Caros Co-Editores:
Com um grande abraço e , mais uma vez, a confissão da minha admiração pelo vosso esplendoroso trabalho, aqui vos trago a continuação das minhas Cartas (*) que, em tempos, aqui foram partilhadas... se assim o entenderdes fazer. Joaquim Luís Mendes Gomes.
B. Nova série, dando seguimento à anterior, Cartas, para os netos, de um futuro Palmeirim de Catió (*).
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PRIMEIRA - Tempos da Guerra
I - No Cachil II - Em Catió III - Em Bissau
SEGUNDA - Regresso ao Continente
I - Chegada II - Primeiro Emprego e Casamento III - Universidade IV - Quadro Técnico
TERCEIRA - Em Aveiro
I - Azurva II - Quintãs
QUARTA – De novo para Lisboa
I – A Frustração do CEJ II - O Calvário do Contencioso III – A Aposentação
QUINTA - Como Saltimbancos entre…
I - Algés II - Aveiro III -Ovar IV - Berlim
SEXTA – O pior estava para vir…
I – Clínica de Coimbra II – O neto Tomás
13 Março 2012, 3ª Feira
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Lichtenrade, em Berlim – 5 de Março de 2012- terça-feira
PRIMEIRA - NO CACHIL, ILHA DO COMO
1. Fazia nesse dia exactamente um mês que a companhia [, a CCAÇ 728,] se instalara no Cachil [, na ilha do Como]. Em rendição da CCaç [ 557] que restou da grande e histórica operação Tridente. Esta fora a empresa suprema das altas chefias militares de então para extirpar de vez o cancro da autopropagandeada independência que os turras da Guiné estavam a espalhar por toda a parte. Com todos os meios militares disponíveis, dizia-se. Mas foi empresa falhada. Pois que o que se conseguiu foi, apenas, implantar, no fim, uma companhia, naquele ilhéu do sul, a marcar presença. Como quem diz:
- Quem manda aqui… somos nós.- Nada mais.
Extenuada pelas duras refregas que sofrera, durante os três meses que durou aquela operação, as forças que sobraram aos homens da 557, deram só para erguer o tosco quartel, murado de troncos de palmeiras justapostos, em quadrilátero com uns 150 m de lado, e umas escassas casernas e barracos, dentro, feitas com o mesmo, mais as chapas de bidões, como cobertura.
- Mais um pouco e teríamos de ser todos evacuados de exaustão - exclamava-me, de olhos esbugalhados, quando ali chegámos, o jovem e esquálido médico, que os assistira desde o início.
Nós tínhamos arribado uns três meses atrás à Guiné. Fizéramos a ambientação à guerra, ao terreno e ao clima, com emboscadas e golpes de mão semi-fictícios,( tudo podia acontecer…) de dia e de noite, ali à volta de Bissau. Uma zona calma, entre Nhacra e Mansoa. Em Bissau, não se ouvia falar doutra coisa, senão do terror do Sul, para as bandas de Catió. Mal sabíamos que essa seria a prenda que nos estava reservada. A muito breve trecho.
Era a hora do jantar. Os soldados já tinham ido à cozinha com suas marmitas buscar o jantar e tinham-se espalhado por onde dava jeito, pelas casernas e outros recantos, a comê-lo. Meia dúzia de batatas cozidas, com bacalhau, azeite e feijão frade, um casqueiro e um caneco de vinho tinto do barril.
Era a véspera de Natal. Estava escuro como breu. Ouvia-se, apenas, o ronronar surdo do gerador de gasóleo que não parava, não podia parar, noite e dia. Essencial, sobretudo, durante a noite. Para lá duns 300 metros, ficava a orla das sinistras matas densas que convinha ter bem à vista das três sentinelas de serviço. Era o serviço mais rigoroso e responsável que havia no quartel. No alto das suas guaritas, o melhor reforçadas possível. Sobretudo daquele lado. Porque dos outros, era muito improvável qualquer aproximação que nos pusesse em risco. Eram o lado das bolanhas e do emaranhado de ramos afluentes do rio Cacine (?). A essa hora, era hora de maré-cheia. Dava para que a lancha pudesse atracar ao cais tosco, lá ao fundo, a uns 1000 metros mais ou menos. No quartel não havia água que se pudesse beber ou cozinhar. Vinha toda em barris de Catió. E tinha chegado mesmo, porque, de repente, fez-se o silêncio geral no quartel.
Toda a gente saiu das casernas e veio pespegar-se, sofregamente, à volta da tenda do nosso Primeiro, onde era habitual fazer-se a chamada para o correio. O nosso, vieram trazê-lo à mesa comprida, de 6 ou 7 longas tábuas corridas, debaixo dum toldo, onde ficava a sala de jantar dos oficiais e sargentos. Ali, debaixo dum embondeiro gigantesco. Eram cinco oficiais e uns vinte e tal sargentos.
