Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sábado, 17 de dezembro de 2011
Guiné 63/74 - P9216: O nosso fad...ário (8): O Fado BART 2857: Parte II: a Cavalaria em Piche... (José Luís Tavares / Manuel Mata)
Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 (1969/71> Viatura Chaimite anfíbia com canhão. As primeiras que foram distribuídas às NT. O EREC 2640 tinham, segundo o relato do Manuel Mata, "oito Viaturas White"...
A White, "rápida também em picadas, com bom poder de fogo devido ao carril onde as metralhadoras eram montadas, podendo deslocar-se para qualquer ponto frontal ou lateral da viatura, era ao mesmo tempo um excelente abrigo devido à sua forte estrutura metálica"... Ponto fraco: "tornava-se, porém, difícil a sua deslocação na época das chuvas"... Mas não só: (...) "começaram a ter problemas mecânicos, não havia material sobressalente em armazém, para reabastecimento, tendo esta situação levado a uma diminuição da nossa actividade operacional"... Razão por que no último trimestre de 1970, vieram à Metrópole um Alferes, o Primeiro-Sargento Mecânico, e cinco Praças, "afim de receberem cinco viaturas Chaimite, destinadas a este Esqadrão. Havia uma certa expectativa pois eram as primeiras viaturas do tipo para o Exército Português".
Foto: © Manuel Mata (2006). Todos os direitos reservados
Guiné > Zona Leste > Piche > BART 2857 (1968/70) > Aqui uma futebol era uma paixão...
Fonte: Album Picasa, do João Maria Pereira da Costa / Blogue BART 2857 (Com a devida vénia...)
1. O Esq Rec Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) tinha um pelotão destacado em Piche. Não teve, porém, vida fácil, apesar de ter "campo e piscina", e dar-se ao luxo de ter duas equipas de futebol, como se depreende das letras do radiotelegrafista Tavares...
Leia-se aqui, a propósito, um excerto da história desta garbosa subunidade de cavalaria, contada na I Série do nosso blogue pelo Manuel Mata:
(...) Mês de Outubro de 1970: O Pelotão destacado em Piche fez mais uma das muitas escoltas, a Nova Lamego, sofreu uma forte emboscada, as viaturas White reagiram de imediato pelo fogo e movimento. Uma delas foi atingida por sessenta tiros e um dos nossos atiradores teve uma reacção inesperada e de grande bravura, sai da viatura para o meio da picada de bazuca em punho, mantendo-se ali de pé até disparar todas as granadas que havia de momento...
"Apenas sofreu queimaduras ligeiras no rosto o nosso bravíssimo camarada Eduardo Pereira Subtil (mais conhecido pelo 'Minhoca'. Houve um outro militar ferido mas sem gravidade. As forças escoltadas sofreram um morto e sete feridos.
"Notava-se na zona um aumento significativo das ameaças e flagelações pelo IN, basta recordar o dia 25 de Outubro, mais uma em Piche sem consequências para o Pelotão Rec, mas o mesmo não aconteceu aos militares do Batalhão que sofreram um morto e um ferido, e também quatro feridos da população". (...)
Publicamos a II parte daquilo a que chamámos o Fado do BART 2857 (*), o batalhão que esteve em Piche, de Novembro de 1968 a Outubro de 1970, segundo nos confirma o nosso camarada J. M. Pereira da Costa, um dos administradores do blogue do BART 2857...
Este batalhão era constituído pela CCS (Piche), CART 2438 (Bajocunda), CART 2439 (Canquelifá) e CART 2440 (Piche).
Não sabemos se esta letra do Tavares chegou a ser musicada e cantada, em Piche e/ou em Bafatá... De qualquer modo achamos que vai bem com o Fado Corrido... Chamámos a esta 2ª parte, A Cavalaria em Piche... (Com a devida vénia, ao autor da letra e ao Manuel Mata, que a recolheu) (**) (LG).
2. Fado do BART 2857: Parte II: A Cavalaria em Piche
Piche tem campo e piscina,
Qu' já foi a inaug'ração,
São obras de grande valor,
Feitas pelo Batalhão.
Até parece mentira
Aquilo que eu vou contar,
O Batalhão fez um campo
P'ra Cavalaria jogar.
A Cavalaria é um posto,
Já vem de tempos atrás,
Imaginem um Batalhão
Fazer um campo para nós.
Nós temos duas equipas,
Como toda gente as vê:
Temos a boa equipa A,
Não desfazendo na B.
Têm equipamento novo,
Que aquilo é um asseio,
E o dirigente da equipa
É o nosso alferes Feio.
São duas equipas rivais
Que mandam o seu respeitinho,
E, de árbitro permanente,
O nosso amigo Agostinho.
José Luís Tavares - Radiotelegrafista
1 de Julho de 1970
[Recolha: Manuel Mata, 2006]
[Revisão: LG]
__________________
Notas do editor:
(*) Vd, poste anterior da série > 13 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P9189: O nosso fad...ário (7): O fado do BART 2857: Parte I: Obras em Piche: letra de José Luís Tavares, recolha de Manuel Mata (Esq Rec Fox 2640, Bafatá, 1969/71)
(**) Vd. I Série > 31 de Março 2006 > Guiné 63/74 - DCLXVI: Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá (Radiotelegrafista Tavares) (2): Piche, BART 2857
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1 comentário:
Por que a 1ª quadra está coxa, sugeria ao Tavares esta alternativa:
Piche tem campo e p'scina,
É no Leste uma lição,
Não é só emboscada e mina,
Tem obra do Batalhão.
Abraço e parabéns. E venham mais letras!... Vamos criação uma secção da Guerra de África no Museu do Fado...
LG
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