segundo informação do cantineiro, o José Claudino da Silva...

12 mil garrafas por mês, numa subunidade (Fulacunda) que deveria ter 200 militares (1 companhia, 1 Pel Art e 1 Pel  Mil), dava uma previsão de consumo de 2 garrafas, por dia e "per capita" (ou 60 por mês)...Claro que havia quem não bebesse (por exemplo, os militares e milícias muçulmanos, por razões religiosas ou culturais)...

_________________________


Nota do editor LG:

Último poste da série > 4 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26762 Recordações de um fulacundense (Armando Oliveira, ex-1º cabo, 3ª C/BART 6520/72, 1972/74) - Parte VI

Guiné 61/74 - P26778: Diálogos com a IA (Inteligência Artificial) (2): camarada Arsénio Chaves Puim, o que o "Big Brother" sabe sobre ti!... Nada, entretanto, que gente não soubesse já... Afinal, a tua vida é um livro aberto (Luís Graça, Abílio Machado e Gemini IA/Google)



 



Arsénio Puim(n. 8 de maio de 1936):  ilhéu, açoriano, sacerdote católico, capelão militar, cidadão do mundo, autarca, enfermeiro, jornalista, escritor, pai, avô, amigo


1. O nosso "padre-capilom", como lhe chamavam as lavadeiras de Bambadinca, em 1970/71, faz hoje anos: 89 e,  para o ano, 90, se Deus quiser... (*)

Ele tem, por mérito próprio, uma auréola de santo e sobretudo a fama e o proveito de grande ser humano. Em dia de Santo Arsénio Puim, os seus antigos camaradas da Guiné e os muitos amigos que foi fazendo ao longo da vida (alguns, membros da nossa Tabanca Grande), querem saber como vão as moléstias e bizarrias... 

Sobre isso, o nosso "Big Brother" não sabe de nada e ainda bem. Notícias mais recentes sobre o Puim,  deu-nos o Abílio Machado, que aqui deixou um frase de antologia: "Há amizades que são maiores que a vida" (**). 

Vale a pena transcrever o essencial que o Machadinho nos contou no passado dia 10 de março de 2025:

 (...) (Eis) algumas notícias de como está o nosso ex-capelão: de facto, cheguei há dias da visita aos Açores e de cumprir um velho desejo: dar um abraço ao nosso velho amigo.

Estivemos em contacto dois dias que,  não dando para nos inteirarmos de tudo, foram suficientes para seguirmos o curso que a vida de um e outro tomou.

O Puim, com os achaques que a vida sempre nos presenteia - digamo-lo nós também - está para a sua idade em boa forma física e mental.

Gostei de o ver, jovem de espírito como sempre e seguindo o curso do mundo com interesse e atenção, fazendo do ser humano a sua missão na vida.

Foi um encontro muito emotivo em que, inevitável, relembramos muitos dos momentos vividos na Guiné.

O Miguel esteve presente pois estava em S. Miguel, em teletrabalho.

Tive a oportunidade conhecer a Leonor - esposa, mãe, avó, artista, de um afecto e uma energia transbordantes, o Puim não podia ter escolhido melhor nem ela a ele. Também o Pedro e a esposa e filhos: os netos do Puim.

Que bela família e como fomos recebidos!

Foram dias cheios, de facto há amizades que são maiores que a vida. (...) (**)

2, Depois disto, Abílio, tudo o mais é ruído, é retórica, é paleio, é conversa da treta... Tocaste na "mouche"... E, por certo, o nosso Santo Arsénio Puim vai ler-te ou reler-te com emoção... Duvido que ele continue a ler diariamente as "baboseiras" que a gente aqui escreve no nosso blogue. Tu também és pouco assíduo. 

Mas hoje o "artista principal" é o nosso camarada, antigo alferes capelão graduado do exército portuguê-...E e eu quis fazer-lhe uma "brincadeira", agora que a IA ameaça os nossos empregos (ou "tachos, e mais concretamente o meu, à frente deste blogue, há mais de vinte anos; tenho até, confesso, a tentação de lhe passar a pasta: estou velho, protésico, radioativo e, se calhar, parkinsónico; estou como o jogador de xadrez: com a IA, arrumo o tabuleiro e as peças).