Eu também fui prendado com uma carta de avião. Um envelope comprido de papel fino e leve, debruado com as cores da bandeira nacional. Vinha de uma tal A.T. De Lisboa. Fiz as minhas contas, de imediato. Nada esperava, e, daquelas bandas, de Lisboa, com aquele nome, nada constava na minha memória. A letra era redondinha e elegante. Os iis tinham todos uma bolinha redonda em cima, em vez da pintinha, simples. Um toque que me pareceu simpático, bem como o nome que ela tinha. Fez-me lembrar alguém da minha infância, a cobiçada Doroteia, filha mais nova duma simpática família afidalgada, ao pé da minha casa. Abri com cuidado, sem rasgar nem amachucar, o envelope. Era o instinto de
conservação, para mais tarde recordar… que despontava.
Li a correr a única folha muito bem dobradinha. Escrevia muito bem. Quem a mandara era uma moça que ia a meio do curso de biologia em Lisboa; gostava de ler, escrever, ouvir música e de ir com os pais para a praia, no tempo dela; era a sua única companhia - tinha um só irmão no colégio militar. E passava muito tempo na catequese da sua igreja.
Fez-se luz na minha cabeça. Tinha esquecido que, em tempos, ainda em Bissau, havia pedido uma madrinha de guerra ao movimento nacionalfeminino…com duas condições: que fosse culta e com sólida formação moral. Exigência altamente redutora. Vieram alguns aerogramas. Nenhum me seduziu. Por isso, esqueci. Fosse lá porque fosse, ou porque estivéssemos nós na véspera de Natal, ou porque já me estivesse a custar muito manter contacto com a moça do Funchal, devido sobretudo, à extrema pobreza das suas cartas…apeteceu-me responder-lhe. Ficaria para depois.
2 – Naqueles primeiros tempos de Cachil, havia muito trabalho para fazer no quartel. As reuniões dos quatro oficiais e sargentos, com o comandante de companhia eram frequentes e demoradas. Na tenda-bivaque em pano, onde ele tinha o gabinete de comando. Havia que delinear a melhor forma de ali passarmos o tempo que nos fosse determinado a partir das altas chefias de Bissau.
O capitão não se cansava de frisar que a segurança e a boa ordem dentro do quartel eram a base de sucesso. Acima de tudo, era preciso manter a rapaziada sempre activa e bemdisposta. Melhorar os aposentos e os abrigos; sobretudo os do material de guerra, granadas, minas e munições; abrir latrinas que chegassem e postos de balneário, para cada pelotão; a cozinha, um refeitório e um bar seriam objectivos de execução imediata. Depois viria a reconstrução das instalações em cimento, se Bissau nos mandasse os necessários tijolos.
O breve contacto que tivemos no início, com a soldadesca esgrouviada da 557, muito cansada, tirou ao duro comandante qualquer veleidade de manter a desmesurada militarice que fora seu apanágio, desde Évora. Nada de fardamento a condizer ou a reluzir. Com bivaque ou sem bivaque. De camisa ou peito nu. Sempre em calções. Com barba ou bigode. Nada de cabelos compridos nem brinquinhos na orelha. Tudo estava bem. A G3, de cada um, essa, deveria estar sempre funcional, à mão e segura. Era o pára-raios do quartel. Mas, o respeito pela hierarquia, também deveria ser bem trabalhado e fomentado. Sem imposições fúteis ou desnecessárias. Disciplina, sim. Haveria que fomentá-la e conservá-la. Cada comandante de pelotão deveria puxar pela sua criatividade para executar essas directivas inquestionáveis. Para bem de todos.Quando as coisas estivessem bem arrumadas, então, pensar-se-ia noutros tipos de acção que propiciassem bem-estar à rapaziada. Com torneios de cartas ou dominó, pingue-pongue, aulas de escolaridade etc.
Não foi preciso muito tempo. Quem, de antes, ao cabo de um mês, revisitasse o Cachil, ficaria de olhos arregalados com o que ali se fez. Com tão poucos recursos. Quando se quer e se está empenhado, as maravilhas não se fazem rogadas.
3 – Eu herdei e fiz questão de ficar com um quarto, incrustado na paliçada, que o habilidoso corneteiro da companhia anterior erguera para si. Um cubículo com certo conforto. Não fosse ele carpinteiro de profissão. Com as tábuas dos barris de vinho, engendrou uma estante com mesa e tudo. Onde pude pôr os meus fiéis e inseparáveis companheiros. Umas dezenas de livros de estudo, dicionário e até um gravador estereofónico… Sony. Ultramoderno. Sobretudo, estaria sozinho, como gostava. Livre das arruaças e devaneios habituais dos meus jovens camaradas. Era o meu feitio. Excessivamente reservado e limitado. O que já conheciam e, de alguma forma, toleravam.
