1. Mensagem de Cristóvão de Aguiar endereçada ao nosso camarada Mário Beja Santos:
Meu Caro Beja Santos,
O José Orlando Bretão foi meu companheiro de República, em Coimbra, nos anos sessenta, antes de irmos para a Guerra Colonial.
Ele pertencia ao Batalhão de Henrique Calado e estava sediado em Farim.
Foi camarada do Armor Pires Mota. Ora, o Bretão, escreveu umn folheto a que deu o título de Três / Tristes/ Tempos, e O Regresso do Melro Preto (folhinhas do esquecimento), só para oferecer aos amigos. O folheto tem apenas oito páginas, mas tem dois poemas escritos na Guiné.
Vou transcrevê-los:
Em redor do silêncio
um imenso vazio
para onde
verso a verso
fatalmente crescerei
Oásis derramado
à volta de uma fonte
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Triste
Primeiro / Tempo
EMBOSCADA
Esperávamos em silêncio
mastigando a memória das coisas
e a Morte claramente apercebida
aguardava confiante o seu quinhão
Pensávamos:
- "Cada coice de Mauser no ombro
é uma carícia da Pátria agradecida" (*)
Mastigávamos a memória
esperando das coisas o silêncio
e a Morte claramente apercebida
recolhia confiante o seu quinhão
- Puta de Pátria que agradece aos coices.
Canjambari Morucunda /1964
(*) José Rodrigues Miguéis, É proibido apontar.
__________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 22 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6037: Blogpoesia (69): O Dia Mundial da Poesia, da Falagueira a Buruntuma (Luís Graça)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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