segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9074: O nosso blogue em números (22): Foi assim que eu vos conheci, irreverentes; foi assim que vos reencontrei, controversos... (Cherno Baldé)


Guiné > Zona leste > Bajocunda > 1.ª CCAV/BCAV 8323, 1973/74 > Foto fotográfico de Amílcar Ventura > "Foto 13 - Encontro das Altas Chefias de Pirada depois do 25 de Abril [de 1974]".

Fotos (e legendas): © Amílcar Ventura (2009)/ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


1. Comentário, ao poste P9063, da autoria do querido amigo guineense Cherno Baldé [, primeiro da esquerda na primeira fila, foto ao lado,  Fajonquito, 1975, ] 



Caros amigos,


Foi assim que eu vos conheci, irreverentes;
Assim vos reencontrei, controversos;
No espaço deste nosso blogue e Tabanca Grande;
Espero e faço votos para que possam continuar a discutir, ainda por muito mais tempo;
Enquanto tiverem forças e engenho;
Enquanto ainda quiserem e puderem concordar ou discordar;
Apoiados na vossa consciência, na vossa capacidade de discernimento e de bom humor.


Eu acho que, neste blogue, há espaço para toda a gente se exprimir livremente, bastando para isso que sejamos um pouco mais tolerantes e abertos na recepção que fazemos das opiniões dos outros. Mas, às vezes, tenho a impressão que alguns camaradas se esquecem de que já não estão dentro das trincheiras dos tempos de outrora...


Senti alguma incompreensão na forma como foi recebido o Vitor Junqueira da última vez que ele reapareceu no blogue, com a apresentação do trabalho de um amigo guineense, depois de uma prolongada ausência, malgrado o seu "(...) chacun sa putain!...", que a seu tempo foi apreciado e criticado sob diferentes pontos de vista, não se tendo manifestado qualquer sentimento de ofensa ou de vitimização.


Senti alguma incompreensão em relação ao vosso camarada Amílcar Ventura que foi, literalmente, "banido" do blogue por ter feito declarações que denunciavam a sua visão e postura "alegadamente" diferentes e não conformes as regras de jogo da guerra colonial.


Como já disse alguém, no dia em que não houver diferençaas e todos tiverem a mesma visão e opinião sobre a vida e das coisas que a governam, será o fim da vida deste blogue onde nos reunimos com o prazer de ouvir histórias de outros tempos, das "nobas" da Guiné-Bissau e das "nobas" dos nossos amigos e camaradas.


Um grande abraço,


Cherno Baldé
 _______________


Nota do editor:


Último poste da série > 20 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9069: O nosso blogue em números (21): A propósito dos 3 milhões de visitas... Sondagem... Fotos de Nova Lamego, de Tino Neves

9 comentários:

Torcato Mendonca disse...

Olá Cherno
Parece estarmos de acordo.
Escrevo por ter visto na foto de Bajocunda um Alf. Mil meu amigo. Creio que estava em Pirada e hoje vive no Porto. Foi prof. aqui,onde agora me acoitei, na antiga Esc. Industrial. Amante do futebol foi adjunto do Flipovic,creio eu. O Mestre Manel ou Manuel Gonçalves, Alf na Guiné, papéis na mão a tratar da "entrega". Esteve no Cioe em Lamego. Amanhã telefono-lhe.
Este Mundo é pequeno, caro Cherno e cheio de surpresas. Aqui, neste cantinho, vamos convergindo, divergindo e pior ...pior, envelhecendo.
Haja saúde e um abraço a todos do T.
ps. devido a um poste antigo do Luís Graça que vi eu? Um comentário do Cherno Baldé a um termo empregue por mim (P6948) "passo Balanta". Não é passo Balanta é, isso sim:"progressão Balanta".O que é? Já estou da guerra reformado e quem isso me ensinou foi guia amigo.Saudade.

Manuel Joaquim disse...

Meus caros "tabanqueiros":

Só quero dizer que me apetece bater palmas à opinião do Cherno. O sucesso deste blogue depende da total liberdade de opinião e de expressão de quem nele participa.É a minha convicção.

Um abraço camarada para todos.

Anónimo disse...

Caro Cherno

Sobre a liberdade de opinião e expressão totalmente de acordo.