É preciso notar que não foram em vão os quase dez longos anos passados no seminário. Numa altura em que a árvore cresce e se ramifica.Tanta poeira e cinza sobre seus ramos se me poisou. E quão difícil para sacudi-las… Ainda hoje, por aqui andam a atrapalhar-me. Também nem tudo foi mau. O gosto pelo estudo e uma vontade irreprimível de crescer e ser alguém ilustrado que me incutiram e, porque escondê-lo, ilustre, se possível, ficou bem gravado, até à obsessão.
Com todos os retrocessos provocados pelo jogo da complicada correspondência de estudos entre seminário e o ensino oficial, cozinhada e imposta pela dupla – cardeal Cerejeira e Salazar,- eu ainda não tinha garantido o acesso à universidade. Era oficial miliciano, graças ao grau que retinha do curso de teologia.
Se a sorte me brindasse com um feliz regresso, o que eu queria era entrar numa faculdade. Que curso? Uma incógnita. Muito espinhosa. Teria muita facilidade e um notável avanço, se escolhesse as “clássicas” : Linguística, latim e grego. Mas, ser professor de liceu… seria o que me esperava. Não agradava. Teria de andar de malas às costas por esse país fora… e, sobretudo, estava farto de ouvir falar de gregos e romanos. Sentia, porém, uma vontade de sentir outros ventos. Que me arejassem a cabeça. Num curso que me desse sucesso financeiro e social. Psicologia aplicada. Estava a nascer. Gostava. Só em Lovaina, como meus ex-colegas fizeram. Cá não havia tal curso. Direito? Até dava jeito. Só que não percebia nada desse mundo das leis. Nem eram do meu agrado. E, advocacia, nem pensar. Medicina? Sim. Mas, as matemáticas eram como galgar a pé, os Alpes ou os Pirinéus… Bom. Depois, se veria.
Foi aqui que a carta de Lisboa apareceu. Muito certeira e oportuna. Duma estudante de Biologia, a meio do curso. Dava certo. Calhava mesmo bem. Além do mais, facilitar-me-ia o ingresso no mundo académico. Vamos a isso. Quando chegou a hora, no silêncio do meu casebre, com electricidade e tudo, pus-me a escrever-lhe o meu primeiro aerograma dos que eram fornecidos grátis, na secretaria do Primeiro-sargento.
O pior estava para vir. Nos quatro meses que passei no BI 19 do Funchal (*), deu para me amarrar a uma donzela nativa… Sem eu dar conta, mas sempre com meu acordo, me erigiram seu noivo, com festa e apresentação à família e tudo. Antes de regressar ao “continente”. E, uma vez regressado em Évora, deslocou-se ela com a mãe a Lisboa, onde permaneceu umas semanas, para nos vermos aos fins de semana. E, na mesma linha, desloquei-me eu lá no paquete Funchal, nas curtas férias, antes de partir para guerra…Tudo estava muito bem soldadinho e apertado. Um dia que regressasse era só casar…Emprego, reservado na empresa de automóveis do sogro…
No fundo, não me importei porque sabia que tudo poderia desfazer-se. Como me enganei. Que grande carga de trabalhos me esperava. Aconteceu que cada aerograma que me chegava, depois do primeiro, era um balde de insatisfação intelectual. Este aspecto era-me muito importante. O afastamento físico dava para discernir melhor se aquela seria a tal… companheira para uma vida inteira. Cada vez se me afigurava mais claro que não. Tudo tinha sido um entusiasmo de muito sonho e muita ilusão. Fora o primeiro contacto tête-a-tête com os perfumes de mulher, para quem renunciara, há bem pouco tempo, às sendas eclesiáticas. À medida que choviam regulares os aerogramas da nova desconhecida, de Lisboa desvanecia-se mais e mais a possibilidade de continuar com a do Funchal.
Que turbilhão de ondas se ergueu no oceano da minha cabeça… me iam naufragando. Choros e ameaças lancinantes, dela, insistentes cartas pungentes suas, da mãe e de familiares, aqueles que apenas me viram no dia de apresentação à família, queriam, a todo o custo, repor as coisas no mesmo ponto. Tão confuso e atormentado me sentia que não havia estrondo ou ameaça de ataque inimigo, por maior que fossem, que se lhe sobrepusesse… Um duelo sangrento de forças antagónicas disputava constantemente todos os recantos e poros da minha cabeça. Noite e dia. Já me sentia um desgraçado. No princípio da vida adulta. Pensava que não seria mais capaz de voltar para trás. De tal forma que a preocupação com o risco de morrer na guerra quase se esvaiu…tanto valia.
Mergulhado na guerra, eu pedia mais a Deus que me ajudasse a sair daquela encruzilhada do que a sair-me vivo dela. E Ele ouviu-me. Assim pensei. Veio a primeira grande operação. Iria acontecer o nosso baptismo de fogo a sério. A minha companhia fora destacada para montar segurança, algures na estrada de Catió-Cufar, uma função de rectaguarda, enquanto se desencadearia uma grande operação, com tropas veteranas, da força aérea, da marinha e do temível e lendário obus de Bedanda.
