Lisboa > No dia 15 de Dezembro de 2000, a APOIAR organizou um Colóquio, com o tema “A Rede Nacional de Apoio aos Ex Combatentes Vítimas do Stress de Guerra", no Secretariado Nacional de Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência (SNRIPD). Na foto, da esquerda para a direita, o Presidente da ADFA, Patuleia Mendes, a dra. Trindade Colarejo (SNRIPD), o doutor Afonso de Albuquerque e o Mário Vitorino Gaspar, Presidente da APOIAR. (Foto: cortesia do Mário Gaspar, 2019)
Doutor Afonso de Albuquerque,
Pai do Stress de Guerra e da APOIAR
Pai do Stress de Guerra e da APOIAR
O Notícias de Almeirim, 23-08-2019
[ex-fur mil art, minas e armadilhas, CART 1659,
Gadamael e Ganturé, 1967/68;
tem mais de 110 referências no blogue]
1. Neste artigo, reproduzido por "O Notícias de Almeirim", com a devida autorixação do autor, o nosso camarada Mário Vitorino Gaspar [, foto à esquerda], presta-se uma homenagem ao "Doutor Afonso de Albuquerque:
Presidente e fundador da Associação Portuguesa de Terapia do Comportamento e da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica, Ex- Director do Serviço de Psicoterapia Comportamental do Hospital Júlio de Matos, Presidente, Fundador, Presidente, em vários mandatos, da Mesa da Assembleia Geral da APOIAR – Associação de Apoio aos Ex-Combatentes Vítimas do Stress de Guerra, Sócio Honorário.
Afonso de Albuquerque fez 83 anos em 2018 e completou 50 anos de carreira. Em entrevista à Sábado, 28/10/2018, falo do seu passado, pessoal e profissional. Ficamos a saber que, depous de regressar a Portugal com o título de especialista em Psiquiatria, atribuído pela Royal College of Psychiatrists, fez o seu serviço militar obrigtório, em Moçambique, de 1961 a 1964, antes do início da guerra colonial. Teve problemas com a PIDE e a justiça militar. Voltaria a ser preso pelo PIDE, antes do 25 de Abril. Foi simpatizante do MRPP., mas nunca militante.
2. Mas regressemos ao artigo do Mário Vitorino Gaspar:
[...] Entre outros cargos, [Afonso Albuquerque] é membro do “Royal College of Psychiatrists” (England), autor de variadas publicações e artigos na área do PTSD [, Post-Traumatic Stress Disorder,] e da Sexologia, pesquisador do trauma dos Ex-Combatentes, nesse sentido o Serviço que presidia, colaborou com a ADFA – Associação dos Deficientes das Forças Armadas, no Palácio da Independência, no apoio aos Ex-Combatentes da Guerra Colonial, em Janeiro de 1987. Em Setembro de 1989, os Serviços saem da ADFA.
Como sócio, fundador e dirigente da AOPIAR, doente e conhecedor de um pouco do trabalho desenvolvido pelo doutor Afonso Albuquerque, habilito-me a prestar-lhe a minha homenagem. Após o registo da APOIAR, fiz de parte de diversas listas, o dutor presidiu sempre à Mesa da Assembleia Geral, desde Dezembro de 1994 até Dezembro de 2004.
A APOIAR iniciou o percurso, sempre acompanhada pelo Doutor, investigador da doença, que apresentara o resultado de uma pesquisa científica, em conjunto com a Psicóloga Clínica Doutora Fani Lopes. Neste pode-se ler:
“… o conceito actual de Perturbação Pós Traumática do Stress (PTSD) – posttraumatic stress disorder, no DSM – III em 1980, também já incluído no ICD – 10, da Organização Mundial de Saúde, em 1992”.