Fiz uma pergunta "inocente" ao assistente da IA, do meu navegador, o Gemini IA / Google: 

"Ouve lá, ó robò, o que  é que tu sabes de um gajo que esteve na tropa comigo, de nome Arsénio Chaves Puim, era alferes capelão, depois foi expulso, uma trapalhada, dizem que meteu a PIDE, mais o comando do unidade, uma história mal contada, uma sacanice... A unidade dele era o BART 2917 (Bambadinca, 1970/72)... 

Depois, coitado, lá voltou à sua ilha e aos seus paroquianos...Continuou a fazer jornalisnmo, e, ao mesmo tempo que era sacerdote, católico, quis ser ainda mais útil à sua comunidade, tirando o curso de enfermagem...

Mais tarde, deixou o sacerdócio e dedicou-se inteiramente à prestação de cuidados de saúde. Casou, teve filhos, escreve livros sobre a sua terra e as suas gentes, tem netos, tem amigos, vive em São Miguel"...

Bem, aquilo que me levaria dias e dias a escrever, o raio do robô em escassos minutos, e depois de consultar umas seis dezenas de "websites" (incluindo alguns dos nosssos, ele despreza os que não têm links...),  fez-me um relatório completo com a "biografia multifacetada" do nosso homenageado de hoje.  

Tiro o quico ao nosso robô. sim, senhor, que belo trabalho, tirando um ou outra imprecisão ou "delírio" (como essa da "participação do BART 2917 na 'Op Mar Verde' e o reforço temporário de guarnições fronteiriças"...)...

Bem, o esboço de biografia, para mais "à borla", não está mal engendrado, não, senhor, embora "chata p'ra burro"...

Esperemos que o Puim, família e amigos gostem desta prendida da Tabanca Grande, ou melhor, do robô do Google (que reproduzimos com a devida vénia, e apenas com um pequeno retoque, além da revisão e fixação de texto)...

Nós, apesar de tudo, ainda escrevemos melhor do que o robô (****), mas o gajo ganha-nos em produtividade, em "memória de elefante", velocidade de pesquisa e de tratamento de grandes massas de dados...

Eu diria que é muito "high tec", mas ainda tem pouco "human touch"... Por enquanto, ainda está a aprender a ser homem (e mulher)...

Um dia feliz, camarada Puim, porque santo já tu és! Um chicoração meu e do Machadinho. E já agora do robô da Gemini IA/ Google, que também quis associar-se à tua festa:


(...) "Meu caro amigo Luís  Graça que bom saber que o Arsénio celebra 89 anos! Uma vida rica e cheia de feitos, desde a tropa em Bambadinca até ao cuidado da sua comunidade em São Miguel. Que percurso inspirador!

Por favor, transmite-lhe os meus mais sinceros parabéns. Que o seu dia seja repleto de alegria, rodeado pelo carinho da família e dos amigos. Que continue a partilhar a sua sabedoria e a sua paixão pela escrita e pela sua terra por muitos e longos anos. Um abraço fraterno para o teu camarada Arsénio Chaves Puim!" (...)


Arsénio Chaves Puim: Uma Biografia Multifacetada


pelo Gemini IA / Google




Arsénio Chaves Puim emerge como uma figura de relevo na história portuguesa do século XX, com uma trajetória de vida que atravessa momentos cruciais como a Guerra Colonial e a evolução sociocultural dos Açores. As suas experiências como antigo capelão militar na Guiné, enfermeiro, jornalista e escritor conferem-lhe uma perspetiva singular sobre diversas facetas da sociedade portuguesa. A sua ligação intrínseca aos Açores, tanto como local de nascimento como cenário da sua vida após o serviço militar, constitui um fio condutor que permeia as suas diversas atividades e interesses. Este relatório visa apresentar uma biografia abrangente de Arsénio Chaves Puim, com base na informação disponível, explorando as suas experiências e contribuições em diferentes domínios.