Foi então, que, nos intervalos da guerra, pude conhecer o famoso e inesquecível capelão militar que sempre acompanhava as suas tropas, no terreno, totalmente desarmado. A sua arma era só uma discreta cruz na lapela. Que exemplo de coragem! Que arrimo para o moral da companhia!...
Não demorou que lhe estivesse a expor o meu dilema terrível. Ponto por ponto. Eu sabia e acreditava que estas pessoas, quaisquer que sejam as suas imperfeições, têm poderes que os transcendem…são um instrumento nas mãos de quem tudo pode.
- Olhe, lá!... Você ficou a dever-lhe alguma coisa?
- Não. Tudo intacto como encontrei...- respondi. - Mas…
- Mas, nada!...Não tem a mais pequena obrigação de continuar… Esta é a minha opinião…Você, agora é que sabe…
Que alívio!... Fez-se luz. E veio-me a força para seguir em frente. Estava traçado o caminho. Iria acabar todos os contactos com ela. Abençoado capelão militar.
J.L. Mendes Gomes
(Continua)
Fotos (do Cachil): © José Colaço (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.
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Nota do editor
(*) Vd. último poste da série > 18 de novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7302: Cartas, aos netos, de um futuro Palmeirim de Catió (J. L. Mendes Gomes) (7): Funchal, 1964: quando o amor não resiste à dura realidade da guerra...
Índice
PRIMEIRA - Tempos da Guerra
I - No Cachil II - Em Catió III - Em Bissau
SEGUNDA - Regresso ao Continente
I - Chegada II - Primeiro Emprego e Casamento III - Universidade IV - Quadro Técnico
TERCEIRA - Em Aveiro
I - Azurva II - Quintãs
QUARTA – De novo para Lisboa
I – A Frustração do CEJ II - O Calvário do Contencioso III – A Aposentação
QUINTA - Como Saltimbancos entre…
I - Algés II - Aveiro III -Ovar IV - Berlim
SEXTA – O pior estava para vir…
I – Clínica de Coimbra II – O neto Tomás
13 Março 2012, 3ª Feira
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Lichtenrade, em Berlim – 5 de Março de 2012- terça-feira
PRIMEIRA - NO CACHIL, ILHA DO COMO
- Quem manda aqui… somos nós.- Nada mais.
Extenuada pelas duras refregas que sofrera, durante os três meses que durou aquela operação, as forças que sobraram aos homens da 557, deram só para erguer o tosco quartel, murado de troncos de palmeiras justapostos, em quadrilátero com uns 150 m de lado, e umas escassas casernas e barracos, dentro, feitas com o mesmo, mais as chapas de bidões, como cobertura.
- Mais um pouco e teríamos de ser todos evacuados de exaustão - exclamava-me, de olhos esbugalhados, quando ali chegámos, o jovem e esquálido médico, que os assistira desde o início.
Nós tínhamos arribado uns três meses atrás à Guiné. Fizéramos a ambientação à guerra, ao terreno e ao clima, com emboscadas e golpes de mão semi-fictícios,( tudo podia acontecer…) de dia e de noite, ali à volta de Bissau. Uma zona calma, entre Nhacra e Mansoa. Em Bissau, não se ouvia falar doutra coisa, senão do terror do Sul, para as bandas de Catió. Mal sabíamos que essa seria a prenda que nos estava reservada. A muito breve trecho.
2 - Prenda de Natal, 24 de Dezembro de 1964
Era a hora do jantar. Os soldados já tinham ido à cozinha com suas marmitas buscar o jantar e tinham-se espalhado por onde dava jeito, pelas casernas e outros recantos, a comê-lo. Meia dúzia de batatas cozidas, com bacalhau, azeite e feijão frade, um casqueiro e um caneco de vinho tinto do barril.
Era a véspera de Natal. Estava escuro como breu. Ouvia-se, apenas, o ronronar surdo do gerador de gasóleo que não parava, não podia parar, noite e dia. Essencial, sobretudo, durante a noite. Para lá duns 300 metros, ficava a orla das sinistras matas densas que convinha ter bem à vista das três sentinelas de serviço. Era o serviço mais rigoroso e responsável que havia no quartel. No alto das suas guaritas, o melhor reforçadas possível. Sobretudo daquele lado. Porque dos outros, era muito improvável qualquer aproximação que nos pusesse em risco. Eram o lado das bolanhas e do emaranhado de ramos afluentes do rio Cacine (?). A essa hora, era hora de maré-cheia. Dava para que a lancha pudesse atracar ao cais tosco, lá ao fundo, a uns 1000 metros mais ou menos. No quartel não havia água que se pudesse beber ou cozinhar. Vinha toda em barris de Catió. E tinha chegado mesmo, porque, de repente, fez-se o silêncio geral no quartel.