O mesmo já não se pode dizer de um indivíduo que vem para aqui vangloriar-se de um suposto crime,suposto porque a história que conta nem sequer tem nexo.
Para mim nem sequer é verdadeira, mas partindo do pressuposto que é, é indignante para com a memória de todos os portugueses que morreram ou ficaram estropiados.
Considero-me um humanista e consigo perdoar a todos aqueles que me fizeram mal ao longo vida, mas já não o posso fazer pelos outros.
Caro Cherno
Tu és um bom exemplo de uma pessoa de bem, que não nutre ressentimetos para com aqueles que te fizeram mal, mas desculpa dizer-te que provavelmente não entendes,porque não tiveste essa vivência,o que é a traição em tempo de guerra,viver no meio de um traidor,não da Pátria,mas dos Camaradas de armas.
Consigo compreender e aceitar tudo..menos isso.
Pior que tudo,para mim,é que ninguém lhe perguntou muito menos o obrigou a confessar...se é que o fez.
Tudo isto é referente ao segundo nome que citas

UM GRANDE ALFA BRAVO

C.Martins

Cherno Baldé disse...

Amigo C. Martins,

Nao queria voltar ao palco no preciso momento em que soam palmas, visto ser um pouco timido, mas preciso dizer rapidamente, que a mim nunca ninguem me fez mal, felizmente, e sentia-me protegido no meio de pessoas a quem tinha inteira confianca, amigos de verdade.

Eu vivi no meio da tropa com muito gosto, num momento atribulado, de desconfianca mutua e de muita incompreensao de lado a lado (refiro-me mesmo da populacao nativa), mas eu passei incolume, com pequenos arranhoes. O fim da guerra foi um grande alivio e o inicio de um mundo novo.

Os nossos pais, muculmanos e sujeitos indigenas do imperio, por razoes obvias, nao nos queriam dentro dos quarteis e do lado dos soldados, voces sabem melhor que eu, qual era a situacao.

Como diz o Poeta Indiano (R. Chrisna):
"Se o inimigo pensa que mata
E a vitima se julga vitimada
E mal conhecem os caminhos da vida
Eu passo, volto e regresso".

Sobre o alegado caso de Bajocunda, nao vou tentar mudar a tua opiniao, que considero justa, tendo em conta as circunstancias de entao. Tambem eu nao dou muita credibilidade a alegacao, pois, antes do 25 de Abril, uma tentativa semelhante podia ser muito arriscada, tendo em conta o oportunismo do PAIGC que, certamente, nao deixaria passar uma tal oportunidade para angariar pontos, no quadro da guerra psicologica e de propaganda.

Se, como eu suponho, a maior parte das pessoas que passaram pelo TO da Guiné nao acredita na factibilidade da versao tal como foi descrita, entao nao vejo porque continuar a atirar pedras que nao se justificam de todo.

Envio um muito obrigado, ao Alfero Torcato, pelo esclarecimento. Mais vale tarde que nunca.

Cherno Baldé

Anónimo disse...

Há quem lhe apeteça bater palmas, eu tenho pena de não usar chapéu, porque o que me apetecia mesmo, era tirar-Lhe o chapéu.
Um artigo de truz (perdoem-me o calão) rematado com um encore, que tal como a maior parte das suas intervenções é um tratado de "satyagraha".
Obrigado Cherno
PS: Descobri hoje mais um poeta, que vou procurar conhecer.

A.Almeida

Rui Silva disse...

Caro Cherno Baldé:
Subscrevo o que dizes no poste.
Lançaste um balde (tu és Baldé) de água fria e temperada numa fogueira que perigosamente estava a alastrar.
E assim (espero)tudo voltou ao antes. O antes que eu quero lembrar (só) e que até está nas regras do Blogue e que é: ter Tolerância, compreensão, respeito mútuo e direito(legítimo)ao contraditório.
Aliás regras que até se dispensavam em homens de bem.
Bem hajas, também pela oportunidade.
Recebe um grande abraço e muitas felicidades
Rui Silva

Anónimo disse...

Mais um binde:
De humanidade, simplicidade e eloquência.
Quanto ao blogue, claro que sou pela liberdade de opinião, mas cuidado com a forma de expressão, sobretudo quando carrega a intolerância.
Abraços fraternos
JD

Anónimo disse...

Queria dizer: mais um brinde.
JD

Anónimo disse...

Caro Cherno

Há muita benevolência da tua parte com poema incluído.
A tua vivência no meio da tropa não foi tão amistosa como pretendes fazer crer.
Foste um sobrevivente,recordas os momentos bons e esqueces os maus.
Essa postura só enobrece a grandeza do teu carácter.

Um alfa bravo

C.Martins