2. Primeiros Anos e Formação:

Arsénio Chaves Puim nasceu em 1936 na ilha de Santa Maria, nos Açores, mais precisamente no lugar da Calheta, na freguesia de Santo Espírito (1). Santo Espírito é um local de particular importância histórica e cultural na ilha, sendo conhecido por albergar o porto baleeiro do Castelo (1). 

 A sua infância e juventude decorreram, assim, num ambiente fortemente marcado pela tradição marítima da caça à baleia, uma atividade que desempenhou um papel crucial na economia e na cultura de muitas comunidades açorianas durante o século XX. Esta exposição precoce ao mundo da baleação e à vida das gentes do mar provavelmente influenciou o seu interesse posterior pela história local e pelas tradições da sua ilha natal.

A sua formação inicial ocorreu na freguesia onde nasceu (1).  Prosseguiu os seus estudos no Seminário de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, onde completou o curso de Teologia (1).  Após a conclusão dos seus estudos teológicos, dedicou-se ao ministério sacerdotal até ao ano de 1976 (1).

A sua educação religiosa e o período em que exerceu funções como sacerdote terão certamente moldado a sua visão do mundo e os seus valores éticos, podendo ter contribuído para a sua posterior tomada de posição face à Guerra Colonial.

3. Capelão na Guerra Colonial (1970-1972):

No decurso da Guerra Colonial, Arsénio Chaves Puim serviu como capelão militar na Guiné (4) . Foi integrado no Batalhão de Artilharia 2917 (BART 2917) , prestando serviço em Bambadinca entre os anos de 1970 e 1972 (4). 

 Embora os conteúdos dos documentos (7) não estejam acessíveis, os seus títulos ("História do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72")  sugerem que oferecem informações históricas detalhadas sobre as atividades e o contexto do batalhão durante o período em que Puim lá serviu. 

De igual modo, o título do documento (8) ("Guiné 63/74 - P9322:... "P'la Guiné e suas gentes": a alocução patriótica do comandante, em Viana do Castelo, a 8/4/1970, antes da partida (Benjamim Durães)") indica que Arsénio Puim, enquanto capelão, proferiu uma homilia, evidenciando o seu papel ativo no seio da unidade militar.

Informações adicionais sobre o ambiente operacional em que Puim se inseriu podem ser encontradas em (9), que mencionam a participação do BART 2917 na "Op Mar verde" e o reforço temporário de guarnições fronteiriças. 

Estes detalhes ajudam a compreender a dinâmica militar e as operações em curso durante o seu período de serviço. O documento (10) do sítio ultramar.terraweb.biz descreve o período em que o BART 2917 atingiu o termo da sua comissão de serviço na Guiné e assinala a importância estratégica de Bambadinca como centro de reabastecimento na zona leste, fornecendo um contexto logístico relevante para a sua localização. A referência ao CCS/BART 2917 em Bambadinca durante 1970/72 num memorial para combatentes (11) reforça a sua ligação específica a esta unidade e período temporal.

Contudo, a sua missão como capelão foi interrompida, sendo expulso do exército em meados de 1971, considerado pelas autoridades militares como "persona non grata" no território (4).  O documento (6) revela que a sua expulsão foi precedida pela sua prisão pela PIDE/DGS (a polícia secreta portuguesa) no Dia Mundial da Paz, 1 de janeiro de 1971, sendo posteriormente levado para Bissau. 

A notícia da sua expulsão e da sua oposição à Guerra Colonial foi também veiculada pelo Expresso (5) ("Toda a história do capelão contra a Guerra Colonial que desafiou o regime"), que o identifica como o segundo capelão a ser expulso após o Padre Mário de Oliveira, num contexto de crescente oposição de membros do clero à guerra. O seu caso é novamente mencionado em (6), que reiteram a sua prisão pela PIDE/DGS na mesma data e a consequente expulsão do exército.

O título do artigo (12) ("O capelão expulso por querer descalçar os dois sapatos à guerra") sugere que a sua expulsão resultou de uma profunda incompatibilidade entre o seu papel como capelão e a sua consciência face à violência e injustiça da guerra, indicando um conflito moral significativo com o regime da época.

