1. Com a devida vénia ao Coronel Ref Manuel Ferreira da Silva, autor do artigo; à Revista "Mama Sume" da Associação de Comandos, onde o artigo foi publicado e ao nosso camarada Miguel Pessoa, reproduzimos um Poste do passado dia 8 de Maio da Tabanca do Centro.
DE VOLTA AO SUL DA GUINÉ
No decorrer do nosso último convívio, no passado dia 27 de Março, tivemos o prazer de confraternizar com um novo camarigo, recém-chegado aos nossos encontros.
Trata-se do Manuel Ferreira da Silva, Coronel Reformado.
Este camarada é um oficial de carreira vindo das escolas da Academia Militar, onde entrou em 1961. Como combatente comandou a 14.ª Companhia de Comandos em Angola e esteve na Guiné de Dezembro de 1971 a Novembro de 1973, nos Comandos Africanos em Bolama e em Gadamael.
Vem agora disponibilizar-nos o texto que se segue, artigo esse que foi publicado na revista da Associação de Comandos, "Mama Sume".
Aqui divulgamos o referido texto, com a devida vénia ao autor e à revista da associação de Comandos, "Mama Sume", onde ele foi publicado.
A Tabanca do Centro
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Nota do editor
Último poste da série de 13 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13730: Blogues da nossa blogosfera (68): Quando dois desconhecidos se apaixonam (1): Início - Blogue Molianos, viajando no tempo (António Eduardo Ferreira)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
quarta-feira, 13 de maio de 2015
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8 comentários:
Talvez este depoimento só possa ser entendido pelos militares que passaram pela guerra da Guiné.
Porque não pode ser entendido pelos ex-militares ou civis que só tenham passado pelos outros territórios coloniais em guerra.
Por exemplo em Angola, seria dificilmente compreensível um quartel ser bombardeado por um morteiro por mais de uma hora, sem o inimigo ser localizado e ou capturado com auxílio da população.
(Quando este comandante diz que os militares «deram tempo» para os políticos resolverem...)
Isto, uma verdade ainda incompletamente analisada até agora, devia ser salientada a nível europeu e internacional e nunca associar a «nossa» guerra a guerras tipo Vietnam.
O máximo que se devia comparar seria com a guerra de Argélia.
E mesmo assim, era algo diferente, uma coisa era os norte saarianos embora também de origem tribal, mas muito diferente do primitivismo tribal sub-saariano.
Agora, 2015, em que os ingleses não querem entrar nas cotas (quotas) de africanos diluídos pela Europa, também eles, nos condenavam e davam o exemplos com Quénia e outras, agora é que estes esforços de guerra devem ser analisados, e não vergonhosamente escondidos, e muitas vezes denegredidos.
Enfim, que haja paz, pelo menos na linha de Sintra, que ainda cabem lá mais alguns guineenses, mesmo sem contabilizar quotas.
Passaram-se 50 anos! E ainda falta correr tanta água por baixo das pontes.
Assino por baixo
AMM
Caro Manuel Ferreira da Silva!
Devo confessar-lhe que são os depoimentos como o seu que me fazem vir aqui com frequência. Pouco soube de concreto na época e até hoje pouco sabia com objetividade sobre Guilege e Gadamael. Com os pormenores aqui descritos e vividos, na primeira pessoa, fico, hoje, com uma ideia muito mais esclarecida sobre os terríveis meses de maio e junho de 73 vividos na Província. Em comum temos algumas coisas, poucas. Eu cheguei a Bolama, em Agosto de 1973 vindo Ccaç 12, fiquei colocado na 1ª companhia de instrução, comandada pelo capitão de cavalaria Moás, que também veio de uma unidade no "mato".
A falta de informação sobre o que se passava no resto do TO era quase total em Bolama e em toda a Província, julgo que propositada. Mas acreditava eu, antes de ler o seu depoimento, que era disponibilizada aos oficias, pelo menos de capitão para cima. O pouco que fui sabendo, na época, era nas minhas idas, poucas, a Bissau. Mas, como sabe, tudo envolto em poeira, distorcido, manipulado, censurado. Porém muitos dos combatentes milicianos eram meus contemporâneos e falei com alguns nos cafés, como o Bento (5ª REP) Ronda, Pelicano e na messe de sargentos, tanto no QG como no Depósito de Adidos o que me deu uma ideia. Quero, e venho, agradecer o seu depoimento. Sinceramente não sou muito de agradecimentos em relação aos cerca de 26 meses que passei na Guiné, divididos por Cabuca na Cacav 3404, Bambadinca e Xime na Ccaç 12 e por fim em Bolama, no CIM. Mas neste caso, a qualidade e a descrição dos acontecimentos, merecem o meu agradecimento sincero e respeitoso. Julgo que o seu testemunho será uma boa fonte para os que mais tarde fizerem a história.
João Silva ex-furriel mil At, Inf
Senhor Coronel,
Camarada Manuel Ferreira da Silva,
Gostei da sua descrição sobre aqueles dias quentes e aflitivos. Sem ter feito quaisquer juízos de valor, sobre vários parâmetros a crueza dos factos denuncia algumas discrepâncias da organização militar.
Finalmente, apreciei a sua manifestação de orgulho por ter servido a Pátria, sentimento que também partilho, tal como me associo à homenagem aos que mais sofreram.
Seja bem-vindo ao Blogue.
JD
Passei a maior parte da minha comissão em Gadamael 70/71. Apreciei a objetividade do relato do Camarada MFS.
Últimamente, tenho lido relatos em que se folclóriza e apequena a ação da Artilharia, no depoimento do Camarada podemos avaliar (por exclusão) a importância da Artilharia.
Forte abraço a todos.
Vasco Pires
Ex-soldado de Artilharia
Gadamael
Mil indivíduos concentrados num hectare (10 mil metros quadrados), dá uma densidade altíssima, 100 mil por km2... A densidade populacional de Portugal é de... 115 hab/km2..
O meu profundo respeito e admiração pelos camaradas que aguentaram aquela posição, com sangue, suor e lágrimas...
Estou inteiramente de acordo com o nosso camarada Manuel Ferreira da Silva ao reconhecer que os militares portugueses deram o seu melhor, em África, à espera que o poder polítcio soubesse aproveitar e valorizar o seu sacríficio...
Parabéns ao autor por esta peça sobre a "batalha de Gadamaeel", que me parece assertiva, didática, objetiva, factual...
Por que o Manuel Ferreira da Silva era capitão, logo comandante operacional, não tenho qualquer pejo em tratá-lo como camarada (no sentido original e restrito da linguagem militar) e, como tal, convidá-lo a integrar o nosso blogue.
Fá-lo eu, de maneira mais formal, em email que vou lhe dirigir.
Um alfabravo. Luis Graça
Mera curiosidade... Segundo o último censo, o conselho com maior densidade pppulacional (nº médio de habitantes por km2) é a Amadora: 7363... Em último lugar, Alcoutim, com 5,1...
... citando:
– «Mas apesar de tudo isto, continuo a ter muito orgulho em ter servido Portugal, como combatente em África.»
Muito obrigado, Meu Coronel.
Subscrevo!
E permito-me, aqui, agradecer, em nome de toda a última Geração de Portugueses que Cumpriu, exemplarmente, sem nada pedir ou esperar em retorno; e também, em nome da geração do nosso pós-guerra, que recebe tão excelso exemplo de virtudes militares e patrióticas.
Receba um abraço, do Abreu dos Santos.
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