Diz ainda:
“Não havendo estudos epidemiológicos sobre a distribuição da desordem de stress pós-traumático entre a população portuguesa, apontaram para a «existência em Portugal de 140.000 ex-combatentes vítimas de PTSD, por extrapolação das estatísticas americanas». (…)
Este trabalho foi feito tendo por base números propostos por estudos epidemiológicos realizados junto da população americana. Tais estudos teriam sido promovidos pelos “ Centres for Disease Control” [CDC].
A APOIAR dava os primeiros passos na Sede, num vão de escadas, gentilmente por ele cedido nos Serviços de Psicoterapia Comportamental, existido uma mesa, duas ou três cadeiras, um armário e uma máquina de escrever. O Dr. Afonso de Albuquerque permitia que a APOIAR se servisse do seu gabinete, no 1.º andar, para receber principalmente a comunicação social, ou qualquer individualidade.
Em Outubro de 1995, o Doutor foi o principal impulsionador do “1.º Encontro sobre o Stress Traumático” na Fundação Calouste Gulbenkian.
Em parceria com a Biblioteca Museu República e Resistência, a APOIAR colaborou neste evento também com uma Exposição com o título «Guerra Colonial», e um Ciclo de Conferências: “Guerra Colonial. Um Diferente Olhar”, de 8 a 18 de Abril de 1996. Num painel intitulado “Mesa Redonda com Ex-Combatentes”, o Dr. Afonso de Albuquerque dirigiu um longo debate.
No dia 4 de Abril de 96, a APOIAR foi convidada a participar num Colóquio, organizado pela ADFA, com o tema «A Realidade do DPTS – Suas Causas e Consequências». Presidiu ao debate o General Ramalho Eanes, e entre outros, o Dr. Afonso de Albuquerque referiu: “A guerra, principalmente a de guerrilha, é a situação mais traumática”.
APOIAR denunciou, e inclusive no seu Jornal:
(…) Nas situações de juntas para a reforma, ou de revisão de baixas começou-se a ouvir: “É a doença nova”; “É a doença do Dr. Afonso de Albuquerque” ou: “Desconhecemos essa nova doença”.
Este trabalho foi feito tendo por base números propostos por estudos epidemiológicos realizados junto da população americana. Tais estudos teriam sido promovidos pelos “ Centres for Disease Control” [CDC].
A APOIAR dava os primeiros passos na Sede, num vão de escadas, gentilmente por ele cedido nos Serviços de Psicoterapia Comportamental, existido uma mesa, duas ou três cadeiras, um armário e uma máquina de escrever. O Dr. Afonso de Albuquerque permitia que a APOIAR se servisse do seu gabinete, no 1.º andar, para receber principalmente a comunicação social, ou qualquer individualidade.
Em Outubro de 1995, o Doutor foi o principal impulsionador do “1.º Encontro sobre o Stress Traumático” na Fundação Calouste Gulbenkian.
Em parceria com a Biblioteca Museu República e Resistência, a APOIAR colaborou neste evento também com uma Exposição com o título «Guerra Colonial», e um Ciclo de Conferências: “Guerra Colonial. Um Diferente Olhar”, de 8 a 18 de Abril de 1996. Num painel intitulado “Mesa Redonda com Ex-Combatentes”, o Dr. Afonso de Albuquerque dirigiu um longo debate.
No dia 4 de Abril de 96, a APOIAR foi convidada a participar num Colóquio, organizado pela ADFA, com o tema «A Realidade do DPTS – Suas Causas e Consequências». Presidiu ao debate o General Ramalho Eanes, e entre outros, o Dr. Afonso de Albuquerque referiu: “A guerra, principalmente a de guerrilha, é a situação mais traumática”.
APOIAR denunciou, e inclusive no seu Jornal:
(…) Nas situações de juntas para a reforma, ou de revisão de baixas começou-se a ouvir: “É a doença nova”; “É a doença do Dr. Afonso de Albuquerque” ou: “Desconhecemos essa nova doença”.
