Guiné > Região de Gabu > Piche > Foto nº 112/199 > 1968 > Mulher amamentando uma cabrinha (!)... Um ternura de foto do álbum do João Martins.
Foto: © João José Alves Martins (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.
1. Comentário, de 23 do corrente, de João Martins [, ex-Alf Mil Art, BAC1, Bissum, Piche, Bedanda, Gadamael e Guileje, 1967/69,] ao poste P11369:
Caro Luís Graça & camaradas da Guiné:
O meu caloroso abraço aos meus gloriosos amigos e camaradas de armas, quer do Continente quer da Guiné.
Ao ler as opiniões do amigo Cherno Baldé que, de modo algum pretendo contrariar e que respeito, recordei aquela frase "Cada um sabe de si e Deus sabe de todos", logo, penso que o Cherno deve ter razões muito pessoais para afirmar o que pensa.
Surge-me também a oportunidade de transmitir o que senti e o que presenciei. Encontrei várias etnias, de relacionamentos bem distintos, e encontrei reações naturais e espontâneas em que o interesse e a atração do português pela beleza exterior e interior feminina são dificilmente contidos. Daí, a disseminação,. por todos os continentes, de descendentes lusos.
Quanto ao sentimento da superioridade dos portugueses relativamente aos nativos e às nativas, e mais uma vez recordo que "Cada um sabe de si e Deus sabe de todos", julgo que esse sentimento, como regra, e não há regra sem excepção, só existia como fazendo parte da "lavagem ao cérebro da propaganda inimiga" que procurava virar as populações contra nós.
Caro Luís Graça & camaradas da Guiné:
O meu caloroso abraço aos meus gloriosos amigos e camaradas de armas, quer do Continente quer da Guiné.
Ao ler as opiniões do amigo Cherno Baldé que, de modo algum pretendo contrariar e que respeito, recordei aquela frase "Cada um sabe de si e Deus sabe de todos", logo, penso que o Cherno deve ter razões muito pessoais para afirmar o que pensa.
Surge-me também a oportunidade de transmitir o que senti e o que presenciei. Encontrei várias etnias, de relacionamentos bem distintos, e encontrei reações naturais e espontâneas em que o interesse e a atração do português pela beleza exterior e interior feminina são dificilmente contidos. Daí, a disseminação,. por todos os continentes, de descendentes lusos.
Quanto ao sentimento da superioridade dos portugueses relativamente aos nativos e às nativas, e mais uma vez recordo que "Cada um sabe de si e Deus sabe de todos", julgo que esse sentimento, como regra, e não há regra sem excepção, só existia como fazendo parte da "lavagem ao cérebro da propaganda inimiga" que procurava virar as populações contra nós.
Sinceramente, foi isto o que senti e o que presenciei. Tal como já li, a amizade e o respeito pela mulher africana sobrepunham-se a outros tipos de relacionamentos. Admito que, contrariamento ao que se pretende transmitir muito democraticamente, todos os homens são diferentes, uns são educados e têm comportamentos de respeito pelo próximo, outros, pelo contrário, comportam-se de modo indigno.
As generalizações a partir de casos pontuais conduzem a afirmações erróneas e facilitam as teorias niilistas que têm como finalidade não distinguir o bem do mal nem os bons dos maus.
Um grande abraço a todos sem excepção, e até Monte Real, se Deus quiser.
João Martins
______________
Nota do editor:
Último poste da série > 26 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11478: (Ex)citações (219): Patrício Ribeiro, "pai dos tugas em Bissau", parte mantenhas com o Mamadu de Tabatô, a sua mulher, alentejana, Sílvia, o cineasta João Viana (, realizador do filme "A batalha de Tabaô"), e a antropóloga Joana Vasconcelos
Um grande abraço a todos sem excepção, e até Monte Real, se Deus quiser.
João Martins
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Nota do editor:
Último poste da série > 26 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11478: (Ex)citações (219): Patrício Ribeiro, "pai dos tugas em Bissau", parte mantenhas com o Mamadu de Tabatô, a sua mulher, alentejana, Sílvia, o cineasta João Viana (, realizador do filme "A batalha de Tabaô"), e a antropóloga Joana Vasconcelos
9 comentários:
Já na altura (*) eu tinha comentado a "felicidade" desta foto (e por tabela, a apreciação do João sobre os fulas)... Dizia mais ou menos isto:
João: sobre as tuas andanças pelo leste, o "chão fula", as tuas reflexões, os teus temores, a tua perceção do portuguesismo dos fulas, não me compete, a mim, pronunciar...
Sabes que umas das regras de ouro do nosso blogue é justamente não fazer "juizos de valor" sobre o que cada um de nós viveu, experimentou, sentiu, pensou (ou pensa)...
Aliás, no dia em que transformarmos o nosso blogue em tribunal (inquisitorial) dos combatentes da Guiné, assinaremos a sua sentença de morte!... (Felizmente que isso não vai acontecer, fica descansado. (Não aconteceu até agora, não acontecerá...).
