segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Guiné 63/74 - P2550: Blogoterapia (43): O que os Jornais dizem (Virgínio Briote)


Capa do DN, de hoje, 17 de Fevereiro de 2008. Com a devida vénia.

1. Hoje na revista do Diário de Notícias

Fidelidade, honra, lealdade. Em 1961, o regime salazarista começou a recrutar soldados nativos para combaterem contra os movimentos independentistas de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique.

Durante os 13 anos seguintes, milhares de africanos juraram pela bandeira portuguesa e lutaram aos lado dos colonos. Quando o conflito terminou, a maioria ficou entregue à sua sorte. Estas são as histórias dos que foram mortos, dos que ainda vivem escondidos no mato e dos que conseguiram fugir para a metrópole. Homens que Portugal abandonou e tentou esquecer. Aqui estão eles. (...)

Em meia dúzia de páginas, Ricardo Rodrigues do DN (fotos de Constantino Leite) fala das histórias de algumas daquelas vidas.
E chama colonos aos que daqui para lá foram, muitos deles que com aquelas idades nem o mar ainda tinham visto. Eu, o mais longe que tinha ido tinha sido à Madeira e a S. Miguel e à Terceira, nos Açores.

Não temos que estranhar, nem as histórias que contam nem os temas que abordam. Continua a ser um assunto que vende. É e vai continuar a ser, uma das feridas que a nossa História recente ainda não fechou.
E muitas outras páginas ainda se vão escrever sobre os Camaradas, originários daquelas terras, que nos acompanharam de G3 na mão.

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2. Os nossos Camaradas presentes-ausentes: breve nota

Não faço ideia do que levou o Luís Graça a abrir esta página sobre a Guerra da Guiné. Mas, que tem méritos, tem.
E não só por, todos os dias, acrescentar novas páginas de acontecimentos, uma boa parte deles esquecidos ou oficializados pela história oficial. Relatar estes factos esquecidos é importante, especialmente se estão a ser contados por intervenientes ainda vivos.

E muito importante também é dar-nos a oportunidade de lavar a crosta que nestes quarenta e tal anos decorridos se foi acumulando.

Para mim, espero que permitam que o facto de ser co-editor não me limite, o principal mérito do nosso blogue foi e continua a sê-lo todos os dias, permitir que nós, ex-combatentes da Guerra da Guiné, se encontrem e, que em conjunto, se esforcem por arrumar prateleiras fechadas em sótãos, anos e anos.

Muitos de nós, mais de 200, têm dado a cara. Fotos, mapas, nomes, relatos pessoais, relatórios oficiais, de tudo isto se vai fazendo a história do nosso blogue. E falar do nosso blogue é contar a história da Guerra da Guiné.

Somos uma minoria. Quantos combatentes passaram pela Guiné, desde 1963, o início oficial da Guerra até ao fim em Abril de 1974?
Que é feito de tantos e tantos outros, muitos deles ainda bem vivos, e alguns dos quais sabemos serem nossos acompanhantes diários, ainda que silenciosos?

Caros Camaradas, que silenciosamente nos acompanham, o que esperam para se juntarem a nós, acrescentando mais factos, mais imagens, mais depoimentos?

É possível que alguns pensem que há coisas a separar-nos (a informática, a escrita?).

Mas naqueles tempos, entre o início da década de 60 e os meados da de 70, estávamos todos juntos, dentro dos mesmos aquartelamentos, os arames farpados eram os mesmos, as picadas e os trilhos que pisávamos eram também os mesmos e as balas das PPSHs, e as granadas dos morteiros e dos RPGs atingiam-nos indiscriminadamente.

vb

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