1. Em mensagem do dia 5 de Fevereiro de 2014, o nosso camarada Veríssimo Ferreira (ex-Fur Mil, CCAÇ 1422 / BCAÇ 1858, Farim, Mansabá, K3 e Bissau, 1965/67) enviou-nos a sua primeira Crónica Higiénica.
CRÓNICAS HIGIÉNICAS
1 - A RAIVA QUE VAI CÁ POR DENTRO
Já vai sendo hábito ficar piurso e contra tudo o que aparece escrito, dando loas aos IN's que fui obrigado a combater na Guiné.
Daí que e a propósito da "A minha homenagem a alguns dirigentes do PAIGC", dum nosso distinto escritor num post que foi há dias publicado no nosso blogue, manifeste aqui e mais uma vez meu desacordo quanto ao facto de se elogiarem tipos que ajudaram a matar tantos dos nossos.
O camarada fala assim porque e também como diz, só conheceu Bissau, não esteve ao lado de vivos agora, mortos daí a segundos, não apanhou pedaços de corpos dos nossos.
Mas entendo que a história tem de ser contada, só que e à semelhança do que agora acontece quando me aparecem notícias (onde falam, falam falam ...de política ...de futebol) quer nos jornais, quer nas TV's e até no face, mudo de canal e não vejo não senhor.
É que não sou 100% de rancores nem de vinganças... sou apenas 98%, mas enervar-me, não vou nessa.
Podem não me tratar bem (mas gosto) só que quando me tratam mal... afino com'ó caraças.
Nesta provecta idade dos 71 anos (faço 72 a 21 de Fevereiro - tomem nota, colectem-se e mandem a prenda), não estou disposto a aturar madurezas, NÃO SENHOR.
Continuando: a bestialidade terrorista de que falei na crónica anterior, foi uma das formas que tivemos de combater pois que "semeavam" minas por tudo o que era sítio, onde pensavam que os militares Portugueses, viessem a passar e nem se preocupavam se matavam soldados, sargentos ou oficiais. Dizia o IN, que não estava a combater o Povo. E então se não éramos Povo, éramos o quê?
Se tinham tantos apoios doutros países, porque não avançar por aí politicamente?
Esta de "terroristas bons" nunca me passaria pela cabeça, mas tal como o ditado abaixo, direi: deixa andar porque:
"MUCHOS PERROS MATAN A UNA LIEBRE. PERO LA FECUNDIDAD DE LAS LIEBRES ES SUPERIOR A TODOS LOS ESFUERZOS DE LOS PERROS" - (sic, Hans Hellmut Kirst, no livro OS LOBOS)
Pois é... também sei castelhano, olaré!
Este é o inicio duma fantástica história, que continua a fazer-me gostar de ler. Está roto, está sublinhado, quando o comprei passei oito horas seguidas e avidamente desejoso de conhecer o final... para além das mais trinta ou mais vezes que o tenho vindo a visitar e sempre ali encontro novos motivos para o considerar o melhor dos melhores.
No fundo trata-se duma história passada numa pequena aldeia alemã e nos palhaços que apoiaram a ascensão, auge e queda do nazismo.
E por falar em nazis:
"DESPACHÁMOS MILHARES".
Pôssaras, pôssaras !!! Mais uma informação apensa no nosso blogue. Foi em 1968, diz com foto e tudo.
Está provado que não foi verdade, mas sendo-o fiquei tão triste que tropas assim destemidas, não tenham lá estado de Agosto de 1965 a Abril de 1967, pois que estes sim e não eu como tenho afirmado, teriam pacificado tudo e mais alguma coisa.
A este propósito deixem-me que recorde com muita saudade, um locutor da Emissora Nacional, cujo nome se me passou, dado o meu alzheimeirado estado, que ouvia todas as manhãs às oito e que começava assim:
"Alô gaivotas do Tollan" e que tinha também um programa à noite onde partia discos mas antes dizia: "Este disco não é intocável mas também não é inquebrável" ...Logo a seguir ouvíamos o ruído do escaqueirar do dito.
O que quero dizer é:
Que pena não podermos "partir" este ...
Cá para mim começo e desconfiar que e perante tantos mortos e só com um pelotão, o gajo que escreveu esta coisa mal cheirosa, deve ser um dos carniceiros de Treblinka (ter-se-á enganado e trocou os nomes das terras) e que escapou às malhas dos caçadores israelitas.
Mas lá, que me fartei de rir... fartei.
Veríssimo Ferreira,
3 de Fevereiro de 2014
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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8 comentários:
Olá Camarada
O programa dos discos partidos chamava-se "Grande Roda" e começava assim:
(gen´srico) Porta aberta, mangas de camisa é grande roda. Tac-tac!
E mais à frente dizia:
- Grande Roda não dá horas dá minutos. Passam dez tac-tac.
Não tenho a certeza mas creio que era o Vitor Espadinha e o programa ia para o ar nos Emissores Associados de Lisboa: Rádio Graça, Rádio Peninsular e Rádio Voz de Portugal.
Um Ab.
António J. P. Costa
Sim senhor, Vítor Espadinha!
E a parte referida era assim:
"Este disco é intocável,
mas felizmente, não é inquebrável. Por isso,
vamos parti-lo"....
Abraço
Hélder S.
Caro Vaerissimo; tenho estado em "banho de maria".Ou seja, vou lendo e, de um modo geral, comentário meu Ká tem...Desta vez digo: Gostei e concordo.
O IN que se entenda...os hérois "" que sejam ou se sitam medalhados.
Um abraço,
Ab, T.
O que me lembra deste programa era com o locutor Paulo Fernando!
Zé Botelho
Tens razão era Paulo Fernando.
Vitor Espadinha fazia o "Euro o o o pa! (Como câmara de eco)
Um Ab.
António J. P. Costa
Comentário em jeito de esclarecimento ao camarada António J. P. Costa e, por adenda, ao Hélder Valério.
O programa dos "discos partidos" chamava-se "Os intocáveis".
Passava no Rádio Clube Português, diariamente, às 15.45.
Era realizado e apresentado pelo Paulo Fernando, felizmente ainda vivo.
armando pires, antes e depois de ser fur.mil. enfº, trabalhador do RCP (Rádio ...)
Caro Armando
Cá recebi os esclarecimentos, que agradeço, e que vão tomando contornos mais nítidos quando se começa a pensar mais atentamente.
Logo depois de ter enviado o meu comentário li a indicação de ser o Paulo Fernando e aceitei logo 'como boa'.
Hélder S.
Pois é Verissimo ! Felizmente nem todos apanharam pedaços . Tanta gente que se calhar nem ouviram um tiro, não têm direito para falar e é feio falar do que não se sabe. Tu e uns quantos infelismente muitos, tens todo o direito em falares, até dizeres que gosta da Guiné e das suas gentes, mas há sempre um mais e eu digo assim da parte politica, deles, não gosto, mas tambêm nunca gostei da nossa. Viva o povo seja ele de onde for, abaixo a politica.
Um grande abraço
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