sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Guiné 63/74 - P2298: Pami Na Dondo, a Guerrilheira, de Mário Vicente (2) - Parte I: O balanta Pan Na Ufna e a sua filha (Mário Fitas)

Guiné > Região de Tombali > Catió > Álbum fotográfico de Vitor Condeço (ex-Furriel Mil, CCS do BART 1913, Catió 1967/69) > Catió, Vila > 1968> Foto 26: A praça do mercado, vista de quem vinha da pista [tirada à porta da casa do sr. Barros Correias]. À direita o Mercado, ao fundo à esquerda a casa do Sr. Brandão e à direita debaixo da mangueira o Bar Catió e bem ao fundo o quartel.



Foto 4: Igreja Paroquial de N. Sª. de Catió

Foto 24: Interior da Igreja de Catió, altar-mor de Nossa Senhora.


Foto 25 : Interior da Igreja de Catió, altar lateral direito do Sagrado Coração.

Foto 31: Habitantes e militares convivem na rua fronteira ao Bar Catió.

Fotos e legendas: © Vítor Condeço (2007). Direitos reservados


1. Ficha Técnica

Título: Pami na Dondo – A Guerrilheira (1)
Autor: Mário Vicente
Prefácio: Carlos da Costa Campos (Coronel)
Capa: Filipa Barradas
Coordenação gráfica: Cercica
Edição: Do autor patrocinada pela junta de Freguesia do Estoril
Distribuição: Junta de Freguesia do Estoril
Execução gráfica: Cercica – Cooperativa para Educação e Reabilitação de Cidadãos de Cascais, CRL
Rua Principal, 320 – 320 A – Livramento
2765-383 Estoril
Depósito legal nº: 228120/05
1ª Edição: Julho 2005


A meu neto: Guilherme Figueiredo
A todos os Veteranos de Guerra
A todas as mulheres: Mães, companheiras, amantes e amigas que tiveram a angústia da partida, e sofreram a dor de não os ver chegar

À memória dos meus amigos e companheiros António Pedro Lema, Gonçalves Vaz, Vieira Barcelos e Jorge Martinho

O meu reconhecido agradecimento pela colaboração prestada:
Sra. Dra. Amélia Casaleiro
Sra. Dra. Maria da Graça Fernandes
Sra. Dra. Sofia Fitas
Sra. Dra. Manuela Gil, Vereadora da Cultura
Sr. Coronel Carlos da Costa Campos
Sr. Luciano Mourão

PREFÁCIO, por Carlos da Costa Campos, Coronel (2)

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PAMI NA DONDO, A GUERRILHEIRA
por Mário Vicente

Revisão do texto e subtítulos: Luís Graça.


Parte I - O balanta Pan Na Ufna e a sua filha Pami Na Dondo


Pan Na Ufna já tinha perdido a conta aos balaios de arroz que colocara na basculante, carregados pelo humano formigueiro. Não tinha interesse: bastava gritar o nome da entregadora ou entregador e o peso acusado na balança. Atento, Sr. Luís Ramos apontaria no papel borrão. Posteriormente, por permuta com outros bens ou por dinheiro verdadeiro, limpinho ali na mão - notas sujas amarfanhadas -, fazer o encontro e quitação de contas.

Esperto, o senhor Luís pagava mais um peso (escudo) por cada dez quilos de arroz que a concorrência. Certo era que o formigueiro não findava: longos e sinuosos seus caminhos, desconhecidos os princípios e fins dos seus carreiros. Desde manhã - sol a despontar por sobre o ilhéu de Cantone até cair sobre a foz do Tombali - ao escurecer. Das mais longínquas Tabancas, balaio à cabeça ou de canoa pelos rios, aproveitando as marés. Assim, no fim das colheitas, era passado o dia e parte da noite a caminho dos armazéns do Sr. Ramos, representante da Casa Brandoa, pertença da União Fabricante.

Trabalho de alto risco. Havia por vezes vingança da concorrência sobre a pobre formiga, desfazendo com pata de elefante - bota cardada - o seu carreiro. Chegou haver mesmo situações de confiscação e cremação dos pequenos e parcos celeiros, por tão alvitrante atrevimento.

Mas, naquele dia, Pan Na Ufna não comentava nem queria saber dessas situações; desinteressado mesmo, a sua cabeça mantinha longe o carreiro.

Que quereria o padre Francelino, para o chamar à igreja? Fervilhante, a sua mente ia formulando todas as especulações plausíveis e impossíveis. A sua massa cinzenta já tinha trabalhado mais naquele dia que num mês de grande movimento:

Não!... Não podia!... Ou seria? as conversas com o Sr. Ramos sobre ter uma Pátria... Seria?... Ter uma Pátria só Nossa? Bonito! Mas todos juntos também não era mal. Só que todos deviam ter Lei igual! Não! Não!... não seria essa a razão da chamada! Que é que padre tem com isso? Espera?! Seria por ter batido na mulher mais nova? - conjecturava.