Toda a gente saiu das casernas e veio pespegar-se, sofregamente, à volta da tenda do nosso Primeiro, onde era habitual fazer-se a chamada para o correio. O nosso, vieram trazê-lo à mesa comprida, de 6 ou 7 longas tábuas corridas, debaixo dum toldo, onde ficava a sala de jantar dos oficiais e sargentos. Ali, debaixo dum embondeiro gigantesco. Eram cinco oficiais e uns vinte e tal sargentos.
Eu também fui prendado com uma carta de avião. Um envelope comprido de papel fino e leve, debruado com as cores da bandeira nacional. Vinha de uma tal A.T. De Lisboa. Fiz as minhas contas, de imediato. Nada esperava, e, daquelas bandas, de Lisboa, com aquele nome, nada constava na minha memória. A letra era redondinha e elegante. Os iis tinham todos uma bolinha redonda em cima, em vez da pintinha, simples. Um toque que me pareceu simpático, bem como o nome que ela tinha. Fez-me lembrar alguém da minha infância, a cobiçada Doroteia, filha mais nova duma simpática família afidalgada, ao pé da minha casa. Abri com cuidado, sem rasgar nem amachucar, o envelope. Era o instinto de
conservação, para mais tarde recordar… que despontava.
Li a correr a única folha muito bem dobradinha. Escrevia muito bem. Quem a mandara era uma moça que ia a meio do curso de biologia em Lisboa; gostava de ler, escrever, ouvir música e de ir com os pais para a praia, no tempo dela; era a sua única companhia - tinha um só irmão no colégio militar. E passava muito tempo na catequese da sua igreja.
Fez-se luz na minha cabeça. Tinha esquecido que, em tempos, ainda em Bissau, havia pedido uma madrinha de guerra ao movimento nacionalfeminino…com duas condições: que fosse culta e com sólida formação moral. Exigência altamente redutora. Vieram alguns aerogramas. Nenhum me seduziu. Por isso, esqueci. Fosse lá porque fosse, ou porque estivéssemos nós na véspera de Natal, ou porque já me estivesse a custar muito manter contacto com a moça do Funchal, devido sobretudo, à extrema pobreza das suas cartas…apeteceu-me responder-lhe. Ficaria para depois.
2 – Naqueles primeiros tempos de Cachil, havia muito trabalho para fazer no quartel. As reuniões dos quatro oficiais e sargentos, com o comandante de companhia eram frequentes e demoradas. Na tenda-bivaque em pano, onde ele tinha o gabinete de comando. Havia que delinear a melhor forma de ali passarmos o tempo que nos fosse determinado a partir das altas chefias de Bissau.
O capitão não se cansava de frisar que a segurança e a boa ordem dentro do quartel eram a base de sucesso. Acima de tudo, era preciso manter a rapaziada sempre activa e bemdisposta. Melhorar os aposentos e os abrigos; sobretudo os do material de guerra, granadas, minas e munições; abrir latrinas que chegassem e postos de balneário, para cada pelotão; a cozinha, um refeitório e um bar seriam objectivos de execução imediata. Depois viria a reconstrução das instalações em cimento, se Bissau nos mandasse os necessários tijolos.
O breve contacto que tivemos no início, com a soldadesca esgrouviada da 557, muito cansada, tirou ao duro comandante qualquer veleidade de manter a desmesurada militarice que fora seu apanágio, desde Évora. Nada de fardamento a condizer ou a reluzir. Com bivaque ou sem bivaque. De camisa ou peito nu. Sempre em calções. Com barba ou bigode. Nada de cabelos compridos nem brinquinhos na orelha. Tudo estava bem. A G3, de cada um, essa, deveria estar sempre funcional, à mão e segura. Era o pára-raios do quartel. Mas, o respeito pela hierarquia, também deveria ser bem trabalhado e fomentado. Sem imposições fúteis ou desnecessárias. Disciplina, sim. Haveria que fomentá-la e conservá-la. Cada comandante de pelotão deveria puxar pela sua criatividade para executar essas directivas inquestionáveis. Para bem de todos.Quando as coisas estivessem bem arrumadas, então, pensar-se-ia noutros tipos de acção que propiciassem bem-estar à rapaziada. Com torneios de cartas ou dominó, pingue-pongue, aulas de escolaridade etc.
Não foi preciso muito tempo. Quem, de antes, ao cabo de um mês, revisitasse o Cachil, ficaria de olhos arregalados com o que ali se fez. Com tão poucos recursos. Quando se quer e se está empenhado, as maravilhas não se fazem rogadas.