A APOIAR participou no Colóquio da ADFA no Porto, no dia 29 de Novembro de 96, com o tema “A Realidade do PTSD – Suas causas e Consequências”. O Dr. Afonso de Albuquerque afirmou: “O PTSD é a única doença de Psiquiatria que pode surgir muito à posteriori”.
Continuando: “…uma das causas que provocam o PTSD é a exposição ao combate, e existe muito de comum entre a Guerra Colonial e a do Vietname, o serem ambas guerras de guerrilha, e as diferenças, favoráveis às das tropas americanas: melhor armamento, melhores serviços e campanhas inferiores a 12 meses, 3 deles fora das zonas de combate. Gozavam licença, enquanto o soldado português não. Os americanos não possuem a tradição de confraternizar, ser a sua idade média inferior à do português, alguns casados, noivos ou com namoradas”.
No dia 28 de Fevereiro de 1998 a APOIAR organizou em Cuba [, Alentejo,] com a colaboração da Comissão de Ex-Combatentes e Residentes de Cuba, um Colóquio, com uma Exposição Fotográfica com o tema «Guerra Colonial – Memória Silenciada».
O Doutor Afonso de Albuquerque afirmou:
No dia 28 de Fevereiro de 1998 a APOIAR organizou em Cuba [, Alentejo,] com a colaboração da Comissão de Ex-Combatentes e Residentes de Cuba, um Colóquio, com uma Exposição Fotográfica com o tema «Guerra Colonial – Memória Silenciada».
O Doutor Afonso de Albuquerque afirmou:
(i) “… o trabalho de acompanhamento aos ex-combatentes é um trabalho pesado, o mais pesado da minha vida como médico”;
(ii) “A juventude que era de alegria foi marcada pela tristeza”;
(iii) " (...) 30% de combatentes, incluindo oficiais e sargentos – principalmente os milicianos – devido à responsabilidade de comando, sofrem de PTSD. Metade, portanto 15%, estão em estado crónico”;
(iv) (...) Quer dizer, dos 140.000 – número calculado por extrapolação dos dados americanos – 50.000 podem estar incapacitados totalmente para o trabalho”;
(v) “… a doença é perversa, retardada e rebenta mais tarde”;
(vi) “Existem doenças associadas ao PTSD: o alcoolismo surge com frequência, sendo o suicídio maior nos ex-combatentes e menor a longevidade – morre-se mais cedo”.
(ii) “A juventude que era de alegria foi marcada pela tristeza”;
(iii) " (...) 30% de combatentes, incluindo oficiais e sargentos – principalmente os milicianos – devido à responsabilidade de comando, sofrem de PTSD. Metade, portanto 15%, estão em estado crónico”;
(iv) (...) Quer dizer, dos 140.000 – número calculado por extrapolação dos dados americanos – 50.000 podem estar incapacitados totalmente para o trabalho”;
(v) “… a doença é perversa, retardada e rebenta mais tarde”;
(vi) “Existem doenças associadas ao PTSD: o alcoolismo surge com frequência, sendo o suicídio maior nos ex-combatentes e menor a longevidade – morre-se mais cedo”.
Interessa antes de tudo que o ex-combatente seja acompanhado por psicólogos e psiquiatras, e que o mesmo acompanhamento seja extensivo à família. Sucede existir pouca sensibilidade de certos médicos, que dizem ignorar a PTSD, embora esta seja aceite pela Organização Mundial de Saúde.
É bom que a APOIAR e a ADFA colaborem ambas de molde a permitir que a doença seja reconhecida, a doença existe, foi causada pela guerra. Nos Estados Unidos motivado pela Guerra do Vietname, a partir de 1980 surgiram diversos movimentos: Médicos no Congresso e o Movimento dos Combatentes entre outros, conseguindo que fosse publicada legislação.
Em 14 de Julho de 1998, foi apresentado pelo Deputado Carlos Encarnação, do PSD, um Projecto para o reconhecimento em Portugal do Stress de Guerra, e Criada uma Rede Nacional de Apoio às Vítimas de PTSD.