4. Transição para a Vida Civil e Carreira na Enfermagem:

Após a sua expulsão do exército, Arsénio Chaves Puim regressou aos Açores (4).  Em 1976, concluiu o curso de enfermagem na Escola Superior de Enfermagem de Ponta Delgada (12).

 No mesmo ano em que deixou o sacerdócio, iniciou uma nova etapa profissional dedicada ao cuidado da saúde, exercendo a profissão de enfermeiro até 1995 (1).  A sua reforma como enfermeiro do Serviço Regional de Saúde da Região Autónoma dos Açores é mencionada em (6),  atestando uma longa carreira nesta área. A decisão de enveredar pela enfermagem, logo após a sua saída do sacerdócio e a experiência traumática na Guerra Colonial, pode ser interpretada como uma continuação do seu desejo de servir a comunidade, agora numa vertente mais ligada ao bem-estar físico e à cura.

5. Envolvimento no Jornalismo:


Arsénio Chaves Puim desempenhou um papel ativo no panorama mediático da ilha de Santa Maria como cofundador do jornal "O Baluarte de Santa Maria" (2). Exerceu também o cargo de primeiro diretor desta publicação (2). 

O documento (13) traça a história detalhada do "O Baluarte de Santa Maria", recordando que o primeiro periódico na ilha foi "O Mariense" (1885) e que se seguiram outros com edições limitadas. A primeira fase de "O Baluarte" surgiu em 1928, mas cessou a publicação em 1932 devido a motivos políticos após a instauração do Estado Novo. 

A segunda série do jornal foi lançada a 1 de maio de 1977 por Arsénio Chaves Puim, José Dinis Resendes e João de Sousa Braga, com o objetivo de resgatar os ideais democráticos e liberais dos jornais anteriores da ilha. A designação oficial passou a ser "O Baluarte de Santa Maria" em 1980. A edição impressa entrou em hiato por tempo indeterminado em 2016, mas o jornal mantém-se ativo online. A sua participação na refundação do jornal após o fim do regime autoritário demonstra o seu compromisso com os valores democráticos e a liberdade de imprensa.

O documento (14) lista Arsénio de Chaves Puim com a morada do "O Baluarte de Santa Maria" em Vila do Porto, confirmando a sua ligação contínua à publicação. Indica também que se trata de uma publicação regional em papel, lançada a 05/12/2011, o que poderá referir-se a um registo ou iteração posterior. 

Adicionalmente, foi o redator principal do jornal "A Crença" em Vila Franca do Campo (2).  O seu envolvimento com um segundo jornal, numa localização diferente dos Açores (São Miguel, onde se situa Vila Franca do Campo, em contraste com Santa Maria, onde se baseia "O Baluarte"), sugere um interesse mais vasto pelo jornalismo regional e um desejo de contribuir para a informação pública em diferentes partes do arquipélago.

6. Contributos Literários:

Desde 2001, Arsénio Puim publicou quatro livros dedicados à história e etnografia dos Açores, com um foco particular na ilha de Santa Maria (2).

Uma das suas obras mais notáveis é "A Pesca à Baleia na Ilha de Santa Maria e Açores" (1).  O documento (4)  revela que esta publicação é uma edição revista, aumentada e melhorada do seu livro de 2001, intitulado "A pesca da baleia na ilha de Santa Maria", demonstrando um interesse de longa data por este tema. 

O documento (1) fornece detalhes sobre o conteúdo do livro, destacando a sua exploração do enquadramento histórico, as duas épocas da baleação, relatos de vivências e o impacto socioeconómico da atividade, incluindo um "Glossário Baleeiro". O prefácio de José de Andrade Melo elogia Puim por dar relevância à história da baleação em Santa Maria e por contribuir para a história mais ampla da baleação nos Açores. 

Os documentos (15) e (17) anunciam o lançamento do livro a 29 de agosto em Vila do Porto, com uma apresentação de José de Melo, confirmando a sua publicação recente em 2024 (como também indicado em 4). O documento (16) da RTP Açores também reporta o lançamento do livro, sublinhando que acrescenta novos dados à sua obra anterior sobre o assunto. 