Ele não queria!... Verdade!, mas... quando bebia mais um golo de aguardente de cana, ou vinho de palma, lembrava sempre aquela malvada que não lhe dava filho fêmea, só filho macho, meio tonto como a mãe. Sanhá sim, que tinha dado filho menina. Esperta a aprender e na escola, - graças a Sr. Luís Ramos e padre Francelino - ser sempre a primeira.

O musculado corpo, a escorrer suor gorduroso do esforço baixa-levanta balaio, estava insensível. A cabeça de Pan continuava sem descobrir a indecifrável chamada do padre Francelino.

O melhor seria beber um golo de cana, para esquecer a cabeça!? Não!... Isso também não! Se o padre lhe cheirasse à cana tinha logo conversa dura de certeza. Não aguentava mais! Fez uma pausa e foi falar com o senhor Ramos.

O responsável da Casa Brandoa ouviu o seu auxiliar com atenção e, sorrindo, respondeu-lhe brincalhão:
- Não tenhas problema! Vais ver que o padre quer que tu abandones o teu IRÃ, e que vás adorar o CRISTO dele.
- Um milagre!... Converter um Balanta!

Assim brincando mandou Ramos sossegar o aflito ajudante. Mas as horas não passavam e os minutos eram eternidade. Luís Ramos, atendo à desorientação em que se encontrava o seu empregado, mandou-o ir embora falar com o Padre, meia-hora antes do encerramento do estabelecimento.


O missionário italiano Francelino e o patrão Luís Ramos


Subindo a desnivelada rua de terra vermelha batida que dava acesso à Igreja de Catió - caminho fustigado por enxurradas de tornados em época de chuvas, ressequido e escaldante em tempos de seca -, Pan Na Ufna, na sua suada caminhada, regrediu nos tempos, e a sua mente tresmalhou-se no passado: relembrou seus falecidos progenitores quando ainda menino e depois blufo, lá para os lados do Xuguê; seu pai fora Homem Grande e chefe de Tabanca de muito saber, de idade e vida feito.

Pan sentiu saudades... teve vontade de ser menino. E sentiu a atracção da terra mãe, embrenhando-se por matas e capinzais, nas suas brincadeiras de criança e caçadas de adolescente. O seu coração transmitiu aos olhos o humedecimento da saudade.

Chegou à Igreja e entrou sem efectuar qualquer preceito, pois até a sua convicção animista, atribuindo às coisas alma análoga à pessoa humana, consubstanciada na crença politeísta, pouco ou quase nada lhe dizia. É assim a evolução do homem, o contacto com a cultura é irreversível.

Não encontrou ninguém. Saiu e, contornando o Cristão edifício, aproximou-se da casa de habitação do padre Francelino, Italiano de nascença, - alto, esguio, barbas e cabelos brancos-, há longos anos missionário por terras de África.

Abeirou-se do muro do jardim e também não vislumbrou ninguém. Hesitante, bateu as palmas e gritou:
- Padre Francelino!?...

De imediato, numa pronúncia italo-portuguesa, ouviu-se a voz do padre.
- Per Cristo!... Aqui estou!

Lançando o olhar no sentido auditivo da voz, Pan teve uma aparição Bíblico-Guerreira: sotaina branca, cofió preto enterrado na alva cabeça, na mão direita empunhando ao alto uma velha catana, apareceu-lhe o padre que lhe gritou:
- Olha, fratelo Pan! Corpo de bó está bom? Como vais tu, irmão em Cristo? Biene!... E Sr. Ramos, saúde boa? Desculpa, amigo mio... estava capinando no outro lado! Entra!... temos muito conversa.

Pousando a catana sobre uma velha e já meio desfeita mesa de madeira, abriu o ferrugento portal do pseudo-jardim, para acesso do requisitado visitante. Descobriu a branca cabeleira, retirando o enterrado cofió. Do bolso direito da sotaina, retirou um amarfanhado lenço - cujo branco tinha virado cinzento-, com o qual foi limpando as gotas de suor da testa e rosto, e continuou a falar:
- Amigo meu! Sou muito contente, teu filha Pami é uma inteligência. Temos de falar muito. Muito mismo!

A forma como o padre Francelino falava com Pan, transmitiu-lhe um certo alívio, deixando-o mais calmo. A tempestade gerada em sua cabeça foi-se aos poucos esfumando, até terminar quando uma hora mais tarde saiu da casa do padre.