É bom que a APOIAR e a ADFA colaborem ambas de molde a permitir que a doença seja reconhecida, a doença existe, foi causada pela guerra. Nos Estados Unidos motivado pela Guerra do Vietname, a partir de 1980 surgiram diversos movimentos: Médicos no Congresso e o Movimento dos Combatentes entre outros, conseguindo que fosse publicada legislação.
Em 14 de Julho de 1998, foi apresentado pelo Deputado Carlos Encarnação, do PSD, um Projecto para o reconhecimento em Portugal do Stress de Guerra, e Criada uma Rede Nacional de Apoio às Vítimas de PTSD.
No dia 19 de Setembro de 1998, a APOIAR reuniu com o Dr. Álvaro de Carvalho, Director dos Serviços de Psiquiatria e Saúde Mental, que solicitou à APOIAR um parecer técnico para ser enviado por ele mesmo, como responsável máximo da Psiquiatria e Saúde Mental, a todos os Hospitais, Centros de Saúde Mental e Escolas de Enfermagem para que os técnicos conheçam mais pormenores sobre a doença. A APOIAR considerou ser o Doutor Afonso de Albuquerque a pessoa mais indicada para fazer o “parecer técnico”, parecer esse que deu origem à legislação, e o reconhecimento do trabalho da APOIAR. Esse parecer, elaborado pelo Doutor Afonso de Albuquerque, foi-lhe entregue posteriormente.
No dia 25 de Setembro de 1998 houve um ciclo com o tema “Amor em Tempo de Guerra”, conjuntamente com uma Exposição denominada “O Erotismo na Arte”.
O Doutor Afonso de Albuquerque, que cumpriu a Comissão em Moçambique [, enter 1961 e 1964], como médico, disse:
“A sexualidade em tempo de guerra tem a ver com a experiência havida em tempo de paz. (...) Chegados os soldados à zona de guerra as prostitutas surgiram logo, existindo uma mulher europeia, por cada dez europeus. O perigo das relações sexuais com as nativas eram as doenças venéreas. Não havia preservativo, mas bisnagas de sulfamida. Os soldados afirmavam que aquilo tirava a potência, sucedendo existirem experiências sexuais com animais".
A APOIAR convocou uma Conferência de Imprensa no dia 19 de Maio de 1999. Na Mesa: Doutor Afonso de Albuquerque; Mário Vitorino Gaspar, Presidente e Carmo Vicente, Vice-presidente da Direcção Nacional. Foi entregue à Comunicação Social um documento, que foi lido. Muitas questões levantadas pelos bastantes jornalistas.
No dia 25 de Setembro de 1998 houve um ciclo com o tema “Amor em Tempo de Guerra”, conjuntamente com uma Exposição denominada “O Erotismo na Arte”.
O Doutor Afonso de Albuquerque, que cumpriu a Comissão em Moçambique [, enter 1961 e 1964], como médico, disse:
“A sexualidade em tempo de guerra tem a ver com a experiência havida em tempo de paz. (...) Chegados os soldados à zona de guerra as prostitutas surgiram logo, existindo uma mulher europeia, por cada dez europeus. O perigo das relações sexuais com as nativas eram as doenças venéreas. Não havia preservativo, mas bisnagas de sulfamida. Os soldados afirmavam que aquilo tirava a potência, sucedendo existirem experiências sexuais com animais".
A APOIAR convocou uma Conferência de Imprensa no dia 19 de Maio de 1999. Na Mesa: Doutor Afonso de Albuquerque; Mário Vitorino Gaspar, Presidente e Carmo Vicente, Vice-presidente da Direcção Nacional. Foi entregue à Comunicação Social um documento, que foi lido. Muitas questões levantadas pelos bastantes jornalistas.
