sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18323: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XVII: Visita, a Bissau, do presidente do Conselho de Ministros, prof Marcelo Caetano, em 14 e 15 de abril de 1969 (II)


Foto nº 10A


Foto nº 10B


Foto nº 10



Foto nº 11 A


Foto nº 11

Foto nº 12


Foto nº 12A


Foto nº 13


Foto nº 14


Foto nº 14A


Foto nº 15


Foto nº 15A


Foto nº 16


Foto nº 16A



Foto nº  17A


Foto nº 17


Foto nº 18A


Foto nº  18


Foto nº 19 A


Foto nº 19

Foto nº 20A


Foto nº 20

Guiné > Bissau > 24 de abril de 1969 > Visita presidencial do Professor Marcelo Caetano a Bissau (II)

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


V
Virgílio Teixeira, foto atual

1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69), e que vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado. (*)

Anotações e Introdução ao tema > Fotos numeradas de 1 a 30 (Parte I, fotos de 10 a 20, renumeradas pelo editor, seguindo um critério cronológico, procurando mais ou menos reconstituir o trajeto do percurso, do aeroporto de Bissalanca até à Praça do Império).

 Marcelo Caetano viajou de avião da TAP,  num Boeing 727-100, tendo chegado a Bissalanca, a 14 de abril de 1969, no início de um périplo pelo ultramar português (Guiné, Angola e Moçambique), com regresso a 21. Em Bissalanca  era aguardado uma enorme multidão da população,  além das autoridades militares e civis. O Com-.chefe e o governador geral da província era então o general António Spínola,  já com um ano de Guiné.

Feita a recepção, a comitiva percorreu de automóvel o percurso entre o aeroporto e a cidade de Bissau, uns 10 quilómetros aproximadamente, sendo visível ao longo de todo o percurso nas bermas da estrada um grande número de guineenses,  apoiando com bandeiras e outros adornos e roncos o  "homem grande" de Lisboa.

Pelo que pude observar, a população recebeu bem Marcelo Caetano. Não estive em todo o lado porque não era possível, dadas as dificuldades de passar barreiras que eram enormes, mas ainda assim pude fotografar Marcelo Caetano no carro nas Avenidas de Bissau. (...)

 Em, 14-02-2018

Virgílio Teixeira

«Propriedade, Autoria, Reserva de Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BATCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».

[Continua]
______________

Nota do editor:

23 comentários:

Maria Alice Ferreira Carneiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Virgílio, excelente reportagem...

Na foto nº 10, diz-me quem ia no carro presidencial, para além do Marcelo Caetano... À sua esquerda, não me parece que seja o gen Arnaldo Schulz... Também não seria o ministro do ultramar, o Silva Cunha, que não era militar, nem o brigadeiro Reimão Nogueira, comandante militar do CTIG... Seria um oficial superior da Armada ? Quem ?

Por razões de segurança, não iam meter todos os "ovos" no mesmo "saco"...O Schulz iria noutro carro...

Ab, Luís Graça

Cherno AB disse...

Caro amigo Luis Graca,

Em 24 de Abril de 1969, tu devias estar na Guine (a caminho de Contuboel?) ou no barco Uige a caminho da Guine. Queres dizer-nos onde estavas a data? Sera que para a maior parte das tropas a visita de um alto dirigente Portugues, na altura, dizia alguma coisa? para os de quadro nao sei, mas para os Milicianos certamente que nao, estarei errado?

Enquanto esperas pela resposta do Virgilio, eu arriscava a dizer que o Oficial ao lado eh o nosso Gen. Spinola. Quem seria o mais indicado para dar as boas vindas e acompanhar o Ilustre hospede ate a cidade de Bissau?

Cherno AB

Costa Abreu disse...

General Antonio Spinola (Caco) foi Governador da Guine de 20-5-1968 ate 8-8-1973
Julio Abreu
Grupo de Comandos Centurioes
Ex-Guine Portuguesa

Unknown disse...

Na foto 10 quem está ao lado do Marcelo é o então Brigadeiro Spínola. Eu já estava na Guiné(cameconde) há um ano onde fiquei mais uns 3 meses. Por conta dessa visita o IN
aumentou o nº das flagelações, ditas morteiradas e eu como bom artilheiro mandava umas obusadas de 10.5.

Abraço,
J.D.Faro

Valdemar Silva disse...