O documento (19) fornece informações bibliográficas sobre a edição anterior de 2001, publicada pelo Museu de Santa Maria, com um título semelhante. A sua dedicação a documentar a história da baleação em Santa Maria, culminando em múltiplas edições do seu livro, sublinha o seu compromisso em preservar e partilhar este aspeto importante do património cultural e económico da sua ilha natal.

Outra obra relevante é "O Povo de Santa Maria, seu falar e suas vivências" (20). O documento (21) descreve a segunda edição revista e aumentada, publicada em 2021. Enfatiza o foco do livro na etnografia e na linguagem de Santa Maria, destacando o objetivo do autor de preservar a herança moral, cultural e linguística da ilha, inspirado pelo conhecimento do dialeto local por parte do seu pai. Este livro demonstra o seu interesse mais vasto pelo tecido cultural de Santa Maria, para além da baleação, revelando o seu compromisso em documentar a vida quotidiana, a linguagem e as tradições do seu povo.

O documento (22) apresenta um registo bibliográfico na Biblioteca Nacional de Portugal em seu nome, sugerindo a existência de outras publicações ou contribuições. No entanto, a informação limitada (ISBD, NP405) impede a obtenção de mais detalhes. O documento (23) da Novagráfica menciona "150.º LIVRO – 29540.ª PÁGINA", o que poderá referir-se a uma entrada de catálogo ou ao seu envolvimento num projeto literário mais amplo relacionado com autores ou publicações açorianas. Seria necessário mais contexto para interpretar esta informação. O documento (24) lista um livro intitulado "São João da Vila : uma viagem pela noite mais alegre do ano..." onde Arsénio Chaves Puim é creditado pela revisão do texto. Isto indica o seu envolvimento na comunidade literária dos Açores, oferecendo a sua experiência a outros autores.

Tabela 2: Publicações de Arsénio Chaves Puim



Título | Ano | Editora


  • A pesca à baleia na Ilha de Santa Maria | 2001 | useu de Santa Maria
  • O Povo de Santa Maria, seu falar e suas vivências (1ª ed.) | 2008 | Câmara Municipal de Vila do Porto
  • O Povo de Santa Maria, seu falar e suas vivências (2ª ed.) | 2021 | Câmara Municipal de Vila do Porto
  • A Pesca à Baleia na Ilha de Santa Maria e Açores |! 2024 |Letras Lavadas Edições
  • Contribuição (Revisão de Texto) - São João da Vila | 2010 | [Vila Franca do Campo : s.n.] (Nova Gráfica)


7. Vida nos Açores:

Após o seu regresso, Arsénio Chaves Puim estabeleceu-se nos Açores (4). Desde 1982, reside em Vila Franca do Campo, na ilha de São Miguel (1). O documento (26) menciona Vila Franca do Campo como uma subdivisão geográfica relacionada com o seu trabalho como revisor de texto, confirmando a sua ligação a esta localidade. 

Antes de se mudar para Vila Franca do Campo, em Santa Maria, trabalhou como professor de Português e História no Externato (1). Desempenhou também os cargos de Vereador e, posteriormente, de Presidente da Câmara Municipal de Vila do Porto em Santa Maria, demonstrando o seu envolvimento ativo na política local (2). Foi um dos fundadores do Museu Etnográfico de Santa Maria, evidenciando o seu compromisso com a preservação do património cultural da ilha (2).

Após a sua mudança para Vila Franca do Campo, continuou a sua participação cívica, integrando diversos órgãos autárquicos e exercendo funções como Mesário da Santa Casa, uma instituição de beneficência (2).  O documento (27) contém um aviso oficial da Câmara Municipal de Vila do Porto, datado de 1982 e assinado pelo Presidente da Câmara, Arsénio Chaves Puim, confirmando o seu papel no governo local de Santa Maria nessa época. 