A SIC fez uma entrevista em directo para o Telejornal das 13H00, entre outras questões, e prometendo-nos que nos acompanhava ao Parlamento: “Qual a posição que a APOIAR tomará caso seja chumbado o Projecto de Lei?" Após consulta rápida decidiu a DN. Foi dito pelo Presidente Mário Vitorino Gaspar: “… caso o projecto de lei chumbe, não votaremos nas próximas eleições, que se aproximam, e iremos recomendar a mesma medida aos ex-combatentes e ao país”.
O Dr. Afonso de Albuquerque afirmou: “… É extremamente importante a publicação e regulamentação da Lei e a formação de técnicos, temendo que a mesma seja feita de modo a não apoiar devidamente os ex combatentes e família”.
O Stress de Guerra já tem lei, aprovado o Projecto de Lei, por unanimidade na Assembleia da República e fez nascer a Lei de Apoio às Vítimas de Stress Pós Traumático de Guerra e passou a existir uma Rede Nacional de Apoio. A Lei foi promulgada em 27 de Maio. {Lei nºn46/99, de 16 de Junho].
No dia 15 de Dezembro de 2000, a APOIAR organizou um Colóquio, com o tema “A Rede Nacional de Apoio aos Ex Combatentes Vítimas do Stress de Guerra", no Secretariado Nacional de Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência. Além do Secretariado, presente o Presidente da ADFA, Patuleia Mendes, Mário Vitorino Gaspar, Presidente da APOIAR e Doutor Afonso de Albuquerque. [Vd. foto acima].
[...] Este, após resumidamente focar a história da doença referiu: “A terapia de grupo é o melhor dos tratamentos para a doença”, continuando: “Quanto à criação de Centros da Rede Nacional de Apoio, têm de ser diferentes de um posto dos serviços de saúde, embora necessitando sempre uma ligação com o SNS”. Mário Vitorino Gaspar afirmou: “O apoio só deve ser prestado depois de um ambiente de confiança mútua”.
O Stress de Guerra já tem lei, aprovado o Projecto de Lei, por unanimidade na Assembleia da República e fez nascer a Lei de Apoio às Vítimas de Stress Pós Traumático de Guerra e passou a existir uma Rede Nacional de Apoio. A Lei foi promulgada em 27 de Maio. {Lei nºn46/99, de 16 de Junho].
No dia 15 de Dezembro de 2000, a APOIAR organizou um Colóquio, com o tema “A Rede Nacional de Apoio aos Ex Combatentes Vítimas do Stress de Guerra", no Secretariado Nacional de Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência. Além do Secretariado, presente o Presidente da ADFA, Patuleia Mendes, Mário Vitorino Gaspar, Presidente da APOIAR e Doutor Afonso de Albuquerque. [Vd. foto acima].
[...] Este, após resumidamente focar a história da doença referiu: “A terapia de grupo é o melhor dos tratamentos para a doença”, continuando: “Quanto à criação de Centros da Rede Nacional de Apoio, têm de ser diferentes de um posto dos serviços de saúde, embora necessitando sempre uma ligação com o SNS”. Mário Vitorino Gaspar afirmou: “O apoio só deve ser prestado depois de um ambiente de confiança mútua”.
No dia 4 de Fevereiro de 2002 a APOIAR na pessoa do seu Presidente da Direcção Nacional, Mário Vitorino Gaspar, assinou o Protocolo, no Salão Nobre do Ministério da Defesa Nacional .
A APOIAR, a convite de Sua Excelência o Ministro da Saúde, participou em Lisboa num Workshop, com o tema “Perturbações de Pós Stress Traumático em Ex. Combatentes” no dia 4 de Novembro de 2002. Está agendado outro Workshop no dia 5 de Novembro de 2002 em Coimbra, em 12 de Novembro, no Porto. A APOIAR e a ADFA foram convidados para a Mesa nos três Workshops.
Na sessão de abertura não estiveram presentes os Ministros da Saúde, Estado e da Defesa Nacional, Segurança Social e do Trabalho e Suas Excelências o Secretário de Estado da Saúde, e o do Estado da Defesa Nacional e dos Antigos Combatentes, tal como estava agendado.
