Queridos amigos,
Nas alegrias do desconfinamento dá gosto ver os jardins pejados de visitantes. A Tapada das Necessidades é um espaço maravilhosos, está aliás num perímetro onde quem gosta de visitar a oásis lisboeta tem por onde se movimentar: os jardins de Belém, incluindo o Jardim Tropical, subir ao jardim da Tapada da Ajuda e não esquecer a sua ligação ao Jardim Botânico da Ajuda e lá mais em cima Monsanto. O que timbra e singulariza a tapada é a sua história multissecular que vem dos tempos conventuais, e os Bragança não se pouparam a incluir neste espaço de refrigério espécies arbóreas do maior interesse, há catos de todas as variedades, espaço para crianças, aos poucos sente-se que património edificado parecia ao abandono retoma à vida, e o jardim ganha mais história, ainda por cima a beijar os muros do único ministério instalado num palácio (não esquecendo os departamentos da Cultura dentro do Palácio Nacional da Ajuda). Certas decisões como aquela que tomou Jorge Sampaio em ter o seu escritório no que fora o ateliê da rainha D. Amélia, e que estava num estado de completa degradação, permite olhar a Casa do Regalo como uma recuperação feliz, como algumas outras que estão em curso no interior da Tapada, e que tanto a valorizam. Nada como confirmar com os vossos próprios olhos o que aqui se mostra, e que é muitíssimo pouco.
Um abraço do
Mário
As Necessidades, a olhar o palácio e a percorrer em júbilo a Tapada
Mário Beja Santos
A Tapada das Necessidades tem a sua existência associada a um convento que veio dar lugar a um palácio, tudo começou nos tempos da corte do magnífico D. João V, depois sonhou-se num palácio real, quando a família Bragança se transferiu para a Ajuda, aqui ficaram os recém-casados Carlos e Amélia, como aqui vivera D. Maria II e D. Fernando II e a sua ranchada de filhos, e a altas horas da noite D. Pedro V esperava o seu pai para o censurar discretamente, o rei enviuvara e metera-se de amores com uma cantora de ópera, mais tarde sua mulher, a condessa d’Edla. Em 1 de fevereiro de 1908, aqui deram entrada os cadáveres de D. Carlos e do Príncipe Real. Daqui saiu apressadamente D. Manuel II em 3 de outubro de 1910, oferecera-se um jantar de gala ao presidente do Brasil, a marinhagem para aqui lançou uns tiros de canhão, o rei partiu para Sintra, depois Mafra, onde se juntou à família, e da Praia da Ericeira partiu para o exílio. Nunca houve a pretensão de imitar Versalhes, é gracioso na adaptação conventual e a Tapada era refrigério para muita gente, investiu-se a sério na plantação de árvores, é um espaço gracioso e no desconfinamento volta a encher-se de gente, tem entrada gratuita. Anda por aí uma polémica se se deve abrir espaço de hotelaria e restauração, correm abaixo-assinados, a procissão ainda vai no adro. Aqui se vai não para protestar, mas única e exclusivamente para aliciar quem vive em Lisboa ou arredores ou visita a capital encontra aqui um oásis que carece de reparações permanentes e acentuada manutenção pelas espécies raras que conserva e até por fazer ligação com o departamento de Estado que se dissemina pelas instalações palacianas. Hoje só se vê o palácio por fora, a tapada é o fulcro das nossas atenções.
Fachada do Palácio das Necessidades, entrada da capela, com o fontanário em primeiro plano
O largo, o fontanário e vista sobre o Tejo com a Ponte 25 de Abril ao fundo
Entra-se na Tapada e este magnífico dragoeiro dá-nos as boas-vindas
Na Tapada, ao visitante é permitido captar certos ângulos do Ministério dos Negócios Estrangeiros
Um lago e o seu idílio na Tapada das Necessidades
Não há catos como os da Tapada das Necessidades
O jardim dos catos visto de um ângulo que não permite ainda perceber a imensa variedade que nos espera
Mais catos exuberantes
Casa do Regalo, antiga ateliê da rainha D. Amélia, hoje escritório do ex-Presidente da República Jorge Sampaio
Casa portuguesa estilo Raúl Lino, felizmente restaurada e espera-se que com uso
Outra fonte perto de uma cascata e também perto da Casa do Regalo
Aproveitando a chegada da Primavera, um belo espaço de lazer
Entrada da estufa
Pormenor escultórico
____________Nota do editor
Último poste da série de 19 DE JUNHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22297: Os nossos seres, saberes e lazeres (456): De visita obrigatória: exposição Representações do Povo, Museu do Neo-Realismo (Mário Beja Santos)
1 comentário:
Na 3ª. imagem aparece um magnifico dragoeiro, irmão bem mais novo do outro que está ao lado no Botânico, seguro por barras de ferro, com mais de 400 anos e que foi a Árvore do Ano 2020.
Estes dragoeiros draco são os chamados dragoeiros dos Açores, também existentes na Madeira e nas Canárias (ilhas da macaronésia), bem diferentes dos dragoeiros de tronco forte e alto com ramos juntos em formato de chapéu, oriundos das Ilhas Socotra no oceânico Índico.
Valdemar Queiroz
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