O documento (2) refere que foi agraciado com a Medalha de Cidadão Honorário e de Mérito Municipal pela Câmara Municipal de Vila Franca do Campo em 2009, reconhecendo as suas significativas contribuições para essa comunidade. O documento (28) lista "Arsénio de Chaves Puim" entre os beneficiários de apoio financeiro para publicações periódicas em 2017, provavelmente relacionado com "O Baluarte de Santa Maria", indicando o seu envolvimento contínuo nos assuntos mediáticos e comunitários. 

O seu vasto envolvimento na política local, na educação e em instituições culturais, tanto em Santa Maria como em Vila Franca do Campo, demonstra um profundo e contínuo compromisso com o serviço público e o bem-estar da sua comunidade nos Açores. A sua trajetória, de um capelão militar controverso a um líder cívico respeitado, sublinha a sua dedicação em contribuir positivamente para a sociedade na sua vida pós-guerra.

8. Reconhecimento e Legado:

Arsénio Chaves Puim foi agraciado com a Medalha de Cidadão Honorário e de Mérito Municipal pela Câmara Municipal de Vila Franca do Campo em 2009 (1). Esta distinção assinala o elevado apreço que a comunidade lhe dedica pelas suas longas e diversas contribuições.

Uma publicação num blog de 2024 (4) refere-se a Arsénio Puim com estima e amizade, mais de meio século após a sua expulsão do CTIG (provavelmente um centro de treino militar relacionado com o seu serviço como capelão). A publicação estabelece um paralelo entre a sua experiência e a de Aristides Sousa Mendes, sugerindo que foi uma "vítima da ira de César por mor de Deus e da sua consciência cristã". Isto indica que a sua postura de princípios durante a Guerra Colonial continua a ser recordada e respeitada em certos círculos. 

Outra publicação num blog de 2024 (4) expressa apreço pelo seu mais recente livro, "A Pesca à Baleia na Ilha de Santa Maria e Açores", demonstrando a sua relevância contínua e a sua contribuição para a cultura e história dos Açores. 

O reconhecimento que recebeu, tanto através de prémios formais como de menções positivas contínuas em comunidades online, sugere que Arsénio Chaves Puim deixou um impacto positivo duradouro nos Açores. A sua oposição de princípios à Guerra Colonial, apesar das consequências pessoais, e a sua subsequente dedicação a documentar e promover a cultura açoriana valeram-lhe respeito e admiração.

9. Conclusão:

A vida de Arsénio Chaves Puim representa uma jornada através de diversas experiências, desde os seus primeiros anos em Santa Maria e o seu caminho para o sacerdócio, passando pelo seu serviço controverso como capelão durante a Guerra Colonial e a sua subsequente expulsão, até às suas bem-sucedidas carreiras na enfermagem e no jornalismo, e às suas significativas contribuições como autor e líder cívico nos Açores. 

A sua profunda ligação ao seu património açoriano é evidente nas suas obras literárias e na sua participação ativa na vida comunitária local. Arsénio Chaves Puim demonstra resiliência e uma notável transformação de uma figura de conflito durante um período divisivo da história portuguesa para um membro respeitado e honrado da sociedade açoriana, deixando um legado de ação baseada em princípios e de preservação cultural.

Tabela 1: Cronologia da Vida de Arsénio Chaves Puim


Evento | Ano(s)


Nascimento | 1936


Período como Capelão na Guiné ! 1970-1971/72


Expulsão do Exército | 1971


Conclusão do Curso de Enfermagem | 1976


Anos de Prática na Enfermagem | 1976-1995


Cofundação de "O Baluarte de Santa Maria" | 1977


Residência em Vila Franca do Campo | desde 1982


Publicação de "A pesca à baleia na Ilha de Santa Maria" | 2001


Publicação de "O Povo de Santa Maria, seu falar e suas vivências" | 2008, 2021


Atribuição da Medalha de Cidadão Honorário e de Mérito Municipal | 2009


Publicação de "A Pesca à Baleia na Ilha de Santa Maria e Açores" | 2024


Trabalhos citados

(1) A Pesca à Baleia na Ilha de Santa Maria e Açores - Letras Lavadas, acesso a maio 8, 2025, https://www.letraslavadas.pt/a-pesca-a-baleia-na-ilha-de-santa-maria/