Referiu o Doutor Afonso de Albuquerque:
“… o conceito PTSD é recente, mas as reacções do ser humano são de sempre. Todos aprendemos a lidar com o perigo e já Shakespeare descreve na sua obra as reacções horrores agudas, mas foi principalmente a guerra, que permitiu que estas reacções fossem estudadas. Na Guerra Civil Americana {surgou] a expressão «Irritable Heart Syndrome». Foram estudados casos, após a II Guerra Mundial, sucedendo a Guerra da Coreia, só existindo 6% de evacuações de origem psiquiátrica.
"Os portugueses quando regressaram da guerra encontraram um clima anti-guerra, tinham partido como heróis e regressado como assassinos. PTSD de Guerra está considerada como «uma doença ansiosa".
Findou: “… em 1992 entre 15 a 50% dos militares desenvolvem PTSD com origem na Guerra Colonial. No estudo da população em geral e em Portugal foram encontrados 7,8%”.
No dia 27 de Novembro de 2002, a APOIAR, esteve representada pelo Presidente e Vice-presidente, respectivamente Mário Vitorino Gaspar e António Pinheiro e Técnicos, a convite dos Laboratórios Pfizer, Lda., surge:
Doutor Afonso de Albuquerque e da Professora Doutora Catarina Soares, esteve presente na “Apresentação dos Resultados do 1º. Estudo de Prevalência de Perturbação do Stress Pós Traumático, em Portugal”, estando presentes igualmente outras Associações e Técnicos de Saúde.
O Doutor Afonso de Albuquerque fez uma breve resenha histórica, e referindo o impacto na Psiquiatria das Guerras Mundiais e das Guerras da Coreia e do Vietname, e por tal a publicação em 1980 do DSM-II, em Portugal, o impacto da Guerra Colonial Portuguesa e posterior luta em defesa dos ex combatentes que deu origem à publicação da Lei nº. 46/99”.
Frisou ainda:
“Neste trabalho, quanto aos acontecimentos traumáticos que causaram PTSD, [surge]
(i) o combate com 10,9%;
(ii) abuso sexual antes dos 18 anos com 21,7%;
(iii) violação com 23,1%;
(iv) catástrofe natural com 1,4%;
(v) morte violenta de familiar ou amigo com 12,3%;
(vi) testemunha de acidente grave ou morte com 3,8%;
(vii) acidente grave de viação com 5,6%;
(vii) incêndio com 0,5%;
(viii) ameaça com arma com 5,5%;
(ix) ataque físico com 9,3%;
(x) roubado ou assaltado com 2,4%”.
"… PTSD na população exposta ao combate foi de 0,8% da amostra total é de 10,9%, relativamente aos indivíduos expostos."
Considerando a totalidade de acontecimentos traumáticos que foram causa de PTSD, verifica-se que a situação que mais contribuiu para o total de casos foi «morte violenta de familiar ou amigo».
“Neste trabalho, quanto aos acontecimentos traumáticos que causaram PTSD, [surge]
(i) o combate com 10,9%;
(ii) abuso sexual antes dos 18 anos com 21,7%;
(iii) violação com 23,1%;
(iv) catástrofe natural com 1,4%;
(v) morte violenta de familiar ou amigo com 12,3%;
(vi) testemunha de acidente grave ou morte com 3,8%;
(vii) acidente grave de viação com 5,6%;
(vii) incêndio com 0,5%;
(viii) ameaça com arma com 5,5%;
(ix) ataque físico com 9,3%;
(x) roubado ou assaltado com 2,4%”.
"… PTSD na população exposta ao combate foi de 0,8% da amostra total é de 10,9%, relativamente aos indivíduos expostos."
Considerando a totalidade de acontecimentos traumáticos que foram causa de PTSD, verifica-se que a situação que mais contribuiu para o total de casos foi «morte violenta de familiar ou amigo».
