quinta-feira, 29 de março de 2007

Guiné 63/74 - P1634: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (10): A morte do Alferes Mário Sasso no Cantanhez


Guiné > Região de Tombali > Catió > Álbum fotográfico de Vitor Condeço (ex-Furriel Mil, CCS do BART 1913, Catió 1967/69) > Catió, Porto Interior > 1967> Foto 02 "Lancha do Cachil LP2, em manobra de atracação ao cais do porto interior de Catió no rio Cadime. Neste dia [11 de Julho de 1967] os passageiros eram um pelotão da CAART 1687 em trânsito do Cachil para Cufar, onde renderia por troca outro pelotão da CCAÇ 1621, concluindo-se assim a troca das companhias". 

 Foto e legenda: © Vítor Condeço (2007). Direitos reservados. 

 X (e penúltima) Parte das memórias de Joaquim Luís Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Os Palmeirins (Como, Cachil, Catió, 1964/66) (1). 

  2.15. O dia final do alferes Sasso As densas matas do Cantanhez (2), só de ouvir o seu nome, causavam calafrios aos mais corajosos… Aí, se acoitava uma forte concentração de casas mansas, uns verdadeiros fortins inexpugnáveis, mesmo à força da intensa metralha de artilharia. 

Podia dizer-se que ali se encontrava o quartel general, inimigo, da zona sul da Guiné. De lá saíam expedições constantes de grupos a espalhar a insegurança por todos os nossos aquartelamentos, quer por emboscadas quer por ataques às unidades isoladas. Além disso, controlavam uma população nativa muito numerosa que, voluntariamente ou não, trabalhava os campos, fonte principal do seu abastecimento. 

 Por todas estas razões tornou-se premente efectuar uma grande operação que desagregasse aquele bastião. Foi o que se pretendeu com a Operação Tornado. Os três batalhões sitiados no sul, com as unidades de artilharia e cavalaria, mais um grupo de fuzileiros e uma LDM, ajudados pela força aérea, ficaram responsáveis por esse objectivo. 

 A CCAÇ 728, aproveitando a maré-cheia, saíu, à noitinha, do cais de Catió a bordo de uma LDM; atravessou o estuário do Cacine e foi deixada, nas primeiras horas da madrugada, algures, em terra firme, do território inimigo. Todo o cuidado era pouco. Tocou ao meu pelotão seguir à frente, logo depois do destemido grupo indígena do João Bacar Jaló (3). 

 Caminhou-se toda a noite; quando o dia começava a querer alvorecer, estávamos a atravessar a zona, crítica, de Dar es Salam [na carta de Cacine, Darsalam]. De repente, alguns tiros caíram sobre o pelotão que seguia na cauda da fila, comandado pelo alferes Sasso. A resposta foi pronta e, depressa, tudo se calou. À frente, nada se tinha passado. 

 Só quando o dia nasceu e um helicóptero chegou, tivemos conhecimento de que o Mário Sasso tinha sido atingido com um tiro nas costas que lhe vasou o pulmão e coração. A esperança de sobreviver era pouca… e assim foi. 

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 Notas de L.G.: 

 (1) Vd. posts de: 











 (2) Sobre o Cantanhez (terminação em ez, e não em ês, de acordo com os nossos cartógrafos militares), vd. os seguintes posts: 




 (3) Futuro capitão graduado comando, natural da Guiné, comandante da 1ª Companhia de Comandos Africanos. Morrerá em combate em 16 de Abril de 1971.

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