3 – Eu herdei e fiz questão de ficar com um quarto, incrustado na paliçada, que o habilidoso corneteiro da companhia anterior erguera para si. Um cubículo com certo conforto. Não fosse ele carpinteiro de profissão. Com as tábuas dos barris de vinho, engendrou uma estante com mesa e tudo. Onde pude pôr os meus fiéis e inseparáveis companheiros. Umas dezenas de livros de estudo, dicionário e até um gravador estereofónico… Sony. Ultramoderno. Sobretudo, estaria sozinho, como gostava. Livre das arruaças e devaneios habituais dos meus jovens camaradas. Era o meu feitio. Excessivamente reservado e limitado. O que já conheciam e, de alguma forma, toleravam.
É preciso notar que não foram em vão os quase dez longos anos passados no seminário. Numa altura em que a árvore cresce e se ramifica.Tanta poeira e cinza sobre seus ramos se me poisou. E quão difícil para sacudi-las… Ainda hoje, por aqui andam a atrapalhar-me. Também nem tudo foi mau. O gosto pelo estudo e uma vontade irreprimível de crescer e ser alguém ilustrado que me incutiram e, porque escondê-lo, ilustre, se possível, ficou bem gravado, até à obsessão.
Com todos os retrocessos provocados pelo jogo da complicada correspondência de estudos entre seminário e o ensino oficial, cozinhada e imposta pela dupla – cardeal Cerejeira e Salazar,- eu ainda não tinha garantido o acesso à universidade. Era oficial miliciano, graças ao grau que retinha do curso de teologia.
Se a sorte me brindasse com um feliz regresso, o que eu queria era entrar numa faculdade. Que curso? Uma incógnita. Muito espinhosa. Teria muita facilidade e um notável avanço, se escolhesse as “clássicas” : Linguística, latim e grego. Mas, ser professor de liceu… seria o que me esperava. Não agradava. Teria de andar de malas às costas por esse país fora… e, sobretudo, estava farto de ouvir falar de gregos e romanos. Sentia, porém, uma vontade de sentir outros ventos. Que me arejassem a cabeça. Num curso que me desse sucesso financeiro e social. Psicologia aplicada. Estava a nascer. Gostava. Só em Lovaina, como meus ex-colegas fizeram. Cá não havia tal curso. Direito? Até dava jeito. Só que não percebia nada desse mundo das leis. Nem eram do meu agrado. E, advocacia, nem pensar. Medicina? Sim. Mas, as matemáticas eram como galgar a pé, os Alpes ou os Pirinéus… Bom. Depois, se veria.
Foi aqui que a carta de Lisboa apareceu. Muito certeira e oportuna. Duma estudante de Biologia, a meio do curso. Dava certo. Calhava mesmo bem. Além do mais, facilitar-me-ia o ingresso no mundo académico. Vamos a isso. Quando chegou a hora, no silêncio do meu casebre, com electricidade e tudo, pus-me a escrever-lhe o meu primeiro aerograma dos que eram fornecidos grátis, na secretaria do Primeiro-sargento.
4 – Fim dum Pesadelo
O pior estava para vir. Nos quatro meses que passei no BI 19 do Funchal (*), deu para me amarrar a uma donzela nativa… Sem eu dar conta, mas sempre com meu acordo, me erigiram seu noivo, com festa e apresentação à família e tudo. Antes de regressar ao “continente”. E, uma vez regressado em Évora, deslocou-se ela com a mãe a Lisboa, onde permaneceu umas semanas, para nos vermos aos fins de semana. E, na mesma linha, desloquei-me eu lá no paquete Funchal, nas curtas férias, antes de partir para guerra…Tudo estava muito bem soldadinho e apertado. Um dia que regressasse era só casar…Emprego, reservado na empresa de automóveis do sogro…
No fundo, não me importei porque sabia que tudo poderia desfazer-se. Como me enganei. Que grande carga de trabalhos me esperava. Aconteceu que cada aerograma que me chegava, depois do primeiro, era um balde de insatisfação intelectual. Este aspecto era-me muito importante. O afastamento físico dava para discernir melhor se aquela seria a tal… companheira para uma vida inteira. Cada vez se me afigurava mais claro que não. Tudo tinha sido um entusiasmo de muito sonho e muita ilusão. Fora o primeiro contacto tête-a-tête com os perfumes de mulher, para quem renunciara, há bem pouco tempo, às sendas eclesiáticas. À medida que choviam regulares os aerogramas da nova desconhecida, de Lisboa desvanecia-se mais e mais a possibilidade de continuar com a do Funchal.
Que turbilhão de ondas se ergueu no oceano da minha cabeça… me iam naufragando. Choros e ameaças lancinantes, dela, insistentes cartas pungentes suas, da mãe e de familiares, aqueles que apenas me viram no dia de apresentação à família, queriam, a todo o custo, repor as coisas no mesmo ponto. Tão confuso e atormentado me sentia que não havia estrondo ou ameaça de ataque inimigo, por maior que fossem, que se lhe sobrepusesse… Um duelo sangrento de forças antagónicas disputava constantemente todos os recantos e poros da minha cabeça. Noite e dia. Já me sentia um desgraçado. No princípio da vida adulta. Pensava que não seria mais capaz de voltar para trás. De tal forma que a preocupação com o risco de morrer na guerra quase se esvaiu…tanto valia.
