O PAIGC E A INSTRUÇAO PRIMARIA*
Durante a minha "estadia" na CCaç 6, em Bedanda, e numa das várias operações que fizemos em pleno Cantanhês, numa altura em que se resolveu abrir uma estrada entre Cadique e Guilege (que nunca chegou a acabar), de forma a desbaratar a mata do Cantanhês, onde o PAIGC "passeava" e tinha diversas bases logisticas, numa dessas operações dizia eu, assim de repente, demo-nos em pleno centro duma dessas bases, na altura já abandonada, embora há muito pouco tempo.
Nesse local, onde havia uma escola e uma espécie de hospital de campanha, foi recolhido algum material, entre eles um livro de instrução da 1ª classe.
Hoje, ao remexer em algumas das minhas memórias, encontrei esse livro. Não perdi tempo e digitalizei algumas das suas páginas, onde é por demais evidente, a propaganda politica e pré militar que era incutida às suas crianças.
Assim, e sem mais delongas, quero com vocês partilhar esse achado. Em algumas das páginas sublinhei certas palavras ou frases que achei importante.
Finalmente podem reparar na conta capa, que este livro foi feito em Uppsala, na Suécia.
Um grande abraço a todos
António Teixeira
Nota do editor
(*) Vd. poste anterior de 25 de Agosto de 2013 > Guiné 63/74 - P11977: Memória dos lugares (245): Livro da 1.ª Classe do PAIGC recolhido nas matas do Cantanhez (1) (António Teixeira)
11 comentários:
Curioso, Camaradas
Os livros eram impressos na Suécia, país muito civilizado e que dava muito apoio a este género da causas.
Julgo que até foi dos primeiros a reconhecer a independência.
Onde será hoje a embaixada da Suécia em Bissau e que espécie de apoio dará àquela "pobre" gente?
Um Ab. e, se for o caso, boas férias
António J. P. Costa
Sinais dos tempos, a deserção e o cinismo dos suecos... infelizmente hoje a nossa querida Guiné-Bissau, e muito por culpa da incapacidade dos herdeiros de Amílcar Cabral em criar os mecanismos de transição para uma verdadedeira sociedade democrática, pacífica, justa e fraterna, é um país-pária...
Infelizmente não é o único, em África e no resto do Mundo... Mas não vamos desistir de ajudar os nossos amigos e o povo da Guiné-Bissau... Os amigos são para as ocasiões, os grandes amigos para as grandes ocasiões...
Veja-se o que se passa hoje com a demissão e o cinismo de muitos dos nossos parceiros europeuis em relação ao sonho da construção europeia... Uma sociedade inteligente é também aquela que sabe aprender com os erros do passado...
Os suecos ajudaram o PAIGC.
Se ajudar o PAIGC ou outro movimento qualquer foi ajudar o povo guineense é preciso bater palmas aos suecos.
Os suecos ofereceram livros ao ministro da Educação, Volvos a todos os ministros, máquinas para derrubar e exportar árvores, e ensinaram os guineenses a fazer escolas de adobe.
Foi muita gente a ajudar O PAIGC a fazer os guineenses um povo feliz.
Quando os tugas sairam da guiné, também foram bastantes os portugueses que acompanharam os suecos nessas ajudas.
Parece que esses "voluntários" do mundo inteiro que tentaram substituir os tugas, já desistiram quase todos.
Caros camaradas
Às vezes fico 'pasmado' com o 'espanto' de algumas almas sensíveis que ficam inquietas com o facto de um livro de educação político-partidária conter isso mesmo. Faz sentido que um livro desses contenha exactamente o que contém, não será?
O que me parece mais notável é que o tenham feito utilizando exactamente o português... isso é que é relevante. Mas não dá jeito, pois não?
Abraços
Hélder S.
... ao camarada António Teixeira – que cumprimento e aplaudo pela partilha deste documento demonstrativo de um muito bem instruído 'IN' em técnicas manipulativas de "hearts & minds" –, talvez fizesse mais sentido intitular este "postal", como sendo «O PAIGC e a Instrução... Universitária»!
Camarada Hélder Valério
Estou completamente de acordo com o teu comentário.