Já na rua, agora completamente descomprimido, pensou que valia a pena uma pinga de cana, para festejar o alívio da cabeça e não só, mas também as palavras bonitas e os louvores que ouvira, referentes a sua menina Pami Na Dondo. Pelo que, em vez de rumar a casa, se dirigiu ao Zé Libanês, onde bebeu um copo de cana de festejo, outro de alegria e outro mais por lhe saber bem.

Saiu, e na rua sentiu já um pouco o efeito do álcool. Rumando a Catió Balanta, tomou o caminho de casa, completamente absorto na conversa que tinha tido com o padre. Consigo mesmo ia falando quando em voz alta lhe saiu:
- Um Pátria Nosso!

Passou pelo cipaio Jaló e ficou temeroso, não tivesse aquele ouvido a escapadela. Mas esqueceu! Estava contente. Padre Francelino sabia tanto ou mais que sr. Ramos e ambos estavam do mesmo lado.


Pami Na Dondo não será freira


Em casa a bianda estava pronta, arroz e galinha pilada com mancarra. Comeu. Pensamento vagueante, três vezes passou com carinho a mão sobre a cabeça de sua filha Pami. O álcool ajudou e os olhos tiveram pérolas. Dormiu com Sanhá, e com ela fez conversa giro.

Manhã cedo, compareceu nos Armazéns Brandoa muito antes da sua abertura.
- Então, que queria Dom Francelino? - perguntou Luís Ramos em tom jocoso, estranhando o madrugar do seu auxiliar.
- Assunto importante! Coisa mesmo séria, sr. Ramos!...

E Pan relatou ao seu patrão toda a conversa que tivera com o padre: o pedido que aquele lhe fizera para pôr nome Cristão, e baptizar segundo as leis da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana sua filha Pami, autorizando a sua saída para um colégio de freiras em Itália; a entrada em outros temas, após a conversa sobre a sua filha, descrevendo como o padre enveredara por caminhos da política, e, dissertara sobre o problema da revolta dos Papéis; a criação da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné, e finalmente, a história da recente matança de Pidjiguiti, quando os estivadores reivindicavam melhores salários; terminando na análise em que o Povo da Guiné se encontrava.

E, como o padre lhe dissera a ele, reproduziu para Luís Ramos:
- Não tem demora! Revolução está aí!

O patrão ouviu tudo em silêncio e no final sorriu. Colocando o braço sobre o forte tronco do seu funcionário, deu-lhe duas palmadas de amizade e segredou-lhe:
- Estás a ver! Não conseguiu pôr o pai no altar, mas quer pôr lá a filha!

Luís Ramos sorriu. No entanto, a sua cara foi-se transformando, até ficar com ar completamente sério e apreensivo. Com a mão direita pegou no braço esquerdo de Pan, e fez pressão, até ficarem os dois frente a frente. Olhando olhos nos olhos o auxiliar, disse-lhe em tom sério:
- Pan! Numa revolução é sempre natural a morte. Seja de que lado se estiver!
- Queres aderir ao PAIGC? Queres fazer a guerrilha? Queres ter uma Pátria Nossa?

Os homens firmaram bem o olhar um no outro. Pan, emocionado com as palavras de Luís Ramos, olhos humedecidos, retorquiu com firmeza:
- Quero,sim!... Quero uma Pátria Nossa!

Patrão e empregado ficaram cúmplices a partir daquele momento. A meio da manhã, o cipaio Jaló apareceu nos armazéns. Pan estremeceu e sentiu medo, mas o cipaio apenas falou com o patrão. Nada de anormal, coisa de rotina. Queria informações sobre o pessoal que se abastecia nos armazéns. O contacto já tinha começado.

As conversas entre Luís Ramos e Pan Na Ufna começam a girar sempre em torno do mesmo tema. Os contactos e interpelações junto do formigueiro começam a dar os seus frutos, e novos carreiros são abertos.

Composta de mudança a vida, umas vezes andando em frente, outras retrocedendo, vai-se mutando. Por razões desconhecidas, mas perceptíveis e entendíveis, o padre Francelino é transferido, e abandona a Província Portuguesa da Guiné. Este involuntário abandono vai ter reflexos na família de Pan Na Ufna.

Pami na Dondo não será freira. Consegue a quarta classe de alfabetização e salva-se da excisão do clitóris (fanado). No entanto fica com algo precioso. Precisamente o saber ler, escrever e interpretar, no que se tornará útil para a família, principalmente para seu pai. Lê todo o pedaço de papel que encontra. O velho dicionário que lhe é deixado pelo padre Francelino na sua partida, transforma-se na Bíblia e enciclopédia da menina Balanta.

