24 de Setembro de 2008, dia da declaração unilateral da Independência da República da Guiné-Bissau
A luta armada teve início oficialmente em 23 de Janeiro de 1963 com a flagelação ao aquartelamento de Tite. Tanto quanto sabemos foi Arafan Mané (1944-2004) quem tomou a iniciativa do ataque, sem o conhecimento prévio de Amílcar Cabral (1924-1973), que terá sabido do facto através de uma estação de rádio.
Tite, o Como, a zona do Oio, a mata do Cantanhez, Madina e Guileje, rapidamente foram pasto de um fogo que se expandiu durante esses anos por quase todo o território. Os ventos ajudavam, eram fortes e de feição. Emboscadas, ataques a aquartelamentos e povoações, minas e armadilhas foram deixando marcas na população e nos combatentes dos dois lados.
Bissau era o descanso dos guerrreiros. Nos intervalos da guerra, combatentes do Exército, da Marinha e da Força Aérea paravam em Bissau, a maioria para virem a Lisboa de férias. Outros estacionavam nas enfermarias do HM 241, tentando prolongar as vidas.
Alguns guerrilheiros aproveitavam as idas a Bissau para visitar as famílias e conhecidos e actualizar os movimentos das tropas portuguesas, informações que depressa transmitiam por um tam-tam qualquer aos Comissários do Partido.
Foi assim a luta, de início de fraca intensidade (como agora se diz) e endurecendo à medida dos anos. No princípio as longas, as Seskas e as Mausers, logo depois a Simonov e a Kalash cuspiam metralha. E a guerrilha foi avisando que, em breve, novas armas mais mortíferas estavam a chegar.
Do lado das Forças Portuguesas a G-3, a bazooka e os morteiros de 60, os Dorniers 27, os T-6 preparados para bombardeamentos (em breve período os F-86 da Nato, baseados na Ilha do Sal), os Fiats G-91 a partir dos finais da década de 60, as LDMs, LDGs e os Navios Patrulhas aguentaram-se até ao fim.
Em poucos anos, a guerrilha estreou os morteiros pesados, os RPGs, o canhão sem recuo, os foguetões e os Strella, estes em 1973.
Estava-se perto do fim. A manobra do PAIGC, de sair de Bissau e das povoações maiores para se infiltrar e disseminar pelas tabancas, tinha-se revelado de enorme importância.
Os Fiats G-91 entraram, as operações com recurso aos Allouettes-3 tornaram-se correntes, mas o ânimo das nossas tropas já não era o mesmo.
Na metrópole, quem queria e podia punha-se na alheta. Em qualquer canto, em França, Alemanha, Inglaterra, Bélgica, Holanda, Suécia ouvia-se falar a língua de Camões.
Uma Guerra que nunca devia ter sido feita. Uma Guerra que não devia ter terminado. Uma Guerra perdida nas bolanhas e nas matas. Uma Guerra perdida em Lisboa...
A Guerra começou oficialmente em Janeiro de 1963 e terminou em 9 de Setembro de 1974. Os últimos soldados portugueses (oficialmente) regressaram a Lisboa em 15 de Outubro.
Foi até ao fim, até os dois Povos dizerem que bastava.
Passam hoje trinta e cinco anos sobre a data em que o PAIGC declarou unilateralmente a Independência, reconhecida por Portugal em Setembro de 1974.
Os dois Países separaram-se irmanados. Para além de um passado comum resta uma Amizade sem limites à Terra e àquelas boas Gentes.
vb
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Artigo relacionado em
8 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3035: Efemérides (9): 33.º aniversário da independência de Cabo Verde (António Rosinha/Carlos Vinhal)
3 comentários:
A TODOS OS COMBATENTES O MEU PROFUNDO RESPEITO; UMA SAUDAÇÃO AO POVO DA GUINÉ - BISSAU.
E, SE ME PERMITEM, VENERO A MEMÓRIA DE TODOS OS MILITARES MORTOS, EM SOLO GUINEENSE, SOB A BANDEIRA DO MEU PAÍS.
SAUDAÇÕES.
Torcato Mendonça ex militar
O meu mais profundo respeito e pesar por todos aqueles que tombaram naquela guerra maldita, portugueses e guineenses. Que não tenha sido em vão. Que o carinho e a amizade que agora reina entre os dois povos, seja o alicerce de uma vida melhor para todos.
Viva a Guiné independente e livre
Júlio Ferreira
Ex. Militar na Guiné em 1970 e 1971
gostaria muito que a que o povo da guine encontre o seu caminho para o povo viver melhor ex combatente noutro teatro de guerra coisa horrivel que todos esses paises muita paz
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