Julgo que à frente de Marcelo e Spínola vai o Oficial às Ordens, neste caso um Major e Cavalaria conforme se vê nos galões.
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Camaradas, pode ser o Spínola, visto de perfil, parece ser ele...Mas já era general, ou só brigadeiro ? Não dá para ver muito bem os galões, parece-me ver só uma estrela... Recorde-se que o brig Spínola é governador-geral e comandante-chefe do CTIG desde 20 de maio de 1968... A visita ocorre a 24 de abril de 1969...

Cherno, eu nessa altura, ainda estava na metrópole, no Campo Militar de Santa Margarida, a formar a minha companhia, a CCAÇ 2590 (, meia dúzia de gatos pingados, graduados e especialistas, que o resto do pessaoal, as praças, já estavam em Contuboel a fazer a recruta...).

Ora este evento (a visita do presidente do Conselho de Ministros de Portugal) decorreu justamente um mês antes de eu embaracar (em 24 de maio de 1969) no T/T Niassa, a caminho da Guiné... Fui para Contuboel em 2 de junho de 1969 e lá estive até 18 de julho...data em que fomos colocados no Sector L1 (Bambadinca), às ordens do BCAÇ 2852, 1968/70)... Bambadinca seria ataca em força em 28 de maio de 1969...

Cherno, lamento dececionar-te, mas na altura eu não tinha qualquer simpatia política por Marcelo Caetano e muito menos por Salazar... Como não tinha por Spínola, devo acrescentar... Houve quem acreditasse na "primavera política" anunciada por Marcelo Caetano, mas foi sol de pouca dura...Os jovens, urbanos, que estudavam, não tinham ilusões sobre a capacidade de liderança do prof Marcelo Caetano para levar a cabo as reformas (políticas e económicas( de que o país precisava...

Em todo o caso, eu fui dos poucos militares que votei, em Bambadinca, nas eleições legislativas de 26 de outubro de 1969... Estava recenseado, na altura poucos jovens se interessavam pela política e estavam inscritos nos cadernos eleitorais... Sei que votei e votei em branco... e com isso devo ter ajudo a eleger o James Pinto Bull... Como não havia fiscalização (democrática) das urnas, os votos brancos e nulos devem ter sido contabilizados a favor do candidato da União Nacional.

Para teres uma ideia, estavam inscritos apenas 1,7 milhões, numa população de c. 8,5 milhões (residentes). Votaram menos de 2/3 (1,1 milhões). O partido do regime apanhou os lugares todos da Assembleia Nacional, arrecadando quase um e milhão de votos... Não havia partidos da oposição,mas apenas comissões eleitorais, que não elegeram nenhum deputado. Em suma, não havia democracia representiva nem condições para disputar eleições livres...

Foi nessa altura que foi eleito deputado, pelo círculo da Guiné, o James Pinto Bull (1913-1970), e que ficará conhecido por ser membro da chamada Ala Liberal da Assembleia Nacional, que defendia justamente reformas liberalizantes do regime. Como sabes, acabará por morrer, no rio Mansoa, em 26 de Julho de 1970, num acidente de helicóptero, quando viajava de Teixeira Pinto para Bissau com mais outros três deputados, incluindo José Pedro Pinto Leite, o lider desta fação dissidente da União Nacional. Estes malogrados deputados tinham passado por Bambadinca, em visita.

Temos 3 referências no nosso blogue a este guineense ilustre, irmão do Benjamim Pinto Bull (1916-2005), o líder da União dos Naturais da Guiné-Portuguesa que defendia, contrariamente ao PAIGC de Amílcar Cabral, uma solução, pacífica, negociada e progressiva, para a independência do território.

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/James%20Pinto%20Bull

Anónimo disse...

Virgíiio Teixeira
16 fev 2018 11:43

Bom dia Luis,

Realmente só temos uma foto, a nº 10, em que aparece Caetano. Depois há uma no cortejo desde o aeroporto, no mesmo carro [a f17, da minha numeração, e que ainda não publicaste], vê-se que é um civil, mas curiosamente não vejo o Spínola, acho que não tenho nenhuma com ele.