Na verdade onde está o espanto pelo modo como está construido o livro de instrução??? Então a malta já se esqueceu como eram os nossos livros da escola primária nos anos 50,60 etc..? E a propaganda que era feita com a Mocidade Portuguesa??? Eu não sei onde está o espanto... O PAIGC tinha era mesmo que proceder desse modo.O contrário é que era de desconfiar...ou não é assim??
Abraços
Henrique Cerqueira
Camarada Henrique Cerqueira.
Quero que fique aqui bem claro que estou completamente de acordo consigo. Quando coloquei estas fotos relativas e este livro, foi sem qualquer conexão partidária (este nunca será o lugar para aproveitamentos partidários), nem de qualquer outra índole.
Dei a conhecer este livro porque achei interessante, e se algo me levou a sublinhar certas palavras ou frases era precisamente para chamar a tenção para o facto, e nunca por estar contra ele.
Aliás, como aqui já foi dito, acho também muito interessante e valoroso que o PAIGC instruísse as sua crianças em português, e não, por exemplo, em crioulo. Aliás, o PAIGC nunca esteve contra Portugal ou contra os Portugueses, mas sim contra o Governo da altura e a sua forma de agir e administrar.
Quando chamei a atenção para o facto do livro ser "produzido" na Suécia, foi também para chamar a atenção para aquilo que o nosso camara António J.P. Costa mencionou.
Espero que agora tudo esteja claro.
Um grande abraço a todos.
António Teixeira
Camarada António Teixeira
Obrigado pelas tuas palavras.Tá numa boa ,eu não quis de modo algum dar a entender conotações políticas ao teu texto,não ,nada disso meu camarada da Guiné,já todos nós estamos "vacinados" contra esse tipo de "infecção"(penso eu).Já agora eu penso que a documentação que publicaste é altamente interessante.
Caro camarada eu adoro este blogue e é tão só pela possibilidade de nós todos podermos expressar as nossas opiniões uns com os outros ,mas sempre no respeito pelas opiniões contrárias.É esse o meu pensamento e por tal um abraço.
Henrique Cerqueira
Os três (4, aliás)movimentos que sairam "vitoriosos" na luta pelo poder nas suas futuras pátrias, eram totalmente pró-lusofonia.
PAIGC, MPLA, FRELIMO e MLSTP, tinham como dirigentes muitos e bons mestres e praticantes da língua portuguesa.
E tinham muito orgulho nesse facto.
Já não acontecia o mesmo noutros movimentos, antes pelo contrário, eram adversos não só à presença dos portugueses como à lusofonia.
Não fosse a facção Cabralista do PAIGC, também muitos guineenses da luta eram pura e simplesmente contra os portugueses e o respectivo idioma, em favor da francofonia.
Cabral teve o mérito de usar as ajudas internacionais, no caso da educação os suecos, atendendo sempre à condição lusófona da luta anti-colonial.
Graças a estas futuras ex-colónias e Brasil, todas as importantes emissoras de rádio mundiais tinham programas em português bi e tri-diárias.
Mas não fosse a teimosia e o sacrifício tuga e aquelas fronteiras e o idioma tinham sofrido um fim muito diferente e nem estes livrinhos que António Teixeira guardou, existiam.
Não temos Cabral para confirmar esta afirmação que faço, tenho pena.
Depois destes comentários todos o que falta dizer é que a sueca tanto a da Europa do norte como a das cartas proporcionam boas distracções e nunca podemos dar por mal empregado o tempo gasto com elas.
Principalmente se não andar dinheiro pelo meio.
Um grande abraço a todos.
Adriano Moreira
acabei de dar uma vista de olhos ao blogue porque estive fora e nao tinha possibilidade.gostava de perguntar ao teixeira se essa estrada cadique-guilege onde começou devia ser por guilege porque por cadique nao foi. sobre a suecia nao so ajudou em livros assim como em publicidade en fardamento e alimentaçao eu prorio recolhi diverso material escolar assim como produtos farmaceuticos na mata do cantahes entre cadique - e jemberm aquando da estrada e equanto la estive desde 21 de janeiro73 a 9 de setembro de 73 um abraço ANTONIO FANECO 1CART bART 6521
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