sábado, 17 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9217: Efemérides (80): O Gen Carlos de Azeredo recorda, em entrevista à TSF, a invasão de Goa (que faz hoje 50 anos)

1. Em entrevista à TSF, conduzida ontem pelo jornalista Rui Tukayana, o Gen Cav Ref Carlos Azeredo, de 81 anos,  nascido em Marco de Canaveses, lembra que "em Goa ninguém queria acreditar na invasão indiana". Ouvir aqui o registo áudio (duração: 11' 24'').

Recorde-se que Carlos de Azeredo cumpriu cinco comissões no Ultramar, duas no antigo Estado Português da Índia – onde foi prisioneiro de guerra das tropas indianas - uma em Angola (Cabinda) e duas na Guiné.

(...) "Na véspera do 50.º aniversário do avanço da união indiana sobre os antigos territórios portugueses de Goa, Damão e Diu, o general Carlos Azeredo, na altura comandante da polícia em Goa, recorda, em declarações à TSF, o princípio do fim do império.

"O general lembrou a forma rápida como as tropas inimigas invadiram o território, o desequilíbrio na balança de forças, a rendição em lágrimas do ultimo governador do território a e intransigência de Salazar.

"Carlos Azeredo contou ainda que em Goa ninguém queria acreditar na invasão, mas os preparativos indianos eram evidentes para todos" (Fonte: TSF 'on line').

2. Sobre este militar português, ver ainda a seguinte entrada da Wikipédia:

(...) Carlos Manuel de Azeredo Pinto Melo e Leme, GCC, ( Várzea da Ovelha e Aliviada, Marco de Canaveses, 4 de Outubro de 1930 – ) é um general do Exército Português. Monárquico, participou activamente no 25 de Abril de 1974.

Foi Comandante da Região Militar do Norte e Chefe da Casa Militar do Presidente Mário Soares. Foi candidato à Presidência da Câmara Municipal do Porto nas eleições autárquicas de 1997 à frente de uma coligação entre o PSD e o CDS-PP, tendo sido derrotado por Fernando Gomes. Em 1996 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo. Editou um livro sobre a sua vida "Trabalhos e Dias De Um Soldado Do Império". (...) [Lisboa: Livraria Civilização Editora, 2004, 496 pp.  7 €]

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Nota do editor:

Último poste da série > 15 de dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9202: Efemérides (58): A invasão por tropas indianas dos territórios de Goa, Damão e Diu, em 18 de Dezembro de 1961

5 comentários:

Luís Graça disse...

Não podia deixar, nesta data, de mandar um abraço, muito especial, de solidariedade para o meu primo de Ribamar, Lourinhã, o Luís Maçarico, que esteve também seis meses prisioneiro das tropas indianas... Ele e pelo menos mais um outro lourinhanense. Eu tinha na altura 14 anos e vivi esta tragédia.

Luís Graça disse...

Este desastre - há muito anunciado - consequências para a relação do Exército com o Estado Novo: Em Maio de 1963, dez oficiais - entre eles, o Gen Vassalo e Silva - são expulsos do Exército, por simples decisão administrativa, sem direito a recurso: nove são punidos com meio ano de inatividade... O aviso estava dado, para a guerra de África.

Anónimo disse...

O comportamento digno, e exemplar, do General Azeredo,agredido à coronhada e pontapés por soldados indianos frente aos restantes prisioneiros portugueses em formatura,até ficar inconsciente,por ter se ter recusado a cumprir as ordens do comandante indiano do campo para se dirigir à formatura em "passo de corrida",é uma das imagens que ficaram gravadas na memória dos que testemunharam o acontecimento.Pertenço aos que tiveram a honra de servir sob as suas ordens no Sul da Guiné.

Torcato Mendonca disse...

Conheci alguns prisioneiros. Um deles serviu no Afonso de Albuquerque.Gente marcada e pouco ou nada faladora.

Mas o que me leva a escrever é dizer:
há Países que têm nas suas Forças Armadas Militares como o Senhor General Carlos Azeredo.

Ao longo dos Séculos o nosso - pequeno - País nunca teria o Império que teve se não tivesse Homens destes.

Um abraço Luís Graça, eu era mais velhinho...outro para ti J.Belo e se o Pai Natal ainda não saiu da Lapónia entrega-lhe um cacete... é possivel que tenha utilidade cá... "faz a revista de imprensa"...

Ab T.

Luís Gonçalves Vaz disse...

Caros Tabanqueiros:

O General Carlos de Azeredo, no seu livro, no capítulo X (pág. 101), relativamente a uma carta que tinha enviado ao Ministro Luz Cunha (Ministro do Exército na altura), logo na altura que tinha chegado de Cabinda, em que apresentava um longa crítica sobre vários aspectos da Instituição militar e criticando mesmo a Manutenção da própria Guerra do Ultramar, terminando a mesma com um "Pedido de exoneração de Oficial do Exército" (tinha na altura 17 anos de vida militar e 3 Comissões no Ultramar). Essa Carta, que chegou a várias unidades militares, provocou um grande "Mal estar" no QG e na própria unidade do então major Carlos de Azeredo, o Regimento de Cavalaria nº6 e foi considerada mesmo de um "manifesto comunista!!!" Segundo o General Carlos de Azeredo, ninguém a queria Lê-la entretanto, pois não se queriam comprometer com as "ousadas críticas" á Instituição Castrense! E nessa mesma página afirma o General Azeredo: "... Apenas o tenente-coronel de Cavalaria, Henrique Gonçalves Vaz, ao tempo subchefe do Estado-Maior no QG, me pediu para ler a cópia da carta, com a qual declarou concordar inteiramente, e que a mesma não tinha nada de política, mas apenas tratava de assuntos castrenses ..." É claro que este foi também um ato de Coragem e Camaradagem para com um par, que isoladamente criticava com fundamentos a poderosa instituição! Homem Valente, que nessa altura teve apenas um camarada valente a apoia-lo ......
O General acaba por ser chamado pelas Altas Entidades da Altura, uma delas o General Luís da Câmara Pina (CEM) e mais explicações e "... algumas semanas depois fui aprender para a Guiné ... directamente para uma companhia de Cavalaria estacionada no Oio, uma zona muito festiva, cheia de estalinhos e foguetes ... Ha!, falta dizer que o sr. General acaba por dizer que a referida carta "tinha certamente alguma ...peste" ....

Luís Gonçalves Vaz
(Tabanqueiro nº530)