Está remediado, agora tenho de alterar as datas em todas as fotos, para não deixar erros para a posteridade.
Um Ab
VT/

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Cherno, como se pode ver, pelas fotos do Virgílio Teixeira, há guineenses de várias etnias e origens, a integrar a multidão que, ao longo do percurso, de Bissalanca à Praça do Império, em Bissau, sauda o "homem grande" de Lisboa... Há balantas e há fulas, animistas e muçulmanos... População branca, civil, é pouca, também não a havia na Guiné, uns escassos dois ou três milhares...

É difícil de avaliar até que ponto estas aglomerações de gente eram genuínas, espontâneas e representativas... O périplo de Marcelo Caetano pelo ultramar (e em especial por Angola e Moçambique onde já havia um nº significativo de brancos, de origem portuguesa) foi pensado, planeado e organizado para ser "triunfal"... Era importante, em termos internos e externos, que fosse um viagem com fortes dividendos políticos...

Em Lisboa também se faziam manifestações "espontâneas" de apoio ao regime da época... Mas em parte nenhuma as manifestações de rua podem funcionar como "referendos", e muito menos legitimar decisões de governos democráticos ou não democráticos...

Em todo o caso, esta viagem foi um "balão de oxigénio" para o sucessor (e originalmente delfim) de Salazar... E esta documentação é seguramente valiosa, obrigado, mais uma vez, ao Virgílio Teixeira que nesse dia foi um verdadeira fotojornalista amador... Eu seguramente revi e reconheci sítios de Bissau por onde passei, sempre em trânsito, nunca estive aquartelado em Bissau...

Antº Rosinha disse...

A recepção a Marcelo Caetano em Luanda, nesse mesmo ano 69, foi uma loucura de multidões entre o Aeroporto e o Palácio do Governador Geral.
Havia enorme curiosidade e maior entusiasmo da parte dos africanos, os brancos ficaram em casa a ouvir o rádio, com vários locutores ao longo do percurso.
Entre eles , Carlos Cruz, Rui Romano e Norberto de Castro, estes angolanos, mas havia mais dois locutores, que não recordo os nomes.
Havia um certo receio e incredulidade da parte dos brancos.
Mas aquela recepção foi surpreendentemente entusiasmante mais para os africanos do que para uma grande parte de cépticos europeus.

Anónimo disse...

Sempre o bota abaixo.Não não as representações não eram genuínas as populações foram obrigadas a manifestarem-se na visita de Marcelo Caetano à força.Tinham g3 para obriga-los a ir.
Já não há paciência para este tipo de pensamento
Josá Dias

Costa Abreu disse...

A visita e em Abril 1969 e o Spinola e Governador da Guine desde 25-5-1968 por isso e o Spinola
Julio Abreu
Grupo de Comandos Centurioes
Ex-Guine Portuguesa

Cherno Balde disse...

As manifestacoes, na altura, nao seriam genuinas no sentido de uma certa consciencia politica que, de facto, nao existia, mas tambem, nao eram de todo, mal vistas pelas populacoes locais que, a bem dizer, nao gostava de trabalhos forcados, mas apreciava as festas, como bons africanos que eram.

Mesmo se todas as etnias estao representadas, eh facil constatar que a maioria eh dos Bairros de Bissau e arredores, isto eh Papeis, Balantas, Mancanhas e pequenas minorias dos Bairros de Pilum (Cupelum), Hamdalai e Sintra-Nema. Ha um distico que diz "Saracules".

Uma pequena nota: Em Bissau e regiao de Biombo, entre os Papeis (onde trabalhei nos anos 80), ha muitas pessoas com o nome de Ramaliano, Ramaliane ou Ramalian. Feita a pesquisa, constatou-se que se tratava da deformacao do nome de Ramalho Eanes. Certamente motivados pela sua visita a Guine-Bissau em 1976. Claro esta que nao foram forcados a faze-lo.

Com um abraco amigo,

Cherno AB

Cherno Balde disse...

Portanto, se algum dia encontrarem alguem da Guine-Bissau com esses nomes, saibam que se trata de um Ramalho Eanes Guineense, em homenagem ao ilustre militar e homem que ele foi.

Cherno

Anónimo disse...

Boa noite a todos e obrigado pelos comentários.
De politica sabia zero. Vou responder a todos logo que tenha as ideias assentes.
Virgilio Teixeira

Antº Rosinha disse...

Ramalho Eanes visitou Bissau em 1976 com Luis Cabral e com Nino em 1982, e nesta altura ainda havia nas ruas de Bissau, um ou dois cartazes bem grandes com o seu retrato da primeira visita.

