1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Novembro de 2011:
Queridos amigos,
Ocorreu-me uma recensão deste livro a propósito das expectativas que o nosso camarada Jorge Cabral tem na sua casa em Finete, pode muito bem dar-se a circunstância de outros camaradas querem construir na Guiné uma habitação que se paute pelos sábios princípios da arquitectura sustentável.
Este manual de boas práticas é um bom registo do que existe e sobretudo tece recomendações que os camaradas interessados deverão ter em atenção antes de projectarem casa própria na Guiné.
Caso se registem dificuldades em descarregar o ficheiro de 8MB, segue abaixo o link directo.
Um abraço do
Mário
Arquitectura sustentável na Guiné-Bissau
Beja Santos
“Arquitectura Sustentável na Guiné-Bissau – Manual de boas práticas”, é uma edição da CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, com coordenação do Prof. Arquitecto Manuel Correia Guedes, dada à estampa este ano.
A finalidade é de propor medidas básicas para a prática de uma arquitectura sustentável, tendo em conta o clima, os recursos naturais, o contexto socioeconómico; traçam-se, de forma simplificada, estratégias de boas práticas de projecto. O documento foi elaborado no âmbito do projecto europeu SURE – África (Sustainable Urban Renewal, Energy Efficiente Buildings for Africa).
No prefácio, o presidente da União dos Arquitectos da Guiné-Bissau, Domingos Fernandes, recorda que não havia arquitectos no período colonial mas os chamados “desenhadores” da Câmara Municipal de Bissau. Com o advento da independência, começaram a surgir arquitectos de formação. Para entender a intervenção dos arquitectos é indispensável, no que toca à Guiné-Bissau, saber olhar à volta, ter em conta o clima, a falta de recursos e não esquecer que cerca de dois terços da população vive com menos de 2 dólares por dia. Em traços muito grossos, a Guiné-Bissau tem elevados níveis de temperatura e humidade, défice habitacional provocado pela falta de planeamento urbano, degradação do património edificado e carências energéticas.
Os edifícios designados adequados para a sustentabilidade são construídos e operados para minimizar todos os impactos negativos nos ocupantes (em termos de saúde, conforto e produtividade) e no ambiente (uso de energia, recursos naturais e poluição).
Neste manual de medidas básicas dão-se sugestões para a concepção de uma casa confortável que respeite a natureza, com custos reduzidos de construção e manutenção. É lembrado que acções como a radiação solar, chuvas intensas e a humidade do ar desafiam arquitectos, engenheiros e urbanistas para a criação de soluções mais sustentáveis na procura de segurança e conforto em edifícios. Na observação ao que mais recentemente se tem construído, e dando exemplos, refere-se que há intervenções desadequadas no que tem a ver com a arquitectura tradicional e há mesmo fachadas de tipologia importadas que contrastam com os objectivos da sustentabilidade; além disso regista-se em número elevado um conjunto de habitações com falta de identidade urbana, seguramente devido à construção livre e espontânea.
Os autores escalpelizam o que de essencial existe na arquitectura vernacular (casas de palha com paredes de taipa ou adobe), na arquitectura colonial (construções do período da administração portuguesa no centro das cidades de Cacheu, Bolama, Bissau e Gabu), na arquitectura de tendências contemporâneas, com elementos estruturais de betão armado. No que toca à arquitectura vernacular, os autores procedem a uma apreciável descrição das habitações, Balanta, Bijagó, Fula, Manjaca e Mancanha.
Indirectamente para os factores da sustentabilidade, os autores passam em revista as técnicas de dissipação do calor, sombreamento, isolamento, ventilação e arrefecimento por evaporação. Em sequência, referem as virtualidades dos materiais de construção: zinco, taipa ou adobe, madeira, bambu e pedra. Centram do mesmo modo a sua atenção nas energias alternativas (caso dos painéis fotovoltaicos) e nos grandes problemas da água e saneamento. Dizem claramente que para o clima da Guiné, a melhor forma de dissipação do calor é através da ventilação, seguindo-se medidas de protecção por sombreamentos. O recurso a espaços exteriores arborizados, com árvores altaneiras, também se revela importante.
O documento finaliza com recomendações gerais do seguinte tipo: predomínio da fachada principal a Norte; varanda exterior; envolventes arborizadas; coberturas inclinadas; construção de forro ou tecto falso; cores claras nas fachadas para reflectir a radiação solar.
Este livro foi-me amavelmente enviado, em formato digital, pelo Prof. Arquitecto Manuel Correia Guedes. Quem quiser proceder ao seu descarregamento pode fazê-lo através do seguinte link:
https://www.wetransfer.com/dl/7qubvvpk/6a3884f43c4a6bd55dc207fc4b017c2ad583e6211b6ee71417c865f458d317932a2f9a311919d26
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 12 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9183: Notas de leitura (311): Uma Jornada Científica na Guiné Portuguesa, de António Mendes Corrêa (Mário Beja Santos)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Obrigado Mário! Tomei nota.Abraço.
J.Cabral
Mário, o ficheiro que indicas já não está disponível nessa URL... É pena. Gostava de ler (e ter) o livro... LG
Enviar um comentário