Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gandembel > 2007 > Foto 1 > Restos do brazão da CCAÇ 2317 (Abril de 1968/Janeiro de 1969), Os Dragões Dourados....
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gandembel > 2007 > Foto 2 > Um antigo abrigo, vendo-se restos das estruturas metálicas que sustentavam o tecto.
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gandembel > 2007 > Foto 3 > Mais restos do aquartelamento
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gandembel > 2007 > Foto 4
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gandembel > 2007 > Foto 5
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gandembel > 2007 > Foto 6
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gandembel > 2007 > Foto 7
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gandembel > 2007 > Foto 8
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gandembel > 2007 > Foto 9
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gandembel > 2007 > Foto 10>
Imagens de vestígios do antigo aquartelamento de Gandembel, outrora guarnecido pela CCAÇ 2317 (Gandembel/Balana, 1968/69), tendo sido abandonado em 28 de Janeiro de 1969 (1).
Fotos: © Pepito / AD - Acão para o Desenvol vimento (2007). Direitos reservados
1. Imagens que nos foram enviadas pelo Pepito, fundador e director executivo da AD - Acção para o Desenvolvimento, em 13 de Março de 2007:
Caro Luís Graça:
Seguem 10 fotos do antigo aquartelamento de Gandembel/Balana, que tirei há dois dias no sul.
Se todos estarão interessados, o Idálio Reis, mais ainda. Ele terá é que redescobrir o aquartelamento, pois o que sobrou foi pouco.
Abraços
Pepito
2. Comentário do Idálio Reis,
Meu caro Luís
Há itinerários pessoais particularmente difíceis de definir e perceber, quando reclamam o fulgor da plenitude, porquanto muito poucos a conseguem atingir. É o caso do Pepito, que um dia teve um forte apelo, para dar cumprimento a uma singular missão. Este seu apego à Guiné, um dos países mais pobres do Mundo, para se empenhar em acções de ajuda filantrópica aos seus naturais, sem nada reivindicar, merece um hino de louvor. Para ele, uma dedicação muito carinhosa, e que possa continuar por muitos anos, esse seu aliciante e abnegado préstimo ao povo-irmão guinéu.
As imagens que se revelam ante o meu olhar, sufocam de estupefacção. Causam-me um pesado sentimento de perda, ainda que reconheça que elas são circunstanciadas pela voragem avassaladora do binómio tempo/homem.
Passaram-se já 4 decénios, é certo, mas o que apenas resta, são fantasmas de uma obra tecida com muito sofrimento. Soerguida por um denodado esforço braçal, sofrida e chagada pelo fenecimento de tantos.
Reassumem estas fotos, a quem agradeço muito sensibilizado ao Pepito, também uma incontida emoção, porque me confrontei com aqueles recônditos, onde sobrevivi uma parte bastante curta, mas crucial da minha vida. A acção de existir é uma dádiva, e esta minha passagem por Gandembel/Ponte Balana, teve a particularidade de sublimar num jovem, a verdadeira dimensão da vida e o real significado da sua importância.
Com as fotografias que em tempos te enviei, tentarei inserir estas que como o Nuno Rubim me referiu, são “fresquinhas...acabadas de chegar”.
Eis então:
Foto 1 > [Minha foto 412] (1)
Sobre uma camada de betão fresco, pode surgir um mosaico gravado, que pode ser essoutro ou um bastante similar.
O que nos interessa é que possa e deva ser uma lápide a colocar no museu de Guileje, de forma a perpetuar no interminável, a presença dos Dragões Dourados da CCaç 2317.
Foto 2 > [Minhas fotos 301 a 308] (1).
Há uma visualização das estruturas metálicas que sustentavam as casernas-abrigo, e que na sua parte exterior eram colocadas: como paredes laterais, troncos de árvores justapostos e uma camada de pedras (bem visíveis), e na parte superior, uma forte camada de betão assente em aplainadas chapas aproveitadas dos bidões, as quais assentavam sobre cibes.
Há ainda uma parede adobada, que julgo ser parte integrante do forno, e que teve de ser refeito parcialmente pelo menos 2 vezes (as minha recordações!), em virtude de ataques ao aquartelamento.
Foto 3 > [Minhas fotos 419 a 421] (2)
Um achado mais complexo. Mas, porque o Pepito também refere o destacamento de Ponte Balana, a minha inclinação propende para este belo sítio. Este destacamento tinha 2 entradas: a nascente, a própria ponte; do outro lado, vislumbro os restos de um pequeno fortim aí situado.
Foto 4 > Uma inscrição, como a de milhares que devem estar espalhados por esse País. Consigo ler: VISEUS,..., GLOB-TROTTERS.
O que se me afigura dizer?. Havia cerca de uma vintena de militares deste distrito, que como se testemunha, se consideravam vagamundos de um destino cruel e incerto.
Mas estes Viriatos também se dignaram fazer a sua história, à maneira do seu antepassado, deixando as suas marcas ao tempo, numa terra tão diferenciada da que os viu nascer.
Foto 5 > Numa outra qualquer parede, um paraquedista também quis deixar o seu registo. Foi um Barreto. E também os que por aqui tiveram uma passagem mais efémera, mas de uma enorme valia, dedicados, valentes e intemeratos, quiseram deixar gravado que Gandembel também lhes foi ponto de passagem e encontro.
Foto 6 > Parece que esta infra-estrutura tomou a intenção de melhor resistir, onde inclusive, na parte superior de uma parede lateral, sobressai ainda a concavidade onde assentava a trave mestra.
Era o armazém dos víveres, uma das últimas construções a substituir uma tenda de campanha.
Foto 7 > Sombras do passado..., mas há aqui restos de uma caserna-abrigo. E à sua direita, um muro de formato circular, que me leva a apontar que era aqui que esteve postado o ninho da metralhadora pesada Browning.
Foto 8 > Parece manifestamente ser o resto de uma edificação mais isolada, a brotar do subsolo. E por isso, só pode ser o paiol, onde milhares munições de todo o tipo, foram guardadas.
Já não espera nenhum SOS, para que um helicóptero se desloque de Bissau, a aportar mais uns cunhetes em falta.
Foto 9 > Uma estrutura metálica que servia de viga, o que indicia que aqui se implantou mais uma das 8 casernas-abrigo.
De pé, eventualmente o resto da parede posterior, que ainda resiste, porventura como cofre-forte a resguardar alguma mágoa mais dolente.
Foto 10 > Trata-se de uma outra perspectiva do local da Foto 2. Esta caserna-abrigo parece tenazmente guardar as suas estruturas metálicas. E como se trata da última fotografia, deixem-me exorcizar os meus fantasmas, e digam da vossa justiça. Aqueles 3 pilares mais seguidos, hoje colocados numa rotunda de uma nossa qualquer cidade ou vila, não daria um belo monumento aos combatentes da guerra colonial?
E se fosse possível transmutá-las, tal e qual, para a nossa Guileje?
É tudo caro Luís. Em nome da minha Companhia, ficam estes 2 pedidos. Sê o mediador com o Pepito, a quem reitero os meus agradecimentos.
E o resto por lá ficará!
Com uma imensa cordialidade, Idálio Reis.
________
Notas de L.G.:
(1) Vd. post de 10 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2172: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/69) (Idálio Reis) (11): Em Buba e depois no Gabu, fomos gente feliz... sem lágrimas (Fim)
(2) Vd. post de 18 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2276: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (Idálio Reis) - Anexo I: Destacamento da Ponte Balana
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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