Os guineenses (povo)tinham um sentimento especial pelos portugueses que tivessem sido tropa na Guiné ou simples "colon".

Hoje penso que já não existe esse sentimento, que devia incomodar de alguma maneira os antigos combatentes da Liberdade da Pátria.

Anónimo disse...

Em primeiro lugar temos de comparar estas grandiosas recepções de Marcelo, com as outras ainda mais grandiosas do Alm Americo Tomaz. Peço por isso ao Editor e amigo Luis, que as faça publicar, editar, logo que possivel.
1- As fotos são espontâneas, face a tão grande quantidade de manifestantes, eu fiz o possivel por sacar o máximo que era possivel, mas faltam-me algumas, eu tenho fotos com o Caetano de pé no carro a saudar as populações, mas não as encontro.
O cortejo de 10 km desde Bissalanca até à Praça do Império estava carregado de gente, admito que não estarão todas as etnias, pelo menos os Felupes da ilha maldita não estavam lá, mas esses só viviam naquela ilha. Isso não significa que estavam representados a maioria das etnias da Guine. Mas não afirmo nada, pois não estava preparado para distinguir a olho nu quem era quem! O meu objectivo, enquanto o rolo não acabou, foi tirar o máximo proveito daquilo que tinha à mão, e fui apanhado de surpresa, talvez tenha chegado nesse dia de S.Domingos e fui confrontado com este cenário, que eu já conhecia de Tomaz em 2-2-68.
Foto nº 10 - Na minha opinião quem estava ao lado de Caetano é o Spinola, talvez sem o caco no olho. À frente ao lado do motorista poderá ser com grande probabilidade o Oficial às ordens, pela farda branca e galões pode bem ser um Major de Cavalaria, mas não afirmo nada.
Sei que essa cara é muito familiar, estive com ele ou perto dele, noutras ocasiões, talvez nas visitas que Spinola fazia A S. Domingos e todos os destacamentos. É muito familiar aquela cara e aquele olhar. Acho até que o vi algumas vezes nos jantares do Grande Hotel, que eu frequentava também, e outros restaurantes frequentados pelo Spinola.
Foto nº 19 - Bem como aquele Policia que encontrei tantas vezes em Bissau nas minhas deslocações. Lembro-me bem dele, mas é apenas uma personagem.
Não comento as questões politicas pois como disse era totalmente 'agnóstico' em politica.
Não concordo com o Balde e outros que dizem que as populações estavam lá à força, com G3 apontadas. Onde estão elas? Nunca vi nada disso nestas manifestações.
Quem deve saber mais disto, são aqueles que estavam lá a montar a segurança nos percursos e visitas, o Costa Abreu comando Centurião deve saber melhor que ninguem, se estava lá nessas funções.
Este é um comentário fotográfico, talvez mais genuino do que muitos que passaram nas televisões nas décadas seguintes, apenas fantochada e nada mais que isso.
Não me levem a mal a forma como comento estas coisas, porque é aquilo que penso e deito cá para fora, sem maldade e sem intenção de ferir ninguém.
Em tudo o que possa ser mais util cá estarei para comentar, até lá um grande abraço para todos os que viram e criticaram estas fotos, que para mim são uma parte da nossa história, nada mais do que isso.
Virgilio Teixeira

Cherno Balde disse...

Caro amigo Virgilio,

No meu comentario, nao disse que estavam la com uma G3 as costas.Disse que nao seriam genuinas no sentido de uma certa consciencia politica. Dito por outras palavras, nao estavam la por estarem de acordo com o Estado Novo e a sua politica governativa para com as Provincias Ultramarinas. Se tu que eras da metropole nao sabias nada de politica o que dizer dos indigenas Fulas, Balantas ou Papeis.

Mas, nao esquecam que existia uma politica repressiva que utilizava todos os meios para atingir seus fins e, para isso utilizavam os Chefes de Postos que, por sua vez, utilizavam os Cipaios para reprimir e castigar as populacoes indigenas a seu belo prazer sem quaisquer possibilidades de defesa.

Para as populacoes indigenas, um Cipaio era ainda mais temivel do que uma G3 as costas. E quem convidava os indigenas para estas festas/recepcoes oficiais eram esses agentes, agora cada um que tire suas conclusoes.