Eu estive 22 meses entre os fulas, numa companhia africana, a CCAÇ 12, composta por fulas, comi e dormi em aldeias fulas, defendi aldeias fulas, vivi entre os fulas, fiz amigos e amigas fulas... Tenho outras vivências, diferentes de ti, que estuveseste de passagem pelo chão fula...
Agora, acredita, nunca vi - que me lembre! - uma mulher (fula) a dar de mamar a uma cabritinha!...
Espantosa foto a tua, parabéns!... SE fosse agora, merecia que a mamdasse para o concurso da Worl Press Photo!
Não vejo qualquer malícia no olhar daquela mulher que também alimenta um filho... Há apenas ternura, beleza humana, harmonia da natureza, nesta cena, culturalmente e eticamente impensável nesta nossa santa terra...
Aliás, tenho "inveja" dos teus "slides"... Obrigado por partilhares as tuas memórias connosco!...
______________
(*) Vd. poste de QUINTA-FEIRA, 10 DE MAIO DE 2012
Guiné 63/74 - P9879: Memórias da minha comissão (João Martins, ex-alf mil art, BAC 1, Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69): Parte IV : Em Piche, com um Pel Art com 3 peças de 11.4
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2012/05/guine-6374-p9879-memorias-da-minha.html
Caro amigo Joao Martins,
Saudacoes fraternais e bem vindo ao debate!
Ainda sobre esta questao, acho que podemos debater longamente, sendo que, cada vez, cada um de nos tera a sua porcao de verdade ou de inverdade. Nada mais logico.
O Paulo Salgado tem razao quando defende para que nao se generalize, mesmo se a seguir também ele comete o mesmo erro quando defende o nome e a honra de toda a sua companhia (perto de 200 homens?). Tudo Bem.
O amigo Joao Martins tem razao quando afirma que "cada um sabe de si e Deus sabe de todos". Certo.
Para sairmos deste circulo de juizos de valor que nao levam a lado nenhum e cujo perigo o Luis Graca nos chama a atencao, propunha passarmos aos factos, isto é fazer recurso aos dados estatisticos ou testemunhos que possam existir sobre a matéria para responder a seguinte questao:
-Quantos casamentos foram celebrados entre a tropa portuguesa e mulheres nativas no periodo de 1963 a 1974?
Foram muitos ou poucos?
E se, porventura, nao houve nenhum ou se o numero destes matrimonios é insignificante proporcionalmente ao numero da tropa que tera passado pelo TO, vamos procurar saber dos porqués.
Que eu saiba nao havia nenhuma lei que proibia a celebracao de casamentos entre "Portugueses".
Um abraco amigo,
Cherno Baldé
PS: Obrigado pela homenagem que eu, também, retribuo efusivamente.
Caro Cherno Baldé. Quanto aos escassos casamentos entre os milhares de militares que passaram pela Guiné e as jovens locais,seria assunto passível de debate interessante,em termos,(pelo menos),sociais.Não menos se tivermos em conta que,na época referida,a maioria dos militares portugueses seriam originários do meio rural conservador ,onde "um certo tipo de relacionamento" entre jovens levava inexoravelmente ao casamento...voluntário,ou por fortes pressões sociais. Um abraço.
Caro João Martins,
Esse documento histórico foi tirado na nossa Bissum/Naga?
Era zona de Balantas .Boa gente, quer o pessoal da tabanca quer os dois grupos de milícia.
Lá estaremos em Monte Real.
abraço.
Caro Luís Graça, Cherno Baldé, Joseph Belo e Manuel Maia
Caros amigos, o que me traz diariamente ao blog é exclusivamente, o meu grande amor àquela terra, àquelas gentes, que recordo sempre com muito carinho e saudade e com o sentimento de que, nós portugueses, ficámos muito aquém das nossas obrigações e responsabilidades. E aqui, contrario novamente o Luís Graça, porque volto a fazer juízos de valor. E faço-o porque é essa a minha maneira de estar na vida, apesar de, ao longo dela e por essa razão, ter sido muitíssimo prejudicado. Mas cada um nasce para o que nasce e toma o seu caminho ou foge dele. A propósito, muito admiro a figura de S. João Batista a quem, por criticar o poder político, cortaram a cabeça.
Calar, consentir, não expressar opiniões, deixar que o "mal" se torne dominante, não está na minha natureza. Se estiver errado nas minhas apreciações, peço desculpa e agradeço que me corrijam. Mas os homens que conheci e os que comandei merecem que os lembre e que lhes envie um grande abraço de solidariedade com o desejo das maiores felicidades. Também as mulheres, sempre carinhosas, educadas e trabalhadoras, são dignas do maior respeito e admiração.
