Guiné > Região de Tombali > Mampatá > CART 6250 (1972/74) > Foto 1 > Uma mina A/C e três A/P. Das dezenas que o Vilas Boas e o Fernandes levantaram. Ainda hoje me interrogo como só tivemos uma baixa em minas, além dos seis trabalhadores que foram vitimas de uma mina A/C ao beber água de um carro cisterna que molhava a terra da estrada acabada de terraplanar para lhe dar consistência. A picagem era mesmo um trabalho bem planeado e bem feito,onde o método, o rigor, a paciência eram fundamentais. A pica era mesmo o sexto sentido dos soldados da CART 6250, Os Unidos.
Foto 2 > A LDG carregada com o material da companhia, a CART 6250 (Mampatá, 1972/74), a sair de Bula.
Guiné > Bissau > 1974 > Foto 3 > Cinco Furriéis dos Unidos num bar em Bissau, a matar o tempo esperando um avião que demorou dois meses a chegar (29 Agosto de 1974)... Da esquerda para a direita: José Manuel, Martins o Alentejano vagomestre (que só nos dava arroz com arroz) ,o Jose Manuel Vieira, Madeirense (que jogou futebol no Porto, Sporting e Benfica dos 15 aos 19 anos), o Camilo de Portalegre e o dono da ferrugem, o Nina da Covilha (que namorou a mais linda Mampatense do nosso tempo).
Fotos e legendas: © José Manuel (2008). Direitos reservados
1. (In)confidência do nosso poeta duriense,há tempos, em mensagem enviada a 28 de Abril:
Camarada Luis
Enviei até agora 62 poemas que tinha guardados. Algures em casa de minha avó na
Régua, onde vivi até me casar em 83, devo ter mais alguns junto às coisas que
trouxe da Guiné. Me lembro que numa altura perturbado sem saber o que fazia
destrui parte do que trouxe.
Tudo que conseguir recuperar enviarei para o nosso Blogue, por agora pouco mais
tenho para enviar, pois algumas coisas são muito pessoais e outras podem ferir
a sensibilidade de terceiros.
Um abraço
jose manuel
2. Um poema do dia, do Josema, que achei apropriado para o dia de hoje, o III Encontro Nacional da Nossa Tertúlia, em Ortigosa, Monte Real, Leiria, e em que ele vai estar, com a esposa, Maria Luísa. É um poema de 1974 em que se celebra o regresso a casa, à sua quinta, às suas vinhas, ao seu Douro... Não sei se o José Manuel cumpriu a sua promessa de voltar a Mampatá. Creio que não. Mas, de certo modo, reencontrou através dos seus camaradas da CART 6250, que se reunem todos os anos, de uma maneira original (na casa de um, ou na terra de cada um, à vez, levando todos os outros os produtos da sua região: o pão, o vinho, os salpicões, os queijos...). Reencontrou-se também com a Guiné e com a sua Mampatá, de que guarda saudades, através do nosso blogue...
José, mais logo vou comhecer-te pessoalmente, dar-te uma grande abraço de parabéns por te conhecer, por ti, pela tua poesia, pela tua Mampatá, pelo teu vinho, pelo teu Douro, pela tua amizade e camaradagem...
José, vamos lá então provar esse teu néctar que ganhou uma medalha de prata, num concurso internacional, numa prova cega, com muitas centenas de vinhos de diversos países e regiões (4 mil, foi isso ?)... Vamos provar esse teu Pedro Milanos, Tinto, 2005, Doc Douro, feito com as castas nacionais Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Barroca... Pelas tuas mãos, e da tua família. Com muita inspiração e transpiração... Ficamos orgulhosos do produto e do prémio, por ti, pelo Douro e pela nossa produção nacional. (LG)
É tempo de regressaràs minhas parras coloridas
e ver a água a gelar
esquecer mágoas e feridas
e a todos abraçar
olho por cima dos ombros
vejo a mata, lembro Amadú
e nem tudo são escombros
há a ilha de Bolama
há Susana, há Varela
as ilhas de Bijagós
e a vida pode ser bela
se nunca estivermos sós
houve prazer e amor
em terras de Mampatá
senti a raiva e a dor
saudades do lado de lá
a distância e tanto mar
mas não há ódio ou rancor
e um dia... vou voltar.
Bissau 1974
josema
___________
Nota de L.G.:
(1) Vd. poste de 15 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2844: Poemário do José Manuel (13): A matança do porco, o Douro, os amigos de infância, os jogos da bola no largo da igreja...
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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1 comentário:
Caros Amigos
Tenho vindo aqui e cada vez mais acho que é um magnífico blogue. Muitos parabéns!!!!!
(Se calhar até já «pirateei» uma ou outra foto. Mil perdões)...
Acabei de lançar um livro de contos sobre a guerra de Angola em que, infelizmente, participei. Permito-me, sem lhes pedir licença (sou bué desenvergonhado...) deixar aqui a Nota Informativa para Blogues. Se quiserem dar-me uma mãozinha... Muitíssimo obrigado.
Henrique Antunes Ferreira
ferreihenrique@gmail.com
www.travessadoferreira.blogspot.com
«Morte na Picada» - para ler e recordar
• Contos da guerra em Angola da autoria de Antunes Ferreira
«Morte na Picada», da autoria de Antunes Ferreira, numa edição da Via Occidentalis, está a caminho do sucesso. Aquando do seu lançamento na fnac do Colombo, no dia 15 de Abril (mais de 200 pessoas presentes) , Joaquim Furtado – um grande Jornalista, autor da série A Guerra Colonial, um enorme êxito na RTP - afirmou, na apresentação que o livro, «de que gostei mesmo muito», em seu entender, «é o melhor que, no género, e sobre o tema foi publicado em Portugal». O «Morte na Picada» tem no prelo a 2.ª edição.
Recorda-se que o Correio da Manhã já há três semanas que está a proporcionar aos seus leitores a primeira parte dos programas de Joaquim Furtado em DVD semanal. A segunda série vai começar a passar também na RTP, muito brevemente.
Entretanto, o autor deslocou-se a Coimbra e ao Porto e lá apresentou o livro, nas livrarias Bertrand dos centros comerciais Dolce Vita daquelas cidades, bem como autografou exemplares. A Bertrand é a distribuidora do volume, uma série de contos (short stories) sobre a guerra colonial de Angola, cuja acção decorre em meados dos anos 60.
Antunes Ferreira tem vindo a conceder várias entrevistas a órgãos da Comunicação Social, entre os quais avulta o Diário de Notícias, em que trabalhou como jornalista durante 16 anos e de que foi Chefe da Redacção. Mas, outros jornais e rádios têm igualmente registado o acontecimento.
A editora da obra é a Via Occidentalis, (www.via-occidentalis.blogs.sapo.pt) de Lisboa. No blogue podem ser consultados todos os dados sobre o livro, cujo preço de capa é € 14,70. Tem um prefácio da autoria de Joaquim Vieira e a capa e as fotos do interior são de Fernando Farinha, para muitos o maior repórter fotográfico da guerra de Angola.
«Morte na Picada» tem sido muito bem recebido junto de ex-combatentes das guerras coloniais (ultramarinas) que, apesar de se tratar de ficção, vêm nas suas páginas um retrato muito próximo da realidade. o que não admira, pois Antunes Ferreira, que nela participou, tem a experiência daquilo que, segundo diz, «foi uma infelicidade, sobretudo porque estava contra esse crime».
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