O PAIGC, mesmo no auge do seu poder, nunca conseguiu dos Papeis e Balantas uma mobilizacao em massa para festas e/ou recepcoes oficiais no Chao destes como acontecia na epoca colonial.Pelo que recorriam sempre e ainda recorrem ao Chao dos Muculmanos na zona Leste.

Com um abraco amigo,

Cherno AB

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Cherno,

Tu és importantíssimo na nossa Tabanca Grande porque nos ajude a ver a realiddae da Guiné, do "nosso tempo", com os olhos do guineense...

O teu lembrete é uma chamada à realidade de que muitos dos militares, metropolitanos mas também guineenses (, "djubis", de 16 anos, imberbes, "meninos de sua mãe", como alguns dos meus soldados da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12), estavam completamente a leste:

Escreves tu: "não esqueçam que existia uma politica repressiva que utilizava todos os meios para atingir os seus fins e, para isso, utilizavam os Chefes de Postos que, por sua vez, utilizavam os Cipaios para reprimir e castigar as populações indígenas a seu belo prazer sem quaisquer possibilidades de defesa"...

Spínola, sobretudo a partir da 2ª metade de 1969, perdidas as ilusões de que o terror se combate com o terror, mudou de máscara, e aprendeu umas coisas sobre guerrilha e contra-guerrilha... Aprendeu, porque todos os seres humanos sabem aprender com os seus próprios erros... Spínola (e a sua equipa) acabou por se tornar um "osso duro de roer" para o Amílcar Cabral, ao ponto de chegar a pensar que podia inverter o curso da história...

Quando cheguei à Guiné, tinha algumas "ideias feitas" em relação ao Spínola... Estúpidos estereótipos. Não simpatizava com o meu "comandante-chefe" nem com o senhor professor doutor Marcelo Caetano... Mas hoje tenho que reconheceu que houve, na história da guerra da Guiné, um antes e depois de Spínola.... Schulz e Spínola foram dois senhores da guerra, mas o Spínola, quer se goste ou não, teve o mérito de "reintroduzir" o político num conflito que só aparentemente era militar...

Spínola, parece-me a mim, é quem mais dividendos políticos tira desta "viagem triunfal" do Marcelo Caetano à Guiné...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Quando o Cherno fala do "terrível" poder dos chefes de posto e da sua polícia administrativa (os "cipaios"), antes do "consulado de Spínola", sabe do que fala e que muitos de nós ignorávamos ou não queríamos saber, porque a verdade "queima", muitas vezes...

Eu passava muito tempo, logo dos primeiros meses de chegar à Guiné, a falar com os meus soldados fulas, da CCAÇ 2590/CCAÇ 12, e através deles soube de muitas coisas, que me chocaram, da atuação, não tanto da tropa que me antecederam, como sobretudo dos "cipaios" que faziam o "trabalho sujo", nos primeiros anos da década de 1960, quando "oficialmente" ainda não havia guerra...


Da análise das fotos que o Virgílio Teixeira nos mandou e que nós publicámos, pode-se concluir o seguinte:

(i) todos os regimes, em todos as épocas, em todas as longitudes e latitudes, sejam de "esquerda" ou de "direita", autoritários ou totalitários, têm "necessidade" de instrumentalizar as "massas"...

(ii) não faz sentido, nestas circunstâncias, falar em "manifestações genuínas": Marcelo Caetano, mesmo à distância de milhares quilómetros, era o poder, o rosto, o símbolo do poder;

(iii) se eu fosse guineense, e vivesse em Bissau, no chão de papel, ou no bairro da Ajuda, também lá estaria, de bandeirinha na mão, a saudar o "homem grande" de Lisboa";

(iv) estes mesmos homens, mulheres e crianças, que "vitoriavam" o representante do "poder colonial", em 14 de abril de 1969, serão sensivelmente os mesmos que, cinco anos anos depois, irão saudar,nas mesmas ruas e praças, os novos "senhores da guerra", o PAIGC de Luís Cabral e de 'Nino' Vieira;

(v) em todas as guerras, as populações, que são sempre as suas grandes vítimas, sabem "de que lado sopra o vento"...

(vi) os vira-casacas são provavelmente a mais subespécie mais "abjeta" desta espécie, da ordem dos primatas, que se chama "homo sapiens sapiens"...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Quando o Cherno fala do "terrível" poder dos chefes de posto e da sua polícia administrativa (os "cipaios"), antes do "consulado de Spínola", sabe do que fala e que muitos de nós ignorávamos ou não queríamos saber, porque a verdade "queima", muitas vezes...