Mergulhado na guerra, eu pedia mais a Deus que me ajudasse a sair daquela encruzilhada do que a sair-me vivo dela. E Ele ouviu-me. Assim pensei. Veio a primeira grande operação. Iria acontecer o nosso baptismo de fogo a sério. A minha companhia fora destacada para montar segurança, algures na estrada de Catió-Cufar, uma função de rectaguarda, enquanto se desencadearia uma grande operação, com tropas veteranas, da força aérea, da marinha e do temível e lendário obus de Bedanda.
Foi então, que, nos intervalos da guerra, pude conhecer o famoso e inesquecível capelão militar que sempre acompanhava as suas tropas, no terreno, totalmente desarmado. A sua arma era só uma discreta cruz na lapela. Que exemplo de coragem! Que arrimo para o moral da companhia!...
Não demorou que lhe estivesse a expor o meu dilema terrível. Ponto por ponto. Eu sabia e acreditava que estas pessoas, quaisquer que sejam as suas imperfeições, têm poderes que os transcendem…são um instrumento nas mãos de quem tudo pode.
- Olhe, lá!... Você ficou a dever-lhe alguma coisa?
- Não. Tudo intacto como encontrei...- respondi. - Mas…
- Mas, nada!...Não tem a mais pequena obrigação de continuar… Esta é a minha opinião…Você, agora é que sabe…
Que alívio!... Fez-se luz. E veio-me a força para seguir em frente. Estava traçado o caminho. Iria acabar todos os contactos com ela. Abençoado capelão militar.
J.L. Mendes Gomes
(Continua)
Fotos (do Cachil): © José Colaço (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.
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Nota do editor
(*) Vd. último poste da série > 18 de novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7302: Cartas, aos netos, de um futuro Palmeirim de Catió (J. L. Mendes Gomes) (7): Funchal, 1964: quando o amor não resiste à dura realidade da guerra...
10 comentários:
Meu caro Joaquim:
Deixa-me saudar-te com toda a amizade, camaradagem e apreço que tu mereces!... Saudar-te também pelo teu regresso e desejar-te um bom restabelecimento, depois do susto que apanhaste...
Não nos paras de surpreender. Volto a reproduzir aqui um comentário meu ao poste onde nos contaste, em tempos, um teu "segredo" bem guardado estes anos todos... Depois disso, entraram para a Tabanca Grande muitos camaradas que não te conhecem...
Aqui fica o meu texto que é também uma homenagem para a tua pessoa. São depoimentos como os teus que dão grandeza e valia a este blogue, que é por essência e vocação um blogue de "partilha de memórias e de afetos"... O resto é ruído... LG
______________
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2009/09/guine-6374-p5004-o-segredo-de-8-joaquim.html
24 de setembro de 2009
Guiné 63/74 - P5006: O segredo de... (8): Joaquim Luís Mendes Gomes: Podia ter-me saído caro aquele pontapé no...
Comentário de L.G.:
Deixaste-me sem respiração, meu grande Palmeirim de Catió!... Mas que lição de humildade, humanidade, liderança, arte, vida, sabedoria, camaradagem ... Como é que a guerra, aquela guerra, a Guiné, moldou, aprimorou, aqueles dois homens!... E que homens, e que camaradas!...
São estes pequenos, grandes segredos, que queremos que venham ao de cima... É uma lição de vida, é uma "história com mural ao fundo", como eu gosto de dizer, que nos interpela, nos incomoda, nos deprime, nos acicata, nos orgulha ... Porra, estamos ali todos, ce corpo inteiro, de alma e coração!
Não, não somos "sacanas sem lei", mesmo tendo nascido e vivido e aprendido e evoluído numa época de apagada e vil tristeza. Há valores (que também são de uiniversalidade e de portugalidade...) que transcendem o efémero, o transitório, o local, o temporal, os regimes, os líderes (em quem não nos reconhecemos, que contestamos, etc...).
Há valores, grande Palmeirim de Catió, que bebemos com o leite das nossas mães e que foram reforçados com o exemplo da gente humilde mas valorosa que foram os nossos pais (machos)...
Permitam-me que quebre, de tempos a tempos, a minha impassibilidade, a minha objectividade, de múmia, de cara de pau, de bonzo, de sacerdote que tem de velar pela paz, harmonia e pelas boas regras de sã convívio da santa congregação... (Às vezes, também me apetece mijar fora do penico!).