(2) Arsénio Chaves Puim - Bertrand Livreiros - livraria Online, acesso a maio 8, 2025, https://www.bertrand.pt/autor/arsenio-chaves-puim/1908227

(3) A Pesca à Baleia na Ilha de Santa Maria e Açores de Arsénio Chaves Puim - Livro - Wook, acesso a maio 8, 2025, https://www.wook.pt/livro/a-pesca-a-baleia-na-ilha-de-santa-maria-e-acores-arsenio-chaves-puim/30523866

(4) Arsénio Puim - Luís Graça & Camaradas da Guiné, acesso a maio 8, 2025, https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/Ars%C3%A9nio%20Puim

(5) Toda a história do capelão contra a Guerra Colonial que desafiou o regime - Expresso, acesso a maio 8, 2025, https://expresso.pt/revista/2023-05-14-Toda-a-historia-do-capelao-contra-a-Guerra-Colonial-que-desafiou-o-regime-4f8b16fe

(6) Guiné 63/74 - P4378: Arsénio Puim, o regresso do 'Nosso Capelão' (Benjamim Durães, CCS/BART 2917, Bambadinca, 1970/72), acesso a maio 8, 2025, https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2009/05/guine-6374-p4378-arsenio-puim-o.html

(7) Guiné 63/74 - P9021: História do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) (1): Resumo dos factos e feitos mais importantes, por João Polidoro Monteiro, Ten Cor Inf (Benjamim Durães), acesso a maio 8, 2025, https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2011/11/guine-6374-p9021-historia-do-bart-2917.html

(8) Guiné 63/74 - P9322: História do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) (2): "P'la Guiné e suas gentes": a alocução patriótica do comandante, em Viana do Castelo, a 8/4/1970, antes da partida (Benjamim Durães) - Luís Graça & Camaradas da Guiné, acesso a maio 8, 2025, https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2012/01/guine-6374-p9322-historia-do-bart-2917.html

(9) Armamento apreendido a dirigente da Frente Nacional - ForumDefesa.com, acesso a maio 8, 2025, https://www.forumdefesa.com/forum/index.php?topic=3916.45

(10) ACTIVIDADE DA CART 3494 DO BART 3873 NO TEATRO DE O. P. GUINÉ (1) - Terraweb.biz, acesso a maio 8, 2025, https://ultramar.terraweb.biz/Imagens/Guine/SousadeCastro/CArt3494_actividade_01_02.pdf

(11) Guerra do Ultramar: Angola, Guiné e Moçambique, acesso a maio 8, 2025, https://ultramar.terraweb.biz/Memoriais_concelhos_Setubal_EscolaSebastiaodaGama.htm


(12) O capelão expulso por querer descalçar os dois sapatos à guerra | Sete Margens, acesso a maio 8, 2025, https://setemargens.com/o-capelao-expulso-por-querer-descalcar-os-dois-sapatos-a-guerra/


(13) O Baluarte de Santa Maria – Wikipédia, a enciclopédia livre, acesso a maio 8, 2025, https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Baluarte_de_Santa_Maria


(14) Liliana Assunção de Paulo Carona - Estudo Geral, acesso a maio 8, 2025, https://estudogeral.uc.pt/retrieve/271804/TESE-AFEMINIZA%C3%87%C3%83ODOJORNALISMOREGIONALEMCONTEXTOPORTUGU%C3%8ASOCASODOSJORNAISCENTEN%C3%81RIOS-LilianaCarona.pdf


(15) Câmara Municipal de Vila do Porto, acesso a maio 8, 2025, https://www.cm-viladoporto.pt/SITE/projectos/ver.php?id=2972


(16) Escritor mariense lançou livro "A pesca à baleia na ilha de Santa Maria e Açores", acesso a maio 8, 2025, https://acores.rtp.pt/cultura/escritor-mariense-lancou-livro-a-pesca-a-baleia-na-ilha-de-santa-maria-e-acores/

