António Pimentel, Álvaro Basto e Francisco Allen, de malas feitas, reúnem-se com o resto do grupo em Coimbra.
Foto: Lisa Soares. Jornal de Notícias (2008) (com a devida vénia...)
Um grupo de ex-combatentes na Guiné parte hoje para aquele país com a missão de entregar 22 toneladas de material didáctico e de saúde a uma organização não-governamental (ONG) que fará a gestão dos recursos por forma a que estes cheguem a milhares de pessoas.
A viagem, feita por terra, reúne oito jipes e 29 pessoas, e promete ser, também, uma aventura.
"Há uma componente de aventura grande e os carros vão tão cheios que nem se sabe como vai ser", brinca Álvaro Basto, 58 anos, a preparar-se para sua primeira jornada deste género.
Os carros vão repletos, mas as 22 toneladas de material já seguiram por barco, num contentor.
"Assim que chegar à Guiné, o contentor é retirado e uma ONG e uma associação católica vão encarregar-se de gerir e distribuir a carga por organizações disseminadas pelo país", explicou Francisco Allen, 58 anos, veterano nestas viagens.
O que vai nos carros é distribuído pessoalmente, nas zonas onde todos os ex-combatentes estiveram há quatro décadas. Partem hoje de Coimbra e seguem, todos juntos, percorrendo nos próximos sete dias uma rota que passará por Espanha, Marrocos, Mauritânia, Senegal e Guiné.
Uma vez na Guiné, o grupo visitará Bissau, Mansabá, Galomaro, Bafatá, Banmbadinca, Saltinho e Guidleje.
Nesta última localidade realizar-se-á, durante a estadia destes viajantes, um congresso sobre a guerra e sobre os seus combatentes. Exorcizar fantasmas A ideia de regressar a um país onde viveram experiências tão traumáticas é uma forma de expiar velhos fantasmas.
"Foi lá que corremos risco de vida. Ir para a Guiné era uma condenação à morte. Ir lá é fechar um ciclo", explica António Pimentel, 63 anos. Todos os outros concordam que é uma forma de "confrontar o passado", "enterrar os mortos", "exorcizar mágoas" e seguir em frente, nem que seja repetindo viagens destas todos os anos. "Isto vai crescendo. Começou a constar-se que eu fazia viagens destas por terra, depois existe também um blogue sobre isto. Enfim, é um mundo. Cada vez mais as pessoas aderem e aqueles que vão querem ir, especificamente, aos locais onde estiveram quando eram jovens", explicou Fracisco Allen, que todos os anos organiza uma destas iniciativas.
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Fixação de texto e sublinhados de vb.
Ver artigos de: 21 de Janeiro de 2008> Guiné 63/74 - P2466: Ser Solidário (1): Pe. Almiro Mendes, Pároco da freguesia de Ramalde, Porto, partiu hoje de jipe, para a Guiné-Bissau
24 de Janeiro de 2008> Guiné 63/74 - P2476: Ser solidário (2): Notícias do Almiro Mendes e do Xico Allen na rota do Dakar, a caminho de Bissau (Álvaro Basto)
28 de Janeiro de 2008> Guiné 63/74 - P2488: Ser solidário (3): Notícias do Pe. Almiro Mendes e do Xico Allen na rota do Dakar, a caminho de Bissau (Álvaro Basto)
13 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2531: Ser solidário (4): Coimbra encaixotou o maior contentor de apoio humanitário à Guiné-Bissau
20 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2561: Ser solidário (5): Um mimo para o Beja Santos (Xico Allen/Albano Costa)
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