Tudo isto para vos dizer, caros amigos e camaradas da Guiné, tabanqueiros, vizinhos, irmãos...que tenho orgulho em estar no meio camaradas como o J.L. Mendes Gomes que têm a grande honestidade intelectual e a humildade de nos vir contar estas pequenas grandes histórias do tempo em que andávamos todos a aprender a ser homens!...
Que magnífico regresso à nossa Tabanca Grande, Joaquim!
OLá meu caro Luís
Agradeço muito as tuas palavras. São bálsamo. Agradeço também o abrilhantamento gráfico que deste,como é vosso timbre, à minha singela partilha no nosso blogue. Todos nós fomos apanhados no despontar da nossa vida, quando estava tudo a começar...As nossas histórias são todas muito parecidas.
Um grande abraço para todos.
Joaquim Mendes Gomes
Olá meu caro Luís
Agradeço as tuas palavras. São bálsamo. E o abrilhantamento que sempre emprestais aos nosso textos. Muito certeiros e ricos. A minha história é igual à de todos nós, os que fizemos a guerra da Guiné. Afinal, fomos apanhados, quando despontávamos para a vida. Estava tudo por fazer, uma grande parte...
Um grande abraço a todos os tertulianos
Joaquim Mendes Gomes
Meu caro Joaquim, sem me querer armar em professor de geografia (que nem sequer é o meu forte), e guiando-me apenas pelas nossas famosas cartas (Caiar, Catió, província da Guiné...), acho que Cachil era servido por um afluente do Rio Uncomené, afluente Rio de Caiar, afluente por sua vez do Rio Tombali que ia desaguar ao mar...
Convem sermos precisos, nos nossos relatos de aventuras, não vão os teus netos um dia - quiçá! - ir atrás das tuas peugadas...na Ilha de Caiar.
Saudações do "pequeno Portugal", aqui aos pés da Europa... LG
Caro Amigo
Foi com grande prazer que ao aceder ao blogue, constatei o "seu regresso" ao nosso convívio.
O que nos conta desta vez, trás a chancela inconfundível do autor, que espraia os sentimentos, no mar das palavras!
Obrigada por ter regressado.
Afectuoso abraço da
Felismina
Obrigado nossa Amiga Felismina...
Um abraço
Joaquim Luís Mendes Gomes
Lição prática.
A soldadesca esgrouviada 557, a seguir na Guiné ficamos cognominados, conhecidos e respeitados pela companhia do Cachil.
O esquálido médico,deixou nome saudades amigos por onde passou.
Quando um dia o visitei em Aveiro já bastante doente e próximo da sua residência perguntei a uns transeuntes se conheciam a rua Jaime Moniz,resposta não, pergunta seguinte e o Dr. Rogério Leitão! mora ali eu vou lá com o sr.
Cumprimentos Colaço.
Olá Amigo Colaço!
É evidente que não foi minha intenção atingir o bom nome da 557. Quando chegámos lá a minha companhia estava novinha em folha. Ainda por cima tínhamos um comandante ultra-militarista. Quando saimos do Cachil, não estávamos como vós, porque não tínhamos passados as passas da grande operação dpo Como...Já foi diferente quando deixamos Catió, depois de 153 meses de Companhia de intervenção...Que o pessoal da 557 estava esgrouviado( desalinhado...de calções e tronco nu, barbas e cabelo como calhava, e o ar de deficiente alimentação estavam...e não é desonra. Mas peço-te desculp a ti e a quem da 557 que também se tenha sentido...Quanto ao Rogério Leitão, também estava esquálido como todos...e devo dizer que privei com ele em Aveiro durante mais ee vinte anos...onde se tornou uma figura ilustre e exemplar, como pessoa, cidadão interveniente e como médico.
E, já agora, agradeço as preciosas fotos do Cachil que nos partilhaste...e pergunto-te se quanto ao resto do que leste, concordas ou não?...
Fica bem
Um grande abraço
Joaquim Mendes Gomes
Caro amigo Palmeirim.
Motivo do meu comentário
Como diz o provérbio as aparências iludem.Por isso o título.
(Lição Prática) um pouco "dirigida" ao teu ex-comandante.
Caro Joaquim Gomes no dia em que nos rendes-te quase todos tinham pelo menos a barba aparada e a roupa mais ou menos lavada, que teria pensado o então brigadeiro Sá Caneiro quando nos visitou em Abril.
Já o disse não vou repetir ver P3287 (controvérsias).
Quanto a opinião sobre o resto do teu poste, nada a contradizer, tu tens o dote da escrita com uma cultura acima da média.
Como refiro em baixo é o tal azeite.
Eu sou um apologista da verdade o meu comentário é: a verdade é como o azeite vem sempre ao cimo.
Um abraço amigo.
Colaço
Sobre o Dr. Leitão és mais um a confirmar a boa imagem que ficou de quem o conheceu OBRIGADO.
Erro ortográfico, para que se leia o então brigadeiro Sá Carneiro e não (Caneiro).
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