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A ida para o Funchal foi feita, optando cada um pela data mais conveniente. O mesmo aconteceu em relação ao regresso, porque a deslocação foi aproveitada pela maioria para fazer um pouco de turismo na Ilha.
Os camaradas organizadores, que fizeram um excelente trabalho, programaram com todo o pormenor as diversas etapas do nosso encontro. Inclusivé, não subestimaram a recepção no aeroporto e o inestimável serviço de transporte do aeroporto para o Funchal, deixando-nos mesmo à porta do hotel. O transporte do Funchal ao aeroporto, mesmo em dias diferenciados, foi também assegurado aos continentais pelos camaradas naturais da Madeira. Registamos com muito agrado e simpatia esta louvável iniciativa que, aliás, foi distribuída, um pouco, por cada um dos membros da organização.
Este evento permitiu, como seria expectável, juntar alguns familiares mais próximos dos ex-combatentes, designadamente, com a inclusão do elemento feminino, atribuindo um colorido mais íntimo e harmonioso.
Assim, no dia 10 de Abril, sábado, logo pelas 10H00, fomos esperar um autocarro que nos levaria até junto de um grupo dos ex-camaradas madeirenses, cujas caras - a maior parte delas - não eram vistas, há quarenta anos.
Passado o primeiro impacto, com a dispensa de um relativo esforço de reactivação da memória visual e auditiva, foi possível estabelecer, nuns casos, mais rapidamente do que noutros, a ligação com o passado, já longínquo, e de relembrarmos certos episódios, vividos no colectivo, que, jamais, serão esquecidos.
Já dentro do autocarro, a curiosidade mútua era evidente e a pergunta, quem é aquele?, surgia amiúde.
Houve algumas situações, algo caricatas, de alguns camaradas dizerem cara-a-cara:
- Desculpa-me, mas eu não me lembro de ti... - dizendo, logo, o outro:
- Então, não te lembras... disto e... daquilo?
- Sim disso, eu lembro-me bem mas da tua cara, não...!
Pouco e pouco, a sã camaradagem sobrepôs-se as todas as dúvidas e as conversas foram sendo feitas com a maior cordialidade.
O autocarro dirigiu-se, então, para as antigas instalações do BAG-2 (Bateria de Artilharia de Guarnição), transformado em GAG-2 (Grupo de Artilharia de Guarnição) para se tornar numa Unidade Mobilizadora, onde a nossa Companhia recebeu instrução militar e de onde partiu, rumo à Guiné.
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Fomos recebidos pelo Oficial de Dia, senhor Capitão Urbano Correia em representação do Comandante que não pôde estar presente devido a ter que participar numa cerimónia que estava a decorrer no Funchal, alusiva ao Dia do Combatente.
O Oficial de Dia deu-nos as boas-vindas, num tom muito cordial e proporcionou-nos uma visita àquelas que foram as nossas instalações, algumas delas inexistentes e outras submetidas ao longo do tempo a obras de beneficiação.
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Fomos conduzidos ao monte mais alto da guarnição, onde se encontram instaladas algumas peças de artilharia, local que nos proporcionou uma excelente vista sobre a Ilha e onde nos detivemos, algum tempo, em amena cavaqueira.
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Descemos para a zona da Parada, sendo, já, acompanhados pelo Comandante da Unidade entretanto chegado, senhor Tenente Coronel Rui Manuel Sequeira de Seiça que nos deu as boas-vindas, de uma forma muito efusiva, manifestando o seu apreço pela nossa presença, salientando o facto de ser pouco comum, os ex-combatentes regressarem às Unidades que não lhes foram muito "simpáticas".
Não deixou, também, de salientar a presença do elemento feminino, chamando a atenção para a importância da mulher na participação, com o homem, nas questões relacionadas com os militares.
Um tema que nos mereceu algum reparo foi o facto do GAG-2, em tempos, ter erigido um pequeno monumento em memória dos que dali partiram para a Guerra do Ultramar e dos que, ao serviço da Pátria morreram, que por questões relacionadas com a construção da Via Rápida, que liga o Funchal à Ribeira Brava, foi destruído, não tendo sido, depois, reerguido.
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Um dos elementos da CART 2732 pediu a palavra para reiterar, na presença de todos, aquilo que alguns já tinham feito chegar ao Comandante, em conversa privada...
Agradecendo a forma cordial e amiga como fomos recebidos, revelou uma certa mágoa pelo facto daquela Unidade não ter uma referência aos ex-militares que, dela, partiram para o Ultramar, deixando um repto para que o seu Comandante diligenciasse no sentido de não deixar caír no esquecimento um episódio marcante vivido, conjuntamente, pelo GAG-2 e pelos ex-combatentes, ali presentes.
O Ten Cor Rui Seiça, Comandante da Unidade, usou de seguida da palavra, para informar, solenemente, que assumia o compromisso e se iria empenhar no sentido de voltar a reerguer o referido monumento, deixando todos muito satisfeitos. Fazemos votos para que esse desiderato seja alcançado para que, numa próxima visita à Madeira e à nossa Unidade, possamos prestar a nossa profunda homenagem aos que já não voltaram connosco.
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Saímos do quartel já perto das 13H00, sendo conduzidos ao local onde na Madeira foi construída uma escultura e um pequeno edifício, dentro do qual estão gravados, em metal, os nomes dos madeirenses falecidos em campanha na guerra do ultramar.
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Como o estômago já reclamava, fomos, de imediato, para o restaurante que nos iria acolher para o almoço.
Este, decorreu tranquilamente, em formato self-service, podendo, cada um usufruir da variedade de produtos que foram colocados à nossa disposição, sendo, na generalidade, do nosso agrado.
Por fim, o camarada Pedro Reis, à sua maneira, surpreendeu-nos com a distribuição individual duma placa alusiva ao encontro.
Para rematar o final do encontro, foi fatiado o bolo alusivo à efeméride, decorado com os símbolos do Blogue da CART 2732, o que muito nos lisonjeou.
Depois, foi o dispersar, indo cada um para onde lhe apeteceu... não esquecendo, contudo, os bons momentos passados e que serão recordados com saudade.
Ficou a promessa de que se iria comemorar o 40.º aniversário do regresso, de novo no Funchal em 2012.
Texto - Inácio Silva e Carlos Vinhal
Fotos e legendas - Carlos Vinhal
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 18 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6179: Convívios (132): 7º Convívio da CART 1746 (Manuel Vieira Moreira)
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