2. Nota Prévia
Rui A. Ferreira
Rectificando "Rumo a Fulacunda" numa acção que se por um lado me causa algum amargo de boca, não por me julgar o único detentor da verdade ou por ter de reconhecer o erro cometido, mas por que e ainda que contra mim próprio, tenho de a fazer respeitar, não só pela consideração por quem me leu, mas fundamentalmente pela reposição do bom nome de Luís Rainha que sem ter sido tido ou achado se viu protagonista de coisas que não fez.
Assim se torna absolutamente imprescindível a explicação que se segue.
Tal como o tempo não volta depois que foi passado e a ocasião depois que foi perdida, assim também a pedra depois de atirada e muito em especial palavra depois de proferida.
Aceitando como boa a verdade que estes conceitos encerram e a imensa sabedoria dos sábios e filósofos da antiguidade que assim a eles se referiram, só posso em minha defesa acrescentar que a pesar de já publicada pode a palavra ser rectificada.
Quando decidi, bem ao contrário do que tenho visto e lido, ao escrever "Rumo a Fulacunda" dar às coisas e chamar as pessoas pelos seus próprios nomes, sabia que me poderia meter em sérios trabalhos, provavelmente escusados.
Bastava usar os habituais subterfúgios de "Qualquer semelhança com a realidade foi pura coincidência" ou trocar os nomes chamando ao Caria por exemplo Faria, ou ao Coronel Totobola, mudando-lhe a alcunha para Lotaria ou até numa actualização mais identificável com os tempos que correm de Euro Milhões...
Mas não foi o que aconteceu e numa lamentável troca de nomes dos comandantes de dois Grupos de Combate da então Companhia de Comandos da Guiné, acabou no uso indevido no de Luís Rainha como intérprete de situações e acções com as quais nada teve.
E se não está em causa a veracidade do que se passou e em "Rumo a Fulacunda" se encontra descrito e aceitando como absolutamente natural a sua intempestiva reacção que só não se sente quem não é filho de boa gente, pareceu-me imperioso, por ser justo e porque errar é próprio dos homens, este apresentar de públicas desculpas a que me comprometi e aqui estou a cumprir.
Que o faço por absoluto imperativo moral e nunca para evitar o recurso à Justiça dos Tribunais que, pela morosidade de actuação, pela impunidade que se vive neste país e sobretudo porque tudo não passou de uma troca de nomes que publicamente já reconheci e que eu próprio lamento, duvido que qualquer resolução que daí pudesse vir chegasse a tempo de apanhar algum de nós ainda com vida.
Se por absoluto respeito por quem já não pertence a este mundo, omito o nome do verdadeiro interveniente nas ocorrências embora também não seja segredo para quem esteve na Guiné, nessa altura, de quem se trata, mas também por que me parece que ninguém sai beneficiado com o arrastar da situação.
Neste contexto aproveito ainda para agradecer, pelo muito que fizeram para sanar este incidente, ao Luís Graça e ao nosso Blogue (pois só a existência dos dois permitiu este estabelecer de amizades e de encontros e reencontros de antigos combatentes da Guiné) ao Virgínio Briote que tal como o Luís Rainha integrava então a Companhia de Comandos, que terei julgado com o rigor excessivo de quem ou esperava aquilo que não podiam dar ou não quis ver que eram homens como nós os da tropa macaca, anónimos filhos do povo com os mesmos temores e as mesmas carências, com iguais angústias e as mesmas dificuldades e frustrações e não máquinas de guerra...
Ao que foi o Capitão Miliciano Vasco da Gama que, na primeira vez que o vi e com ele falei, me deu a sensação não de estar a conhecer uma nova pessoa, mas simplesmente que se tratava do reencontro de velhos amigos e que percorreu os mesmos caminhos por terras de Aldeia Formosa, onde provou o seu imenso valor, a minha consideração e gratidão pelas intervenções decisivas e apaziguadoras que teve.
Rui Alexandrino Ferreira
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 >Da esquerda para a direita: Luís Raínha, Vasco da Gama, Rui Ferreia e António Carvalho > Fnalmente, o bacalhau da reconciliação e da paz, acarinhado pelo Vasco, testemunhado pelo Carvalho e fotografado pelo Luís Graça...
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 22 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3144: Dando a mão à palmatória (15): Alf Mil Rainha era comandante do Gr Cmds Centuriões (Rui A. Ferreira)
Vd. último poste da série de 7 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4653: Dando a mão à palmatória (21): A verdadeira fotografia do Alf Mil Cav Mosca, assassinado no dia 21 de Abril de 1970 (Os Editores)
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