terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20464: Recortes de imprensa (110): Pinto Leite, Leonardo Coimbra, José Vicente de Abreu e Pinto Bull, os parlamentares que pereceram no acidente aéreo de 25/7/1970 ("Diário de Lisboa", 27 de julho de 1970)















Pequenas notas biográficas dos 4 deputados da Assembleia Nacional que morreram, no acidente aéreo de 25/7/1970, na setor de Mansoa, quando regressavam de Teixeira Pinto a Bissau, depois de uma digressão pelo interior da Guiné.


Recortes da página 16 do "Diário de Lisboa", nº 17097Ano: 50, Segunda, 27 de Jjulho de 1970, 1ª edição (Director: António Ruella Ramos).

Citação:
(1970), "Diário de Lisboa", nº 17097, Ano 50, Segunda, 27 de Julho de 1970, Fundação Mário Soares / DRR - Documentos Ruella Ramos, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_6808 (2019-12-16)

Reprodução, com a devida vénia.



Guiné > Região do Biombo > Estuário do Rio Mansoa > 29 de julho de 1970 > Restos do helicóptero sinistrado são recolhidos pela Marinha. Sobre este episódio, no TO da Guiné, e segundo indicação do nosso colaborador permanente José Martins, há um valioso relato, muito  pormenorizado, da autoria de J. C. Abreu dos Santos (2008), publicado no portal UTW - Ultramar TerraWeb: "Alouette- III, da BA 12, despenhado na embocadura do Mansoa", ou mais exatamente na foz do rio Baboque, afluente do rio Mansoa.


Foto (e legenda): © Domingos Robalo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Já aqui relembrámos a notícia do trágico acidente, com um Alouette III, pilotado pelo alf mil pil Francisco Lopes Manso e que transportava 4 de um grupo de  deputados  da então Assembleia Nacional que, desde o dia 8 de julho de 1970 faziam uma visita de estudo à província da Guiné, procurando-se inteirar "in loco" da situação político-militar. Eram acompanhados pelo cap cav  Carvalho de Andrade,  oficial da secção de radiodifusão e imprensa da Repartição de Assuntos Civis e Acção Psicológica do QG/CCFAG (Quartel General do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné, que se situava na Fortaleza da Amura) (*).

O mesmo "Diário de Lisboa", na sua edição de 27 de julho de 1970, publicava uma pequena nota biográfica desses quatro deputados desaparecidos (, e depois confirmados como mortos, já que não houve sobreviventes, e os únicos corpos recuperados, no estuário do Rio Mansoa, foram os do deputado Leonardo Coimbra e do cap cav Carvalho de Andrade).

A perda, nomeadamente de Pinto Leite, deputado independente, lider da "ala liberal",  do partido único (a União Nacional, mais tarde ANP - Acção Nacional Popular) foi em termos pessoais e políticos,  um duro golpe para Spínola. Pinto Leite era claramente um reformista e um europeísta, defensor da "solução política" para a guerra colonial.




Guiné > Região de Biombo > Carta de Quinhanel (1952) > Escala 1/50 mil > Excerto: Rio Baboque, estuário do Rio Mansoa e Ilha de Lisboa

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019)
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5 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Segundo o biógrafo de Spínola, Luís Nuno Rodrigues, o "Diário de Lisboa" era considerado um "jornal da extrema-esquerda" por Marcelo Caetano... que não gostava nada que o Spínola desse entrevistas a esse orgão da oposição...

Anónimo disse...

Leonardo Coimbra, filho, falecido neste desastre, e a sua esposa Odete Coimbra, são os padrinhos de baptismo da minha única irmã, Clara Abreu. Amigos da minha saudosa mãe e do meu pai, eu cresci, em Vila Nova de Gaia, brincando com os seus filhos, Leonardo, Clara, Sérgio, e mais crianças que adoptava e nunca faltavam naquela casa, no casarão da Av. Marechal Carmona (hoje, e bem Av. da República), em Vila Nova de Gaia. Estive no seu funeral, de lágrimas nos olhos, na igreja junto à Avenida Gomes da da Costa, no Porto. Na altura, ainda longe de imaginar que as aventuras, desventuras e agruras da vida (1972-1974) me iriam, em breve levar, até voando em helicópteros, para Teixeira Pinto, Mansoa e sabe Deus quantas mais paragens, por terras da impossível Guiné Portuguesa.
Sabem, meus caros camaradas, recordando um dos grandes senhores que conheci na minha juventude, Leonardo Coiumbra, Filho, o meu coração ainda sangra (sangrar ao ritmo dos dias é de resto a sua vocação e o seu trabalho)face a tanta esfuziante aldrabice e vaidade bacoca, mas muito bem vestidinha e com beneplácito presidencial, tipo escritor Mário Cláudio e apaniguados, que campeia neste blogue.