Aprende o feminino: adjectivo próprio da fêmea, seres não masculinos em género gramatical. Assim, percorreu desde a fêmea ao feminismo, a mística palavra mulher. O sofrimento o desconforto do Ser considerado menor, inferior. O segredo oculto, em patriarcal e feiticista sociedade que a rodeia, não a deixando evoluir na igualdade. A certeza apenas de ser fêmea reprodutora, e escrava da bolanha.

Compreende que Bajuda, em português, é o estádio da jovem que ainda mantém o hímen, portanto ainda não foi desflorada. Estado virgem, em que não houve a ligação, penetração com o parceiro macho. Mas consegue desmistificar a ligação amor da subordinação ao macho.

Muitos conhecimentos apreendeu sobre o seu próprio corpo. Pesquisando, ficou a saber que no dia que sentisse e ocorresse um corrimento sanguinolento entre as pernas, oriundo da vagina, seria menarca. Obra do desprendimento de óvulo não fertilizado. Pelo que estaria a partir dessa altura apta para ser fecundada. Disponível fruto maduro, para a apetência objecto - usufruto - do macho. Ignora ainda, a sublimação e o sentir da palavra mãe, companheira, amante e amiga. Não só o nome e funcionamento dos seus órgãos genitais aprendeu, mas do homem também.

Só... nos tórridos e húmidos dias do equador à sombra da mangueira, Pami vai percorrendo o seu mundo maravilhoso, através do velho dicionário. Nele, não foi só sobre o seu corpo que a menina aprendeu coisas maravilhosas. Em cada palavra aparecia um mistério, em cada mistério um mundo extraordinário de saber e alegria, através da leitura das velhas folhas fazia descobertas encantadoras.

Amor: Os nossos sentimentos e a sua força, que nos induzem e incitam para os objectos dos nossos desejos, afeição ou paixão!? Afectação, monopolizadora de algo para nós, possessivamente. O inverso! Doação total e incondicional. Aquilo que somos e valemos nós próprios. Palavra simples e pequena, mas que resume toda a grandiosidade do que deveria ser a relação humana.

Horizonte: Todo aquele vastíssimo espaço da superfície terrestre abrangido pela nossa vista. Linha de contacto aparente entre o céu e a terra. Natureza, pura imagem dos sonhos que criamos, realidade do que de bom ou mau nos rodeia. O infinito indefinido, que existe para além.

Instrução: Acto ou efeito de dar conhecimentos ou recebê-los. A experiência tornada em saber. Erudição, adestração, esclarecimento constante, do aprender até morrer. Preparação para a Cultura, o saber que nos sobra depois de tudo desaprendermos.

Lágrima: Líquido produzido pelas glândulas lacrimais, que em gota qual pérola, rola muitas vezes pela face, que consoante os sentimentos - efeitos de causa -, se tornam em sangue e dor de sabor a fel, ou de alegria e amor com sabor a mel.

Beijo: Acto de união da boca (lábios) com qualquer parte do corpo em toque sublime que define os sentimentos do momento. Junção íntima de acto de amor, ou veneração respeito de alguém. Asqueroso toque traidor de amigos, imitadores de Judas Escariotes.

Medo: Essa coisa invisível, mas intensamente sentida pela ideia inquietante perante o perigo real ou aparente. Apreensão, pavor, em que a mente se destrama na maior facilidade, trespassada pela lança da incerteza.

Sublimação: A transmutação de instintos e tendências egoístas e não espirituais, para o altruísmo, doação total.

Raça: O conjunto comum de caracteres hereditários que formam um agrupamento natural de homens, independentemente da cultura, costumes ou língua.

Etnia: Conjunto de indivíduos que podendo ser de países e ou raças diferentes, estão unificados por uma língua ou civilização comum.

Circuncisão: Ablação da membrana do perpúcio nos homens, pondo a glande a descoberto; corte nos lábios da vulva e clitóris - castração - na mulher.

Assim se encanta, deliciando-se com estas leituras. Assim vai a miúda balanta, enriquecendo o seu saber - conhecimento de toda a Natureza -, e a sua cultura, com o seu maravilhoso livrinho, grande legado do padre Italiano.

Entretanto, o cabo-verdiano Ramos recebe a notícia que seu filho, a estudar em Lisboa, vai ser incorporado num Centro de Instrução de Sargentos Milicianos do Exército Português. Luís Ramos, um pouco desorientado, abandona a Casa Brandoa, regressando a Bissau.

Pan Na Ufna vê-se a braços com grandes responsabilidades e toma a grande decisão de entrar na clandestinidade. Finalmente, chegou a hora! Prepara a fuga com sua família para o Cantanhês e ingressa na guerrilha. Pela calada da noite, a família ruma ao ilhéu de Infanda, onde as canoas esperam, para os transportar para lá do Cumbijã.

Uma nova vida começa!

Continua
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Notas de L.G.:

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