Qunto ao casamento, eu recordo que o ambiente não propiciava na medida em que o ambiente de guerra que a todos afetava nos levava a regressar à Metrópole o mais depressa possível. Naquela estúpida e desnecessária guerra que ninguém sentia como sua e compreendia, até muitos dos naturais tiveram que se refugiar em Portugal, porque as suas vidas corriam perigo.
Ainda relativamente às mulheres e também aos homens sempre fiquei com a opinião, de que, regra geral, são melhores, mais solidários, mais humanos do que os portugueses da Metrópole. Daí a minha enorme admiração por todos eles.
Respondendo ao Manuel Maia, Bissum foi o meu primeiro local no mato, foi onde senti pela primeira vez o "medo" de estar debaixo de fogo. Aquela fotografia foi tirada quando estive em Piche, no Leste. Se quiseres mais promenores, indica-me o teu email, aqui no facebook, em João José Alves Martins.
Um grande e caloroso abraço a todos.
João Martins
Caros amigos,
Nao me surpreendeu muito que nao tenha havido nem estatisticas nem testemunhos de casos conhecidos sobre a questao por mim colocada.
O ambiente nao era propicio para pensar em casamentos, dizem, mas nao era assim tao mau que nao permitisse fazer alguns filhos.
Apesar das interrogacoes e das suposicoes que me colocam do lado da propaganda do IN de ontem (sic), gostaria que ficasse claramente vincado o meu apego e admiracao pelos soldados portugueses por tudo o que fizeram de bom para a populacao da Guiné (do ensino a saude, passando pelas infraestruturas de transporte que nao conseguimos conservar), da mesma forma que gostaria de poder ter a liberdade e a compreensao de dar livremente a minha opiniao, sem qualquer conotacao politica, sobre acontecimentos passados que, necessariamente, so posso fazer partindo das observacoes da crianca que ontem era (menino e moco), mas com o juizo e a ciencia do homem de hoje (cidadao Cherno Baldé), dispenso o Dr.
Dito isto e com a vossa permissao, da minha parte, termino este debate da mesma forma que comecou no blogue ha muitas luas:
- "... A chacun sa putain" et "A chacun sa verité".
Um abraco de amizade para todos.
Cherno Baldé
Bem...estou com os "azeites"..o meu Benfica acaba de perder no último minuto mais uma vez..triste sina.
Alguém queria casar com uma "preta"?
Deixem-se de "tretas"..salvo raras excepções, o pessoal queria era dar uma "queca"..e o que é que isso tinha de mal..a única coisa que era altamente condenável eram as violações, e certamente houve algumas.
Apesar de administrativamente não o sermos, na prática éramos um exército ocupante, com todas as implicações de relação de poder com as populações, desde o simples soldado ao mais alto na hierarquia.
Ás vezes virava-se o "feitiço contra o feiticeiro", com as práticas aplicadas pelo General Spínola na politica.."por uma Guiné melhor"..
O ser humano até é intrinsecamente "mau" e de vez em quando dá-lhe para ser "bonzinho".
Não resisto a contar uma "cena"protagonizada por mim ...
Numa das minhas idas a Cacine queria comer carne (coisa que não me passava pelo "estreito" à bastante tempo) e lá fui à procura..quanto custa a cabra?..não vendia..não vendia..ai a porra..deixei-lhe uma quantia em dinheiro suficiente (não me recordo do montante ) para comprar mais do que uma..e trouxe a cabra.
Estava já no final do "repasto"apareceu o administrador acompanhado pelo ex-proprietário da dita em que este se queixava de que lhe tinha roubado a cabra...eu não roubei porra de cabra nenhuma...paguei-lha por ..x..ah mas isso, diz o administrador, é mais ou menos o dobro do custo normal..então..e lá se foi embora com o "rabinho" entre as pernas..
Procedi bem..claro que não...se estou arrependido..também não..
Siga a marinha
C.Martins
Caro amigo C. Martins,
Obrigado pela franqueza, em crioulo diz-se: "boltia boltia i ka messinho de kamba mar". As coisas devem ser ditas tais como são, sem subterfugios.
Eu não estou com os "azeites" mas, também, senti-me muito mal com a derrota e comigo estava toda a cidade de Bissau, envolta num silencio fulcral após o jogo.
Sobretudo, doeu ver e ouvir o Jorge Jesus...e também de ver o estado físico do nosso Eusébio, o "Pantera negra".
Um abraço,
Cherno Baldé
Olá meu caro Cherno
Em 2006 viajava entre o Saltinho e Bambadinca acompanhado por três Guineenses, paramos para comprar uma cabra.
O vendedor pedia 4000 "cefas" , eu já não tinha cefas,ofereci-lhe 20 euros=12000 este não quis aceitar..sim porque onde é que ia trocar a nota..
Lá viemos sem a cabra..
Outros tempos.
O futebol tem destas coisas,tanto sofre um benfiquista "tuga" como um guineense.
Um abraço
C.Martins
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