No conjunto, os resultados deste estudo assemelham-se aos encontrados em estudos epidemiológicos realizados noutros países”. (...) Limitações do estudo: (...) em 1º. lugar a existência de potencial «enviesamento» da amostra; entrevistas realizadas por pessoas sem formação clínica e necessidade de confirmação destes resultados com mais estudos (população geral e/ou populações específicas).
Em 14 de Dezembro de 2002, na 16ª Assembleia Geral da APOIAR, no Salão Nobre do Hospital Júlio de Matos, em Lisboa, por proposta da Direcção Nacional foi atribuída a qualidade de Socio Honorário ao Doutor Afonso Abrantes Cardoso de Albuquerque.
Atrevo-me a afirmar: Doutor Afonso de Albuquerque, Pai do Stress de Guerra e da APOIAR. (...)
Em 14 de Dezembro de 2002, na 16ª Assembleia Geral da APOIAR, no Salão Nobre do Hospital Júlio de Matos, em Lisboa, por proposta da Direcção Nacional foi atribuída a qualidade de Socio Honorário ao Doutor Afonso Abrantes Cardoso de Albuquerque.
Atrevo-me a afirmar: Doutor Afonso de Albuquerque, Pai do Stress de Guerra e da APOIAR. (...)
O Notícias de Almeirim, Edição online semanal, 23/8/2019
[Revisão / fixação de texto para efeitos de edição neste blogue: LG]
____________
Nota do editor:
Último poste da série >17 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20464: Recortes de imprensa (110): Pinto Leite, Leonardo Coimbra, José Vicente de Abreu e Pinto Bull, os parlamentares que pereceram no acidente aéreo de 25/7/1970 ("Diário de Lisboa", 27 de julho de 1970)
3 comentários:
Não falamos, 50 anos depois... Não falamos da PSPT [Perturbação do Stress Pós-Traumático]. Por pudor, por vergonha, por ignorância... E, no entanto, é um problema grave de saúde menetal, e portanto de saúde pública, em POrtugal...
Leia-se esta informação do Hospital Amnadora Sintra [ou prof doutor Fernando Fonseca], que tem um excelente departamento de psiquiatria e saúde mental:
___________________
http://hff.min-saude.pt/stress-pos-traumatico-lidar-com-a-perturbacao-depois-do-trauma/
Stress pós-traumático: lidar com a perturbação depois do trauma
A perturbação do Stress pós-traumático atinge 1 a cada 12 portugueses, sendo a segunda doença psiquiátrica mais recorrente na população, apenas atrás da depressão. Saiba quais as causas deste transtorno, prevenção e tratamento.
A perturbação de stress pós-traumático (PSPT) é uma perturbação mental que se pode desenvolver em resposta à exposição a um evento traumático, como os acidentes de viação, guerra, agressão sexual ou outro tipo de ameaças.
Todavia, na maior parte dos casos, o evento, por si só, não desenvolve esta perturbação. Esta condição tem maior probabilidade de aparecer nas pessoas que experienciam ou já experienciaram traumas interpessoais, como a violação ou o abuso infantil.
A Perturbação de Stress Pós-Traumático caracteriza-se por pensamentos intrusivos, pesadelos ou flashbacks de um evento traumático passado, procura incessante de evitar estímulos, pessoas, situações ou atividades que despoletem memórias associadas ao evento traumático, estado de constante de alerta e insónias.
Resumidamente, esta perturbação causa um enorme sofrimento e problemas a nível pessoal, social e profissional. O individuo com esta perturbação tem uma maior tendência para o suicídio e para se automutilar.
Para fazer o diagnóstico completo deve estar presente durante mais de um mês e deve causar sofrimento ou prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, ocupacional ou outras áreas importantes da vida do indivíduo.
Nas crianças, este tipo de perturbação não é tão comum, contudo, sintomas mais subtis podem surgir, como por exemplo, lembrarem-se de determinadas memórias traumáticas quando estão a brincar ou a desenhar.