Eu passava muito tempo, logo dos primeiros meses de chegar à Guiné, a falar com os meus soldados fulas, da CCAÇ 2590/CCAÇ 12, e através deles soube de muitas coisas, que me chocaram, da atuação, não tanto da tropa que me antecedeu em Bambadinca, como sobretudo dos "cipaios" que faziam, "por nós", o "trabalho sujo", nos primeiros anos da década de 1960, quando "oficialmente" ainda não havia guerra...


Da análise das fotos que o Virgílio Teixeira nos mandou e que nós publicámos, pode-se concluir o seguinte:

(i) todos os regimes, em todos as épocas, em todas as longitudes e latitudes, sejam de "esquerda" ou de "direita", autoritários ou totalitários, têm "necessidade" de instrumentalizar as "massas"...

(ii) não faz sentido, nestas circunstâncias, falar em "manifestações genuínas": Marcelo Caetano, mesmo à distância de milhares quilómetros, era o poder, o rosto, o símbolo do poder;

(iii) se eu fosse guineense, e vivesse em Bissau, no chão de papel, ou no bairro da Ajuda, também lá estaria, de bandeirinha na mão, a saudar o "homem grande" de Lisboa";

(iv) estes mesmos homens, mulheres e crianças, que "vitoriavam" o representante do "poder colonial", em 14 de abril de 1969, serão sensivelmente os mesmos que, cinco anos anos depois, irão saudar,nas mesmas ruas e praças, os novos "senhores da guerra", o PAIGC de Luís Cabral e de 'Nino' Vieira;

(v) em todas as guerras, as populações, que são sempre as suas grandes vítimas, sabem "de que lado sopra o vento"...

(vi) os vira-casacas são provavelmente a mais subespécie mais "abjeta" desta espécie, da ordem dos primatas, que se chama "homo sapiens sapiens"...

Anónimo disse...

Olá Luís e bem haja que alguém sabe defender o bom nome de Portugal e dos Portugueses e daqueles que fizeram tanto pela sua Pátria. Apoio perfeitamente a análise final a estes postes e comentários.
Quando o Cherne diz que 'aquilo' que eu vi não é genuíno, então qual é o significado desta palavra?
Onde estavam os 'cipaios' com a vergasta a carregar na população para bater palmas ao nosso legitimo Presidente do Conselho de Ministros?
Finalmente se havia repressão de cipaios ou seja lá de quem for, então eu andei com os olhos fechados durante dois anos, não vi nada, ou então não estive lá em 1967,68 e 69, ou terá sido noutros locais que não os que eu frequentei?

Spínola e Schultz fizeram pela Guiné muito mais que os 'Senhores' do poder do PAIGC.
É a minha opinião, de 'agnóstico' politico.
Para não falar muito, basta lembrar a 'carnificina' que o Senhor Luis Cabral fez quando chegou ao poder, fazendo uma limpeza étnica dos nossos antigos 'comandos' africanos - e agora beneficiário de uma 'pensão', talvez maior que a minha, que trabalhei para o Estado mais de 60 anos, que o nosso Estado lhe está a pagar - acabou por ser desalojado do seu Cadeirão, pelo outro carniceiro - o Nino Vieira, com quem tive o 'privilégio' de estar com ele algumas vezes no seu gabinete de trabalho em 84 e 85, que de um momento para o outro manda cortar cabeças aos seus ajudantes, a propósito de uma intentona inventada por ele, e assim acabando com um projecto que estava a ser trabalhado para o bem do povo guineense, porque um desses assassinados era membro do nosso grupo.
Tenho dito, lamento, mas às vezes passo-me sem saber porquê!
Um abraço, e venha a reportagem do Almirante Américo Tomaz, para ver se estão lá os tais Cipaios...

Virgilio Teixeira






Anónimo disse...

Ola Luis,
Agora reparei num comentário da Maria Alice... qualquer coisa, que foi apagado pelo editor.

O que estava lá escrito?
Era do 'Bota Abaixo' penso eu.

Se puderes por mail dar-me apenas um tok para saber que ainda há pessoas que não concordam com nada...
Abraço,
Virgilio Teixeira