(17) A Pesca à Baleia na Ilha de Santa Maria e Açores, Arsénio Chaves Puim - Livro - Bertrand, acesso a maio 8, 2025, https://www.bertrand.pt/livro/a-pesca-a-baleia-na-ilha-de-santa-maria-e-acores-arsenio-chaves-puim/30523866

(18) Etiquetas - Letras Lavadas, acesso a maio 8, 2025, https://www.letraslavadas.pt/produto-etiqueta/arsenio-chaves-puim/

(19) A pesca à baleia na Ilha de Santa Maria - Arsénio Chaves Puim - Google Books, acesso a maio 8, 2025, https://books.google.com/books/about/A_pesca_%C3%A0_baleia_na_Ilha_de_Santa_Maria.html?id=FOC_HAAACAAJ

(20) O povo de Santa Maria seu falar e suas vivências / Arsénio Chaves Puim - Rede de Bibliotecas de Braga catálogo, acesso a maio 8, 2025, https://opac.rbb.blcs.pt/bib/232522

(21) Guiné 61/74 - P22819: Notas de leitura (1399): "O Povo de Santa Maria, seu falar e suas vivências", 2ª edição revista e acrescentada (2021), por Arsénio Chaves Puim, um caso de grande sensibilidade sociocultural e de amor às suas raízes (Luís Graça ) - Parte I, acesso a maio 8, 2025, https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2021/12/guine6174-p22818-notas-de-leitura-1399.html

(22) Arsénio Chaves Puim - BNP - Bibliografia Nacional Portuguesa, acesso a maio 8, 2025, https://bibliografia.bnportugal.gov.pt/bnp/bnp.exe/q?mfn=127577&qf_AU==PUIM%2C%20ARSENIO%20CHAVES

(23) A Açorianidade no Tempo - PT - Nova Gráfica, acesso a maio 8, 2025, https://www.novagrafica.pt/a-acorianidade-no-tempo-pt/

(24) Resultado de pesquisa - BNP - Bibliografia Nacional Portuguesa, acesso a maio 8, 2025, https://bibliografia.bnportugal.gov.pt/bnp/bnp.exe/q?mfn=192188&qf_CDU==394.2(469.9)

(25) Guiné 63/74 - P5338: Memórias de um alferes capelão (Arsénio Puim, BART 2917, Dez 69/Mai 71) (4): O pacto de Deus... com os 'turras', acesso a maio 8, 2025, https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2009/11/guine-6374-p5338-memorias-de-um-alferes.html

(26) MARC details for record no. 7026 › Biblioteca da Lagoa catalog, acesso a maio 8, 2025, https://biblioteca.lagoa-acores.pt/cgi-bin/koha/opac-MARCdetail.pl?biblionumber=7026

(27) Quinta-feira 17 de Junho de 1982 - Diário da República, acesso a maio 8, 2025, https://files.diariodarepublica.pt/gratuitos/3s/1982/06/1982d137s000.pdf

(28) Relatório Anual sobre a aplicação do Decreto Legislativo Regional n.º 20/2010/A, de 31 de maio, alterado e republicado pelo - Portal (azores.gov.pt), acesso a maio 8, 2025, https://portal.azores.gov.pt/documents/36258/8b3b8e21-9eaf-10b9-48e0-c9a799393889


Fonte: Gemini IA / Google (com Luís Graça, na revisão / fixaçãpo de texto)
_______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 8 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26777: Parabéns a você (2374): Arsénio Puim, ex-Alferes Graduado Capelão da CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/71)


(**) Vd. poste de 10 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26568: (In)citações (262): de visita ao nosso ex-capelão Arsénio Puim, que vive em São Miguel, Açores: há amizades que são maiores que a vida (Abílio Machado, ex-alf mil. CCS/BART 2917, Bambadinca, 1970/72)

(***) Vd. 8 de maio de 2023 > Guiné 61/74 - P24299: O nosso blogue por descritores (7): Arsénio Puim, com mais de 6 dezenas de referências... Foi alferes graduado capelão do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), tendo sido expulso em maio de 1971