Não é fácil identificar um quadro de stress pós-traumático. Porém, é importante saber reconhecer os sintomas e buscar ajuda quando o quadro se agrava, já que os danos podem ser substanciais.
Causas mais comuns:
Embora a perturbação de stress pós-traumático não tenha uma causa genética, existe uma maior probabilidade de acontecer em descendentes de veteranos da I e II Guerra Mundial e em famílias com predisposição para ansiedade e depressão.
Testemunhar ou vivenciar situações de morte e estar sob ameaça ou risco de vida, como, por exemplo, no caso dos acidentes, desastres naturais, crimes violentos, doenças graves, combates militares, abusos/maus tractos físicos e sexuais, assaltos ou violações, potenciam fortemente esta perturbação mental.
Sinais e Sintomas:
Os sintomas intensificam-se à medida que há uma proximidade emocional, física ou simbólica com o trauma, despoletando o medo e estados de choque e de desespero. Estes sintomas são transversais à idade da pessoa, e podem levar mesas ou anos a ocorrer.
Quando o individuo revive os detalhes da experiência traumática, o corpo responde com uma série de reações químicas. São alguns dos sintomas a palpitação, suores, aumento da pressão arterial, perda de apetite, dificuldade em respirar, problemas de concentração e sono.
As respostas emocionais também são fortes, a começar pela tristeza, pela raiva e pela culpa. A pessoa pode sentir-se envergonhada por não conseguir reagir, e começa a evitar situações que possam desencadear um novo episódio.
O individuo pode tornar-se agressivo e ter crises de medo ou pânico. Não são raros os casos em que, sem o devido tratamento, a perturbação do stress pós-traumático desencadeia um quadro de depressão e até ideações suicidas.
(Continua)
Stress pós-traumático: lidar com a perturbação depois do trauma
(Continuação)
Prevenção;
Procurar aconselhamento psiquiátrico, terapia e medicação
Tratar de outros problemas que possam estar associados, como a depressão e o alcoolismo.
Melhorar os relacionamentos sociais e familiares, de modo a que possa haver também um maior apoio social
Manter uma atividade física regular de forma a impedir sintomas de ansiedade.
Tratamento
O tratamento consiste em terapia através de medicamentos e psicoterapia.
Há uma maior preferência para o tratamento através de uma Terapia cognitivo-comportamental (abordagem psicoterapêutica que se relaciona com a forma como cada pessoa vê, sente e pensa com relação à uma situação que causa desconforto) juntamente com medicamentos: ansiolíticos ou antidepressivos.
Conhece alguém que esteja a passar por este problema? Não se esqueça de que é essencial procurar ajuda médica. Se sofre deste problema, damos-lhe os seguintes conselhos:
(i) Não tenha receio em pedir ajuda. Lembre-se que o primeiro passo para que possa melhorar a sua condição, é aceitá-la, olhá-la de frente e erguer-se perante ela.
(ii) Procure manter sempre a calma e, por muito difícil que seja, substituir os seus pensamentos negativos por pensamentos positivos.
(iii) Procure a companhia de família e amigos nos momentos de maior angústia e desespero. Não se isole.
http://hff.min-saude.pt/stress-pos-traumatico-lidar-com-a-perturbacao-depois-do-trauma/
O único camarada que dá a cara, no nosso blogue, de maneira, frontal, lúcida e corajosa, é o Mário Gaspar: "sofro de stress pós-traumático, estou doente, preciso de ajuda, fundei a APOIAR, e hoje estou só"...
A Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Stress de Guerra, dizem-me, deixa muito a desejar. Os médicos de família não estão preparados, ou estão nal preparados, para lidar com estes casos... E depois o processo é lento e burocrático, a maior parte dos doentes desiste... Pedir ajuda a reputados especialistas desta área da saúde mental está fora de questão para quem possui reformas de miséria... Uma primeira consulta, em consultório privado, pode custar 160 euros..
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