Abraço,

António Graça de Abreu

José NASCIMENTO disse...

Estava eu em João Landim quando se deu este trágico acontecimento. Lembro-me do grande movimento de hélis que sobrevoavam o Mansoa a tentar localizar os destroços e os ocupantes da aeronave. Se estou lembrado quando isto aconteceu foi numa tarde de grande tempestade.

Anónimo disse...

Bonitas, sentidas e tocantes as palavras de AGA. Dir-se-ia que a tragédia perseguia aquela família. Seu pai, Leonardo José Coimbra (1883-1936) – pensador e tribuno – falecera prematuramente na sequência de um desastre de automóvel. Havia já perdido um filho de pouca idade, e o nascimente do seu segundo filho enchera-lhe a alma de alegria e esperança, como ficou patente em alguns dos seus escritos.
Eleito deputado, fundou a Faculdade de Letras da Universidade do Porto no curto período de tempo em que, em 1919, detivera a pasta da Instrução Pública no governo de Domingos Leite Pereira, vindo a ser seu professor catedrático e director. Eleito de novo deputado em 1921 e 1922, sobraçou, por uma segunda vez, a pasta da Instrução Pública no governo de António Maria da Silva, tendo sido ainda, interinamente, ministro do Trabalho no mesmo governo.
Como filósofo e pensador participou activamente no movimento da Renascença Portuguesa criado no Porto em 1912, tendo, em resultado do seu magistério, deixado um largo número de discípulos.
Armando Tavares da Silva

SCarvalho, Ant+onio disse...

Depois do falecimento de Pinto Leite e de Leonardo Coimbra Filho, a "Primavera marcelista" ou seja
" A Reestruturação do Estado Novo" ( перестройка)
deixou de ter a massa crítica de amparo político necessário e por isso a navegação costeira das políticas da Guiné portuguesa. Tenho um álbum de fotografias de Silva Cunha rodeado em Bissau de todos os mais importantes dignitários islâmicos guineus. tratou-se de uma tentativa de africanizaçâo do conflito político com contornos que estão hoje na ordem do dia não só na GBissau como na CEDEAO. Mas ao mesmo tempo, s.m.o., as operações militares passavam sob BRodrigues ao modelo estratégico clássico, a caminho da vitória das NT (exito de Angola) abandonada a tese de Spinola de uma contra-guerrilha sobretudo político-cultural e, no limite, anti-crioula, voltada ao modelo da pacificação adotado por Teixeira Pinto.em 1915. MMata, p.ex.foi um militar e militante deste ponto de vista de uma guerra tribal, tributária das tradições dos antigos impérios da zona. Como julgar, neste contexto, a abertura, por MCaeteno de conversações secretas com o PAIGC? Premonição das lideranças (por assim dizer) lusófonas, v.g. do hoje Presidente no exílio do PAIGC, Domingos Simões Pereira. contra quem foi dado o golpe "fula" do atual Presidente da GBissau? ou desnorte por já não ter Pinto Leite/Leonardo Coimbra Filho e Pinto Bull a seu lado? esvaziado o projeto de uma vitória africana na Guiné pelo zero de liderança construenda? será interessante repensar a tortura de MMata , no Ralis, por gente do PCTP/MRPP (teha sido ela quem seja, contudo seguramente anti-spinolista) â luz da possibilidade de incarnar com Batican Ferreira (lusófilo da Soc. de Língua Portuguesa, presidida pelo Cons. Veloso, ambos torturados também) precisamente essa liderança, já nos primeiros tempos pós independência da GBissau, que todavia antes faltou a MCaetano? Estarei a cometer erro de analise manifesto!? ASC